Unidade-Disciplina-Trabalho MINISTÉRIO DO EMPREGO E DOS ASSUNTOS SOCIAIS Gabinete do Ministro. 104ª Conferencia Internacional do Trabalho

Transcrição

1 104ª Conferencia Internacional do Trabalho Discurso do Ministro do Emprego e dos Assuntos Sociais de São Tomé e Príncipe (08 de Junho 2015) Senhora Presidente da centésima quarta Conferencia Internacional do Trabalho; Senhor Director Geral da OIT; Senhores Ministros e Sras. Ministras tutelares da área do trabalho dos diferentes países aqui presentes; Caros Representantes das organizações dos Empregadores e dos Trabalhadores; Ilustres Delegados; Minhas Senhoras e Meus Senhores Senhora Presidente, Em nome do XVI Governo Constitucional de São Tomé e Príncipe, de que faço parte e represento neste acto, eu vos endereço as calorosas saudações das Ilhas Maravilhosas.

2 Devo confessar que é com grande emoção e enorme sentimento de orgulho que me dirijo a esta augusta assembleia por ocasião da centésima quarta (104ª) Reunião da Conferencia Internacional do Trabalho: emoção por ser a 2ª vez que tenho o privilégio de estar presente nesta magna conferência; orgulho porque o actual governo, saído das eleições de Outubro de 2014, com maioria absoluta no parlamento santomense, (condição sine qua non para a estabilidade politica, económica e social do país) apostou na conquista da confiança da comunidade internacional como um dos pilares da sua estratégia de boa governação. Num país como São Tomé e Príncipe, em que o êxodo rural e a vontade desenfreada de querer pertencer à classe citadina, levou a população a concentrar-se na capital do país, sem que houvesse um plano estruturado para o efeito, as consequências sociais são, notoriamente, muito negativas: elevado número de desemprego e desocupação (nomeadamente do jovens), grande pressão a nível das necessidades de habitação, dentre outras, leva a que a economia informal domine os níveis de empregabilidade no país. A

3 economia informal desempenha um papel significativo nessas circunstâncias, especialmente na criação de rendimento, devido à relativa facilidade de entrada e aos baixos requisitos de educação, qualificações, tecnologia e capital. Mas, é de conhecimento comum de que a economia informal caracteriza-se por défices elevados de trabalho digno e por uma parte desproporcionada de trabalhadores pobres, isto é, os trabalhadores na economia informal enfrentam maiores riscos de pobreza em relação aos da economia formal. Portanto, há uma coincidência significativa, mas não total, entre o trabalho informal e a pobreza e a vulnerabilidade, porquanto estes trabalhadores estão expostos a condições de trabalho inadequadas e inseguras, tendo em conta os níveis elevados de analfabetismo, baixa qualificação e oportunidades de formação desajustadas, pelo que a transição apresenta-se como sendo importante, urgente e necessária. Assim, constitui preocupação fundamental do Governo São-tomense a aposta no crescimento da economia, através de capitalização do investimento directo estrangeiro, principalmente dos parceiros bilaterais.

4 O XVI Governo São-tomense reconhece que as legislações laborais em STP são insuficientes, ineficazes e ineficientes para assegurar um modelo de relações de trabalho equitativo, justo, humanizado e, simultaneamente, capaz de responder aos desafios da adaptabilidade empresarial de um mundo em constante mudança, isto é, Trabalho Digno! Perante tal constatação, o Governo está empenhado em desencadear um conjunto de reformas legislativas e não só, quer no âmbito laboral como no âmbito da segurança social, visando obter desta forma as condições para que as referidas legislações sejam mais amigas da economia, do investimento e do emprego, tornando-as mais flexíveis para os empregadores, capazes de proporcionar maior mobilidade laboral, inclusive de emprego temporário, sem deixar de garantir o princípio da

5 estabilidade do emprego e os direitos fundamentais dos trabalhadores. Em suma, pretendemos ter um Código de Trabalho mais competitivo, promotor da competitividade e do crescimento económico e, sobretudo, impulsionador da criação de postos de trabalho! Minhas senhoras e meus senhores Por conseguinte, além das reformas acima referidas, a promoção do Trabalho Digno em STP, levou o Governo e os parceiros sociais a assinar com a OIT o correspondente Programa de Acção para três anos ( ) cuja execução tem constituído uma mais-valia para o país. Assente em dois eixos fundamentais, (i) a promoção do trabalho digno para homens e mulheres, principalmente para os jovens e (ii) o reforço das capacidades dos mandantes tripartidos relativamente ao diálogo social para melhorar a aplicação das normas internacionais do Trabalho, destaca-se neste âmbito:

6 O combate ao trabalho infantil A protecção do trabalho doméstico; A implementação da política do emprego e formação profissional; A definição e fixação do salário mínimo nacional. O combate ao trabalho infantil constitui uma das prioridades do governo santomense, porquanto este flagelo continua sendo um problema sério em São Tomé e Príncipe. Em Agosto de 2012 deu-se início ao programa da OIT para a erradicação do Trabalho Infantil (IPEC/OIT). Através deste programa completou-se em 2013 a lista das piores formas de Trabalho Infantil identificadas nos diferentes sectores de actividade, a saber: na agricultura, na pecuária e pesca, na indústria extractiva e de transformação, na produção e distribuição de electricidade e água, no comércio e nos serviços. De igual modo, foram identificados os trabalhos considerados prejudiciais à moralidade. Em Agosto de 2013 o país concluiu o Plano Nacional de Acção contra o trabalho Infantil, elaborado através do tripartismo nacional. Saliente-se, neste âmbito, que a lista das piores formas do trabalho infantil foi

7 introduzida na Proposta de Lei do novo Código de Trabalho. O trabalho doméstico, realizado quase que exclusivamente por mulheres, constitui em STP um sector de capital importância, quer no que diz respeito ao número de postos de trabalho que pode proporcionar, quer no que se refere às implicações sociais e económicas que dele decorrem. Por conseguinte, as mulheres são essencialmente chefes de família, que trabalham muitas horas por dia, auferem um magro salário, com a agravante de estarem fora do sistema nacional da segurança social, isto é, desprotegidas quando atingidas por algum infortúnio. Ora, a nova legislação da Segurança Social introduz uma série de inovações, permitindo desta feita, a integração das trabalhadoras domésticas, bem como dos trabalhadores independentes no sistema, trazendo por isso todos os benefícios por nós conhecidos, constituindo uma importante conquista que ajudará na transição da economia informal à economia formal. A definição do salário mínimo nacional está a ser objecto de análise e discussão em sede da

8 Concertação Social e, pelo engajamento das partes envolvidas, fruto da estreita colaboração que caracteriza o Diálogo Social Nacional Tripartido, tudo indica que ainda este ano o mesmo será fixado. Há a destacar ainda, a realização de acções de reforço das capacidades institucionais, com enfoque para o Diálogo Social Nacional Tripartido, Formação em gestão para as entidades empregadoras e em Novas Tecnologias voltadas para o ensino. As acções acima referidas constituem ganhos que STP se orgulha de partilhar convosco! Permitam me ainda que aproveite esta importante ocasião para reiterar o desejo de STP de reforçar e ampliar as suas parcerias, bem como garantir que continuaremos a honrar os compromissos assumidos e a prestar o nosso modesto contributo para a promoção do Trabalho Digno em STP em particular e, quiçá, no mundo inteiro. Faço votos que os trabalhos desta conferência alcancem muitos êxitos e se traduzam num passo importante para atingirmos as nossas metas.

9 Pelo Trabalho Digno em São Tomé e Príncipe, caminharemos e juntos lutaremos! Grato pela vossa atenção.