OIT-Lisboa www.ilo.org/lisbon O Desemprego hoje: Realidades e Perspectivas 2º Congresso Nacional do Emprego APG - 50 anos Universidade Lusófona Auditório Agostinho da Silva 20 de Setembro de 2014 O tema que aqui é hoje debatido, o emprego, é não só de grande pertinência e atualidade, como está no centro das preocupações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo a par da proteção social, direitos fundamentais no trabalho e diálogo social, um dos dos seus quatro objectivos estratégicos. Felicito a APG, pelos seus 50 anos, e por escolher este tema para os assinalar e também, permitam-me uma saudação especial ao IEFP pelo apoio que dá a esta iniciativa e aproveito esta oportunidade para expressar o agradecimento por ter financiado a tradução e edição de um dos Relatórios que este ano foi discutido na CIT, Políticas de emprego para uma recuperação e desenvolvimento sustentáveis 1, garantido deste modo a sua disponibilização em língua portuguesa e, finalmente uma saudação à Universidade Lusófona com a qual o Escritório da OIT- Lisboa firmou uma parceria de colaboração, que acolhe este congresso. Por estarmos numa sessão comemorativa, relembro que há 50 anos a Conferência Internacional do Trabalho, a 9 de julho de 1964, adotou a Convenção e a Recomendação (Nº 1 Disponível na página da OIT-Lisboa em: http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/relatorio103_vi_pt.pdf 1
122) 2 relativa à política de emprego que enquadram as políticas de promoção do emprego, de formação profissional, dos serviços de orientação profissional dos 108 Estados membros que, até à data de hoje, a ratificaram 3. Sendo missão da OIT a promoção do emprego produtivo, em condições de liberdade, igualdade e dignidade, o tema do desemprego não podia deixar de estar nas preocupações da Organização. A perspectiva que aqui vos trago será, obviamente, o enquadramento desta temática a nível internacional. Sem emprego produtivo, é ilusória a pretensão de uma vida digna, desenvolvimento económico e social e de crescimento do indivíduo. Para atingir esses objectivos é fundamental o desenvolvimento dos recursos humanos e a promoção das empresas. A OIT realiza pesquisas e apoia o investimento no aumento do emprego, bem como o desenvolvimento e implementação de políticas de emprego [designadamente os Planos Nacionais de Emprego]. A Organização, também, apoia o desenvolvimento de competências, a criação de emprego, desenvolvimento das empresas e das cooperativas. A promoção do emprego sendo uma matéria vasta e complexa ocupa vários serviços da Organização. As Políticas de Emprego são tratadas em três departamentos/unidades: 1. Competências e de empregabilidade (SKILLS), 2. Desenvolvimento e Investimento (DEVINVEST), 3. Emprego e mercados de trabalho (EMP/LABELM). Esta apresentação/inventariação das estruturas da OIT não é para vos dar conta da representação orgânica da Organização que tem a cargo a promoção do emprego, mas sim para confirmar a complexidade do tema que requer uma intervenção coerente e articulada. O Desemprego hoje apresenta contornos muito particulares. Dura há muito tempo, tem um grande impacto nos países industrializados, afeta homens e mulheres de todos os grupos etários e expôs debilidades pré crise. Acresce a este cenário, a ausência de concertação das políticas orçamentais e de retoma económica com as políticas e medidas com impacto no 2 O texto das Convenções da OIT ratificadas por Portugal está disponível na página da OIT Lisboa, em: http://www.ilo.org/public/portugue/region/eurpro/lisbon/html/portugal_convencoes_numero_pt.htm 3 A informação relativa às ratificações das Convenções da OIT está disponível em: http://www.ilo.org/dyn/normlex/en/f?p=1000:12001:0::no::: 2
emprego. Das conclusões adoptadas pela comissão, que debateu, este ano, o tema da promoção do emprego na CIT em junho e julho, destaco alguns dos desafios apresentados, dirigidos a cada Estado membro, no que se refere às políticas e às instituições do mercado de trabalho 4. Devem ser promovidas num quadro tripartido: a) políticas salariais adequadas, especialmente em relação ao salário mínimo; b) a negociação coletiva; c) as políticas activas do mercado de trabalho; d) serviços de emprego fortes que facilitam a colocação dos trabalhadores e das trabalhadoras, o desenvolvimento de carreira, e procurem soluções para a inadequadação das competências; e) medidas que visam aumentar a participação no mercado de trabalho das mulheres e dos grupos sub-representados, e a promover o trabalho digno e a proteção dos grupos desfavorecidos e vulneráveis; f) medidas - tais como subsídios financeiros condicionados, programas públicos de emprego e de garantias de emprego - para apoiar as famílias com baixos rendimentos a sair da pobreza e a acederem ao emprego livremente escolhido; g) prestações de desemprego. h) políticas de combate ao desemprego de longa duração. i) Políticas de migração laboral tendo em conta as necessidades do mercado de trabalho e assegurar que os migrantes têm acesso a um trabalho digno. j) processos tripartidos para promover a coerência das políticas económicas, ambientais, do emprego e sociais. k) mecanismos de coordenação interinstitucional eficazes. 4 http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_norm/--- relconf/documents/meetingdocument/wcms_246166.pdf 3
l) estratégias globais de activação para facilitar a transição dos jovens da escola para a vida activa, tais como programas garantia jovem para facilitar o acesso à formação e ao emprego produtivo. m) políticas de incentivo à transição para a formalidade. n) políticas para enfrentar o impacto no emprego e na protecção social do novo contexto demográfico, de acordo com as conclusões da Conferência Internacional do Trabalho em 2013 sobre o emprego e a protecção social no novo contexto demográfico. o) informações sobre os sistemas relevantes e atualizadas do mercado de trabalho. p) Sistemas eficazes de monitorização e avaliação das políticas e programas de emprego. Com tem sido sublinhado em vários documentos da OIT, designadamente no Pacto Global para o Emprego 5, aprovado pela CIT de 2009, não existe uma solução única para o problema do desemprego e do desemprego jovem. As respostas políticas devem ser enquadradas em função das circunstâncias nacionais e num contexto mais vasto de desenvolvimento económico e crescimento do emprego. Deste modo, uma intervenção bem-sucedida passa em primeiro lugar, por um estudo detalhado da realidade e das necessidades nacionais, o que tem sido feito ou já foi feito em muitos países. 6 As análises devem ainda ter em consideração a heterogeneidade das pessoas afectadas pelo desemprego. Só para dar um exemplo, como refere um documento conjunto da OCDE/OIT 7 de 2011, «deve ser feita a distinção entre adolescentes e jovens adultos, e dar particular atenção aos que abandonam precocemente os estudos». No primeiro caso [adolescentes], é mais relevante mantê-los ou encorajá-los a regressar aos estudos, 5 Disponível em: http://www.ilo.org/ilc/ilcsessions/98thsession/texts/wcms_115076/lang--en/index.htm 6 Designadamente a nível da promoção do emprego jovem como refere o Global Employment Trends for Youth 2013: A generation at risk, disponível em: http://www.ilo.org/global/research/global-reports/globalemployment-trends/youth/2013/wcms_212423/lang--en/index.htm 7 «Giving youth a better start», preparada para a reunião dos Ministros do Trabalho e do Emprego do G20 (Setembro de 2011, Paris). 4
enquanto no segundo[jovens adultos], ganha maior importância criar condições para que adquiram experiência de trabalho. Apesar da diversidade e das especificidades regionais e nacionais, a partir de experiências passadas e da análise mais recente que a OIT tem vindo a fazer nesta matéria em diversos países, 8 tem sido possível identificar, por um lado, algumas boas práticas e, por outro, tendências a ter em conta. Relativamente às tendências, é possível afirmar que as iniciativas são mais bem-sucedidas se combinadas com um conjunto de medidas que abranjam a educação e a formação, os serviços do mercado de trabalho, e funcionam melhor quando concebidas em conjunto com os parceiros sociais». 9 Não me quero alongar, até porque estão previstas intervenções de pessoas muito qualificadas para falar sobre este tema, no entanto não quero terminar sem deixar uma nota positiva. Na 5ª reunião ministerial do trabalho e do emprego dos países do G20, que teve lugar este mês em Melbourne (Austrália) na qual participou a OIT através do diretor geral, foram assumidos vários compromissos para enfrentar a crise mundial do emprego. Guy Ruyder no encerramento da reunião afirmou que "Os Ministros do G20 fizeram promessas ambiciosas, mas essenciais para trabalhar para criar mais e melhores empregos de qualidade, dos vários aspectos positivos da reunião foi o reconhecimento da importância de reduzir a informalidade e o subemprego e de melhorar a segurança no trabalho quer para proteger quem trabalha, quer para reduzir os custos para as economias resultantes de acidentes de trabalho. A OIT foi convidada a assumir um papel fundamental na coordenação da cooperação técnica na melhoria da saúde e segurança no local de trabalho. A estreita colaboração interinstitucional e a coordenação são fundamentais para garantir a coerência das políticas para melhorar, de forma mais rápida, as perspectivas de emprego e garantir melhores condições vida. Muito obrigada. Albertina Jordão 8 http://www.ilo.org/employment/areas/youth-employment/work-for-youth/wcms_191981/lang-- en/index.htm e http://www.ilo.org/employment/areas/youth-employment/work-foryouth/publications/national-reports/lang--en/index.htm 9 In: Emprego Jovem: Um objetivo global, um desafio nacional. 5