UM ROTEIRO PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADES EM UM PROJETO DE INCLUSÃO DIGITAL

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1 UM ROTEIRO PARA A EXECUÇÃO DE ATIVIDADES EM UM PROJETO DE INCLUSÃO DIGITAL R.L. Stange *, A. A. Batista*. * Universidade Tecnológica federal do Paraná, Guarapuava, Brasil rlgomes@utfpr.edu.br Resumo Este artigo tem o objetivo de apresentar algumas das atividades definidas para o desenvolvimento de um projeto de inclusão digital. O projeto oferece cursos de informática para jovens e adultos desempregados e visa proporcionar uma maior capacitação e melhores oportunidades de emprego para os participantes. Com a descrição das atividades pretende-se formar uma base de conhecimento das ações desenvolvidas durante a execução do projeto. Desta forma é possível compartilhar a experiência adquirida durante o desenvolvimento do projeto. Palavras-chave: coordenação de projeto, atividades de instrutores, inclusão digital, compartilhamento de experiências. Introdução A inclusão digital é compreendida como um elemento capaz de promover a inclusão social, uma vez que possibilita que pessoas de baixa renda tenham acesso à informação [1]. Os projetos de inclusão digital têm aumentado constantemente. Porém o sucesso destes projetos também se deve a boas práticas de gerenciamento. É necessário desenvolver um conhecimento processual para o desenvolvimento destes projetos com a finalidade de minimizar esforços dos envolvidos nas atividades. O projeto a que este artigo se refere tem o objetivo de oferecer cursos na área de informática para jovens e adultos que estejam desempregados, inserindo-os nas tecnologias digitais e proporcionando uma melhor capacitação para conseguir um emprego. Pretende-se que o público alvo aumente as oportunidades de emprego podendo concorrer a vagas que tenham como pré-requisito o conhecimento de informática, bem como a utilização de pacotes de escritório. Este artigo tem o objetivo de apresentar as principais atividades adotadas na execução de um projeto de inclusão digital voltado para jovens e adultos desempregados. A Inclusão Digital A inclusão digital é caracterizada pela democratização ao acesso as Tecnologias da 1/5

2 Informação e da Comunicação (TIC) que possibilitem a obtenção de conhecimento e melhora na qualidade de vida, seja através da maximização do tempo ou da obtenção de melhores oportunidades de trabalho em um mundo globalizado [2]. Um dos objetivos das ações de inclusão digital é favorecer a apropriação da tecnologia, de forma consistente, tornando o indivíduo capaz de decidir quando, como e para que utilizá-la. Do ponto de vista de uma comunidade, a inclusão digital significa aplicar as novas tecnologias a processos que contribuam para o fortalecimento de suas atividades econômicas, de sua capacidade de organização, do nível educacional e da auto-estima de seus integrantes, de sua comunicação com outros grupos e consequentemente proporcionando uma melhora na sua qualidade de vida [3]. Desta forma, um dos grandes desafios da inclusão digital é não somente gerar o acesso à informação, mas também instruir os indivíduos sobre o uso e manuseio dessas tecnologias para transformar o conhecimento em capital social [4]. Uma Visão Geral do Projeto de Inclusão Digital As aulas do curso são ministradas por alunos do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet, no laboratório de informática da UTFPR - Câmpus Guarapuava, em diferentes turnos, em dia e horário a serem definidos. Os conteúdos são ministrados por instrutores devidamente selecionados pelos professores do Câmpus Guarapuava, entre os alunos de graduação do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet. Os cursos são divididos em módulos, totalizando uma carga horária mínima de 30 horas-aula por módulo. O curso foi dividido em 4 módulos, são eles: Módulo I - Introdução à Informática; Módulo II - Editor de Texto; Modulo III - Editor de Apresentação e Internet e Módulo IV - Planilha Eletrônica. Durante a execução dos módulos os instrutores aplicam exercícios práticos para fixação do conhecimento e no final dos módulos uma avaliação parcial. Para certificação e aprovação o aluno não deve ter menos que 75% de presença e 75% de aproveitamento nas avaliações aplicadas durante o curso. Ao final de cada módulo os alunos recebem certificação referente aos conteúdos ministrados e carga horária de participação. A seleção dos alunos é realizada em parceria com a Agência do Trabalhador Escritório Guarapuava. Vinte é a quantidade máxima de alunos selecionados, devido à quantidade de computadores disponível no 2/5

3 laboratório. Para a seleção dos alunos, são avaliados os seguintes requisitos: Idade mínima 18 anos; 1º grau completo; Estar desempregado e cadastrado na agência do trabalhador. Os recursos humanos necessários para o projeto são alunos do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet para atuarem como instrutores, atualmente existem 3 alunos voluntários. Os equipamentos disponíveis são: 20 microcomputadores da UTFPR Câmpus Guarapuava, um projetor multimídia, quadro branco e pincel. Atividades do Projeto de Inclusão A seguir são especificadas algumas das atividades que foram definidas para projeto: Das atividades iniciais o coordenador é encarregado de divulgar o projeto para os alunos do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da UTFPR, bem como selecionar alunos para atuar no projeto. Também é de responsabilidade do coordenador definir a data de início do projeto e estabelecer um cronograma de execução do projeto. Da seleção dos ingressantes no curso esta atividade é desenvolvida pela coordenação e pela DIREC. A coordenação define o período de inscrição para o curso e divulga a data de início prevista para as aulas, bem como o número de vagas, os módulos oferecidos e os requisitos para se inscrever no curso. A DIREC se encarrega de manter contato com a Agência do Trabalhador informando os procedimentos para inscrição. A Agência do Trabalhador seleciona os alunos de acordo com os requisitos repassados. Da preparação das aulas - esta atividade é desenvolvida por instrutores sob a orientação do coordenador. Os instrutores devem pesquisar referências bibliográficas sobre ferramentas de automação de escritório e sobre os assuntos propostos na ementa do curso. O instrutor deve ler e entender os materiais pesquisados e selecionar as referências que serão adotadas, no mínimo 3 bibliografias básicas e 2 complementares para utilizar na elaboração das aulas. Instrutores e coordenador devem definir para cada nova turma um plano de aula estabelecendo o conteúdo a ser ministrado de acordo com a ementa. O instrutor também deve preparar exercícios de aprendizagem e fixação e encaminhá-los ao coordenador do projeto para revisão, antes de serem aplicados em aula. O coordenador deve orientar os instrutores sobre a utilização de diferentes metodologias de ensino, preparação de slides, utilização de recursos audiovisuais, etc. Também é de responsabilidade do aluno verificar a necessidade de recursos para realização das 3/5

4 aulas, como por exemplo, instalação de software. Da revisão o material elaborado pelos instrutores Os instrutores enviam para o coordenador o plano de aula, slides, exercícios ou qualquer material a ser utilizado em sala. O coordenador revisa e valida todos os materiais produzidos pelos instrutores. O instrutor faz as correções indicadas pelo coordenador antes de aplicar o material em aula e posta o material em um ambiente de ensino-aprendizagem. Da realização das aulas os instrutores ministram as aulas obedecendo aos horários estabelecidos, registram a frequência dos alunos e executam o que foi definido no plano de aula. Informa o coordenador qualquer problema que ocorre em sala de aula para as devidas providências. Da execução do projeto o coordenador acompanha todas as atividades durante a execução do projeto, resolve os eventuais problemas ocorridos, providencia os recursos necessários para a realização do projeto. Da finalização do curso o coordenador é responsável por encaminhar a relação de alunos que receberão os certificados para a DIREC. Discussão e Conclusão Apesar dos procedimentos descritos na seção anterior terem o objetivo de minimizar os problemas que podem ocorrer durante a execução do projeto, alguns problemas podem ser encontrados. Atualmente as principais preocupações estão relacionadas à obtenção de recursos materiais e humanos. A execução do projeto está restrita aos equipamentos disponíveis no laboratório de informática da UTFPR - Câmpus de Guarapuava e aos períodos vagos de sua utilização em outras atividades acadêmicas. Inicialmente não há problemas com a disponibilidade de instrutores voluntários, considerando que não há bolsistas no projeto. Porém este fato pode se tornar preocupante se houver grande rotatividade de instrutores. Para reverter este quadro pretende-se angariar bolsas para os alunos através de órgão de fomento para atividades de extensão, desta maneira fornecendo meios para que os instrutores possam se dedicar e desenvolver as atividades do projeto de maneira satisfatória. É relevante manter um número mínimo de voluntários que estejam preparados para assumir as atividades de um instrutor no caso de desistência. Outra dificuldade encontra-se na elaboração dos materiais pelos instrutores. Neste caso, é importante o coordenador acompanhar estas atividades e realizar encontros periódicos 4/5

5 durante a elaboração das aulas. Além disso, se houver necessidade, o coordenador deve solicitar auxílio da pedagoga da Instituição. O coordenador deve sempre estar presente nas atividades dos instrutores e manter contato direto com os alunos, participando da aula inaugural, do encerramento das aulas e visitando esporadicamente as salas de aula. As informações apresentadas neste trabalho ainda são incipientes perante os desafios enfrentados durante a execução de um projeto de inclusão digital, porém podem direcionar as ações de projetos similares. Pretende-se com a elaboração deste roteiro estabelecer alguns procedimentos padrão na execução do projeto, de forma que a experiência adquirida possa ser registrada e posteriormente compartilhada. Além disso, documentar os problemas ocorridos bem como as estratégias adotadas para resolvê-los é outra forma de auxiliar a execução de projetos de inclusão digital. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, [2] AMARAL, M. M.; BOHADANA, E. Conectividade e mobilidade social: pilares da inclusão digital? Contemporânea, vol. 6, nº 2. Dez [3] DE LUCA, C. O que é inclusão digital? In: Cruz, R. O que as empresas podem fazer pela inclusão digital. São Paulo: Instituto Ethos, [4] SILVA FILHO, A. M. Inclusão Digital: Em Busca do Tempo Perdido. Revista Espaço Acadêmico Nº 40 Setembro de 2004 Mensal ISSN 151. Referências [1] DENISE C. T. MESQUITA. Um estudo teórico sobre a gestão do conhecimento e a inclusão digital no Brasil. Dissertação submetida ao 5/5