Previdência Social no Brasil. Fundação Getulio Vargas

Documentos relacionados
REFORMA DA PREVIDÊNCIA: O QUE SE PODE NEGOCIAR?

Envelhecimento Populacional e seus impactos sobre Previdência: A necessidade de reforma

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: POR QUE FAZER? EFEITOS DA DEMOGRAFIA EXIGEM AJUSTE DE REGRAS

Reforma da Previdência

Reforma da Previdência

A NOVA PREVIDÊNCIA. Rogério Marinho Secretário Especial de Previdência e Trabalho

Uma visão geral do processo de reforma da previdência. Manoel Pires SPE/MF

Uma visão geral do processo de reforma da previdência. Manoel Pires SPE/MF

Reunião do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social. Brasília, 17 de Fevereiro de 2016

Previdência Social no Brasil: financiamento, diagnóstico e propostas. Setembro 2007

A Reforma da Previdência e a Economia Brasileira. Marcos de Barros Lisboa (INSPER) Paulo Tafner (IPEA)

REFORMA DA PREVIDÊNCIA: A HORA É AGORA

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

REFORMAS PARA O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL. DYOGO HENRIQUE DE OLIVEIRA Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão

Allan Gomes Moreira SEMINÁRIO SOBRE EQUILÍBRIO FISCAL CONTROLE DE DESPESAS COM ENFOQUE NOS DESAFIOS DA GESTÃO PREVIDENCIÁRIA

Previdência Brasileira: cenários e perspectivas" Lindolfo Neto de Oliveira Sales Brasília, 23/03/2017

REFORMA DA PREVIDÊNCIA E SEUS BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS

A previdência social no Brasil: Uma visão econômica

A DEMOGRAFIA E AS LEIS FUNDAMENTAIS DA ECONOMIA NÃO RESPEITAM A CONSTITUIÇÃO NENHUMA CONSTITUIÇÃO

Reformas nos Regimes de Previdência de Servidores Públicos Civis na OCDE e PEC 287 no Brasil

Perspectivas econômicas: o Brasil e o mundo

Previdência Social Reformar para Preservar

Desafios da Previdência. FGV Rio de Janeiro, Março 2016

Desafios e Tendências da. Previdência Complementar

Estado e Desigualdade no Brasil

Previdência Brasileira, sua. perspectiva internacional

Golpe, Projeto Liberal e Reforma da Previdência

SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA MINISTÉRIO DA FAZENDA. Brasília, dezembro de 2017

O contexto político e econômico e a situação orçamentária e financeira da UFG. Assembléia Universitária Goiânia, UFG, 13/05/2019 Reitoria da UFG

O Regime Geral da Previdência Social (RGPS)

ESTUDOS ATUARIAIS E OS DESAFIOS DA ATUALIDADE

Por que é indispensável o Novo Regime Fiscal?

Previdência no Brasil: desajustes, poupança, produtividade e reforma. Paulo Tafner

Reforma da Previdência: Análise da PEC Reforma da Previdência PEC 287/2016. Brasília, 21 de fevereiro de 2017

A Previdência Social ao redor do mundo

Tabelas anexas Capítulo 3A

Fator Previdenciário

A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Algumas considerações sobre o sistema previdenciário brasileiro e reforma

PIB DO BRASIL (VARIAÇÃO ANUAL) FONTE: IBGE ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO: BRADESCO

Nova Regra para o Reajuste do Salário Mínimo

FONTES ENERGÉTICAS. Prof. Dr. Adilson Soares Site:

PREVIDÊNCIA JUSTA. Requisitos para mudar um caminho. José Cechin

Previdência social no Brasil: fatos e propostas

PARA ENTENDER A Reforma da Previdência PARA ENTENDER A. Reforma da Previdência

Tabelas Anexas Capítulo 1

PEC 287/ REFORMA DA PREVIDÊNCIA SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS - SINDCVM

Brasil 2015 SETOR PÚBLICO

O GASTO SOCIAL NO BRASIL É ELEVADO?

Mitos e verdades da Previdência. Darcy Francisco Carvalho dos Santos Economista Corecon Maio/2017

Paulo Rabello de Castro. Setembro 2014

ESTADO SOCIAL E OS DESAFIOS DA ECONOMIA MODERNA

Taxa de juros e semiestagnação desde 1981

Como fazer a reforma da previdência? Hélio Zylberstajn - FEA/USP e FIPE

A RECONSTRUÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA

18/05/2017. Gasto Público Total no Brasil. Carga Tributária % do PIB. GASTO FISCAL NO BRASIL: crescimento e dilemas

Cenário Macroeconômico Brasileiro

IPERGS RPPS - DESAFIOS PARA O FORTALECIMENTO E A SUSTENTABILIDADE - GRAMADO ABRIL 2016

A INDÚSTRIA GLOBAL DOS FUNDOS DE PENSÃO. Marc Saluzzi

Reforma da Previdência. Abril de 2017

Ranking Mundial de Juros Reais Ago/13

MB ASSOCIADOS. A agenda econômica internacional do Brasil. CINDES Rio de Janeiro 10 de junho de 2011

Estrutura Demográfica e Despesa com Previdência: Comparação do Brasil com o Cenário Internacional

Como fazer a reforma da previdência? Hélio Zylberstajn - FEA/USP e FIPE

Ranking Mundial de Juros Reais Mai/13

Hélio Zylberstajn - FEA/USP e Fipe. Seminário A Reforma da Previdência Social à luz da experiência internacional ENS São Paulo - 27/04/2017

Reformas dos sistemas de previdência: visão da OIT a partir da experiência internacional

CARTA ATIVA WEALTH MANAGEMENT

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. Aula expositiva 9ºs anos 2º bimestre

Envelhecimento populacional, previdência, desafogo fiscal, poupança, investimento e os desafios da produtividade e do crescimento

Cenários Conselho Temático de Economia e Finanç

EDUCAÇÃO E EMPREENDEDORISMO

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

SUMÁRIO. Sistema Tributário Nacional como Instrumento de Desenvolvimento. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL: PRINCÍPIOS e ESTRUTURA.

Instrumentos de Política Macroeconômica

Reforma Tributária Solidária Alternativa para preservar a seguridade social e promover a justiça fiscal

RESULTADO DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RGPS

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DO CAPÍTULO 71 DA NCM. Por Principais Países de Destino. Janeiro - Dezembro. Bijuterias

Projeto de Pesquisa: Importância Sócio-Econômica da Cadeia de Serviços de Saneamento Básico no Estado de São Paulo

Previdência Social: Uma Conta Impagável

Reforma da Previdência: Análise da PEC Reforma da Previdência Análise da PEC 287/2016. Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2017

Como fazer a reforma da previdência? Hélio Zylberstajn - FEA/USP e FIPE. ANSP CAFÉ COM SEGURO São Paulo 23/10/2018

SECRETARIA DE PREVIDÊNCIA MINISTÉRIO DA FAZENDA. Brasília, agosto de 2017

PIB DO BRASIL (VARIAÇÃO ANUAL) FONTE: IBGE ELABORAÇÃO E PROJEÇÃO: BRADESCO

Medida Provisória nº 676. Brasília, setembro de

Previdência social: Verdades e mitos. Darcy Francisco Carvalho dos Santos Economista Corecon

CENÁRIO MACROECONÔMICO

GEOGRAFIA SÉRIE: 2º ano Previdência Social Profº Luiz Gustavo Silveira

Educação e Produtividade

SEMINÁRIO SINICESP REFORMA TRABALHISTA E REFORMA DA PREVIDÊNCIA HÉLIO ZYLBERSTAJN FEA/USP E FIPE

POLÍTICA FISCAL E DÍVIDA PÚBLICA Equilíbrio fiscal com elevação das receitas; até quando? Jedson César de Oliveira * Guilherme R. S.

O Seguro de Vida na vida real

PIB PAÍSES DESENVOLVIDOS (4 trimestres, %)

Ranking Mundial de Juros Reais OUT/14

A necessidade de uma Lei de Responsabilidade Educacional

Formação dos Estados e do Poder. Problemática da formação dos Estados latino-americanos. Prof.: Rodrigo Cantu

META DA TAXA SELIC 14,5% 14,25% 13,75% 13,75% 13,5% 13,00% 13,25% 12,75% 12,25% 11,75% 12,75% 12,25% 12,75% 12,50% 12,5% 12,00%

Transcrição:

Previdência Social no Brasil Fundação Getulio Vargas Novembro 2013 1

1. Fatos estilizados 2. Um breve histórico 3. As recentes reformas da Previdência Social 4. Comparações Internacionais 5. Por que a Previdência Social é tão importante no Brasil? 6. Previdência Social e poupança interna 7. Conclusão 2

1. Fatos estilizados 3

Brasil: Benefícios do INSS (dez 2012) Composição Milhões Aposentadorias 16,7 Idade 8,8 Tempo de contribuição 4,9 Invalidez 3,0 Pensões 7,0 Auxílio doença 1,3 Outros 0,2 Total 25,2 Fonte: Ministério de Previdência Social. 4

Brasil: Deficit da Previdência Social: 2012 (% PIB) Composição % PIB Governo 1,4 Receitas 0,3 Despesas 1,7 INSS 0,9 Receitas 6,3 Despesas 7,2 Total 2,3 Receitas 6,6 Despesas 8,9 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional/Ministério de Planejamento e Orçamento. 5

2. Um breve histórico 6

1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 Gastos do INSS 1988/2002 (% PIB) 7,5 7,0 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 Fonte: Ministério da Previdência Social/Secretaria de Política Econômica/Secretaria do Tesouro Nacional 7

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Gastos da Previdência Social: Inativos do Governo Federal (% PIB) 2,2 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1,0 0,9 Fonte: Ministério da Previdência Social/Ministério de Planejamento e Orçamento/Secretaria do Tesouro Nacional. 8

Benefícios de 1 salário mínimo (%PIB) Ano Rurais Urbanos LOAS/RMV Total 1997 0,68 0,49 0,25 1,42 1998 0,84 0,64 0,28 1,76 1999 0,95 0,72 0,28 1,95 2000 0,98 0,72 0,30 2,00 2001 1,07 0,80 0,33 2,20 2002 1,11 0,82 0,34 2,27 2003 1,17 0,84 0,37 2,38 2004 1,20 0,81 0,39 2,40 2005 1,28 0,87 0,43 2,58 2006 1,37 1,02 0,49 2,88 2007 1,38 1,06 0,53 2,97 2008 1,37 1,07 0,53 2,97 2009 1,48 1,18 0,58 3,24 2010 1,45 1,18 0,59 3,22 2011 1,45 1,18 0,60 3,23 2012 1,60 1,29 0,66 3,55 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional e calculo próprio. 9

Brasil: População-Histórico e projeções (Milhões de pessoas) Ano 0 a 14 anos 15 a 59 anos 60 anos + Total 1940 17,7 21,8 1,7 41,2 1980 45,3 66,0 7,2 118,5 1990 51,8 84,9 9,9 146,6 2000 51,0 106,4 13,9 171,3 2010 49,4 124,5 19,3 193,2 2020 41,6 137,2 28,3 207,1 2030 36,8 139,2 40,5 216,5 2040 32,6 134,4 52,0 219,0 2050 28,3 122,9 64,1 215,3 Fonte: IBGE. 10

1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 Quantidade de Benefícios: Milhões (Incluindo benefícios assistenciais) 30,0 26,5 23,0 19,5 16,0 12,5 9,0 5,5 2,0 Urbano Rural Total Fontee: Anuário Estatístico da Previdência Social (diversos anos). 11

3. As recentes reformas da Previdência Social 12

i) Reforma Constitucional (FHC I: 1995/1998) Constituição X Lei Idade mínima: Governo (futuros funcionários públicos) _ Homens: 60A _Mulheres: 55A Previdência complementar: paridade (R$1 de contribuição do empregador vs. R$1 de contribuição do empregado) 13

ii) Fator previdenciário( FHC II:1999/2002) Coeficiente F = f(idade,tc,tábua mortalidade) TC= Tempo de Contribuição 14

iii) Reforma Lula (2003/2006) Idade mínima para funcionários públicos Contribuição dos aposentados civis (11%) Possível criação do Fundo de Pensão 15

iv) Reforma Dilma (2011/2014) Criação FUNPRESP _Aprovação da Lei _Criação de um novo Fundo de Pensão _Diferentes impactos: Curto prazo X Longo prazo 16

4. Comparações Internacionais 17

Idade de aposentadoria nos países selecionados País Homens Mulheres Dinamarca 67 67 Espanha 65 65 EUA/ a 67 67 França 60 60 Islândia 67 67 Italia 65 60 Noruega 67 67 Portugal 65 65 Argentina 65 60 Chile 65 60 Coreia do Sul/ b 65 65 Costa Rica 62 60 El Salvador 60 55 México 65 65 Peru 65 65 /a 2027. /b 2033. Fonte: Comparative Tables on Private Pensions Systems, OECD Secretariat, State 18

População idosa e despesas da Previdência Social 23 21 19 17 15 13 11 9 7 5 Japão Alemanha Italia Grecia Espanha Suécia Portugal Áustria Belgica França Finlândia Polônia EUA Brasil 65 anos(%) (% PIB) Fonte: OECD, Data gently provided by Jose Cechin 19

5. Por que a Previdência Social é tão importante no Brasil? 20

Brasil: Índice real do piso Previdenciário 250 239,5 220 190 160 130 100 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: Cálculo próprio, deflator: INPC. Cálculo feito para o mês de reajuste. 21

Governo Central: Pensões e aposentadoria de 1 salário mínimo (% total valor): estoque Ano % 2000 33,0 2001 35,4 2002 34,9 2003 34,4 2004 34,2 2005 36,3 2006 39,0 2007 40,1 2008 40,7 2009 42,0 2010 41,9 2011 41,3 Fonte: Anuário estatistico da previdência social (vários anos) 22

1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 Governo Central: Gastos primários (% PIB) 22,5 21,0 19,5 18,0 16,5 15,0 13,5 Fonte: Secretaria de Política Econômica/Secretaria do Tesouro Nacional. 23

Brasil: Taxa média de crescimento das despesas primárias do Governo Central: 1991/2012 ( Composição % Transferências a Estados e Municip5,2 Pessoal 3,5 INSS 6,8 Outros 5,8 Total 5,4 PIB 3,0 Fonte: Secretaria de Política Econômica/Secretaria do Tesouro Nacional. Deflator: deflator PIB. 24

Brasil:Taxa de crescimento anual da população por grupos etários específicos Período 0-14 anos 15-59 anos 60 anos + População Total 2000/2010-0,31 1,59 3,32 1,21 2010/2020-1,72 0,98 3,92 0,70 2020/2030-1,22 0,14 3,63 0,44 2030/2040-1,20-0,35 2,55 0,12 2040/2050-1,40-0,89 2,10-0,17 2010/2050-1,38-0,03 3,05 0,27 Fonte: IBGE. 25

6. Previdência Social e poupança interna 26

Brasil: Contas Nacionais: Consumo (% PIB) Ano Privado Governo Total 1999 64,7 20,3 85,0 2000 64,3 19,2 83,5 2001 63,5 19,8 83,3 2002 61,7 20,6 82,3 2003 61,9 19,4 81,3 2004 59,8 19,2 79,0 2005 60,3 19,9 80,2 2006 60,3 20,0 80,3 2007 59,9 20,3 80,2 2008 58,9 20,2 79,1 2009 61,1 21,2 82,3 2010 59,6 21,2 80,8 2011 60,3 20,7 81,0 2012 62,3 21,5 83,8 Fonte: IBGE 27

Brasil: Poupança (% PIB) Ano Poupança Externa Domestica Total 1999 4,3 12,1 16,4 2000 4,3 14,0 18,3 2001 4,5 13,5 18,0 2002 1,5 14,7 16,2 2003-0,2 16,0 15,8 2004-1,4 18,5 17,1 2005-1,1 17,3 16,2 2006-0,8 17,6 16,8 2007 0,2 18,1 18,3 2008 1,9 18,8 20,7 2009 1,9 15,9 17,8 2010 2,7 17,5 20,2 2011 2,5 17,2 19,7 2012 2,9 14,8 17,6 Fonte: IBGE 28

7. Conclusão 29

Reformas da Previdência Social tendem a serem aprovadas no primeiro ano de Governo A relação entre o salário mínimo e a Previdência Social no Brasil é muito estreita A Previdência Social é fundamental para entender por que a pobreza caiu tanto nas áreas rurais Impactos fiscais da Previdência Social estão se tornando cada vez mais preocupantes 30