RODOLFO MODRIGAIS STRAUSS NUNES



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Transcrição:

OS NEGÓCIOS ELETRÔNICOS COMO INSTRUMENTO DE APERFEIÇOAMENTO ENTRE REDES DE ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO SOBRE O PORTAL DE COMPRAS DO GOVERNO FEDERAL BRASILEIRO RODOLFO MODRIGAIS STRAUSS NUNES ( rodolfo_strauss@yahoo.com.br, rodolfo_msnunes@yahoo.com.br ) UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ODUVALDO VENDRAMETTO ( oduvaldov@uol.com.br ) UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP Resumo O presente artigo apresenta uma análise dos principais benefícios gerados pelo uso de negócios eletrônicos na área governamental e o aperfeiçoamento nas relações das redes de organizações em que se inserem. Para isso, é apresentada uma revisão bibliográfica abordando a literatura sobre os negócios eletrônicos e as redes de organizações, dando ênfase para os conceitos de comércio eletrônico, governo eletrônico e as relações das redes empresariais. Ao final é exposto um estudo de caso de abordagem qualitativa sobre o Portal de Compras do Governo Federal Brasileiro Comprasnet, demonstrando as vantagens implementadas pela ferramenta e as melhorias nas relações das redes organizacionais que o utilizam. Palavras-chave: E-business; E-commerce; E-government; Cadeia de Suprimentos; Redes; Comprasnet. 1. Introdução A partir da década de 1990 as oportunidades de negócios existentes na Internet foram identificadas pelos agentes econômicos no mercado mundial, iniciando a fase de utilização da rede mundial de computadores para realização de negócios. Para não ficarem desatualizadas as empresas começaram a marcar presença na Internet, usufruindo os benefícios previstos pela adaptação aos processos vinculados a um plano de negócios na grande rede. Começaram a surgir então, as empresas ponto com, as ferramentas de utilização de catálogos eletrônicos e os primeiros portais de compras eletrônicas, que acabaram introduzindo a era da economia digital. Na segunda metade da década de 90 foi desenvolvido através de convênios de empresas de telefonia e firmas de televisão a cabo, um tipo de acesso à Internet projetado para transmitir dados em grandes quantidades, chamado de acesso banda larga. Com a redução dos preços da Internet banda larga e sua adoção em maior escala, os conceitos de negócios eletrônicos se estabeleceram definitivamente na economia global. Visando aumentar a eficiência de seus atos e acompanhar a evolução tecnológica, os governos de vários países adotaram ferramentas de negócios eletrônicos via Internet. A partir de então, as relações entre governo, cidadãos e empresas começaram a tornarem-se mais intensas e efetivas. 1/16

Sendo assim, o objetivo do presente estudo é discutir as relações e benefícios existentes nas transações de negócios eletrônicos implementados pelos governos, visando analisar a formação e a efetividade de redes de organizações implementadas por tais ferramentas. Num primeiro momento o artigo apresenta uma revisão da literatura, abordando os principais aspectos relacionados aos negócios eletrônicos, a implementação destes pelas instituições de governo e a abordagem da formação de redes de organizações. Em seguida é apresentado um estudo de caso sobre o Portal de Compras do Governo Federal Brasileiro Comprasnet, visando analisar as melhorias geradas pelas ferramentas que o mesmo disponibiliza e as vantagens obtidas pelas redes organizacionais que o sustentam, seguido das considerações finais e referências bibliográficas utilizadas. 2. Revisão Bibliográfica 2.1 Os conceitos de E-business e E-commerce O e-business é uma combinação personalizada de tecnologias, normalmente baseada na Internet, para auxiliar as relações comerciais da empresa, estabelecendo melhores relações com os clientes, fornecedores e funcionários. (DERFLER, 2002, p.2-4) Ainda sobre o conceito de e-business, Felipini (2003) explica tratar-se do uso de recursos eletrônicos, mais especificamente, da Internet, para realizar negócios com mais eficiência. Portanto, a expressão e-business encerra exatamente o significado de sua tradução, ou seja, negócios eletrônicos, sendo que a forma mais prática e atraente para praticá-los é através do canal eletrônico de comunicação da Internet, que vem se popularizando cada vez mais pelo mundo. Desta forma, o e-business pode oferecer, através das facilidades da Internet, muitas vantagens e benefícios, como a personalização, serviço de alta qualidade ao cliente e um melhor gerenciamento da cadeia de suprimentos, isto é, o gerenciamento estratégico dos canais de distribuição e os processos que os sustentam. (DEITEL, DEITEL e STEINBUHLER, 2004, p.25) São inúmeras as formas de utilização dos recursos da Internet aplicada aos negócios, desde a divulgação institucional das empresas e seus produtos até o aperfeiçoamento na relação com clientes, fornecedores e funcionários. A utilização destes tipos de aplicações é muito importante para auxiliar a empresa na otimização do seu negócio, estabelecendo melhores formas de comprar, de se relacionar com o mercado, de divulgar a sua marca, etc. Porém, dentre estas aplicações, nenhuma delas possibilitou uma transformação tão radical nos negócios quanto o e- commerce: a Internet como um novo e promissor canal de venda de produtos e serviços. (FELIPINI, 2003) O e-commerce é o comércio eletrônico propriamente dito, é a ampla categoria contendo todos os negócios realizados utilizando-se as tecnologias da Internet. (DERFLER, 2002, p.03) De acordo com Venetianer (1999, p.208), o comércio eletrônico pode ser definido como: 2/16

[...] o conjunto de todas as transações comerciais efetuadas por uma empresa, visando atender, direta ou indiretamente, a um grupo de clientes, utilizando, para tanto, as facilidades de comunicação e de transferência de dados mediados pela rede mundial Internet. Para Silva Neto (2004, p.52) o comércio eletrônico é aquele realizado fundamentalmente por recursos e meios eletrônicos, que tornam dispensável o contato físico-presencial entre as partes envolvidas, bem como, irrelevante a distância geográfica que se interponha entre elas. Desta forma, concatenando as idéias apresentadas, é possível compreender que o e-commerce ou comércio eletrônico é a evolução da forma tradicional de transações comerciais, tendo como característica principal, a utilização de tecnologia da informação, principalmente a Internet, como canal de comunicação para viabilizálo. Também ficou evidente, que o e-business e o e-commerce, não são sinônimos, pois o e-business abrange os negócios como um todo, e o e-commerce, as transações comerciais. O fato é que a Internet vem revolucionando a forma de relacionamento entre as pessoas, empresas e governos, e particularmente, os negócios eletrônicos vêm progressivamente alterando o modo de produção, comercialização, distribuição e consumo mundial, sendo que, tal fato pode ser constatado no cotidiano de qualquer país do mundo. Acompanhando este entendimento, é oportuno o comentário de Gates apud Felipini (2003): daqui a algum tempo, vão existir dois tipos de empresas: as que fazem negócios pela Internet e as que estão fora dos negócios. A seguir, na Figura 1, são apresentados os vários elementos dos negócios eletrônicos que se enquadram nos processos de negócios sob diversas formas. Figura 1 Os Elementos do E-Business Fonte: Derfler (2002, p.04) Antes da expansão da Internet, já havia um tipo de comércio eletrônico, que é o EDI, que vem sendo praticado por algumas empresas há mais de vinte anos. O EDI, abreviação de Eletronic Data Interchange, é uma forma de compra que consiste em uma tecnologia para transmissão eletrônica e automática de dados entre os computadores das empresas participantes. Através da utilização de um computador 3/16

conectado a um modem e a uma linha telefônica, e equipado com um software específico para comunicação e tradução dos documentos eletrônicos, o computador do cliente fica interligado diretamente ao computador do fornecedor. (MARTINS e ALT, 2003, p.70) Com a utilização da Internet, os principais tipos de comércio eletrônico são: o B2C (business to consumer) e o B2B (business to business). A seguir, cada um destes tipos de comércio eletrônico serão detalhados para o melhor desenvolvimento e compreensão deste estudo. 2.1.1 Business to Consumer (B2C) O Business to Consumer ou B2C é a transação de negócios eletrônicos com foco no consumidor final, ou seja, no cliente. Nesse caso, o comprador será sempre uma pessoa física que através de seu computador pessoal, realiza procedimentos de busca e aquisição de produtos ou serviços, via Internet. (NOVAES, 2001, p.84) Em geral, as transações acontecem através de lojas virtuais ou portais de Internet, criados por grandes distribuidores, atacadistas e redes de varejo, que buscam criar uma alternativa de vendas que vá além dos limites de suas lojas físicas. No caso das lojas virtuais, não existem lojas físicas, mas apenas o portal para vendas de produtos via Internet, como é o caso do <Submarino.com.br> no Brasil, e da <Amazon.com> nos Estados Unidos. (DERFLER, 2002, p.05) De acordo com Felipini (2004), nos Estados Unidos o comércio eletrônico B2C começou a se expandir a partir de 1995 com a criação da <Amazon.com> e outras empresas. Já no Brasil, esse processo teve início apenas cinco anos depois, quando várias empresas iniciaram suas atividades através do canal de Internet, desde então, esse tipo de comércio eletrônico não parou de crescer. 2.1.2 Business to Business (B2B) De acordo com Novaes (2001, p.80) o business to business ou B2B, é o comércio eletrônico entre empresas ou corporações, caracterizando-se principalmente por ter apenas pessoas jurídicas envolvidas no processo. Geralmente, são desenvolvidos sites na Internet pelas empresas fornecedoras, formando um ambiente virtual para troca de informações com as empresas-cliente, possibilitando que estas possam realizar seus processos de compra no próprio site. Para Ching (2001, p.185) o B2B pode ser entendido por companhias conduzindo negócios uma com a outra por meio do World Wide Web [...] o B2B permite que dezenas de milhares de companhias conectem-se com dezenas de milhares de outras companhias, por meio de uma rede virtual. Segundo Cunningham (2000, p.17) o B2B pode ser definido como transações comerciais conduzidas através de redes públicas ou privadas, incluindo transações públicas e privadas que usam a Internet como veículo de realização. Portanto, pode-se entender como B2B, a realização de quaisquer transações comerciais entre empresas por meio eletrônico, e apesar desta prática também ser realizada através de redes particulares, este estudo se limitará à análise de sua prática através da Internet, que pela eficiência apresentada e aumento da competitividade, fez com que órgãos governamentais passassem a adotar soluções semelhantes para realização de suas compras e contratações. 4/16

Atualmente, o comércio eletrônico B2B através da Internet, pode ser um diferencial competitivo para as organizações, pois esta tecnologia pode otimizar o gerenciamento da cadeia de suprimentos, à medida que, torna mais eficiente e eficaz as práticas internas de aquisições e aperfeiçoa as relações com fornecedores e clientes. Sobre esta realidade, é oportuno o comentário de Derfler (2002, p.34): O comércio eletrônico de B2B utiliza tecnologia da Internet para implementar o gerenciamento da cadeia de suprimento em novas e eficientes formas. Uma cadeia de suprimento eficiente reduz o custo total das operações, reduzindo assim o custo do produto. Isso pode ter um impacto muito maior nos resultados financeiros do que, até mesmo, a obtenção de novas fontes de receitas e lucros. De forma semelhante, Carillo Junior et al. (2003, p.206-207) fazem o seguinte comentário: O B2B é um conceito mais amplo que engloba todas as atividades da empresa, desde as produtivas até as de logísticas, passando pelas financeiras [...] um passo adiante constitui o chamado B2B estratégico, que implica acordos entre grandes para criar comunidades (portais) sinérgicas na Internet, com o objetivo de integrar toda a cadeia logística e de valor. Desta forma, a Internet proporciona aos profissionais da área de compras através das ferramentas de B2B, consideráveis reduções nos custos de aquisição, que por sua vez, ocasionam aumentos na lucratividade. No Brasil, o comércio eletrônico entre empresas tem apresentado um excelente desempenho. Felipini (2006) comenta que pesquisas realizadas pela empresa e-consulting apontam que as transações eletrônicas B2B totalizaram R$ 267,6 bilhões em 2005, valor 37% maior do que o movimentado no ano anterior. A mesma pesquisa ainda indica que cerca de 80% do valor transacionado (R$ 212 bilhões) é referente a negócios realizados em portais privados, ou seja, empresas que possuem seus próprios canais de comércio eletrônico; e os 20% restantes, referem-se às transações realizadas em portais de terceiros, que são os e- marketplaces eletrônicos, que oferecem toda estrutura de hardware, software e mãode-obra especializada. Em pesquisa realizada recentemente pela Associação Brasileira de e- Business (e-business Brasil) que visou identificar as tendências da prática de e- procurement entre grandes corporações brasileiras, foi relevado que em 2006 o correspondente a 66,2% haviam consolidado a prática de compras eletrônicas em suas atividades, representando crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior. (E- BUSINESS BRASIL, 2006) Na mesma pesquisa a e-business Brasil ainda revela que o fator apontado como mais relevante para implementação de compras eletrônicas pela maioria das empresas foi a redução do tempo gasto pelo comprador para efetuar cotações e colocar o pedido. Nota-se que a utilização do canal eletrônico para a realização de transações comerciais entre empresas é uma tendência em razão dos vários benefícios que são proporcionados aos participantes, tanto para o vendedor como para o comprador, como a agilização dos procedimentos de compras, o aumento da competitividade e a 5/16

economia proporcionada às empresas, tornando-se um grande diferencial competitivo no gerenciamento da cadeia de suprimentos. Por todas essas tendências e consolidação da Internet como canal eficiente e eficaz para realização de negócios, principalmente transações comerciais, os governos passaram a adotar a tecnologia da informação através da rede mundial para aprimorar os seus processos de compras e também facilitar o seu relacionamento com o cidadão, como será exposto adiante. 2.2 E-government Com a crescente expansão da Internet e sua consolidação como meio de comunicação eficiente e eficaz, os órgãos governamentais passaram a utilizar esta tecnologia para modernizar a sua estrutura. Sendo assim, os conceitos de e- business ou negócios eletrônicos, incluindo o e-commerce ou comércio eletrônico, passaram a ser aplicados nos órgãos do governo, buscando simplificar e aperfeiçoar os seus procedimentos. Surgiu então o conceito de governo eletrônico, ou e-government, ou e- governo, ou ainda e-gov, consistindo na busca do governo em melhorar o atendimento ao cidadão, aperfeiçoar a relação com empresas fornecedoras e facilitar a interação com outros órgãos públicos, utilizando-se da tecnologia da informação, principalmente através da Internet. (WILLECKE, 2003, p.13; MARTINS, 2004, p.60) Através do governo eletrônico, desenvolveram-se os seguintes conceitos: G2C (government to citzen/consumer), que é o relacionamento entre governo e cidadãos clientes; G2B (government to business) que são as transações entre o governo e empresas; e G2G (government to government) que é o relacionamento entre órgãos governamentais. A Figura 2, apresentada a seguir, ilustra essas interações de governo eletrônico. (ZIMATH, 2003, p.23; BERMEJO, 2004, p.14) Figura 2 A interface do governo eletrônico Fonte: Zimath (2003, p.23) No Brasil, vem sendo praticada desde o ano 2000, uma política de governo eletrônico, visando disseminar o uso da Internet na prestação de serviços públicos, melhorando conseqüentemente o relacionamento do governo com os cidadãos e a sua integração com parceiros e fornecedores. 6/16

Para implementação desta política, foi criado em outubro do mesmo ano, o Comitê Executivo do Governo Eletrônico (CEGE), que estabeleceu como princípios para sua atuação: a promoção da cidadania como prioridade; a indissociabilidade entre inclusão digital e o governo eletrônico; a utilização do software livre como recurso estratégico; a gestão do conhecimento como instrumento estratégico de articulação e gestão das políticas públicas; a racionalização dos recursos; a adoção de políticas, normas e padrões comuns; e por fim, a integração com outros níveis de governo e demais poderes. (CEGE, 2004, p.06) 2.2.1 Government to Citizens (G2C) O Government to Citzen ou G2C utiliza o canal da Internet e a tecnologia da informação para que o governo possa interagir diretamente com o cidadão. Para isto, são desenvolvidos portais ou sistemas, que permitem a interação do cidadão nas ações do governo. No Brasil, o conceito de governo eletrônico tem sido levado a sério como política pública, fazendo com que o governo adote a digitalização de procedimentos tradicionais e a utilização de novas tecnologias como a Internet, com o objetivo de melhorar o atendimento ao cidadão, que é o seu cliente. O Brasil é, por exemplo, o único país do mundo que utiliza o voto eletrônico em grande escala nas eleições, atingindo elevado grau de eficiência, já que os resultados da apuração são conhecidos em questão de algumas horas. Pode-se citar, ainda, o sistema eletrônico de declaração do imposto de renda via Internet, que concede uma certa comodidade ao cidadão, que não precisa sair da sua casa para declarar o seu imposto. (FELIPINI, 2006) Zimath (2003, p.61) comenta que as iniciativas de G2C realizadas pelo governo brasileiro, foram organizadas segundo os direitos sociais da constituição, saúde, educação, justiça, o direito ao controle social, e o direito a informação. Com isso, o governo espera promover a disponibilidade de todos os seus serviços e o acesso à informação através da Internet, promovendo a inclusão digital e a transformação da sociedade como um todo. No âmbito do Governo Federal, existem três sites que são coordenados pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), para oferecer serviços interativos aos cidadãos, e fornecer o acesso a informações relacionadas a políticas públicas, podendo ser acessados pelos seguintes endereços eletrônicos: <www.redegoverno.gov.br>; <www.e.gov.br>; e, <www.governoeletronico.gov.br>. 2.2.2 Government to Business (G2B) O Government to Business ou G2B é o relacionamento do Governo com empresas através da tecnologia da informação. Esse relacionamento foi estabelecido de forma transacional, através de portais de compras eletrônicas via Internet, buscando a simplificação e desburocratização dos processos licitatórios e a racionalização do processo de interação entre o Governo e seus fornecedores. De acordo com Diniz apud Willeck (2003, p.15) o relacionamento entre governo e empresas, através do uso da tecnologia da informação e comunicação de 7/16

forma intensiva e estratégica, assumindo o conceito de governo eletrônico, pode ser desenvolvido nos processos de compras governamentais. As práticas de e-business e e-commerce tiveram influência direta nas decisões dos governos em utilizar ferramentas de compras eletrônicas, permitindo racionalizar os processos, reduzir o tempo de aquisição e ampliar o acesso às informações, garantindo transparência para a sociedade. (BERMEJO, 2004, p.12-13) De acordo com Lenk e Traunmüllerv (apud MARTINS, 2004, p.61) o governo eletrônico sob uma perspectiva de processos, engloba uma reformulação da forma de operação dos procedimentos adotados no âmbito das várias esferas do governo, citando, por exemplo, o processo de licitações para compras, que passaria a se desenvolver através de práticas de leilões reversos. Desta forma, entende-se que o governo eletrônico, que foi inspirado nos modelos de e-business e e-commerce das empresas privadas, trouxe uma perspectiva de mudanças e transformações que ocorreriam através do uso de tecnologia da informação, principalmente através da Internet, proporcionando melhorias e desburocratização dos processos de compras governamentais, tornando-os mais ágeis e eficientes. Como a iniciativa privada aderiu rapidamente à economia digital, equipandose com toda uma infra-estrutura de tecnologia da informação, que passou a ser fundamental para as organizações, tornava-se necessário aos órgãos governamentais acompanhar o desenvolvimento tecnológico, revestindo-se de novas soluções. Completando este raciocínio, Zimath (2003, p.87-88) faz o seguinte comentário: As iniciativas voltadas para o setor empresarial, o G2B, surgem para atender uma demanda das organizações atualmente munidas de computadores, sistemas de informações gerenciais, aplicações em comércio eletrônico, intranet, extranet. O e-gov permite o diálogo digital entre empresas e governo, reduzindo custos, promovendo o desenvolvimento de determinados segmentos e regiões e viabilizando negócios. Assim, o Governo pode utilizar as políticas de governo eletrônico, para ajudar a promover, através do G2B, o desenvolvimento tecnológico e econômico do mercado interno, através da união de seu poder de compras governamentais e a utilização de novas tecnologias. No início das ações de G2B, em meados do ano de 1999, poucos portais conseguiram atingir o nível transacional, porém aumentaram-se as iniciativas dos Estados, para buscar através do meio eletrônico, soluções que trariam economia, racionalidade e transparência nos processos de compras governamentais. O resultado desta fase foi uma excelente base de experiências sobre a atuação de diversos governos do mundo, que serviram de aprendizado. Em razão do poder de compra e dos altos valores transacionados pelo governo, juntamente com o fato do portal se estabelecer como canal oficial de compras e publicação de informações de aquisições do país, os fornecedores sentiram-se estimulados a usar a nova tecnologia pelo canal de Internet. 8/16

Com o estabelecimento dos portais eletrônicos para compras governamentais, as suas vantagens começaram a ser notória, como a redução de custos, rapidez, transparência e desburocratização. No Brasil uma das ferramentas pioneiras de G2B foi a implantação de sistemas eletrônicos de licitações para a otimização das atividades de compras governamentais, disponibilizadas no âmbito federal por meio do portal denominado Comprasnet. 2.2.3 Government to Government (G2G) O Government to Government ou G2G, representa as relações de comércio eletrônico entre órgãos governamentais. Abrange desde as atividades realizadas entre diferentes unidades dentro de um organismo de governo até as transações que se estabelecem entre diferentes governos. (TURBAN e KING, 2004, p.246) 2.3 Cadeias de Suprimentos e Redes de Organizações A partir do advento da globalização da economia e a intensificação da competição, as empresas ou organizações passaram a buscar novas estratégias e inovações tecnológicas visando à obtenção de vantagem competitiva no mercado. Nesse contexto, começaram a surgir novos conceitos e formas de organização empresarial, como o gerenciamento da cadeia de suprimentos, alianças estratégicas, parcerias e redes de empresas, cujo embasamento principal está na colaboração e cooperação para aumento da competitividade. A cadeia de suprimentos pode ser entendida como o modo em que as organizações parceiras estão ligadas entre si, e o seu gerenciamento significa a otimização do fluxo dos materiais, informações, dinheiro e serviços ao longo do canal, gerando melhorias de desempenho para todos os participantes. (BALLOU, 2006, p. 28; TURBAN e KING, 2004, p.39) De forma semelhante surgiu o conceito de cadeia de valor, que pode ser entendida como as atividades que executadas por uma empresa para atingir suas metas nos vários estágios do processo produtivo, desde a aquisição dos produtos até a entrega aos clientes. O seu resultado é a geração de valor agregado, com aumento de lucratividade e melhoria do posicionamento competitivo no mercado. (TURBAN e KING, 2004, p.42) De acordo com Porter (2001) a utilização da Internet pode ser incorporada a todas as atividades envolvidas na cadeia de valor. Sendo assim, o comércio eletrônico pode aumentar o valor agregado com a automatização dos processos de negócios, além de aperfeiçoar o fluxo da cadeia de suprimentos. Recentemente, uma outra abordagem bastante difundida entre os relacionamentos das organizações é a de rede de empresas, analisando-se os diversos formatos de alianças, parcerias e colaboração visando o aumento de competitividade. Segundo Paulillo (2000) o conceito de redes de cooperação, tem o objetivo de promover ao conjunto dos atores envolvidos, o aumento da competitividade, sendo assim, a rede seria uma alternativa de organização para otimização das operações, tornando-as mais eficientes e eficazes. 9/16

Fusco et al (2005) propõem um modelo de avaliação de competitividade de redes de empresas baseado na análise simultânea das seguintes configurações de redes: Rede Física é baseada nas relações que envolvem o gerenciamento da cadeia de suprimentos, que visa maximizar as sinergias entre todas as partes da cadeia com para servir ao consumidor final mais efetivamente, seja reduzindo custo ou agregando valor. É por meio da rede física que os negócios acontecem concretamente. Rede de Valor é representada pelo conjunto de caminhos para obter as condições objetivas que permitam atender às necessidades do cliente. Seu principal benefício é propiciar um contexto de análise que permita examinar as ligações entre as organizações participantes e identificar o valor que é gerado para os consumidores, criando vantagem competitiva para a companhia. Rede de Negócios é um grupo de negócios que coopera e colabora na procura de novas oportunidades de negócios, envolvendo cooperação entre as empresas para empreender projetos e alcançar os objetivos que cada uma das empresas envolvidas não podem alcançar independentemente. Sacomano Neto e Truzzi (2004) também apresentam outras duas abordagens para o estudo das organizações em redes: As redes como forma de Governança esta abordagem enxerga as redes como um tipo de lógica de organização ou uma forma de governar as relações entre os atores econômicos. Redes como ferramenta analítica com base na sociologia, na teoria das organizações e na ciência política, esta abordagem utiliza as redes como um aparelho analítico para esclarecer as relações sociais, tanto nas relações interorganizacionais quanto no ambiente das organizações. Dentro desse conceito a Figura 3, representa os elementos da caracterização morfológica de uma rede. Figura 3 Aspectos que compõem a Análise das Redes Fonte: adaptado de Sacomano Neto e Truzzi (2004) Dentro desses conceitos apresentados sobre a formação de redes de organizações para obtenção de valor agregado e vantagens competitivas, entendese que a utilização dos negócios eletrônicos por meio da Internet pode formar grandes redes digitais de empresas e promover uma integração mais efetiva na gestão da cadeia de suprimentos. 10/16

3. Estudo de Caso: Análise da formação de Redes de Organizações efetivas por meio das ferramentas de E-government do Portal Comprasnet O estudo de caso consistirá na análise das estruturas de redes de organizações que se estabeleceram devido às ferramentas de E-government via Internet constantes no Portal Comprasnet. Serão apontadas as relações atuais entre os atores envolvidos, visando o desenvolvimento de uma nova abordagem teórica para o estudo das redes de organizações e o aperfeiçoamento da cadeia de suprimentos, que é a abordagem das redes digitais, capazes de integrar quaisquer atores independentemente da localização geográfica e realizando todas as transações no meio virtual. Para isso, será apresentado o histórico, desenvolvimento e a estrutura do referido Portal, seguido da análise de formação de redes de organizações por meio digital, devido a utilização dos conceitos de e-government, citando as possíveis vantagens auferidas pelo modelo. 3.1 Histórico e evolução do Portal Comprasnet Em meados de 1998, o Governo Federal brasileiro lançou o site <www.comprasnet.gov.br>, com o objetivo de modernizar as ações de logística governamental através dos benefícios oferecidos pelo canal eletrônico, como a obtenção de maior alcance de divulgação e o fato de se obter mais transparência ou lisura em relação às compras e contratações realizadas pela Administração Pública. O órgão responsável pelo lançamento do portal foi a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). O desenvolvimento do portal foi uma realização do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), que é o órgão responsável pelo seu suporte e manutenção. No início, o portal Comprasnet tinha apenas a função de divulgação de editais e avisos referentes a licitações públicas. Para isto, foi integrado à sua estrutura o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG) que é um sistema informatizado de apoio às atividades operacionais no âmbito dos órgãos da Administração Federal direta, autárquica e fundacional, possuindo vários módulos que exercem funções como cadastramento de fornecedores, catálogo de materiais e serviços, divulgação de licitações e registro de preços de bens e serviços. Pouco tempo depois, foram implantadas novas funcionalidades ao portal, permitindo que os usuários acessassem novos serviços, através dos menus de Legislação, Publicações, Fornecedores, Serviços de Acesso Livre, Serviços por Assinatura e o SIASG, que também passou a ser integrado ao site. A partir de 29 de janeiro de 2001, foi implantado o sistema eletrônico de compras através do Pregão Eletrônico, uma nova modalidade de licitação baseada no conceito de leilão reverso via Internet, criada pela Medida Provisória nº 2.026/2000, que posteriormente teve sua autorização na Lei nº 10.520 de 17 de julho de 2002, e finalmente foi regulamentado em definitivo no âmbito da União pelo Decreto nº 5.450 de 31 de maio de 2005. No atual estágio de desenvolvimento, o objetivo do portal Comprasnet é proporcionar uma visão pública de todas as compras e contratações realizadas pelo 11/16

Governo Federal, oferecendo à sociedade, o acesso às informações sobre licitações, legislação e publicações do Ministério do Planejamento, além de permitir o acompanhamento das contratações eletrônicas. Aos fornecedores é disponibilizado o acesso aos avisos e resultados de licitações, a obtenção da íntegra de editais de licitações através de download, o acesso aos serviços do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF Web), e a participação dos processos eletrônicos de contratações. Já para os gestores públicos que militam na área de licitações, são disponibilizadas informações sobre preços praticados, catálogos de materiais e consultas. 3.2 Estrutura do Portal Comprasnet 3.2.1 Infra-estrutura Em relação à infra-estrutura de hardware, que é fundamental para o serviço de compras eletrônicas do portal, pois é realizado em tempo real, foi implantada uma arquitetura computacional superdimensionada para atender tamanha demanda. De acordo com os técnicos do SERPRO responsáveis pela infra-estrutura e suporte do portal, em condições normais o Comprasnet opera em uma plataforma com menos de 50% de sua capacidade de processamento em horários de pico. Em relação à largura da banda utilizada pelo portal, os técnicos também revelaram que o Comprasnet utiliza apenas 40% de sua capacidade disponível, também em horários de pico. 3.2.1 O sistema de Pregão Eletrônico A modalidade de compras denominada pregão eletrônico, que funciona como leilão reverso, é desenvolvida em um ambiente de negociação virtual em tempo real (on-line) disponibilizado pelo portal Comprasnet, para realização de compras governamentais, principalmente pelos órgãos e entidades integrantes do âmbito federal, trazendo como principais vantagens: a redução do lead time ou tempo de compra, a racionalização, o aumento da competitividade entre fornecedores, segurança adequada, maior transparência, a instituição de uma ata padronizada, a desburocratização e o aperfeiçoamento dos processos. É importante salientar, que a legislação do pregão eletrônico, não apenas instituiu esta nova modalidade para funcionamento nas autarquias, fundações e empresas de economia mista no âmbito do Governo Federal, mas permitiu que as outras esferas do governo, ou seja, a Estadual e a Municipal, desenvolvessem as suas próprias soluções de portais eletrônicos de compras. Porém, a utilização do portal Comprasnet, também foi disponibilizada de forma gratuita aos estados, municípios e entidades da Administração Federal Indireta, bastando para isso, realizar um procedimento de adesão ao sistema. Para facilitar a adesão destas entidades, o Governo Federal editou em 2005, a Portaria nº 4 (disponível no menu Legislação do site Comprasnet) contendo instruções e formulários que deverão ser preenchidos e enviados ao Ministério do Planejamento. Na atualidade, mais de 400 órgãos municipais, estaduais e federais indiretos, utilizam o portal de compras do Governo Federal para realizarem as suas aquisições de forma totalmente gratuita. 12/16

Em relação à eficiência, o Comprasnet é reconhecido internacionalmente, sendo o primeiro sistema de compras públicas na forma eletrônica do mundo, a ser aceito pelo Banco Mundial (Bird) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para aquisições envolvendo recursos destas instituições financeiras internacionais. Inclusive, através de um estudo realizado pelo Banco Mundial, entre os anos de 2005 e 2006, na área de compras públicas eletrônicas, o portal de compras brasileiro conseguiu atingir os parâmetros máximos de eficiência, tendo sido considerado como indicadores de avaliação, a transparência na divulgação das licitações e a utilização de métodos licitatórios competitivos. (MPOG, 2006) 3.2.1 O módulo de Intenção de Registro de Preços O Decreto Federal nº 3.931, de 19 de setembro de 2001, instituiu uma nova prática nas compras públicas denominada de Sistema de Registro de Preços (SRP), que consiste em um sistema de compras pelo qual, a Administração Pública, por meio de licitação, seleciona a proposta mais vantajosa, sendo que o licitante vencedor registrará o seu preço junto ao órgão competente por um certo período, através de uma ata específica, e a aquisição ou contratação só será realizada quando melhor convier aos órgãos ou entidades que integram a ata. O objetivo principal do SRP é semelhante ao do just-in-time, permitindo ao órgão público deixar o produto que precisa registrado para adquiri-lo no momento mais oportuno. A outra novidade introduzida pelo SRP foi o estabelecimento da possibilidade de diversos órgãos públicos federais poderem se unir de forma colaborativa para a realização de compras, visando a obtenção de ganhos estratégicos, como por exemplo o ganho de escala. Sendo assim, foi desenvolvido no Comprasnet um módulo chamado Intenção de Registro de Preços (IRP), o qual permite que os diversos órgãos públicos que se utilizam do portal, possam registrar o planejamento de compras e contratações pretendidas, visando a formação de parcerias colaborativas entre órgãos que possuem as mesmas necessidades de materiais para realização de compras em conjunto, visando a obtenção de vantagens, como a redução de preços pelo ganho de escala. Todas as etapas de negociação, ajustes e trocas de documentos entre os órgãos são realizadas por meio digital por campos do próprio sistema. 3.3 Análise das redes de organizações digitais promovidas pelos recursos de e-government do Portal Comprasnet O portal Comprasnet reúne todos os conceitos de governo eletrônico, ou seja, realiza o G2B através de transações com empresas fornecedoras de forma totalmente on-line; pratica o G2G a medida em que disponibiliza as informações de licitações de todos os órgãos públicos que utilizam o portal, permitindo interações entre eles para a formação de alianças colaborativas para realização de compras; e propõe intrinsecamente o relacionamento G2C, pois disponibiliza para a sociedade as informações sobre todas as licitações realizadas através do portal, promovendo a transparência e o controle social. Desta forma, o Comprasnet interliga os órgãos do governo, as empresas e a sociedade, permitindo que estes interajam entre si, como pode ser visualizado na Figura 4, apresentada a seguir. 13/16

Figura 4 As interações oferecidas pelo Comprasnet Fonte: adaptado de MPOG (2006) Sendo assim, no que se refere ao relacionamento de G2B do Comprasnet, muitos órgãos públicos se relacionam com vários fornecedores por meio do canal da Internet, realizando toda a transação e contratação pela via digital, caracterizando-se o conceito de bolsa de negócios públicos. As principais vantagens são o aumento do número de participantes pela eliminação da barreira geográfica e o conseqüente aumento da concorrência e competitividade entre os fornecedores, o que ocasiona a redução dos preços de contratação e economias aos cofres públicos. Porém, esse tipo de comércio eletrônico gera ligações fracas entre o governo e os fornecedores, já que as sessões são públicas e abertas a quaisquer interessados que atendam ao edital de convocação. Em relação aos aspectos de G2G do Comprasnet, merece destaque a abertura do portal para outras instâncias administrativas, como a estadual e a municipal, que poderão interagir com os serviços e órgãos que utilizam o Comprasnet por meio de uma simples adesão ao sistema. Porém, a principal relação G2G que se verifica no portal, sem dúvida é a estabelecida no módulo IRP, que proporciona o planejamento de aquisições por meio da formação de redes de órgãos governamentais para atuar de forma colaborativa, auferindo vantagens como redução de custos e ganho de escala, além de realizar trocas de experiência e conhecimento por meio dessas inter-relações. E por fim, a relação de G2C existente no portal, permite que a sociedade inserida no contexto digital possa acompanhar todos os atos relativos às compras públicas, averiguando os gastos governamentais, pois as informações ficam disponíveis na Internet para quaisquer interessados, aumentando à transparência e publicidade dos atos. Pode-se dizer, que os cidadãos também são atores conectados às redes digitais envolvendo órgãos públicos, fornecedores e outros sistemas eletrônicos formadas e intensificadas pelas ferramentas de negócios eletrônicos existentes no portal estudado, tendo as suas relações aperfeiçoadas e melhoradas para obtenção de vantagens no uso de tais ferramentas. 14/16

4. Considerações Finais ANAIS Foi possível verificar que as ferramentas de negócios eletrônicos, principalmente de comércio eletrônico, implementadas nas atividades governamentais, realmente contribuem para a obtenção de vantagens e melhorais ao longo da cadeia de suprimentos, além de proporcionar o aperfeiçoamento das relações das redes de organizações que se formam. A análise do Portal de Compras do Governo Federal Comprasnet, permitiu visualizar a formação de redes digitais integrando as relações das redes organizacionais envolvidas em torno dos negócios promovidos pelo sistema do portal, assim como, as vantagens e reduções de custos que podem ser obtidas com o modelo. Todas as informações apresentadas também permitem que seja feita uma análise positiva a respeito do Comprasnet, pois o portal reúne ampla variedade de serviços que proporcionam vantagens às empresas fornecedoras do Governo, aos órgãos públicos e à sociedade, além de proporcionar reduções de custos para ambas as partes, e aumentar a competitividade e transparência das compras públicas. Referências BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos / logística empresarial. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BERMEJO, P. H. S. Metodologia para definição de unidades de informação para plataformas de governo eletrônico: uma aplicação à plataforma lattes. 2004. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. CARILLO JUNIOR, E. et al. Atualidades na cadeia de abastecimento. São Paulo: Instituto Imam, 2003. CEGE. Comitê Executivo do Governo eletrônico. Oficina de planejamento estratégico: relatório consolidado. 2004. Disponível em: <http://www.governoeletronico.gov.br/governoeletronico/publicacao/down_anexa.wsp?tmp.a rquivo=e1s_243diretrizes_governoeletronico1.pdf>. Acesso em : 25 abr. 2008. CHING, H. Y. Gestão estratégica de estoques na cadeia de logística integrada. São Paulo: Editora Atlas, 2001. CUNNINGHAM, M. J. Business to business: como implementar estratégias de e-commerce entre empresas. Rio de Janeiro: Campus, 2000. DEITEL, H. M.; DEITEL, P. J.; STEINBUHLER, K. E-business e e-commerce para administradores. São Paulo: Pearson Education, 2004. DERFLER, F. J. E-Business essencial. São Paulo: Makron Books, 2002. E-BUSINESS BRASIL. Panorama do uso e tendências do e-procurement no Brasil Cenário 2006. Associação Brasileira de e-business, 2006. FELIPINI, D. Ecommerce: aplicação máxima da Internet. 2003. Disponível em: <http//www.e-commerce.org.br/artigos/ecommerce_maxima.htm>. Acesso em: 04 abr. 2008. 15/16

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