70 ANOS DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT

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Transcrição:

70 ANOS DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO CLT Cláudio Gômara de Oliveira Em maio de 1941, houve a realização, em São Paulo, do 1º Congresso Brasileiro de Direito Social, tendo como finalidade festejar os 50 anos da Encíclica do Papa Leão XIII (RERUM NOVARUM de 15/05/1891). Os organizadores deste evento foram o Professor Antonio Cesarino Junior e Ruy de Azevedo Sodré, também professor, porém com grandes serviços prestados a nosso IASP, nascendo das conclusões deste Congresso, uma das fontes materiais da futura CLT, louvando a iniciativa deste associado que tanto contribuiu para o IASP, como para a legislação trabalhista. A CLT nasceu, em 1º de maio de 1943, pelo Decreto-Lei nº 5.452 com seus 922 dispositivos, os quais ainda permanecem - toda honra e glória - para a consolidação, constituído no instrumento básico dos direitos trabalhistas fundamentais de nosso país, agregando assim as leis esparsas que existiam para dar forma única à legislação laboral, tendo como palco o Estádio São Januário do Club de Regatas Vasco da Gama. Entretanto, deixando o valor histórico deste momento legislativo, e dos anos que seguiram sua vigência, o ponto de reflexão seria o de hoje, já comemorados seus setenta anos, passando pelo período de após guerra, guerra fria, união europeia e desunião do bloco soviético. Fatos estes que tiveram por consequência a repercussão nas relações de trabalho atuais, tanto que a CLT visava à classe operária (fabril), deixando de lado a principal atividade econômica da época que era a rural, quando as fábricas ainda engatilhavam sua constituição e produção. Assim, a colocação da matéria analisada nesta curta exposição seria de cunho pessoal, fruto dos anos de militância nesta área de conflitos e soluções entre empregado e empregador. Daí se dirige ao debate, de onde a concordância ou não, enriqueceria certamente pontos para uma análise mais profunda. Impressionante que passados setenta anos, a CLT continua como um diploma fixo dos direitos trabalhistas com mesmo número de artigos, quando poucas mudanças e acréscimos houve, pois de há muito se esperou da possibilidade da edição de um Código do

Trabalho, ou até mesmo um de processo, porém a CLT continua forte, sendo a base do direito, aliás, muito bem consolidado. O aparecimento da evolução rápida do desenvolvimento tecnológico consistiria em questão fundamental dentro da globalização com um país de dimensão continental, deveria haver um contexto de adequação a nossas características regionais. Nosso direito sempre esteve influenciado pela legislação alienígena (CLT com o Codice del Lavoro), estando com ligação forte aos estudos e aos juristas europeus, onde estão limitados às regiões pequenas divorciadas da imensidão brasileira. Para tanto se tem o exemplo ao fixar o intervalo de uma a duas horas durante a jornada de trabalho (art. 71 da CLT), sendo o ideal para nosso país, onde o sul com inverno mais rigoroso, o trabalhador quer maior redução de intervalo para logo retornar ao lar, porém ao contrário do norte, onde neste período o empregado deveria estar descansando pelo desgaste do clima tórrido. Para concluir quanto a este ponto, até a pouco havia uma rigidez em não aceitar até as convenções coletivas que dispusessem de forma diversa da legislação (art. 71 da CLT), tendo o TST concordado recentemente com a norma coletiva, visto que antes, embora existisse acordo coletivo dispondo em maior ou menor intervalo, estavam as empresas sujeitas às multas e penalidades da fiscalização por não cumprirem o rígido diploma consolidado. Deveriam, portanto, as condições de trabalho ser fixadas por normas coletivas de acordo com os locais das atividades de trabalho, consoante às necessidades próprias, e não pela imposição legal do intervalo fixo conforme impõe a inteligência do art. 71 da CLT, desconhecendo as necessidades próprias de cada região do país. Surge desta forma necessidade de flexibilização da CLT, pois continua na base sem qualquer alteração, sendo um dos impedimentos do desenvolvimento econômico, englobando o chamado: custo Brasil, que junto à carga tributária, afastam os investimentos. Poucas iniciativas decorreram durante os setenta anos, como por exemplo: o banco de horas criado pela Lei nº 9.601 de 21/01/1998 ( 2º do art. 59 da CLT), o regime de tempo parcial (art. 58-A da CLT), e o trabalho temporário, além do ponto de

fundamental importância que foi retirada da opção pelo FGTS através da Constituição, tornando a adesão fundiária obrigatória, face à retirada da estabilidade por tempo de serviço (art. 492 da CLT). Ainda ao longo dos anos, houve aperfeiçoamento, quanto às cautelas com a saúde do trabalhador, a idade de início ao trabalho, o estágio, como ainda os meios de proteção para evitar acidentes. Nossa Constituição Federal comemorou seus 25 anos de existência, valendo a pena afirmar que a matéria trabalhista passou a ser um complemento da CLT em seus incisos do art. 7º. Assim ao outorgar ao trabalhador: um terço de férias, o aumento de 25% para 50% do adicional da jornada extraordinária ou suplementar, ou ainda a multa do FGTS para a dispensa imotivada de 10% para 40%, a redução da jornada de 48 horas para 44 semanais, o prazo prescricional de dois para cinco anos ao retroagir os direitos, alongando para 120 dias de auxílio maternidade, assim por diante, tornando a Constituição um apêndice de atualização legislativa da CLT. Além do mais, direitos estes que seriam infraconstitucionais, contudo permanecem ao crivo do STF, sufocando-o com recursos, cujo objeto deveria ser de tribunais inferiores. Aliás não se trata de novel situação, pois desde a Constituição de 1934 em especial seu art. 122 com a criação da Justiça do Trabalho, estavam em dispositivo constitucional, o salário mínimo, as férias, a jornada de trabalho, a indenização na despedida injusta, além do repouso semanal. Assim, passou a fazer parte de nosso ordenamento jurídico, os direitos laborais como norma constitucional desde 1934, quando tal matéria deveria ser limitada às leis ordinárias. O processo trabalhista pela legislação encontra-se em três instâncias (Varas, TRT e TST), como ainda a eventual ida do STF, se for um dos incisos do art. 7º constitucional, resultando em moroso caminho pelo poder jurisdicional, muito embora haja o atual empenho nas conciliações. O difícil acesso à Justiça, nas cidades do interior, constitui outro entrave, pois muitas Varas Trabalhistas se localizam em outro município, havendo despesas às partes de locomoção intermunicipal, incluindo testemunhas. As questões trabalhistas na pratica deságuam no Poder Judiciário, pois a homologação judicial constitui o único meio de quitação com segurança ao empregador, afastando a homologação sindical, o

acordo por comissão ou núcleo sindical, ou mesmo arbitragem, a qual tendo sido recusada judicialmente, face à capacidade limitada do empregado. Resultado é a gama de reclamações trabalhistas como na cidade de São Paulo com 90 Varas do Trabalho instaladas, havendo a criação de mais dez varas, tornando o meio único para alcançar a segurança jurídica, quando deveria o Judiciário ser o último meio para solução dos conflitos e não o único, local em que se põe fim a estes de modo definitivo. O tempo passou e continua na CLT profissões praticamente inexistentes, como a datilografia (art. 72 da CLT), a telefonia e a telegrafia submarina (art. 227 a 231 da CLT), enquanto se tem toda a informática como profissão atual, e os centros de capitação de clientes e seu atendimento, como o operador de marketing, em uma mescla de telefonia e datilografia, resultando o recurso de ir às decisões judiciais através da analogia. Chega-se até a comparação do tempo à disposição fora da empresa, com a atividade do ferroviário ( 2º do art. 244 da CLT) até recente legislação específica com a nova redação do art. 6º da CLT (em 2011). O sistema tem gerado uma série de benefícios ao empregado que não seriam geradores de tributação, mas em contrapartida transforma o custo operacional da empresa em valores razoáveis quando poderia ser evitado, apenas com o pagamento do salário sem benefícios indiretos, o que melhoraria na aposentadoria se não atingir o teto. Neste mesmo sentido, carece de maior análise da realidade, a contratação por meio de pessoa jurídica, ou de cooperativa, ou ainda como autônomo, quando se impõe a primazia da realidade do contrato de trabalho, visto que a subordinação hierárquica emerge como ponto fundamental da relação laboral. A pequena e a média empresa nacional procuram assim evitar custos, tendo importância crucial para seu desenvolvimento os encargos sociais, além dos juros do mercado financeiro sempre em alta. Esta anomalia interessa ao empregado que paga menos tributo, embora haja o vínculo como a empresa também, com a agravante do risco de futuro processo judicial, denunciando o possível contrato de trabalho. Fato este que acontece muita vez com cargos como de

gerente, ocupando função interna e de comando, ou de assistente, uma vez que assistente assiste alguém, retirando portanto qualquer autonomia na atividade exercida. Por estas questões e muitas outras que espelham a realidade do mundo trabalhista, surgiu de há muito a necessidade de atualização da CLT à realidade, especialmente quanto à possibilidade de regionalização de suas normas, visto que o metalúrgico do sul não tem as mesmas condições de trabalho do nordeste, e o mesmo acontecendo com outras categorias profissionais, especialmente a rural, dando, deste modo um panorama do desnível funcional das categorias profissionais em nosso país. Da realidade nasceu a jornada de trabalho de 12X36 horas para a área hospitalar, o intervalo do motorista de ônibus interestadual durante a viagem, os dias de trabalho para quem permanece na plataforma petrolífera, sendo estes apenas exemplos, de atividades que deveriam ter regulamentação por sua flexibilidade na consolidação. Entretanto, ainda faltam formas para adequação do primeiro emprego do jovem inexperiente, quando deveria facilitar seu acesso com menos custos sociais ao empregador, como ainda carece de uma repressão rigorosa ao trabalho escravo infelizmente ainda existente, e ao infantil. Melhor definição para a terceirização como modo de dinamizar a economia, deveria haver legislação definindo a atividade fim, além de estabelecer condições para que empregados e empregadores negociem diretamente. A reformulação da estrutura e da representação sindical poderia ser mais atuante, como também assistência aos trabalhadores da informalidade, que não possuem a carteira de trabalho (CTPS), sendo nosso país um dos poucos senão o único, que possui este documento. Apresenta-se agora o mundo da informática, onde até para os profissionais do Direito há o afastamento do contato físico direto com o local de trabalho, para se produzir fora do ambiente tradicional, cujas normas ainda são precárias, visto que a dinâmica da economia se volta mais para a área de serviços. Finalmente, se espera melhor estabilidade entre o trabalho e o capital com legislação de acordo com a atual realidade e não da CLT originada do corporativismo.