Palavras-Chave: PEPASF: Educação Popular; Extensão Popular.

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Transcrição:

PEPASF: INTERFACES NO PROCESSO CONSTRUCAO DA AUTONOMIA NA COMUNIDE MARIA DE NAZARÉ JOÃO PESSOA PARAÍBA Tatiana Maia Tavares 1 Julyana de Lira Fernandes 2 RESUMO O presente trabalho foi realizado a partir do projeto de Extensão Popular da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) o PEPASF (Educação Popular e a Atenção a Saúde da Família) vinculado ao Centro de Ciências da Saúde. Tal projeto desenvolvido na comunidade Maria de Nazaré situado no bairro dos Funcionários III na cidade de João Pessoa Paraíba. As ações são desenvolvidas a partir de uma proposta interdisciplinar com foco na pratica de Educação Popular. O PEPASF teve início em setembro de 1997, sob a orientação do professor Eymard Mourão Vasconcelos, do Departamento de Promoção à Saúde da Universidade Federal da Paraíba, através da iniciativa de disciplinas do curso de Medicina. Atua dentro de uma perspectiva interdisciplinar na Comunidade Maria de Nazaré. É desenvolvido por estudantes, professores e profissionais graduados, das mais diversas áreas de conhecimento, atrelados a universidades privadas e públicas do referido município. Sendo este organizado fundamentalmente por quatro atuações: vivências domiciliares. O estudo foi realizado por meio de discussões e debates nas reuniões realizadas por docentes e discentes engajados no Projeto. Estudo de artigos científicos e livros focado na prática da Educação Popular e Educação Popular em Saúde, o que veio a acrescentar no melhor entendimento do que esta prática vem significando para a formação acadêmica destes extensionistas. Aprofundamos o estudo a partir de anotações no Diário de Campo, de acordo com o contato direto com a comunidade e com estudantes do Projeto. Palavras-Chave: PEPASF: Educação Popular; Extensão Popular. 1 Escola Técnica de Saúde Universidade Federal da Paraíba, Estudante do curso técnico em enfermagem, tatimaiia@hotmail.com 2 Universidade Federal da Paraíba, Graduanda em Serviço Social, julyanalira@yahoo.com.br

INTRODUÇÃO O processo de construção de um saber, somado a uma teoria, deu origem a uma construção coletiva buscando uma transformação da sociedade com objetivo de superar a pobreza e a opressão, consolidada historicamente pelo processo de formação política de uma época, caracterizando assim o movimento social encabeçado por Freire e consequentemente a Educação Popular. De acordo com Vasconcelos (2011) no início da década de 60 a Educação Popular se estrutura como uma sistematização teórica do saber. Desse modo, é importante esclarecer que Freire foi pioneiro no campo da Educação Popular e sua sistematização teórica, porém não o seu autor. Durante a década de 70, surge no Brasil à implementação da prática de Educação Popular no âmbito de saúde (pública), especificamente para trabalhos realizados dentro das comunidades, com a perspectiva de ajudar os pobres e oprimidos. A partir deste novo conhecimento docentes e discentes vem reinventado toda a academia sob forma de projetos de Extensão Popular. Voltado para a perspectiva de Educação Popular e Educação Popular em Saúde o PEPASF vem atuando na Comunidade Maria de Nazaré em forma de Projeto de Extensão Popular delineando uma nova realidade para o atendimento da Comunidade. O presente trabalho tem finalidade de elucidar as possibilidades e limites da prática da Educação Popular junto aos moradores da Comunidade Maria de Nazaré, professores e estudantes inseridos no Projeto Educação Popular e Atenção a Saúde da Família. O estudo foi realizado por meio de discussões e debates nas reuniões realizadas por docentes e discentes engajados no Projeto, estudo artigos científicos e livros focado na prática da Educação Popular e Educação Popular em Saúde, o que veio a acrescentar no melhor entendimento do que esta prática vem significando para a formação acadêmica destes extensionistas. Aprofundamos o estudo a partir de anotações no Diário de Campo, de acordo com o contato direto com a comunidade e com estudantes do Projeto.

PEPASF O PEPASF (Projeto de Educação Popular e Atenção à Saúde da Família) teve início em setembro de 1997, sob a orientação do professor Eymard Mourão Vasconcelos, do Departamento de Promoção à Saúde da Universidade Federal da Paraíba, através da iniciativa de disciplinas do curso de Medicina. Atua dentro de uma perspectiva interdisciplinar na Comunidade Maria de Nazaré, localizado no bairro Funcionários III na cidade de João Pessoa-PB. É desenvolvido por estudantes, professores e profissionais graduados, das mais diversas áreas de conhecimento, atrelados a universidades privadas e públicas do referido município. Sendo este organizado fundamentalmente por quatro atuações: vivências domiciliares, em duplas interdisciplinares, com as famílias da comunidade, realizadas todos os sábados pela manhã; conhecimento e acompanhamento das ações desenvolvidas pela comunidade; interação com os grupos existentes na mesma; e reuniões semanais, com todos os extensionistas e coordenadores vinculados ao projeto, desencadeando um processo que possibilita o comprometimento, responsabilidade e cumplicidade destes com as causas, projetos e necessidades da comunidade e das famílias, fornecendo um entendimento mais profundo do processo saúde-doença e do cotidiano das classes populares, fundamentais para a complementação de uma formação mais humanizada, crítica e reflexiva de estudantes em formação profissional. O projeto utiliza como base metodológica os princípios da Educação Popular buscando uma perspectiva de humanização e interação social com os moradores da comunidade, busca ainda incentivar a autonomia da comunidade e, para tanto, procura associar a intervenção familiar a uma prática coletiva e educativa, realizando reuniões com a Associação Comunitária e articulações com líderes, grupos comunitários e movimentos sociais que interagem com a comunidade e com os serviços de saúde. Discute sobre as diretrizes dos projetos que ali atuam, bem como viabilizando a articulação entre os moradores e os serviços públicos na luta pela consolidação dos direitos dos cidadãos, abrangendo temas como saúde bucal, alcoolismo, hipertensão, diabetes, gravidez na adolescência, importância do voto, cidadania, política, movimentos sociais, moradia e políticas públicas, entre outros, incentivando a autonomia e independência das pessoas e dos grupos, despertando em cada integrante a responsabilidade de ser ator na construção e no crescimento dos mesmos.

ARTICULAÇÕES DO PEPASF O Projeto de Educação Popular e Atenção à Saúde da Família articula-se em quatro grandes grupos operativos que desempenham importante papel na comunidade com atividades especificas: o CriAção (Criatividade em Ação), Bem Viver (Fisioterapia na Comunidade), Cuidando do Trabalhador e o Grupo de Enfermagem. Há 16 anos o referido projeto vem atuando na Comunidade Maria de Nazaré com visitas domiciliares que são realizadas todos os sábados no período da manhã, precisamente das 08horas às 12 horas. Além das atividades externas desenvolvidas, o PEPASF atua também em atividades dentro da própria academia (UFPB) através de reuniões semanais, que acontecem nas segundas-feiras de 17horas as 19horas onde são expostos casos de famílias a serem analisados, assuntos de baixa e alta complexidade a serem estudados para um melhor entendimento dos procedimentos a serem tomados perante as famílias assistidas. São reuniões estruturadas enquanto Teóricas, proporcionando um espaço de aprofundamento teórico sobre a educação popular; Planejamento (organização) que se referem à organização propriamente dita das ações do projeto na comunidade; Grupão onde acontecem discussões sistemáticas dos problemas das famílias, suas alegrias e tristezas e Demanda que é um espaço livre para qualquer necessidade de discussão de algum tema ou caso. As reuniões semanais são divididas em quatro tipos: Planejamento (organização), Grupão onde são discutidos os casos familiares, Teórica e Demanda. O projeto organiza-se em cinco comissões sendo elas: Articulação Política que ajuda a ACOMAN (Associação Comunitária Maria de Nazaré) para conquistar o seu espaço dentro da sociedade: - Teórica essa comissão ajuda a trazer as bases metodológicas do PEPASF, articulando com as demandas existentes na comunidade (Trabalha junto com a Comissão de Articulação Política e Comunitária): - Cadastro é responsável pelas famílias e estudantes cadastradas no projeto. A comissão de frequência encarrega-se de verificar se os estudantes mantêm: pontualidade, assiduidade, compromisso e organização. Já a comissão que cuida da interação entre extensionista-extensionista, extensionista-professor, professor-morador e extensionista-morador é a comissão de eventos e vivência. O PEPASF busca ainda incentivar a autonomia da comunidade e, para tanto, procura associar a intervenção familiar a uma prática coletiva e educativa, realizando reuniões com a Associação Comunitária e articulações com líderes, grupos comunitários

e movimentos sociais que interagem com a comunidade e com os serviços de saúde. Discute sobre as diretrizes dos projetos que ali atuam, bem como viabilizando a articulação entre os moradores e os serviços públicos na luta pela consolidação dos direitos dos cidadãos, abrangendo temas como saúde bucal, alcoolismo, hipertensão, diabetes, gravidez na adolescência, importância do voto, cidadania, política, movimentos sociais, moradia e políticas públicas, entre outros, incentivando a autonomia e independência das pessoas e dos grupos, despertando em cada integrante a responsabilidade de ser ator na construção e no crescimento dos mesmos. A comunidade mantém atividades de comissões para atuação política, nas frentes de reivindicação junto ao poder público e em demandas por moradia, saúde, educação e trabalho. Estes vários anos de atuação da UFPB propiciaram um grande fortalecimento e diversificação dos movimentos populares locais VISITAS DOMICILIARES As visitas domiciliares, principal atividade desenvolvida pelo Projeto, realizada aos sábados das 8 às 12 horas são de grande relevância para o aprimoramento dos estudos realizados pelo Projeto, com base na Educação Popular sistematizada por Freire. É importante destacar que o PEPASF não escolhe as famílias que os extensionistas irão visitar, e sim, as famílias que os escolhem, durante o processo seletivo onde os pepasfianos começam a ter o primeiro contato com a comunidade as famílias vão criando um vínculo com cada um de nós o que vem a definir as famílias que posteriormente iremos acompanhar durante um período mínimo de Um ano. Cada estudante é responsável por no mínimo duas famílias, onde acompanharemos a sua saúde (física e mental) e até mesmo as problemáticas surgidas no dia a dia de cada um dos moradores, consolidando assim o laço afetivo com cada um daqueles. Por mais informais que pudessem parecer, nas visitas às famílias da comunidade, fortalecia-se um vínculo afetivo entre extensionistas e moradores. Uma relação de amizade e parceria que dava sentido e significado à luta política por transformação social. Foi assim que, nesses anos, o Projeto se inseriu de maneira ativa nas lutas sociais daquele povo. (VASCONCELOS, 2011. p.22) As visitas domiciliares têm um importante cunho na formação acadêmica dos pepasfianos, pois a partir delas são formados estudantes mais humanizados. Aos

sábados, no momento onde descemos para ir as nossas casas, nossas famílias, é onde ocorre o maior processo de troca de conhecimentos, onde se reafirma a certeza que em uma comunidade não existe pessoas alienadas, sem formação crítica e social, ou até mesmo, pessoas que não são conhecedoras de seus direitos perante a sociedade em que estão inseridas, ao contrario, lá é onde nos percebemos que a luta por uma sociedade mais justa e igualitária é viva. A simplicidade e simpatia estampada no rosto de cada membro da Comunidade Maria de Nazaré é só mais um convite para que nos pepasfianos, continuem todos os sábados ali presentes na vida de cada um daqueles. A forma com que somos acolhidos é sem igual, a troca de conhecimento e afetividade é recíproca. Eles nos mostram o que um ser humano realmente é, por muitas vezes nos extensionistas do Projeto passamos de sujeito CUIDADOR, para o sujeito a ser CUIDADO, o que vem mais uma vez fortalecer o laço afetivo que vai sendo criado ao longo do tempo. A cada ida às nossas casas umas surpresas nos espera, não sabemos bem quais as dificuldades que iremos ter que enfrentar ao longo desta caminhada. Com o tempo os estudantes acabam se envolvendo em todos os sentidos com suas famílias, por muitas vezes temos que deixar de lado os nossos medos e anseios para estender a mão para aqueles que precisam de nosso apoio emocional e afetivo e com apenas uma palavra ou um simples gesto nos somos recompensados pelas pequenas coisas e pequenas palavras ditas. GRUPOS OPERATIVOS Nesse processo, descobri algo que parecia óbvio, mas que eu não estava mais considerando: que, antes de sermos profissionais de saúde, somos humanos e, como tais, estamos sujeitos também ao sofrimento e à aflição. Quantas e quantas vezes dividi minhas angústias e pude perceber a força da reciprocidade? Eu, que, com o passar do tempo, fui me acostumando a sempre cuidar, agora me encontro numa posição em quem, de fato, percebo que também necessito de cuidados. O projeto me ajudou a enxergar o reflexo do espelho. Aprendi a ficar aberto e a valorizar os cuidados e os carinhos que recebo no meu trabalho. Sei hoje da sua importância para manter meu ânimo e dar o gosto e o sentido à minha profissão. Entre ganhos e aprendizados, termino afirmando: Evoluí... Evoluí muito! E devo parte dessa conquista ao Projeto. (VASCONCELOS, 2011. p.39) É de suma importância as ações desenvolvidas pelos grupos operativos para a melhoria na vida de cada residente da Comunidade Maria de Nazaré, pois a partir do

Cuidando do Cuidador, CriAção, Grupo de Enfermagem, Fisioterapia na Comunidade que os sujeitos assistidos que por muitas vezes encontram-se em situação de vulnerabilidade começam a se preocupar mais com sua saúde e bem estar. As atividades promovidas pelos estudantes proporcionam aos moradores momentos de descontração, lazer e informação. CRIAÇÃO (Criatividade em ação) surgiu a partir de um projetodesenvolvido no ano de 2004 pela professora de psicologia Marísia Oliveira da Silva, Para Além, comuma maior necessidade de dar um direcionamento e apoio às crianças da comunidade em 2008 surge o CriAção. Neste grupo abordamos assuntos solicitados pelas crianças e observados pelos facilitadores, desenvolvemos ações recreativas, educativas, de troca de saberes e cuidados, havendo periodicamente reuniões com familiares com a finalidade de facilitar e melhorar a relação familiar e interpessoal. Tem como objetivo desenvolver a socialização dos participantes; a formulação de valores; aprimorar a auto-estima e a autonomia das mesmas; e ampliar suas criatividades. As oficinas de criatividade realizadas com crianças que se encontram em situação de vulnerabilidade de faixa etária entre 4 a 15 anos oferecem as mesmas um espaço em que são tratados com dignidade, respeitando suas singularidades e as estimulando a se tornarem sujeitos pensantes e de ação, onde podem experienciar a escolha, criação e expressão de forma livre, por meio de recursos artísticos (pintura, escultura, desenhos, danças). FISIOTERAPIA NA COMUNIDADE, composto por estudantes específicos da fisioterapia (atualmente onze estudantes), desenvolvem ações voltadas ao cuidado integral à saúde,de promoção e prevenção, com base em princípios da Educação Popular, com cuidados específicos idosos da Comunidade Maria de Nazaré. O grupo CUIDANDO DO CUIDADOR surgiu a partir da necessidade de criar um espaço de cuidado para os profissionais da área de saúde e educação do USF da Comunidade Maria de Nazaré e Escola Governador Antônio Mariz (EEEF), porém ao desenvolver das ações os profissionais da escola que predominaram. Assim, a equipe começou a se reunir mensalmente, e de acordo com as sugestões dos profissionais atendidos durante as ações realizadas anteriormente são escolhidos temas e a partir disto desenvolvidas ações. Consideramos em nossas ações elementos próprios da educação popular em saúde, através da facilitação de diálogos, exposição de problematizações do cotidiano profissional, além de abordagens que facilita o compartilhamento de saberes e ações de promoção da saúde.

O grupo de ENFERMAGEM começou a atuar na Comunidade Maria de Nazaré em Junho de 2013 vinculado ao UBS (Unidade Básica de Saúde) da referida Comunidade, realiza ações com estudantes específicos do curso de Enfermagem onde a atividade principal é: visita domiciliar, de forma interdisciplinar, o UBS identifica moradores com casos mais críticos, ou seja, aqueles que são impossibilitados de comparecer a Unidade Básica de Saúde por terem dificuldades a acessibilidade ou necessidades específicas. A partir deste encaminhamento os estudantes na sexta-feira das 14 às 16 horas as visitas domiciliares, com a presença de um ACS (Assistente Comunitário de Saúde) da região. É importante elucidar que os estudantes atuam apenas dentro suas competências, realiza ações especificas da enfermagem, orienta o paciente para que eles possam contribuir para a promoção e melhoria da vida do mesmo. IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO A participação de estudantes de diversos cursos (educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, medicina, nutrição, biomedicina, odontologia, técnico em enfermagem, comunicação social, direito, pedagogia, letras, psicologia e serviço social), é de grande relevância para reafirmar a importância da interdisciplinaridade no desenvolvimento das práticas extensionistas, contribuindo para a formação de profissionais mais humanos, críticos e reflexivos, multiplicadores de experiências em Educação Popular, uma importante ferramenta para a constante troca dos saberes entre os seus integrantes e destes com a comunidade, viabilizando uma reorientação nas práticas de saúde e no entendimento da realidade. A interdisciplinaridade é a interação entre as áreas do conhecimento com fins a superação de saberes específicos e fragmentados, implicando, necessariamente, em uma troca de saberes que de acordo com Vasconcelos (1996) faz surgir uma relação horizontal de poder entre os sujeitos envolvidos, baseada na reciprocidade e enriquecimento mútuo.

EXTENSÃO POPULAR A Educação Popular prática sistematizada por Paulo Freire ainda na década de 60, encontra cada vez mais lugar na vida universitária, notadamente sob a forma de projetos de extensão, agora oficializados e com apoio institucional, orientados por essa metodologia e com uma clara intenção política a favor das classes oprimidas, a Extensão Popular começa saindo da academia, se expandindo e ganhando reconhecimento institucional. Os projetos vêm repercutindo em suas universidades, visando inserir disciplinas voltadas ao ensino de práticas comunitárias estruturadas nesta perspectiva. Em 1970 no Brasil a Educação Popular ganhou espaço em outro cenário, à saúde pública, especificamente na comunidade. A implementação da Educação Popular nos cursos na área de saúde vem ampliando suas práticas educativas e inserindo novas dinâmicas na saúde comunitária com finalidade de humanizar a aprendizagem que agora deixa de ser teórica para ir à prática social. Em síntese: a Educação Popular é a formação de pessoas mais sabidas e mais fortes para conseguirem melhor retribuição a sua contribuição econômica, política e cultural, para que possam ser tranquilas, sadias e felizes e conviver, de forma e preservadora, com meio ambiente físico e humano. (VASCONCELOS, 2011. p. 32) A partir desse enriquecimento Extensão Popular passa a ser vista não só como uma militância política, mas sim como uma organização de política pública e o seu trabalho ganha um maior âmbito no contexto universitário despertando olhares de estudantes que visam uma melhor formação para o mercado de trabalho. Extensão Popular: Talvez essa expressão seja familiar a muitas pessoas que vivenciam o cotidiano das Universidades brasileiras, tendo em vista a franca expansão nacional de experiências com essa denominação. No entanto, para muitos dos que discutem a chamada reforma universitária e as possíveis saídas dessa encruzilhada, na busca pela transformação dos paradigmas acadêmicos, essa ainda é uma expressão pouco conhecida. Ainda é tímida a visibilidade das diversas experiências de Extensão Popular pelo país, bem como a produção teórica acerca do tema. (VASCONCELOS, 2011. p.40)

Projetos de Extensão Popular, em particular o PEPASF (Educação Popular e a Atenção a Saúde da Família) vem reinventando a universidade como um todo, transformando técnicos, professores e estudantes. Ela nada mais e que uma ação transformadora cuja seu alicerce é a educação, o diálogo (informal), a Fé e o amor ao próximo. Essa ação transformadora não se restringe apenas a vida universitária, ela extrapola todas as barreiras impostas pelo centro acadêmico, alterando assim a vida das pessoas que recebe um suporte pelo projeto e dos próprios estudantes e professores participantes. Segundo Vasconcelos (2011) a extensão é um espaço de privilégio para a emergência e a consolidação de propostas pedagógicas inovadoras dentro das Universidades, onde são aglutinados professores e estudantes mais inquietos e propositivos. Nas universidades, assistimos, portanto, a uma passagem da Educação Popular de uma prática subversiva, semiclandestina, para uma prática alternativa pontual, restrita a extensão e, ultimamente, para uma maneira e uma proposta de orientar as políticas de ensino, extensão e pesquisa (VASCONCELOS, 2011. p.20).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando que o trabalho de Educação Popular em Saúde na contemporaneidade utiliza as ferramentas da Educação Popular, para que tenhamos um trabalho de assistência à saúde mais dialogada, com práticas mais dinâmicas, que aprimora e implementa vários campos do saber o que vem aproximar a academia com a realidade da própria Comunidade. Assim percebemos a real importância da Educação Popular atrelada à saúde para a formação acadêmica dos discentes engajados nesta prática e até mesmo para a própria Comunidade, pois a partir desta maneira de conduzir o processo educativo em saúde se estimula a autonomia e o protagonismo do ser. No campo da saúde, a Educação Popular tem sido utilizada como uma estratégia de superação do grande fosso cultural existente entre os serviços de saúde e o saber dito científico, de um lado, e, de outro lado a dinâmica de adoecimento e da cura do mundo popular. Atuando a partir de problemas de saúde específicos ou de questões ligadas ao funcionamento global dos serviços, busca entender, sistematizar e difundir a lógica, o conhecimento e os princípios que regem a subjetividade dos vários atores envolvidos, de forma a superar as incompreensões e os mal-entendidos ou tornar conscientes e explícitos os conflitos de interesse. A partir desse diálogo soluções vão sendo delineadas.

REFERÊNCIAS BRANDÃO, C. R. O que é educação popular. São Paulo: Brasiliense, 2006. FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS FORPROEX. Extensão universitária: organização e sistematização. Coordenação Nacional do FORPROEX. Belo Horizonte: Coopmed, 2007. FREIRE, P; NOGUEIRA, A. Que fazer: teoria e prática em educação popular. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 2005. 68 p.. P. Pedagogia da indignação Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.. P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 148 p.. P. Pedagogia do oprimido. 19º edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1991. MELO NETO, J. F. Extensão Popular. João Pessoa: Editora Universitária, 2006. VASCONCELOS, Eduardo. Desinstitucionalização e Interdisciplinaridade em Saúde Mental. Escola de Serviço Social da UERJ. Rio de Janeiro: Mimeo, 1996. VASCONCELOS, Eymard. M.; CRUZ, P.J.S.C (orgs). Educação Popular na Formação Universitária: reflexos com base em uma experiência. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2011.