A UTILIZAÇÃO INTEGRADA DOS MÉTODOS ABC E UP



Documentos relacionados
A UTILIZAÇÃO INTEGRADA DOS MÉTODOS ABC E UP

SISTEMA DE CUSTEIO ABC ACTIVITY BASED COSTING. Jaime José Veloso

MÓDULO IX - CUSTOS. A gestão de custos como ferramenta de apoio a tomada de decisão

Bacharelado CIÊNCIAS CONTÁBEIS. Parte 6

ÍNDICE. Estruturação e Organização da Matéria Prima...

1 - Por que a empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE TRANSPORTE DE CARGAS EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ENFOQUE LOGÍSTICO

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS NA ELABORAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Conceitos Básicos de Gestão de Projetos

Custeio Variável e Margem de Contribuição

Capítulo 1 -Ambiente em Mutação dos Negócios

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

GESTÃO DAS INFORMAÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES MÓDULO 11

CUSTOS NA PEQUENA INDÚSTRIA

Sistemas ERP. A Interdisciplinaridade dos

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO. Sumário I) OBJETIVO 02. 1) Público alvo 02. 2) Metodologia 02. 3) Monografia / Trabalho final 02

CEAHS CEAHS. Grupo Disciplinas presenciais Créditos Mercado da Saúde Ética e aspectos jurídicos 1

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial. Conteúdo Programático. Administração Geral / 100h

CUSTO DE REPOSIÇÃO NA FORMAÇÃO DE PREÇOS

CONTABILIDADE E GESTÃO DE CONTROLE DE ESTOQUE NA EMPRESA

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PRIAD ADMINISTRAÇÃO DE CUSTOS. Nome: RA: Turma: Assinatura:

CRIAÇÃO DA DISCIPLINA SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

CUSTOS LOGÍSTICOS - UMA VISÃO GERENCIAL

Conceitos da Portaria CAT 83/2009

NOTA EXPLICATIVA Alterações MANUAL DO SISTEMA DE APURAÇÃO DO ICMS RELATIVO AO CUSTO DAS SAÍDAS DE MERCADORIAS E PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS

5 Análise dos resultados

Custos Logísticos. Não basta somente realizar tarefas, é preciso ser assertivo.

Esquema Básico da Contabilidade de Custos

Curso de Engenharia de Produção. Manutenção dos Sistemas de Produção

MBA Executivo Internacional

GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO APRESENTAÇÃO E GRADE CURRICULAR DOS CURSOS

SGQ 22/10/2010. Sistema de Gestão da Qualidade. Gestão da Qualidade Qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização para:

ASSESSORIA NA IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE, CONFORME ABNT NBR ISO 9001 E ASSESSORIA EM SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO ISO 9001, ISO

Executive Business Process Management

O FOCO DA QUALIDADE NOS PROCESSOS DE TERCEIRIZAÇÃO

Tabela 32 Empresas de Serviços que Utilizaram Instrumentos Gerenciais, segundo Tipos de Instrumentos Estado de São Paulo 2001

Módulo 4.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

29/10/2014. Métodos de Custeio TEORIA DA DECISÃO MODELOS DE DECISÃO TEORIA DA MENSURAÇÃO MODELOS DE MENSURAÇÃO. Formas de Custeio

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 3 O QUE É PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES?

Plano de Negócios Faculdade Castro Alves Cursos de Administração.

Gestão Estratégica de Marketing

Engenharia de Produção Custos Industriais Fundamentação Conceitual de Custos Luizete Aparecida Fabbris

DESPESAS FIXAS. O que são Despesas Fixas?

ANÁLISE DAS FERRAMENTAS DE CONTROLE GERENCIAL PARA MELHORIA DA PERFORMANCE EMPRESARIAL. Prof. Elias Garcia

Prof. Paulo Arnaldo Olak

Aplicações da FPA em Insourcing e Fábrica de Software

Histórico. Missão. Visão

Planejamento e Controle do Lucro Empresas de Pequeno e Médio Porte

Introdução a Gestão de Custos nas pequenas empresas Prof. MSc Hugo Vieira L. Souza

22/06/2015. Cronograma finalização da disciplina GA I. Instrumentos de Gestão Ambiental. ambiental. Auditoria Ambiental

1. O Fluxo de Caixa para á Análise Financeira

Estratégia Competitiva 16/08/2015. Módulo II Cadeia de Valor e a Logistica. CADEIA DE VALOR E A LOGISTICA A Logistica para as Empresas Cadeia de Valor

Planejamento Estratégico

ANEXO X DIAGNÓSTICO GERAL

Governança AMIGA. Para baixar o modelo de como fazer PDTI:

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

Solução Cadia Projects

OS EFEITOS DOS CUSTOS NA INDÚSTRIA

SISTEMAS DE GESTÃO São Paulo, Janeiro de 2005

Gerenciamento de Projetos Modulo II Ciclo de Vida e Organização do Projeto

Gestão estratégica em finanças

Curso de Engenharia de Produção. Noções de Engenharia de Produção

Perfil do Curso. O Mercado de Trabalho

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL. Conceitos básicos

Terminologias e Classificações

GRADUAÇÃO APRESENTAÇÃO E GRADE CURRICULAR DOS CURSOS PROCESSOS GERENCIAIS HORAS

Sistema de Gestão Ambiental

Resumo das Interpretações Oficiais do TC 176 / ISO

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. Prof. Eric Duarte Campos

Webinário : Os vinte passos da implantação SGQ baseado na ISO 9001 Sistema de gestão qualidade implantado e certificado pela norma NBR ISO 9001:2008

A Controladoria no Processo de Gestão. Clóvis Luís Padoveze

Aula 2 Contextualização

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

CÓDIGO CRÉDITOS PERÍODO PRÉ-REQUISITO TURMA ANO INTRODUÇÃO

Pesquisa realizada com os participantes do 16º Seminário Nacional de Gestão de Projetos APRESENTAÇÃO

Guia de Recursos e Funcionalidades

MUDANÇAS NA ISO 9001: A VERSÃO 2015

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

ORGANIZAÇÃO CURRICULAR TÉCNICO EM CONTABILIDADE NA MODALIDADE A DISTÂNCIA /1

ASSUNTO DA APOSTILA: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E AS DECISÕES GERENCIAIS NA ERA DA INTERNET

COMO TORNAR-SE UM FRANQUEADOR

Universidade Presidente Antônio Carlos Faculdade de Ciências Humanas e Exatas Curso de Administração Campus VI

Pesquisa realizada com os participantes do 12º Seminário Nacional de Gestão de Projetos. Apresentação

Carga Horária :144h (07/04 a 05/09/2014) 1. JUSTIFICATIVA: 2. OBJETIVO(S):

Introdução ao Marketing. História do Conceito

MANUTENÇÃO: VANTAGENS E DESVANTAGENS

Departamento de Engenharia. ENG 1090 Introdução à Engenharia de Produção

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1

UP - UNIDADE DE PRODUÇÃO (UEP - UNIDADE DE ESFORÇO DE PRODUÇÃO), CONCEITOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PRÁTICA.

SISTEMAS INTEGRADOS P o r f.. E d E uar a d r o Oli l v i e v i e r i a

ORIENTAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DO TRABALHO FINAL. Seminário Temático VII: Comércio Exterior (Total: 60 pts)

Quem somos? Por que a sua empresa merece o Sistema de Gestão ERP da Otimizy?

Pesquisa de Remuneração

Empresa como Sistema e seus Subsistemas. Professora Cintia Caetano

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU (ESPECIALIZAÇÃO) MBA Executivo em Saúde Coordenação Acadêmica: Drª Tânia Regina da Silva Furtado

Transcrição:

A UTILIZAÇÃO INTEGRADA DOS MÉTODOS ABC E UP Gerson L. Gantzel Controladoria O Boticário - Brasil Av. Rui Barbosa nº 3.450, S. J. Pinhais - PR - CEP: 83065-260 TELEFONE: (041) 283 1603 Ramal 428 - FAX: (041) 282 5575 RESUMO Num ambiente cada vez mais competitivo, as organizações empenham-se na busca de melhores informações e gerenciamento de custos. Tal empenho não tem sido correspondido pela utilização dos chamados métodos tradicionais de custeio, motivo pelo qual os chamados métodos de múltiplos critérios são implantados cada vez mais nas empresas. Os métodos ABC (Custeio Baseado em Atividade) e UP/UEP s (Unidades de Produção) talvez sejam os mais amplamente estudados e utilizados no País. Talvez uma nova tendência esteja surgindo através da utilização conjunta de ambos os métodos, o ABC para o overhead e a UP para a produção, resultando num interessante sistema de informações já abordado acadêmica e praticamente. O Grande dilema, a forma de integração, é o objeto deste trabalho. Todas as mudanças observadas no panorama mundial, passando do surgimento de novas economias ("tigres asiáticos" e outros) ou blocos econômicos (Comunidade Comum Européia, NAFTA, Mercosul, etc.), bem como o fim da polarização capitalistas X comunistas, a globalização de mercados e tantos outros fatos históricos contemporâneos tem ocasionado uma acirrada concorrência entre as empresas, devido à principalmente à queda das fronteiras de atuação e da evolução sem precedentes dos meios de transporte e comunicações. Neste panorama, o enfoque principal das organizações tem sido a busca crescente de qualidade e o interesse cada vez maior no gerenciamento e redução de seus custos. Tomando-se por base um segmento altamente competitivo como a indústria automobilística, poderemos observar claramente a preocupação com custos 1 : 1 7ª Pesquisa da indústria de veículos, realizada pela Arthur Andersen em 1991

Pressão Contínua para Melhoria de Qualidade e Custos 100% 90% 87% 80% 78% 75% 77% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% FABRICANTES JAPONESES FORNECEDORES JAPONESES FABRICANTES AMERICANOS FORNECEDORES AMERICANOS A preocupação das organizações com relação ao conhecimento e administração de seus custos também pode ser vislumbrada nas empresas que realizaram processos de reorganização, restruturação ou reengenharia 2 : 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 84% 79% 62% Preocupações que influenciaram planos de reorganização. 50% 35% Redução 1 Melhoria 2 Aumento 3 Superar 4 Mudar 5 Outros 6 Custos Qualidade Rapidez Concorr. Estrutura 9% 2 Pesquisa Grant Thornton entre 500 produtores dos EUA, entre 1992 e 1993

A importância conferida à custos, não está no fato desta atividade ter se tornado mais importante do que as demais existentes (afinal custos é uma atividade fim e não uma atividade meio), mas sim no uso das informações de custos. De fato, muitas vezes sem que se vislumbre a base de dados (os valores informados como custos dos negócios, empresas ou produtos), decisões estratégicas são tomadas 3 : DECISÕES TOMADAS COM BASE NOS ATUAIS SISTEMAS DE CUSTOS Respostas Empresas Bancos Industriais Justificativa de Investimento 28,17 59,09 Compra ou fabricação (terceirização) 39,44 13,64 Mudanças na engenharia de produtos ou processos 42,25 45,45 Estratégias de mercado 49,30 36,36 Análise de novos produtos 52,11 50,00 Controle de Custos 56,34 77,27 Gerenciamento de "performance" 64,79 72,73 Estabelecimento de preço (pricing) 74,65 31,82 Apesar do grau de importância conferido às informações de custos, a algum tempo as organizações vem demonstrando descontentamento com o sistema tradicional de custeio 4 : 78 % acreditam que seus custos estão exagerados para os produtos cujo volume de produção é alto 58% planejam revisar o sistema de custos 52% tem um comitê de gestão para gerenciar a mudança 57% estão fazendo mudanças no sistema de custos atual 45% acreditam na existência de uma diferença significativa entre as gerências operacional e financeira O descontentamento com relação às informações de custos tradicionais possivelmente tenha sido ocasionado (e tende a acentuar-se) em razão da mudança na composição dos custos das empresas, uma vez que os valores dispendidos em atividades não relacionadas diretamente ao fluxo produtivo (overhead ou custos indiretos) apresentam acentuada tendência de crescimento 5 : 3 4 5 Pesquisa da Price Watherhouse, Brasil, 11/94 NAA Levantamento da associação dos controllers americanos (1989) Pesquisa da Thondavati Consulting Group

OVERHEAD 25,0% OVERHEAD 55,0% MATERIAL 35,0% M.O. DIRETA 10,0% M.O. DIRETA 40,0% MATERIAL 35,0% DÉCADA DE 60 DÉCADA DE 90 Baseando-se em Kaplan 6, este contexto antagônico entre necessidade crescente e falta de confiança na qualidade das informações de custos pode ser melhor esclarecido quando observada a estrutura de um modelo de custos tradicionais no tocante a seus custos fixos: CUSTOS FIXOS DIRETOS ALOCAÇÃO INDIR. RATEIO IDENTIFICAÇÃO PRODUTOS $ Poderemos identificar os métodos tradicionais de custeio por sua limitada quantidade de critérios de rateio ou identificadores de custo, o que acarreta não apenas generalizações (distorções nos custos dos produtos), mas também a limitação das informações a nível gerencial. Em resposta às limitações dos modelos tradicionais de custeio, os métodos ABC (Activity Based Costing ou Custeio Baseado em Atividade) e UP (Unidades de Produção ou também conhecido como UEPs) são apontados como as melhores e mais utilizadas soluções. 6 Kaplan, Robert S. - "Cost Systems That Improve Productivity" - Seminário Internacional de Produtividade e Qualidade - Porto Alegre, 09/93

Os métodos ABC e UP não apenas utilizam-se de múltiplos critérios, mas também observam a relação custo X benefício da informação, além de prestarem importantes subsídios à tomada de decisões. O método ABC tem por enfoque as atividades realizadas nas organizações e pode ser representado da seguinte forma: RECURSOS O que foi gasto Ex: água, luz, salários, etc. ATIVIDADES Onde foi gasto Ex: Manutenção, RH, O&M, etc.. OBJETOS DE CUSTO Para que gasto Ex: Produto A ou B, atividade não relacionada a produto (associação, fundação,), etc. Segundo Ostrenga 7, o ABC, variando-se por suas diferentes técnicas, inicia-se pela identificação dos custos dos recursos para as respectivas atividades (nesta fase é praticamente igual ao método tradicional). As atividades que receberam os custos dos recursos (também podem ser denominadas atividades primárias ou departamentais) são mapeadas (levantamento de dados realizado individualmente para cada atividade) para identificar-se o gerador de custos para cada uma (motivo pelo qual os custos são causados, similar ao critério de rateio ). Os custos das atividades primárias são distribuídos/ identificados para outras atividades ou para objetos de custos, de tal forma que identifica-se os custos dos produtos. As principais vantagens do ABC são a identificação dos custos das atividades (no método tradicional os custos departamentais não são inter-relacionados) e dos objetos de custos muito mais precisos(com ilimitados geradores). Notadamente no Brasil, a dificuldade de implantação do ABC consiste no baixo nível de automação/sensorização existente nas indústrias: quando aplicado na produção, o método tem resultado em generalizações (tratamento por linhas e não por máquina) decorrentes do elevado trabalho necessário para apontamento dos drivers (geradores de custos, critérios). Segundo Allora 8, o método UP tem por enfoque o processo produtivo e pode ser representado da seguinte forma: 7 Ostrenga, Michael; Ozan, Terrence R.; Harwood, Marcus D; MacLlattan, Robert D. - "Guia Ernest & Young para Gestão Total dos Custos" - 1ª ed. - Rio de Janeiro : Record, 1993. 8 Allora, Valério - "Seminário Internacional de Qualidade e Produtividade" - Porto Alegre 1993

U.P./h MATERIAS PRIMAS U.P./h PO 1 PO 4 PO 2 ESFORÇO PO 5 PO 3 PO n F Á B R I C A PRODUTOS ACABADOS Segundo Allora 9 A UP é implementada através da identificação de cada posto operativo (máquina, equipamento ou posto manual), e codificação (já objetivando subsidiar sua informatização/controle), para os quais são também identificados todos os custos (Mão de obra, Supervisão, Encargos sociais, Amortização técnica, Material de consumo específico, Material de consumo geral, Energia elétrica, Manutenção, Utilidades, etc.), incorridos em um período de operação (geralmente custo horário). Para cada posto operativo calcula-se o custo/hora (em um determinado período de tempo 10 ), denominado foto-índice do PO (FIPO). Cada produto tem definidos todos os passos do seu processo de fabricação, ou seja, em quais PO s ele passa e o tempo que demora em cada um. Escolhe-se um produto (ou conjunto de produtos) base 11, calcula-se o custo unitário do processo de fabricação deste produto em um determinado período, o qual denominamos de foto-índice do produto base (FIPB). Divide-se o FIPO (R$/hora) pelo FIPB (R$), quando obtemos como resultado alguma coisa por hora, o que denominamos de UP/hora dos PO s. Para o custeio dos produtos, multiplicam-se os tempos que o produto demora em cada PO no seu fluxo de processo produtivo, pelas UP /hora de cada posto operativo, somamse, e obteremos o valor em UP de cada produto (unitário). 9 10 Allora, Franz - "Controle de Produção Unificado e o Computador" - São Paulo : Pioneira, 1988. Recomenda-se que por uma questão de sazonalidade e representatividade se utilize histórico de no mínimo 12 meses. 11 É um produto com processo complexo (completo), que represente o grupo a que pertence, escolhido caso a caso em cada empresa para o cálculo da UP.

Para o cálculo do valor da UP em cada período de apuração (mês), divide-se o total das despesas da fábrica no mês (R$) pelo total de UP s produzidas no mesmo mês (UP s) e teremos um valor em UP s/r$. As principais vantagens da UP são a identificação dos custos do processo produtivo, por produto, por linha ou por fábrica, de forma unificada: os dados são expressos numa unidade de medida única e constante no tempo (observadas as variações no valor da UP, processo produtivo, etc.), ao mesmo tempo muito detalhada. Até mesmo conceitualmente, a UP não é recomendada para implantação em atividades (ovehead), em função da natureza destas: não apresentam fluxo/esforços constantes. O panorama resultante pode ser resumido da seguinte forma: as organizações tem necessidade de boas informações de custos mas estão descontentes com o método tradicional; os métodos ABC e UP são mais eficientes porém cada qual tem limitações quanto à abrangência de sua aplicação (overhead e produção). Neste cenário, alguns estudos tem sido realizados objetivando a integração dos métodos ABC e UP, já existindo inclusive alguns casos práticos de sua utilização conjunta. As primeiras hipóteses de integração ABC e UP abordavam a utilização dos métodos, separadamente, para posterior agrupamento (geralmente limitando a informação a nível de produto), exigindo inclusive rotinas de conciliação para segurança quanto a não duplicidade de valores. No grupo O Boticário, composto por 07 empresas dos mais diferentes ramos de atuação (produção, serviços, distribuição, vendas, comércio exterior, publicidade e propaganda, além de Fundação e Associação), a necessidade de informações somente foi atendida com a utilização conjunta do ABC e UP, integrados ao sistema de custos de componentes. Neste exemplo prático, tanto o ABC quanto a UP tem sua Estrutura elaborada individualmente: a UP é processada em um Banco de Dados ACCESS, o ABC em um sistema OROS ABC e o custo dos componentes mediante importação de dados da área de compras. A integração do ABC com a UP (e com custo de componentes) pode ser representada graficamente da seguinte forma:

UP CUSTO DE COMPONENTES CONTABILIDADE (Base de Dados) DRIVERS ORÇAMENTO (*) CUSTOS. VALORES. DRIVERS RECURSOS CUSTO DEPTO. CUSTO ATIVIDADES OBJETOS DE CUSTO ORÇAMENTO (*) A orçamentação por atividade ainda não foi implantada e tem seu prazo previsto para 01/96 Neste caso, a integração é realizada mediante importação dos dados de UP e componentes para os sistema de ABC.

Os componentes tem seu valor total (somatório de valores individuais por produto X quantidade por produto) importado para o módulo de recursos, o qual é remetido 100% para uma atividade denominada Componentes (rotina para consistência, objetivando a equalização dos módulos de recurso, atividade e objeto de custo. Após esta fase, os montantes de componentes por produto são importados como drivers para o cálculo de objeto de custo, resultando em valores exatamente iguais por produto. Da mesma forma, o montante de custos identificados para a atividade de produção (devidamente separada em 02 centros de custos distintos: diretos e indiretos) utiliza como driver o montante de UP s por produto no período, o que também resulta num valor unitário exatamente igual ao obtido no sistema UP. Com a integração, obtem-se um sistema gerencial que permite a visualização de dados no nível requerido, em cada um de seus módulos. No módulo de objetos de custos, pode-se agrupar as contas (através de accounts 12 ) da seguinte forma: - Valores Contábeis: são os recursos propriamente ditos, tais como água, luz, salários, etc. Clicando-se sobre o account pode-se abrir as várias contas com os respectivos valores, códigos, etc. - Valores de Estoque: são os montantes dispendidos em componentes (matéria prima e material de embalagem) e materiais de estoque utilizados para consumo (testes, limpeza, etc.), os quais também podem ser detalhados a nível de montante. Para o detalhamento dos componentes, utiliza-se o sistema MM que associa tais valores à formulação de cada produto. No módulo de atividades, podem ser observados dois accounts principais: - Custo de Atividades: pode ser subdividido em n accounts. Por exemplo, em áreas e, dentro destas, em atividades (inclusive aí está o valor da atividade de produção, sobre o qual incidirá o driver da UP. Mediante um clique sobre o centro de uma atividade, observa-se todos os custos que resultaram em seu valor total, o driver utilizado e mesmo o valor de cada driver - Custo de Produtos: é resultante da transferência/cálculo do montante de estoque (para consistência dos módulos) e de recursos destinados exclusivamente a produtos (quando necessário o controle separadamente - royalties, por exemplo) No módulo de Objetos de Custo podemos observar os seguintes accounts: - Produtos de linha: é o account que contém todos os produtos comercializados pela organização. Mediante um clique sobre o centro de um produto, observa-se todos os custos que resultaram em seu valor total, o driver utilizado e mesmo o valor de cada driver - Novos Produtos: é o account que contém os custos dos produtos em processo de desenvolvimento (pesquisa, desenvolvimento, marketing de lançamento, etc.), os quais poderão ser diferidos por ocasião do lançamento do produto. Mediante um clique sobre o centro de um produto, observa-se todos os custos que resultaram em seu valor total, o driver utilizado e mesmo o valor de cada driver - Atividades: contém as atividades não relacionadas a produtos, com a mesma possibilidade de detalhamento dos itens anteriores 12 Segundo Sanseverino, André, o account pode ser definido como agrupador de centros de custos de recursos, atividades ou objetos de custos.

Acreditamos que o enfoque em custos será uma das tendências nos próximos tempos, dada a preocupação das empresas com a qualidade e a posição das informações de custos para tal fim 13 : 13 Esta estrutura é uma repesentação estilizada da matriz conhecida como casa da qualidade, utilizada pela empresa de consultoria Price Waterhouse

E S T R U T U R A D O T Q M SATISFAÇÃO TOTAL CLIENTES PESSOAS ENERGIZADAS MAIOR RENTABILIDADE AUMENTO DO MARKET SHARE MELHORIA PLANEJAMENTO CONTROLE REALINHAMENTO CULTURAL ISO 9000 PRODUTIVIDADE ADMINISTRAT. PLANEJAMENTO DE PERFORMANCE AUDITORIA DA QUALIDADE CLIMA ORGANIZACIONAL EQUIPES DA QUALIDADE REENGENHARIA DE PROCESSOS QFD CEP QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO GRUPOS PARTICIPATIV. SISTEMAS JUST IN TIME ENGENHARIA SIMULTÂNEA CUSTO DA QUALIDADE CADEIA INTERNA CLIENTE/FORNEC PARCERIA CLIENTE/ FORNECEDOR KAIZEN ENGENHARIA DE VALOR SIST. AVALIAÇÃO SATISF. CLIENTE EDUCAÇÃO E TREINAMENTO SISTEMA DE GARANTIA DA QUALIDADE SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO E MEDIÇÃO DA QUALIDADE GERENCIAME NTO DE CUSTOS PESSOAS SISTEMAS CUSTOS ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO TQM / PLANEJAMENTO DA QUALIDADE TOTAL POLÍTICA DE QUALIDADE / DIRETRIZES COMPROMETIMENTO GERENCIAL LIDERANÇA DA ALTA ADMINISTRAÇÃO MISSÃO DA EMPRESA VISÃO / VALORES

No quadro anterior, observamos a posição de custos como uma base, um alicerce para a construção de um modelo de qualidade total. O grupo O Boticário investiu nas informações de custos pela compreensão da importância destes dados para a tomada de decisões. Os resultados obtidos podem ser analisados não apenas pela qualidade das informações, mas também por seu nível de detalhamento e pela observância a relação custo X benefício: para o cálculo do ABC e UP é necessária apenas uma pessoa, num processo totalmente descentralizado e que confere a área de custos uma função de compiladora de informações.