Superior Tribunal de Justiça



Documentos relacionados
Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

DECISÕES» ISS. 3. Recurso especial conhecido e provido, para o fim de reconhecer legal a tributação do ISS.

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

(ambas sem procuração).

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.046.268 - DF (2008/0075267-7) RELATOR RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO : MINISTRO CASTRO MEIRA : TAHITI HOTEIS E TURISMO S/A : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS EMENTA ADMINISTRATIVO. ECA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. MULTA. PRAZO PRESCRICIONAL. TEMPESTIVIDADE. 1. Cuidando-se de acórdão publicado em 11.12.07, revela-se intempestivo o recurso especial interposto apenas em 07.01.08, sem que tenha havido prova do recesso forense no momento de sua interposição, posto que, após a edição da Emenda Constitucional nº 45/04, a suspensão dos funcionamentos dos Tribunais locais não se presume. 2. Recurso especial não conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques e da retificação do voto do Sr. Ministro Castro Meira, por unanimidade, não conhecer do recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques (voto-vista) e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 15 de outubro de 2009(data do julgamento). Ministro Castro Meira Relator Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 1 de 12

RECURSO ESPECIAL Nº 1.046.268 - DF (2008/0075267-7) RELATOR RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO : MINISTRO CASTRO MEIRA : TAHITI HOTEIS E TURISMO S/A : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Cuida-se de recurso especial interposto com base nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, assim ementado: "APELAÇÃO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE. MULTA APLICADA EM RAZÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS. ART. 114, I, DO CÓDIGO PENAL. INAPLICABILIDADE. CONDUTA TÍPICA. ART. 250 DO ECA. 1. É quiquenal o prazo prescricional aplicado às multas em razão de infração administrativa às normas de proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente. Precedentes do STJ. 2. O simples ato de hospedar criança ou adolescente desacompanhado de seus pais ou responsáveis já é suficiente para tipificar a conduta descrita no artigo 250 do ECA. 3. Mantém-se a multa aplicada entre o patamar mínimo e o máximo legal, haja vista a reincidência do representado. 4. Negou-se provimento ao apelo" (fl. 166). A recorrente alega violação ao disposto no art. 226 da Lei 8.069/90 - ECA. Afirma que deve ser aplicado, de forma subsidiária, o art. 114 do Código Penal, no qual prevê o prazo prescricional de dois anos para a penalidade imposta. Contra-razões ofertadas às fls. 184/189. Admitido o recurso especial, subiram os autos a esta Corte. Em parecer firmado pelo Subprocurador-Geral da República Dr. Fernando H. O. de Macedo, o Ministério Público opina pela não provimento do especial (fl. 200). É o relatório. Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 2 de 12

RECURSO ESPECIAL Nº 1.046.268 - DF (2008/0075267-7) EMENTA ADMINISTRATIVO. ECA. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. MULTA. PRAZO PRESCRICIONAL. 1. O prazo prescricional para a cobrança de multa por infração administrativa tipificada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é de cinco anos. Precedentes. 2. Recurso especial não provido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso especial. Passo a analisá-lo. O Tribunal a quo manteve a multa aplicada em sentença decorrente da infração administrativa descrita no art. 250, da Lei nº 8.069/90. Em contrapartida, o recorrente pugna pela aplicação subsidiária das normas de prescrição do Código Penal. O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90, prevê as infrações administrativas a merecer reprimenda legal nos seus artigos 245 a 258. Obviamente, as multas cominadas pelas infrações acima referidas têm natureza administrativa. Edmundo Oliveira assim se manifestou sobre o tema: "Trata-se de multa administrativa, diversa da multa fiscal e da multa criminal. A multa fiscal é uma pena pecuniária pelo inadimplemento de obrigação para com o fisco (Fazenda Pública). A multa criminal é pena pecuniária, cominada em lei, pela prática de crime. A multa administrativa é pena pecuniária impunível no caso de infração administrativa. Ao contrário do que acontece com a pena de multa do Direito Penal (CP, art. 51), a multa administrativa não pode ser convertida em pena privativa da liberdade. Também diversamente do que ocorre no Direito Penal, a multa em Direito Administrativo é objetiva, independe de dolo ou de culpa" (in Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, 2ª Edição, p. 735). Mostra-se incabível, pois, o reconhecimento de analogia entre a prescrição, como modalidade de extinção de punibilidade no âmbito penal, com as normas a serem aplicadas no caso de infrações administrativas, enunciadas em capítulo específico no Estatuto da Criança e do Adolescente. A dificuldade existe porque a lei não é expressa quanto ao prazo para a cobrança das infrações administrativas. O próprio termo prescrição é inadequado para o caso, em que se verifica a perda do direito de a Administração promover a cobrança do seu crédito. Seria melhor falar-se em decadência, como lembra Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Inexistindo regra específica sobre prescrição, nos termos do artigo 4º da LICC, deverá o operador jurídico valer-se da analogia e dos Princípios Gerais do Direito como técnica de integração, já que a imprescritibilidade é exceção somente aceita por expressa previsão legal ou Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 3 de 12

constitucional e não há no Estatuto da Criança e do Adolescente nenhuma referência ao prazo prescricional em caso de infrações administrativas. Esta Corte, apreciando a matéria à luz do disposto nos arts. 1º do Decreto 20.910/32, 174 do CTN e 1º da Lei 9.873/99, entendeu ser qüinqüenal o prazo em análise, como se verifica a seguir: "ADMINISTRATIVO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI 8.069/90) ART. 247 DO ECA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA PRESCRIÇÃO INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 226 DO ESTATUTO 1. O art. 226 do ECA determina seja aplicado o Código Penal aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente ali definidos. 2. O STJ, interpretando o mencionado dispositivo, aplica as regras do Código Penal quanto a prescrição das medidas sócio-educativas. 3. As infrações administrativas, tipificada no art. 247 do ECA, diferentemente, por falta de previsão legal expressa, não seguem as regras do Código Penal. 3. Em se tratando de sanção administrativa, a multa imposta por força do artigo 247 do ECA) segue as regras de Direito Administrativo e não Penal, sendo qüinqüenal o prazo prescricional. 4. Recurso especial improvido (REsp 820.364/RN, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 11.04.07). PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. ECA. MULTA APLICADA EM RAZÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS PARA SUA COBRANÇA. DECRETO 20.910/32. ART. 114, I, DO CÓDIGO PENAL. INAPLICABILIDADE. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. 1. Cuida-se de recurso especial interposto pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte em autos de infração administrativa por violação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Como se constata dos autos, ao apreciar o cabimento da pena de multa aplicada à empresa, por descumprimento do estabelecido no ECA, o acórdão, amparado no art. 114 do Código Penal, aplicou o prazo bienal de prescrição e declarou extinto o processo sem resolução do mérito. 2. Merece acolhida o pedido, porquanto a solução empregada pelo acórdão recorrido se evidencia em confronto com a exegese adotada por esta Corte, segundo a qual, em se tratando de infração administrativa do ECA, deve-se observar o lapso prescricional inscrito de 5 anos, nos termos do Decreto 20.910/32. Precedentes: Resp 820.364/RN, DJ 11/04/07, Rel. Min. Eliana Calmon; Resp 822.839/SC, DJ 25/08/2006, Rel. Min. Castro Meira; Edcl no AgRg no Resp 737.054/SP, DJ 20/02/2006, de minha relatoria. 3. Recurso especial conhecido e provido para o fim de que o Tribunal recorrido, afastada a prescrição, examine o mérito do litígio. (REsp 855.179/RN, Rel. Min. José Delgado, DJU 04.10.07). Nessa mesma senda, confiram-se: REsp 623.023/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 14.11.05; REsp 380.006/RS, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJU de 07.03.05; Ag 560.319/RS, de minha relatoria, DJU 06.02.04. Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 4 de 12

A confirmar esse raciocínio, vale colacionar precedente da Primeira Turma desta Corte, que assim decidiu: "PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE OMISSÃO. MULTA COMINADA PELA LEI Nº 8.069/90. NATUREZA ADMINISTRATIVA. PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS PARA SUA COBRANÇA. 1. Embargos de declaração opostos por ZBM - COMÉRCIO DE ALIMENTOS E PRODUÇÕES LTDA., em face de acórdão que confirmou a negativa de seguimento ao recurso especial, reconhecendo ausência de prequestionamento e não-demonstração adequada da alegada divergência jurisprudencial. Alega o embargante que a questão objeto da divergência foi debatida em segunda instância e adequadamente demonstrada. 2. A multa prevista pela Lei nº 8.069/90 como sanção às infrações administrativas possui a mesma natureza administrativa e, como tal, sua cobrança sujeita-se ao lapso prescricional de cinco anos. Inaplicabilidade do prazo de dois anos previsto no art. 114, I, do Código Penal. O art. 226, caput, do ECA somente faculta a aplicação das normas da parte geral do Código Penal aos crimes nele definidos. 3. Embargos declaratórios acolhidos tão-somente para conhecer em parte do recurso especial e, nesta, negar-lhe provimento" (EDcl no AgRg no REsp 737.054/SC, Rel. Min. José Delgado, DJU 20.02.06). Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. É como voto. Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 5 de 12

CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2008/0075267-7 REsp 1046268 / DF Número Origem: 20060130077318 PAUTA: 04/12/2008 JULGADO: 04/12/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO AUTUAÇÃO : TAHITI HOTEIS E TURISMO S/A : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS ASSUNTO: Administrativo - Infração - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - Multa CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Após o voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a), negando provimento ao recurso, pediu vista dos autos, antecipadamente, o(a) Sr(a). Ministro(a) Mauro Campbell Marques." Aguardam os Srs. Ministros Humberto Martins e Herman Benjamin. Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon. Brasília, 04 de dezembro de 2008 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 6 de 12

RECURSO ESPECIAL Nº 1.046.268 - DF (2008/0075267-7) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INTEMPESTIVIDADE. RECESSO FORENSE NÃO-COMPROVADO. 1. O especial é intempestivo, uma vez que o acórdão combatido foi publicado em 11.12.2007, terça-feira, conforme certidão de fl. 173, e o recurso só foi protocolado em 7.1.2008 (fl. 177), sem que tenha havido prova do recesso forense no momento de sua interposição, necessária na forma da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça porque, com a edição da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, a suspensão de funcionamento dos Tribunais locais não se presume. Precedentes. 2. Frise-se, ainda, que não é caso de aplicação da Lei n. 5.010/66, porque tal diploma normativo refere-se à Justiça Federal e aos Tribunais Superiores, e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios até pode ser regulado pela União, mas não pertence à Justiça Federal. 3. Por último, mesmo que houvesse edição de lei federal específica, esta Corte Superior entende que a legislação editada pela União, na hipótese, funciona como lei local, devendo ser alegada pela parte recorrente no momento da interposição do especial. Precedentes. 4. Recurso especial não conhecido. VOTO-VISTA O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES: Trata-se de recurso especial interposto por Tahiti Hotéis e Turismo Ltda. contra acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios que negou provimento à apelação entendendo que é qüinqüenal o prazo para a cobrança de multas administrativas aplicadas em razão de infração às normas do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (fl. 166). No recurso especial (fls. 177/180), sustenta a recorrente ter havido violação aos arts. 226 do ECA e 114 do Código Penal - CP, ao argumento de que teria ocorrido a prescrição no caso em concreto. Contra-razões às fls. 184/189. O juízo de admissibilidade foi positivo na origem (fls. 193/195) e o recurso foi regularmente processado. O Min. Castro Meira, relator, mantendo o acórdão da origem, negou provimento ao especial, ratificando posicionamento desta Corte Superior no sentido de que o prazo Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 7 de 12

prescricional para a cobrança de multas administrativas é de cinco anos. Pedi vista dos autos para melhor análise da controvérsia de fundo. Entretanto, compulsando os autos, percebo que o especial é intempestivo, uma vez que o acórdão combatido foi publicado em 11.12.2007, terça-feira, conforme certidão de fl. 173, e o recurso só foi protocolado em 7.1.2008 (fl. 177), sem que tenha havido prova do recesso forense no momento de sua interposição, necessária na forma da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça porque, com a edição da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, a suspensão de funcionamento dos Tribunais locais não se presume. Neste sentido, confiram-se os seguintes precedentes: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE POR ESTA CORTE. RECURSO ESPECIAL CONSIDERADO INTEMPESTIVO. RECESSO FORENSE. NÃO-COMPROVAÇÃO. JUNTADA DE DOCUMENTOS EM SEDE DE AGRAVO REGIMENTAL. INADMISSIBILIDADE. DESPROVIMENTO DO AGRAVO. [...] II. É intempestivo o recurso interposto fora do prazo estipulado na Lei Adjetiva Civil. III. O recesso forense não se presume, devendo a parte juntar, aos autos do processo, no momento da interposição do agravo de instrumento, documento comprobatório de suspensão dos prazos processuais. [...] VI. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag 1.041.786/RJ, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, Quarta Turma, DJe 18.5.2009) PROCESSUAL CIVIL AGRAVO DE INSTRUMENTO TEMPESTIVIDADE DO RECURSO ESPECIAL CURSO DO PRAZO NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 20 DE DEZEMBRO E 06 DE JANEIRO NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE QUE HOUVE SUSPENSÃO DOS PRAZOS DURANTE O RECESSO FORENSE. 1. Prevalece nesta Corte entendimento no sentido de que, se for necessário para permitir a correta aferição do prazo do recurso especial por esta Corte, ao agravante cumpre comprovar, no momento da interposição do agravo de instrumento, que houve recesso forense e suspensão dos prazos no período compreendido entre 20 de dezembro e 06 de janeiro, tendo em vista o disposto na EC 45, de 08/12/2004 e a Resolução 08, de 29/11/2005, do CNJ. Precedentes. 2. Confirmação da decisão que considerou intempestivo o recurso especial. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1.057.515/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 27.3.2009) Frise-se, ainda, que não é caso de aplicação da Lei n. 5.010/66, porque tal diploma normativo refere-se à Justiça Federal e aos Tribunais Superiores, e o Tribunal de Justiça do Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 8 de 12

Distrito Federal e Territórios até pode ser regulado pela União, mas não pertence à Justiça Federal. A questão não é nova nesta Corte Superior: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO DO EXPEDIENTE FORENSE. COMPROVAÇÃO. JUNTADA TARDIA. RECESSO PREVISTO NO ART. 62, I DA LEI 5.010/66 - INAPLICABILIDADE AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. [...] 2. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios não se beneficia do recesso do art. 62, inciso I da Lei 5.010/66, já que referida lei é aplicável à Justiça Federal e aos Tribunais Superiores. Precedente. 3. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no Ag 920.522/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, DJe 4.8.2008) Por último, mesmo que houvesse edição de lei federal específica, esta Corte Superior entende que a legislação editada pela União, na hipótese, funciona como lei local, devendo ser alegada pela parte recorrente no momento da interposição do especial. Sobre o ponto, ganham relevância os julgados abaixo: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. LEI FEDERAL COM NATUREZA DE LEI LOCAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 280/STF. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Apesar da Lei n. 7.289/84 ser federal em sua forma, divisa-se em seu conteúdo natureza de lei materialmente local, por regular relações jurídicas próprias do Distrito Federal, prescindindo, deste modo, da missão uniformizadora incumbida a esta Corte Superior. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag 520.725/DF, Rel. Min. Helio Quaglia Barbosa, Sexta Turma, DJU 4.4.2005) AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. POLICIAL MILITAR. PMDF. EXAME PSICOTÉCNICO. JUNTADA DE DOCUMENTO NOVO. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À LEI N.º 7.289/84. DIPLOMA CUJOS CONTEÚDO REGULA RELAÇÕES JURÍDICAS NO ÂMBITO DO DISTRITO FEDERAL. NATUREZA DE LEI LOCAL. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DA SÚMULA 280/STF. EXAME DA SÚMULA 686/STF, DOS ARTIGOS 13 E 14 DA LEI N.º 4.878/65 E DA TEORIA DO FATO CONSUMADO. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIAS NÃO FORAM OBJETO DE RECURSO ESPECIAL. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. COMPETÊNCIA DO STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO-COMPROVADO. [...] 2. A Lei n.º 7.289/84, que trata do Estatuto da Polícia Militar do Distrito Federal, embora seja federal possui conteúdo normativo que lhe confere o status de lei local, cujo exame é vedado, nesta instância, pelo Enunciado 280/STF. Precedentes. [...] 7. Agravo regimental improvido. (AgRg nos EDcl no Ag 723.458/DF, Rel. Min. Maria Thereza Assis de Moura, Sexta Turma, DJe 9.12.2008) Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 9 de 12

recurso especial. Com essas considerações, pedindo vênia ao relator, voto por NÃO CONHECER do Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 10 de 12

RECURSO ESPECIAL Nº 1.046.268 - DF (2008/0075267-7) RELATOR RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO : MINISTRO CASTRO MEIRA : TAHITI HOTEIS E TURISMO S/A : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS RETIFICAÇÃO DE VOTO EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA: Sr. Presidente, quero observar que não houve discussão sobre tempestividade pelas partes. A única dúvida foi porque a Lei Orgânica da Justiça Federal nº 5.010 estabelece normas sobre a questão dos feriados. A Justiça Federal do Distrito Federal, como sabemos, se rege pelos mesmos pontos e parâmetros que disciplinam a Justiça Federal de 1º Grau. E a minha dúvida é se não haveria alguma norma que estendesse à Justiça Federal aquela disciplina. O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques trouxe um precedente em que afasta essa possibilidade, de tal modo que retifico o meu voto para acompanhar S. Exa., e incorporar essas razões do voto-vista e também não conhecer do recurso especial, até porque o meu posicionamento era de negar-lhe provimento. Não conheço do recurso especial. Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 11 de 12

CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2008/0075267-7 REsp 1046268 / DF Número Origem: 20060130077318 PAUTA: 15/10/2009 JULGADO: 15/10/2009 Relator Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO AUTUAÇÃO : TAHITI HOTEIS E TURISMO S/A : SIMÃO GUIMARÃES DE SOUSA E OUTRO(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS ASSUNTO: Administrativo - Infração - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - Multa CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo-se no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques e da retificação do voto do Sr. Ministro Castro Meira, a Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques (voto-vista) e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 15 de outubro de 2009 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: 845386 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 03/12/2009 Página 12 de 12