Trauma cranioencefálico (TCE) Dra. Viviane Cordeiro Veiga

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Transcrição:

Trauma cranioencefálico (TCE) Dra. Viviane Cordeiro Veiga

Epidemiologia Mundo - 10 milhões/ano internações 3ª maior causa morte Homens > Mulheres (2:1) Jovens Causas: Acidente trânsito Quedas Agressões Esportes

Fisiopatologia Primária: diretamente conseqüentes ao impacto do TCE Secundária: reações orgânicas que se desenvolvem a partir do impacto inicial.

Pressão Intracraniana Normal 10mmHg. Volume total do conteúdo craniano constante. Determinantes: Encéfalo Líquor Aumento de qualquer um Sangue PIC

Mecanismos de Compensação Expulsão líquor dos ventrículos e das cisternas para o espaço subaracnóideo Diminuição sangue contido no sistema venoso encefálico

Pressão de perfusão cerebral PPC = PAM PIC NORMAL > 60mmHg

Classificação Mecanismo Fechado Penetrante

Classificação Gravidade Leve (G 14 15) Moderada (G 9 13) Grave (G 3 8)

Escala de Glasgow Abertura ocular Espontânea 4 A estímulo verbal 3 A estímulo doloroso 2 Sem resposta - 1

Escala de Glasgow Resposta motora Obedece comandos 6 Localiza dor 5 Flexão normal (retirada) 4 Flexão anormal (decorticação) 3 Extensão (descerebração) 2 Sem resposta - 1

Escala de Glasgow Resposta verbal Orientado 5 Confuso 4 Palavras inapropriadas 3 Sons incompreensíveis 2 Sem resposta 1

Classificação Morfologia Fraturas de crânio: Calota Base Lesões intracranianas: Focais Subdural, Extradural, Intracerebral Difusas Concussão, LAD

Fraturas de crânio

Fraturas da calota

Fratura da base de crânio

Sinais clínicos por fístula liquórica (otorréia e rinorréia) equimose periorbital ( olhos de guaxinim ) equimose retroauricular (sinal de Battle) disfunção do VII (paralisia facial) ou VIII par (perda de audição)

Lesões intracranianas

Concussão Perda temporária da função neurológica que pode ser desde amnésia e confusão até breve perda da consciência. Leve Clássica recuperação consciência < 6 horas

Lesão axonal difusa (LAD)

Lesão axonal difusa Secção fibras nervosas Conseqüentes ao movimento brusco do sistema nervoso sobre si mesmo Mortalidade: até 33% Alteração importante da consciência Sem indicação cirúrgica

Lesão axonal difusa tronco cerebral

Contusão cerebral e hematoma intraparenquimatoso

Contusão cerebral/hip Comprometimento da superfície cerebral com vários graus de hemorragia petequial, edema e destruição tecidual. Déficit: localização e tamanho da lesão HIP: Podem ocorrer alguns dias após TCE

Hematoma Extradural

Hematoma Extradural ou Epidural Localizados entre a dura-máter e a calota craniana Forma biconvexa ou de lente Mais freqüente: temporal ou têmporoparietal Comumente resultam de ruptura da a. meníngea média

Hematoma extradural intervalo lúcido fala e morre Tratamento cirúrgico: Sintomático DLM > 10mm Assintomáticos quando hematoma > 10mm Resultado: diretamente relacionado com estado neurológico do paciente antes da intervenção

Hematoma extradural

Hematoma subdural

Hematoma subdural Mais freqüentes 30% TCE graves Habitualmente recobrem toda a superfície do cérebro Unilateral 80% Mais comum: fronto-têmporo-parietal

HSD Clínica: Alteração nível consciência Déficits localizados Anisocoria Posturas patológicas Grande efeito massa -> herniação: Tríade de Cushing (hipertensão, bradicardia e bradipnéia)

Hematoma subdural

HSD

Tratamento Atendimento inicial A vias aéreas com proteção da coluna cervical B respiração e ventilação C circulação com controle hemorragia D estado neurológico E exposição (despir paciente)

Tratamento Escala Glasgow Tomografia computadorizada crânio Prevenção e tratamento hipotensão e hipóxia. Se necessário -> IOT

TCE leve CT se perda consciência > 5minutos, amnésia, cefaléia grave, ECG < 15 ou déficit neurológico focal Se exames normais e paciente assintomático -> após algumas horas pode receber alta sob observação nas próximas 24h.

TCE moderado CT crânio + avaliação NCR TODOS Hospitalização em UTI Avaliação neurológica freqüente Nova CT se necessário

TCE grave Prioridade à correção de hipotensão e hipóxia Avaliação neurológica + CT crânio IOT (cuidado com broncoaspiração) Monitorização PCO 2 (manter entre 30 e 35mmHg) evitar hiperventilação Se necessário expansão volêmica - cristalóides

Tratamento TCE grave Normalizar PIC Otimizar PPC Prevenir eventos que exacerbem ou desencadeiem lesões secundárias Evitar complicações iatrogênicas

Normalizar PIC Intervir sempre que PIC > 20mmHg por mais de 5 10 min Se possível, drenar líquor para controle PIC Evitar hiperventilação (realizar somente se refratariedade) Manitol eficiente (0,25 1g/kg)

Normalizar PIC Reposição volêmica para evitar hipovolemia Cabeceira elevada a 30º e centrada Sedação: midazolam / propofol + opiáceo Coma barbitúrico Bloqueador neuromuscular Corticóide não recomendado Hipotermia moderada (32 a 34º C)

Manter PPC PPC > 60mmHg Capacidade transporte oxigênio adequada: Hb > 9, SatO2 > 95% Expansão volêmica adequada BH cuidadoso Ajuste sedação Drogas vasoativas, se necessário

Prevenir eventos que exacerbam HIC Prevenir e tratar hiponatremia Normovolêmico Evitar hipertermia Evitar hipoxemia Anticonvulsivantes (fenitoína/carbamazepina) Evitar hiperglicemia (< 150mg/dl)

Resumindo... Diagnóstico precoce aval. neurológica e CT Conduta precoce clínica / cirúrgica