Tomografia Mu/ti-Slice no Sistema Músculo-Esquelético c *)

Documentos relacionados
TC da coluna lombar após artrodese com emprego de material metálico INTRODUÇÃO

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM. Profa Dra Sandra Zeitoun UNIP

Tomografia Computadorizada

MANUAL DE PROTOCOLOS TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

E MUDOU PARA MELHOR TUDO EM IMAGENS POR IMAGEM DE POR IMAGEM MUDOU A MEDICINA DE DIAGNÓSTICOS A MEDICINA DE DIAGNÓSTICOS E NÓS VAMOS REGISTRAR

Tomografia Computadorizada.

Atendimento ao Poli Traumatizado no Serviço de Imagem (T.C.)

COLUNA VERTEBRAL RAUL KRAEMER

PORQUE IMAGEM É TUDO!

Tomografia Computadorizada Quantitativa Diagnóstico da Osteoporose

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

Estudo por imagem do trauma.

Curso de. Interpretação Imagiológica em Fisioterapia Musculoesquelética

SUBMISSÃO DE IMAGENS E LAUDOS

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Contribuição dos Métodos de Diagnóstico por Imagem na Avaliação da Espondilólise

Protocolo de Tomografia para Membros Superiores

Protocolos coluna. Profº. Claudio Souza

área acadêmica. estudo por imagem da coluna vertebral

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA - ANATOMIA RADIOLÓGICA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Levando atendimento de qualidade para um número maior de pessoas. Brivo CT325

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA - ANATOMIA RADIOLÓGICA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Coluna Vertebral. Coluna Vertebral Cinesiologia. Renato Almeida

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA - ANATOMIA RADIOLÓGICA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

NEURORRADIOLOGIA. Cristina Moura Neurorradiologia, HUC CHUC

PLANO DE TRABALHO TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (MRI) Prof. Sérgio Francisco Pichorim

A moderna imagem do pâncreas

PRANCHAS ESQUELETO AXIAL II. Aula prática de Anatomia Humana Curso: Enfermagem CEUNES Profa. Roberta Paresque

Crânio e ossos associados. Caixa torácica. Coluna vertebral

Radiologia Blog Dr. Ricardo

área acadêmica. Anatomia radiológica da coluna. estudo por imagem da coluna vertebral

PET SCAN. neurológicos. Deverá também possibilitar sua utilização apenas como um equipamento de

PLANO DE TRABALHO 2 SEMESTRE 2015 DISCIPLINA TECNOLOGIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA II

Dr. Ricardo

Avaliação Por Imagem do Abdome Introdução

PLANO DE TRABALHO 1 SEMESTRE 2015 DISCIPLINA TECNOLOGIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA II

PLANO DE TRABALHO 1 SEMESTRE 2017 DISCIPLINA TECNOLOGIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA II

PROTOCOLOS INICIAIS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TÓRAX PADI NORMA 1. Opcional em doenças do esôfago. 1,0 a 2,0 ml/kg. 2 ml/s a 4 ml/s.

Preparar os profissionais para desempenhar com eficiência a parte técnica, Promover aperfeiçoamento técnico.

PROTOCOLOS INICIAIS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA. 1,0 a 2,0 ml/kg. 2 ml/s a 4 ml/s. 20 s a 45 s. Em todas as angios-tc.

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA. Tomossíntese Mamária. Tomossíntese

Prof. AGUINALDO SILVA

ANATOMIA. SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO Aula 3. Profª. Tatianeda Silva Campos

AUTORIA E COLABORAÇÃO. Autores. Assessoria didática. Luís Antônio Tobaru Tibana. Marcos Costenaro. Paulo Aguiar Kuriki

MANUAL COM OS REQUISITOS PARA SUBMISSÃO DE IMAGENS E LAUDOS

RADIO 2011 Estudo Comparativo dos filtros de reconstrução para exames de crânio do sistema Philips e sua influência na qualidade da imagem tomográfica

Tomografia computadorizada

DISCIPLINA TECNOLOGIA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA II

TABELA DE PREÇOS Crânio: Frente + Perfil + Towne 80,00 70,00 Seios da Face 2 posições Seios da face: fronto e mento naso

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Equipamento de Tomografia Computadorizada SOMATOM Definition AS+, 128- slices.

Exames Complementares de Diagnóstico RADIOLOGIA - RADIOLOGIA CONVENCIONAL. Convenção n.º 19/2016, de 05 de agosto de Entidades Convencionadas

TÉCNICA EM RADIOLOGIA

Valor dos métodos de diagnóstico por imagem na avaliação das reações/fraturas de estresse (*)

Mecanismo Extensor da Mão: Desvendando a Anatomia e Avaliação por Métodos de Imagem

Propedêutica Ortopédica e Traumatológica. Prof André Montillo

Tabelas de Exames RESSONÂNCIA.

FÍSICA DAS RADIAÇÕES. Prof. Emerson Siraqui

HUC Clínica Universitária de Imagiologia. Protocolos de Exames de Radiologia Geral. Orientação do Feixe. Região Anatómica. Critério de Qualidade Kv

PREFEITURA MUNICIPAL DE MIRACEMA 2014 TÉCNICO DE RADIOLOGIA PROVA OBJETIVA

[ESTUDO REFERENTE À ENCF - JOELHO]

Diagnóstico por imagem nas alterações relacionadas ao envelhecimento e alterações degenerativas da coluna vertebral

MÉTODOS DE DOSIMETRIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E SEUS EFEITOS NA OTIMIZAÇÃO DE PROTOCOLOS

2ª VIA EXAME - RM/TC 120,00 2ª VIA EXAME - USG/DO 20,00 BIOPSIA PERCUTANEA ORIENTADA POR TC 2.500,00 BIOPSIA PERCUTANEA ORIENTADA POR US 420,00

Otimizando Investimentos em Radiologia

Osteologia. Movimentos realizados Plano Sagital (Eixo Frontal) Plano Frontal (Eixo Sagital) Plano Transverso (Eixo Longitudinal)

Journal Club. Setor Abdome. Apresentação: Lucas Novais Bomfim Orientação: Dr. George Rosas

Ressonância Magnética

Indicações, vantagens e desvantagens da TC e RM.

A Evolução e a Importância da Tomografia Computadorizada na Odontologia

Fraturas da coluna cervical baixa

ROTEIRO DE ESTUDOS SISTEMA ÓSSEO. Prof a. Ana Carolina Athayde R. Braz

Patologias da coluna vertebral

Tomografia Computadorizada

Tomografia Computadorizada TC área acadêmica diagnostico por imagem

A Evolução e a Importância da Tomografia Computadorizada na Odontologia

Análise sistematizada da imagem radiográfica

COLUNA: SEGMENTO TORÁCICO

FDG PET no Câncer de Pulmão: Influências das doenças granulomatosas

PA (póstero-anterior) e o perfil esquerdo.

Material e Métodos Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 14 anos, internada para investigação de doença reumatológica

Nely Rocha de Figueiredo. 63a 11m. Atendimento: 2/5/2014. Dr Sergio Pinho

Pedro Sampaio Vieira Orientador: Marcelo Gattass SISTEMA DE MODELAGEM 3D DE COLUNA VERTEBRAL BASEADO EM IMAGENS DE RAIOS-X

Médico Cirurgia de Coluna

NEUROCIRURGIA o que é neurocirurgia?

Dr. Ricardo

TC Protocolo de Mastoide. José Pedro Gonçalves TN Esp. em Radiologia

Disciplina: Específica

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA - ANATOMIA RADIOLÓGICA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

WILTON KEITI INABA Mestre em Ciências da Saúde Universidade de Brasília Residência em Enfermagem Clínico-Cirúrgica FEPECS/HBDF Enfermeiro da Unidade

Assessoria ao Cirurgião Dentista Publicação mensal interna da Papaiz edição XXIX Fevereiro de 2018

Transcrição:

VINHETA IMAGENOLÓGICA l MAGENOLOG IC VIGNETTE Respo nsáveis: Artur da Rocha Corrêa Fern andes e Jami l Natour Tomografia Mu/ti-Slice no Sistema Músculo-Esquelético c *) Mu/ti-S/ice Tomography in the Muscu/oske!eta/ System André Yui Aihara('), Artur da Rocha Corrêa Fernandes(1 ), Christian Munia Viertler(') e Jamil Natour(2) INTRODUÇÃO o primeiro tomógrafo computadorizado comercial foi introduzido em 1972. A introdução da tomografi a computadorizada (Te) na prática clínica revolucionou o di agnóstico por imagem em razão da possibilidade de se avaliar as imagens em cortes, se m sobreposição de estruturas, e com alta resolução (1). Naquela época houve a necessidade de se aprender anato mia seccional transversal para se interpretar corretamente a TC(1). Cada exame demorava no mínimo meia hora, quando não mais que uma hora. Quando a ressonância magnética foi introduzida, uma década depois, tanto radiologistas quanto clínicos já estava m mais fa miliarizados com imagens seccionais transversais. H ouve a necessidade de se familiarizar então com cortes coronais e sagitais, além de outros parâmetros inerentes ao método de RM. N essa época houve grande alarde com a I~, sem grandes avanços da TC(1). A tomografia espiral ou helicoidal foi desenvolvida no final dos anos 80, e o primeiro tomógrafo helicoidal comercial foi produzido em 1990(2). A TC espiral permitiu a quebra de algumas limitações da Te. O tempo de exame pôde ser reduzido consideravelmente, e dados volumétricos puderam ser adquiridos. Com isso, maiores áreas anatômicas puderam ser examinadas, por exemplo, em uma apnéia(1 4), e diferentes estágios de perfusão puderam ser examinados em um órgão, como o ligado (fases arterial, portal e de equilíbrio/1.4). Entretanto, mesmo o método espiral não resolveu todas as limitações t éc ni c~, e a tomografia com múltiplas fi leiras de detectores (TC multi-slice) foi inventada para aumentar a velocidade de aquisição de imagem e reduzir o tempo de exa me. A diferença básica da tomografia helicoidal simples para o multi-slice é a quantidade de fileiras de detectores de raios X. Enquanto a TC helicoidal possui apenas uma fileira, a TC multi-slice apresenta duas ou mais fileiras de detectores, hoje chegando a até 16 fil eiras. Para exemplificar, se uma tomografia helicoidal fàz um exame de abdome com 8 mm de espessura, uma TC I1lulti-slice de 4 fil eiras, com prati camente os mesmos parâmetros técnicos, pode fazer o mesmo exame 4 vezes mais rápido ou com cortes 4 vezes mais finos. Existem outros ava nços técni cos da TC multi-slice que podem aumentar ainda mais a velocidade de exame como, por exemplo, o aumento na velocidade de rotação do ga ntry. O advento da TC JJ1ulti-slice permitiu a aquisição de imagens de alta qualidade, com espessuras mínimas de até 0,5 111m, com reconstruções multiplanares de alta definição. Em razão de sua alta velocidade, é possível rea li zar estudo com cortes fin os e longa cobertura anatômica, em pequenos espaços de tempo (segundos). E a aq ui sição de imagens fin as possibilita reconstruções multiplanares bi e tridimensionais de alta qualidade, livres de artefatos. N o sistema músculo-esqueléti co a utilização de cortes finos e reconstruções de alta defini ção é altamente benéfi co(3) (Figuras 1 a 7.) Departamen to de Diagnóstico por Imagem da Universi dade Federal de São Pau lo IEPM/UNIFESPI. Departamento de Diagnóstico por Imagem da EPM/UNIFESP 2. Di sc iplina de Reumatologia da EPM/UNIFESP Endereço para corres pondência: Artur da Rocha Corrêa Fern andes. Departa mento de Diagnóstico por Imagem da EPM/UNIFESP Rua Botucatu. 740, CEP 040 23-900. São Paul o, SP 372 Rev Bras Reumatol. v. 43, n. 6. p. 372-6. nov./dez.. 2003

Tomografia Mu lti-slice no Sistema Músculo-Esquelético Figura 1 - Te multi-s/ice com reconstruções tridimensionais dos arcos costais por suspeita de fratura. A) vi são frontal; B) visão posterior; e) visão lateral. Não se evidenciam fraturas. F 30 17e9'116-b_ Jul 21 200;: Figura 2 - Reconstruções tridimensionais da face por Te multi-s/ice por suspeita de fratura. A) visão frontal; B) visão oblíqua anterior; e) visão lateral. Te normal. Figura 3 - Te multi-s/ice do sacro-coccix por suspeita de fratura. A) reconstrução sagital; B e e) reconstruções 3D frontal e posterior. Ausência de fraturas. Rev Bras Reumatol. v. 43. n. 6. p. 372-6. nov./dez.. 2003 373

Aiha ra et ai. Figura 4 - Raiz conjugada. TC mult; suce da coluna lombo-sacra. A) plano axial; B e C) plano sagital oblíquo demonstrando com grande definição e clareza a raiz conjugada. Figura 5 - Reconstruções tridimensionais multi-suce da coluna cervical demonstrando costelas cervicais bilaterais. A) visão frontal; B) visão posterior; C) visão lateral. Figura 6 - TC mult;-slice de arcos costais superiores evidenciando fraturas do 5. e 6. arcos costais à direita. A) visão frontal; B) visão posterior; C) visão lateral. 374 Rev Bras Reumatol. v. 43. n. 6. p. 372-6. nov./dez.. 2003

Tomografia Multi-S /ice no Sistema Músculo-Esquelético Figura 7 - Te multi-slice de paciente com antecedente de neoplasia de mama evidenciandp múltiplas lesões predominantemente blásticas envolvendo várias vértebras, inclusive os elementos posteriores. A) corte axial; B, e e D) imagens sagitais; E e F) imagens coronai s. Além da possibilidade de se realiza r cortes fin os e reconstruções multiplanares de alta defini ção em curto espaço de tempo, a Te multi-slice diminui também os artefatos provenientes de fixaç ões metálicas, o que antes inviabilizava estudos tomográfi cos como, por exemplo, da coluna lombar após artrodese. Em razão da "falta de fótons" e artefatos de endurecimento do feixe nos detectores de raios X do tomógrafo, pacientes obesos e com materiais metálicos causam artefà- tos na Te. A utilização de maior kilovoltagem e maior miliamperagem pode reduzir estes artefatos. Para a tomografi a single-slice, a corrente do tubo de raios X limita este aumento. Já na Te illulti-slice, em razão de sua maior quantidade de fileiras de detectores, entre outros aspectos técni cos, é possível utilizar aumento efetivo na miliamperagem, melhorando a qualidade das imagens nestas situações (Figuras 8 e 9). As desvantagens são o aumento da radiação e menor cobertura anatômica (o que numa Te multi-slice não chega a ser limitante) (3) ura 8 - Te multi-s/ice da coluna lombo-sacra evidenciando material metálico de artrodese posterior. Os artefatos são pequenos e praticamente não a avaliação do canal vertebral. A) corte sagital mediano; B) corte parasagital; C) corte coronal posterior. Bras Reumatol. v. 43. n. 6. p. 372-6. nov./dez.. 2003 375

Aihara et ai. Figura 9 - TC multi-slice de paciente com artrodese posterior. Praticamente não observamos artefatos metálicos, o que possibilita a avaliação do canal vertebral, forames intervertebrais e articulações interfacetárias. A a D) cortes sagitais de mediano para lateral; E) corte coronal posterior. REFERÊNCIAS 1. R.eiser MF, Takahashi M, M odic M, Bruening R.. Multislice CT. Springer-Verlag Berlin H eidelberg, 2001. 2. Lee JKT, Sagel SS, Stanley RJ, Heiken JP. Computed Body Tomography with MRI Correlation. Lippincott- Raven Philadelphia New Vork, 1998. 376 3. Buckwater KA, R ydberg J, Kopec ky KK, et ai. Muscul oskeletal imaging with multislice CT. AJR 2001 ;176:979-86. 4. Hu H, He HD, Foley WD, et ai. Four multidetec tor- row helical CT: Image quali ty and volume coverage speed. R adiol 2000; 215 :55-62. Rev Bras Reumatol, v. 43, n. 6, p. 37 2-6, nov/ dez.. 2003