1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM TRÊS CAPÍTULOS Luiz Paulo Guimarães 1 - Finanças Pessoais 2 - Introdução ao Sistema Financeiro 3 - Alternativas de Investimento
2 O Brasil necessita um sistema financeiro saudável, ético e eficiente para alcançar o desenvolvimento econômico, social e sustentável que desejamos.
3 SOBRE O AUTOR Morei nos EUA de 1988 a 1990. Minha filha iniciou a cursar o high school em Washington-DC e, no primeiro mês de aula, fui surpreendido. Compunha a grade curricular uma disciplina Financial Education, até então estranha aos meus ouvidos. Passei a acompanhar, passei a gostar. De volta ao Brasil, outras atividades, outras prioridades. Em 2010, após a realização de diversos cursos sobre o assunto, elaborei o Projeto Educação Financeira e iniciei a ministrar palestras e cursos. Infelizmente, ainda há no Brasil um vácuo de conhecimento sobre o assunto, vilão responsável pelo alto nível de endividamento de nossa população. Em 2013 o livro digital, sonho finalmente realizado. Sou Oficial da Reserva Remunerada da Marinha do Brasil (MB). Por mais de trinta anos, no Brasil e no exterior, exerci na Marinha diversos cargos de gerência e direção, nas áreas de logística e finanças. Com formação e pós em Administração de Empresas fui, durante oito anos, Diretor Administrativo-Financeiro de empresa estatal (NUCLEBRAS S/A), além de ter dirigido, períodos menores, duas empresas privadas (MULTIIMAGEM LTDA e LBT por SINALIZA- ÇÕES LTDA). Atualmente, em contrato por prazo determinado, sou Gerente de Projetos Especiais da Secretaria-Geral da Marinha (SGM); Palestrante em Cursos de Educação Financeira em empresas, entidades de ensino e na MB (Escola Naval, Colégio Naval, demais Cursos de Formação de Oficiais e Praças) e Diretor Financeiro da SOMA (Associação de Profissionais e Consultores de Direito Ambiental). Luiz Paulo Guimarães email: lamgcris@gmail.com
4 Agradecimentos A Deus, pela vida e pela saúde. À vida pelos ensinamentos, nas vitórias e nas derrotas. A minha família - esposa e filhos - sempre o meu porto seguro. À Marinha do Brasil, pelas oportunidades de crescimento profissional e pessoal. Aos amigos, que sempre me incentivam.
5 Sumário INTRODUÇÃO...8 Capítulo 1...10 1.1 - Por que é importante a educação financeira?...11 1.2 - O quanto ganhamos versus O quanto gostaríamos de ganhar...12 1.3 - A educação financeira e o seu salário...13 1.4 - A importância do planejamento financeiro...14 FLUXO DE CAIXA...19 1.5 Os sonhos X As metas X As finanças...21 1.5.1- A motivação para economizar...21 1.5.2 Com quem dividir seu sonho?...22 O SONHO INDIVIDUAL...22 O SONHO COLETIVO...22 1.5.3 Economizar ou consumir?...23 1.5.4 - Os outros não devem determinar as suas necessidades...24 a) O consumo para demonstrar status...24 b) Vivendo o sonho do amigo...24 c) O que vão pensar de mim?...25 1.5.5 - O consumo é bom quando os gastos são conscientes...26 1.5.6 Como economizar, revendo despesas?...26 1.5.6.1 - ANÁLISE DAS DESPESAS...29 1.5.6.2 - REVISÃO DAS DESPESAS...30 1.5.6.3 - Conclusões...31 1.5.7 - Qualificação profissional BRASIL X EUA...34 1.5.8 Cenário atual e futuro: estudar é um ótimo investimento...34
1.6 - O consumo e seu impacto na economia...35 1.6.1 - Consumo: característica de um mundo capitalista?...35 1.6.2 - O ciclo interno do consumo...35 1.6.3 - Reflexos da troca com o exterior...37 1.6.3.1 - O real valorizado e desvalorizado...37 1.6.3.2 - O real valorizado favorece a importação...37 1.6.3.3 - O real desvalorizado favorece a exportação...37 1.6.3.4 - Reflexos da importação na economia..38 1.6.3.5 - Reflexos da exportação na economia...39 1.7 - O crédito - O que saber antes de usá-lo...39 1.7.1 - Você possui algum tipo de crédito?...40 1.7.2 Algumas dicas para lidar com o crédito...40 1.7.3 - Compra com pagamento parcelado...41 1.7.4 - Cartão de crédito...43 1.7.4.1 Princípios para utilização do cartão de crédito...44 1.7.5 - Cheque especial...45 1.7.6 Financiamentos...46 1.7.7 Os juros o custo de consumir a prazo...47 Capítulo 2...48 2.1 - O uso da moeda na economia...49 2.1.1 - Breve histórico da moeda...49 2.1.2 A vinda da família real D. João VI (1808) 50 2.1.3 D. João VI volta a Portugal (1820)...50 2.1.4- A fase do papel-moeda...50 2.1.5 - Circulação atual da moeda...51 2.2 - Breve histórico dos bancos...51 2.3 - Os agentes econômicos...52 2.3.1 - Tipos de agentes econômicos / spread bancário...52 6
2.3.2 O depósito compulsório...54 2.3.3 Moeda circulante na economia...54 2.3.4 - Monitoramento do Banco Central...56 2.3.5 - Multiplicador monetário...56 2.4 - Oscilações da política econômica...58 2.4.1 - O pós-guerra: O incentivo ao consumo interno...58 2.4.2 - A crise de 2008 (EUA)...59 2.4.3 - A economia brasileira (2008)...60 2.4.4 - A crise na zona do euro (2011)...61 2.4.5 - A economia brasileira no início do Governo da Presidente Dilma (2011)...62 2.4.6 - O recrudescimento da crise na zona do euro (2012)...64 2.4.7 - A economia brasileira. Síntese da situação atual (2012)...64 Capítulo 3...71 3.1 - Tipos de investidor e suas características...72 3.2.1 - Liquidez...77 3.2.2 - Rentabilidade...77 3.2.3 Risco...77 3.3 Tipos de investimentos e suas características...80 CADERNETA DE POUPANÇA...80 IMÓVEIS...82 FUNDOS IMOBILIÁRIOS...84 TÍTULOS DE RENDA FIXA...85 FUNDOS DI...86 TESOURO DIRETO...87 TÍTULOS DE CAPITALIZAÇÃO...89 FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA: PGBL e VGBL...90 INVESTIMENTO DE RENDA VARIÁVEL...92 CONCLUSÃO...99 7
8 INTRODUÇÃO O Projeto Educação Financeira foi montado em módulos, no livro capítulos. No Capítulo I Finanças Pessoais apresentamos conceitos básicos e diversos exemplos práticos enfatizando a importância da educação financeira. Ensinamos a elaborar um orçamento e um fluxo de caixa (receitas e despesas), utilizando o Excel. Mostramos como é possível economizar revendo as despesas, mantida a qualidade de vida. Falamos das armadilhas do consumo, ensinamos a lidar com o crédito em suas diversas modalidades e com os juros nas compras parceladas, a fim de evitar o endividamento. Mostramos a importância do investimento na capacitação profissional. No Capítulo II Introdução ao Sistema Financeiro - apresentamos uma visão da circulação da moeda na economia, retratamos a importância dos bancos e demais agentes financeiros, mostramos como as crises financeiras internacionais vêm afetando a nossa economia. Esses conceitos facilitarão aos leitores, não economistas, o entendimento das matérias econômicas veiculadas diariamente nos jornais, na internet e em programas de televisão. No Capítulo III Alternativas de Investimento - apresentamos os principais investimentos em renda fixa e renda variável oferecidos pelo mercado, as perspectivas de rendimento e os riscos envolvidos em cada um deles.
9
10 Capítulo 1 FINANÇAS PESSOAIS
11 1.1 - Por que é importante a educação financeira? Essa é a primeira pergunta que normalmente respondo em minhas palestras e frequentemente valho-me da citação do presidente de uma grande empresa em entrevista concedida ao Jornal Valor Econômico: Mesmo durante as crises financeiras todos nós continuamos a comer, a escovar os dentes.. Na verdade, o nosso dia a dia é repleto de situações, as mais corriqueiras (o que comer? como cuidar da saúde? o que vestir?), que exigem decisões financeiras. Seria desejável, portanto, que desde crianças, em casa e nas escolas, fôssemos treinados a administrar nossa saúde financeira, o que nem sempre ocorre. Em alguns lares, a conversa envolvendo dinheiro acaba em desarmonia e, por isso, é evitada. Quanto às escolas, nem todas estão aptas a nos educar financeiramente, a nos despertar para a importância da discussão sobre o dinheiro e sobre o que fazer para bem administrá-lo, o que é fundamental para o planejamento de nossas vidas. Buscando preencher essa lacuna, em 2009 o Governo Federal firmou um acordo com o Banco Mundial para a capacitação de professores para ministrar educação financeira e, em 2010, criou a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF). O projeto-piloto previa a inclusão do assunto, em 2012, na rede pública, a partir do ensino médio, no Rio de Janeiro, Tocantins, Ceará, Distrito Federal e Minas Gerais, o que de fato ainda não se concretizou.
12 As escolas tradicionais não nos ensinam a cuidar da saúde financeira. 1.2 - O quanto ganhamos versus O quanto gostaríamos de ganhar O quanto ganhamos O quanto julgamos merecer ganhar O quanto gostaríamos de ganhar Esse dilema é motivo do desequilíbrio financeiro vivido por boa parte dos brasileiros, principalmente daqueles que gastam com base no quanto gostariam de ganhar. Assim, podemos responder ao questionamento: Quem necessita educação financeira? a) Pessoas que ganham aquém do necessário: o dinheiro acaba... e o mês continua b) Pessoas que consomem mais do que a renda permite: para esses não adianta aumento o percentual de aumento é engolido por novos itens de consumo
13 1.3 - A educação financeira e o seu salário Independentemente de quanto seja o seu salário, a prática nos mostra que ninguém pode prescindir dos conceitos básicos de educação financeira. Assim, quem ganha R$ 2.000,00 e não consegue administrar sua vida financeira, dificilmente conseguirá se ganhar R$ 10.000,00. 2.000,00 10.000,00 O importante é encontrar a fórmula da vida financeira equilibrada, que consiste em equacionar suas despesas ao
seu rendimento e ainda reservar uma sobra para poupança/investimento. Fórmula = Soma (D1 + D2 + D3 + + DN) + P = R Onde: D1, D2, D3,, DN representam as despesas P R poupança rendimento 14 1.4 - A importância do planejamento financeiro Para administrar bem o seu dinheiro é necessário que você realize um planejamento financeiro, ou seja, que você decida antecipadamente como distribuir o seu dinheiro, à vista das suas necessidades. No dia a dia, você e sua família (esposo/esposa) devem se incumbir dessa tarefa, sem delegá-la a terceiros, pois vocês conhecem perfeitamente os seus ganhos e despesas. Caso necessite de aconselhamento financeiro, evite palpiteiros. Busque um consultor financeiro credenciado. Você pagará pelo serviço, porém terá mais chance de evitar surpresas desagradáveis. Vamos apresentar a seguir um exemplo bem simples de como uma família pode realizar um planejamento financeiro mensal. Lembre-se de que existem modelos de planilhas mais sofisticados, porém, se você ainda não domina o assunto, co-
mece pelo mais simples, com aquele modelo que lhe é mais familiar. Independentemente do modelo que adotar, é de suma importância que você, ao longo do mês, acompanhe os valores lançados nas planilhas, atualizando-os quando necessário. É importante, também, que esse planejamento seja feito mês a mês, com continuidade. A planilha de controle de apenas de um mês pode apresentar um resultado distorcido da média, principalmente se o mês contiver despesa ou receita atípica (pagamento de IPTU, pagamento de IPVA, material escolar). Bem, nosso exemplo simulará receitas e despesas de um casal com um filho em idade escolar. É propósito do casal economizar mensalmente um valor entre 5 a 10% da receita mensal. Para facilitar a compreensão, as despesas estão agrupadas como despesas fixas, variáveis, adicionais, etc., nomenclaturas que você pode alterar em seu planejamento. As datas ao lado das receitas e despesas correspondem ao dia em que, efetivamente, elas ocorrerão. 15