UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE APRENDIZAGEM INFLUENCIADA PELA VOZ DO PROFESSOR Por: Geralda de Melo Cruz Silva Orientador Prof. Fernando Gouvêa Rio de Janeiro 2008

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE APRENDIZAGEM INFLUENCIADA PELA VOZ DO PROFESSOR OBJETIVOS: Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Por: Geralda de Melo Cruz Silva

3 AGRADECIMENTOS A Deus, meu querido Pai, que me ama e tem cuidado de mim, a Jesus, meu Senhor e Salvador, minha mãe por seu amor e disponibilidade, ao meu marido por seu amor, compreensão e cumplicidade, aos amigos pelo incentivo e apoio, principalmente a Elisabeth, Aline e Maria Helena, aos professores pelas preciosas informações, em especial a Ms. Crhistie, e ao meu orientador Dr. Fernando Gouvêa.

4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho ao pai (in memorian) e a minha mãe, que sempre lutaram pelo meu desenvolvimento profissional. Também ao meu marido que tanto me incentivou e colaborou na produção e aperfeiçoamento desse trabalho.

5 RESUMO Este trabalho tem como objetivo esclarecer de que maneira a voz do professor pode influenciar na aprendizagem. O conhecimento da voz, suas características e do instrumento que a produz, e os fatores que podem prejudicá-la; ajudarão ao profissional a entender como é importante sua correta utilização, e como isso pode interferir positivamente no processo de ensino-aprendizagem. Através da pesquisa bibliográfica e descrição teórica, todas as informações serão fundamentadas neste trabalho. E ao final, será possível perceber que o conhecimento desta tão importante ferramenta de trabalho do professor traz benefícios tanto para sua saúde, quanto para o aprendizado tornando-o mais interessante.

6 METODOLOGIA O tema apresentado é de grande importância para o meio acadêmico. Observa-se em todos os níveis de ensino a necessidade de aulas cada vez mais elaboradas para facilitar o aprendizado, principalmente no superior, em que os alunos geralmente têm uma jornada de trabalho e estudo muito desgastante prejudicando a aprendizagem. Outro ponto relevante é o índice ainda muito alto de professores que são encaminhados ou procuram tratamento fonoaudiológico por desconhecimento de seu instrumento de trabalho, a voz. Para entender a relação entre o bom uso da voz e sua influência na aprendizagem, a pesquisa para realização deste trabalho será de forma bibliográfica e descritiva.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I A voz e seus atributos 10 CAPÍTULO II A voz do professor: elemento importante da comunicação para aprendizagem 19 CAPÍTULO III A voz do professor precisa de cuidados 27 CONCLUSÃO 46 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48 INDICE 50 INDICE DE FIGURAS 52 FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

8 INTRODUÇÃO A voz humana é um dos principais elementos da comunicação. E no ambiente acadêmico ela se torna vital, pois através dela o professor expõe suas idéias, desperta o interesse do aluno e influencia de forma positiva ou negativa no processo de ensino-aprendizagem. Um professor que conhece o potencial de sua voz e sabe como usá-la facilita sua própria vida, tanto na transmissão das informações na sala de aula, quanto na preservação da saúde vocal. A escolha desse tema deve-se à percepção de que alguns professores não valorizam alguns atributos da própria voz, que podem dar melhor dinâmica à aula principalmente no ensino superior, onde a maior parte dos alunos tem uma jornada conjunta de trabalho e estudo produzindo uma fadiga que interfere na atenção das aulas. Assim, a importância deste tema para ampliação do olhar sobre a preparação dos professores através de uma disciplina que os ensine sobre o aprimoramento e cuidados com a voz. Uma voz bem cuidada e corretamente utilizada traz benefícios ao profissional, enquanto que o contrário, compromete a comunicação, cria barreiras na aprendizagem e prejudicam sua saúde. Problemas vocais têm afastado muitos profissionais das salas de aula por desconhecimento desse instrumento tão potente, porém frágil. O presente trabalho destina-se a esclarecer de que maneira a voz influencia na aprendizagem, apresentar seus elementos formadores; apresentar os fundamentos de uma boa comunicação relacionada com o ambiente acadêmico, e a influência no processo de ensino-aprendizagem e, por fim, demonstrar que o conhecimento do aparelho vocal e dos fatores nocivos a voz, podem evitar distúrbios vocais.

9 As informações apresentadas neste trabalho demonstrarão ainda que ao unir conhecimento do aparelho vocal, e cuidados com a voz, com as técnicas pedagógicas, tornarão as aulas atraentes e o resultado disso é a otimização da aprendizagem. No primeiro capítulo veremos as características sonoras da voz que dão a ela identidade. São elementos que diferenciam uma voz da outra, que marcam um indivíduo, fazendo com que ele seja reconhecido e às vezes, até, rotulado. Tais características no ambiente acadêmico podem interferir provocando nos alunos interesse ou não pela aula. No segundo capítulo ressalto a eficácia da boa comunicação. A voz aliada à fala visando à boa compreensão da mensagem. Em sala de aula é fundamental ao professor que elementos como uma fala muito alta, ou muito baixa, rouca, ou sem entusiasmo, sejam evitados para que teor da mensagem não seja prejudicado. Comunicar bem traz credibilidade e desperta o interesse do aluno por mais conhecimento do assunto. No terceiro capítulo apresento a anatomia do instrumento vocal e de que forma esse conhecimento pode ajudar ao professor a usar melhor sua voz. Veremos também os elementos e hábitos nocivos à voz, e suas principais conseqüências. E, por fim, orientações para manter a saúde vocal.

10 CAPÍTULO 1 A VOZ E SEUS ATRIBUTOS Quando eu soltar a minha VOZ, por favor, entenda que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando. Coração na boca, peito aberto, vou sangrando, são as lutas desta nossa vida que eu estou cantando. Quando eu abrir minha garganta, essa força tanta, tudo que você ouvir, esteja certa que estarei vivendo. Veja o brilho dos meus olhos e o tremor das minhas mãos, e o meu corpo tão suado, transbordando toda raça e emoção. E se eu chorar e o sol molhar o meu sorriso, não se espante, Cante! Que o teu canto é a minha força pra cantar. Quando eu soltar a minha VOZ, por favor, entenda, é apenas o meu jeito de viver o que é amar. (GONZAGUINHA). A voz humana é o resultado da ação de um sistema versátil e intricado para produção de sons, cujas partes mais intimamente associadas à produção são os pulmões, a traquéia, a laringe, a faringe, as cavidades nasais e a cavidade oral. Na laringe (garganta) estão as pregas vocais que vibram pela pressão do ar, produzindo o som (voz). A voz apresenta características sonoras que nos tornam capazes de distinguir pessoas por sexo, faixa etária e até o estado de humor de cada um. Essas características também nos ajudam a determinar se uma voz é bonita, agradável, suave ou irritante, são elementos que constroem a identidade da voz, tornando-a única para cada ser humano. Dessa maneira Noélio Duarte afirma: É esta voz que diz, relata, delata a personalidade humana. Através dela podemos checar a autenticidade de cada um (DUARTE, 1997, p.28). Então, pode-se dizer que a voz é um comportamento, um gesto, um modo de nos expressarmos e de nos comunicarmos sem palavras. Até se não soubéssemos falar nenhuma língua, poderíamos nos expressar e nos comunicar através de inúmeros outros sons vocais, chamados não-verbais, ou seja, que não pertencem à comunicação falada: chorar, gemer, gritar, soluçar, suspirar, balbuciar, rir, etc...

11 Os Doutores Mara Behlau e Paulo Pontes ressaltam: A voz humana já existe desde o nascimento e se manifesta através do choro, riso e grito. Assim, desde o início da vida, a voz torna-se um dos meios de interação mais poderosos do indivíduo e se constitue no modo básico de comunicação entre as pessoas. (BEHLAU E PONTES, 2001, p.1) Edmée Brandi diz: O primeiro sinal de vida do bebê, ao nascer, é o choro manifestação vocal ligada ao fenômeno respiratório. A sucção é o primeiro exercício dos órgãos de articulação da fala. Pouco depois começa a dar diferentes entoações ao seu choro, que a mãe logo sabe interpretar. Não tarda muito, põe-se a brincar com a própria voz e com os ruídos que a sua língua e seus lábios produzem. Daí passará a imitar os sons que ouve dos adultos, só para se divertir e agradá-los. (MELLO, 2000, p.16) Entendemos então que apesar de termos múltiplas formas de comunicação, como: o olhar, os gestos, a expressão corporal, facial e a fala; a voz, porém, é responsável por grande parte das informações contidas em uma mensagem e revela muito sobre nós mesmos. As características da voz ajudam a dar vida à mensagem transmitida. Se adaptam ao tipo de situação em que estamos, o interlocutor a quem nos dirigimos e de acordo com o nosso estado físico e emocional. Assim, a voz em casa é diferente da voz no trabalho, a voz dirigida ao cônjuge é diferente da que é dirigida às crianças; e também em situações tristes ou alegres a voz demonstra tais sentimentos. Significa dizer que através da voz revela-se quem é uma pessoa, e como ela se sente em determinada ocasião. Sobre isso Edmée Brandi diz que: pelo tom, pela força, pelo timbre da voz conhecemos seu prazer ou desprazer, confiança ou desconfiança, sua alegria ou sua dor, seu à vontade ou acanhamento sua auto-afirmação ou timidez, segurança ou insegurança, sua pressa ou seu vagar, seu estado de tensão ou relaxamento. (MELLO, 2000, p.18)

12 É possível também modificar a voz fazendo-a mais fina, mais grossa, mais forte, mais fraca, mais rouca, mais nasal, demonstrando uma flexibilidade nesse sistema. Apesar dessa variedade de possibilidades, há em cada um de nós características vocais básicas que nos identifica. São elas: Freqüência fundamental, Extensão, Tessitura, Registro, Ressonância e Intensidade. Além dessas, existem características que podem ser consideradas secundárias, pois dependem da anatomia do indivíduo, como a nasalidade, por exemplo; e de intercorrências de ordem emocional que interferem diretamente na intensidade da voz. Então vejamos uma a uma as características básicas: Freqüência fundamental (tom fundamental) Silvia Pinho define: corresponde ao número de vibrações por segundo das pregas vocais em um dado momento (PINHO, 2003, p.31). Exemplificando ela continua dizendo que as pesquisas mostram que mulheres na faixa de 20 a 29 anos apresentam valores médios de freqüência fundamental ao redor de 227Hz e na faixa de 40 a 49 anos, 214Hz. Para homens, os valores encontrados foram: na faixa de 20 a 29 anos, 120Hz e entre 40 e 49 anos, 107Hz (PINHO, 2003, p.34). Percebe-se, então, através desses dados que mulheres têm freqüências mais agudas que homens, logo o tom fundamental pode ser classificado em agudo e grave, basicamente. É possível modificar a freqüência da voz, para mais agudo ou mais grave. O principal recurso para agudizar um som é alongar as pregas vocais. Portanto, nos sons agudos, as pregas vocais estão mais longas, mais tensas e fazem um maior número de ciclos vibratórios por segundo. E nos sons graves elas estão mais curtas, menos tensas e seus movimentos são mais lentos, realizando um menor número de ciclos vibratórios por segundo. Extensão refere-se ao número de notas, da mais grave à mais aguda, que o indivíduo consegue produzir. Tessitura corresponde ao número de notas, da mais grave até a mais aguda que indivíduo consegue produzir com qualidade de fala.

13 Registro vocal são séries de tons homogêneos que se caracterizam por um especial timbre sonoro distinto dos outros registros e independe da freqüência do tom emitido (PINHO, 2003, p.36). Intensidade é a capacidade de tornar a voz mais forte ou mais fraca. É a responsável por expor essas emoções na voz. De acordo com a tabela analítica, a intensidade é medida em decibéis (db), o som pode ser fraco (20db), médio (60 db), forte (100 db) e fortíssimo (acima de 120 db). Controlar a intensidade da voz significa ter consciência da dimensão exata do outro (receptor), e um controle da projeção da voz no espaço. O principal recurso para produzir a voz mais forte é aumentar a pressão de ar que vai ser sonorizado, controlando sua saída pela laringe (garganta), por meio de maior tensão das pregas vocais. Assim, sons mais intensos são produzidos com maior pressão de ar, maior tensão e fechamento mais firme das pregas vocais. Por outro lado, sons mais fracos são emitidos com menor pressão de ar, pregas vocais mais relaxadas e menos próximas entre si. Ressonância é a amplificação da voz e pode ser determinada pela condição anatômica ou funcional. Quanto à ressonância a voz pode ser: a) Rinolalia aberta (hipernasal) quanto há o desvio do fluxo oral para a cavidade nasal, gerando nasalidade dos sons orais. A causa pode ser funcional ou orgânica. b) Rinolalia fechada ( voz do resfriado ) acontece quando há alteração nasal orgânica. Há distorção dos sons nasais devido à presença de edemas das estruturas internas do nariz, rinite alérgica, gripe ou resfriado etc. c) Hiponasalidade redução da nasalidade por diminuição da passagem de fluxo de ar nasal, alterando os fonemas nasais. Pode ocorrer por impedimentos orgânicos (adenóides volumosas, por exemplo) ou por distúrbios funcionais (como no caso da deficiência auditiva).

14 d) Denasalidade (ressonância oral) implica na ausência completa de nasalidade durante a emissão de sons nasai s. distúrbios orgânicos ou quadros funcionais. e) Foco faríngeo nesse caso a voz é metálica e estridente. Pode ocorrer por Tais características fazem a identidade vocal do indivíduo, tornam capazes o seu reconhecimento, nos ajudam a registrar a imagem e acontecimentos relativos a ele. No ambiente acadêmico não é incomum nos lembrarmos da voz de um professor que nos marcou de alguma forma. A maneira como um professor entoa sua voz durante o ensino pode ou não facilitar o entendimento, pode enfatizar de maneira negativa a informação induzindo o aluno a um bloqueio, dando uma impressão de que aquele conhecimento oferece um grau de dificuldade que ele não conseguirá entender. Noélio Duarte diz: uma voz alterada produz sinais que podem trazer uma mensagem diferente daquela contida nas palavras faladas (DUARTE, 1997, p.50). Maria Cristina Negrão em sua pesquisa, confirma que: Os alunos têm em seus professores um modelo vocal. Sua voz deve ser calma, de timbre agradável e que inspire confiança. Os pais, por outro lado, devem assegurar um ambiente saudável aos seus filhos (com segurança e carinho) (AMORIM, 1982). O ritmo é outro elemento que pode interferir seriamente na mensagem transmitida. Ele é a cadência da fala. Quando as palavras são atropeladas e o receptor não capta a mensagem completa a aprendizagem fica comprometida. A tabela analítica padroniza as variações em p.p.m. (palavra por minuto): Até 60 p.p.m. tendência à fuga da concentração: incerta. compreensão Até 80 p.p.m. comunicação eficiente, ótima captação: compreensão total.

15 Até 100 p.p.m. baixa eficácia articular, dicção sofrível: compreensão de 30%. Até 120 p.p.m. respiração descoordenada, dicção confusa: compreensão de 50%. Até 140 p.p.m. ineficácia articular. Péssima dicção: compreensão de 30%. Acima de 160 p.p.m. grave distúrbio da comunicação: compreensão totalmente bloqueada. A voz transporta todo tipo de emoção dentro de si, são os sentimentos que vão dar colorido à voz. Por isso Duarte afirma que: A voz transporta intercorrências emocionais intrínsecas, tais como alegria, excitação, tranqüilidade, irritação, suspeita, verdadeira simpatia ou falta desta, humor que tranqüiliza, uma verdade que dói, o veneno do ódio. Assim, as emoções colorem a voz, dando infinitas variações ao significado que desafiam a interpretação pelos métodos modernos de análise eletroacústica. (DUARTE, 1997, p.50) A voz muda constantemente. Ao nascer suas características são de acordo com a anatomia, mas ao longo da vida cria-se uma identidade vocal a partir da construção da história, dos relacionamentos e da forma como a comunicação é feita. É possível mudar também mudar a qualidade da voz, ou seja, produzir uma voz mais rouca, mais clara, mais sensual, mais melosa, mais autoritária ou mais afetiva. Essas modificações podem ser produzidas como conseqüência do estado emocional ou por vontade própria com a intensão de dar colorido a voz. Isso é possível através da modificação do trato vocal, com o alongamento e tensionamento das pregas vocais, mas também com a projeção da voz, através das cavidades de ressonância. Todo indivíduo é capaz de produzir vários tipos de vozes, com os diferentes ajustes nas estruturas.

16 Quanto ao tipo, a voz possui as seguintes classificações de acordo com a captação auditiva: Voz rouca passa cansaço ao ouvinte. Voz soprosa transmite cansaço, estresse, esgotamento. Voz áspera transmite agressividade, desagradável. Voz sonora causa impressão de fraqueza. Voz sussurrada confere caráter intimista. Voz fluida confere sensualidade ao falante. Voz gutural transmite raiva e agressividade. Voz infantilizada transmite ingenuidade ou falta de maturidade emocional. Voz comprimida caráter rígido, emissões contidas, esforço e necessidade de controle da situação. Voz tensa-estrangulada causa impacto negativo do ouvinte. Voz bitonal indefinição de personalidade ou sexo do falante. Voz diplofônica causa sensação de estranheza ou medo. Voz polifônica sensação de deterioração física. Voz monótona indivíduo monótono, repetitivo, chato e desinteressante. Voz trêmula sensibilidade, fragilidade, indecisão ou medo. Vos pastosa sensação de limitações mentais. Voz branca reflete timidez e falta de energia. Voz crepitante causa estranheza, medo e aflição. Voz infantilizada falta de amadurecimento psicológico. Voz virilizada característica da masculinidade.

17 Voz presbifônica transmite julgamentos negativos relativos a senilidade. Voz hipernasal (fanhosa) confere ao ouvinte a sensação de limitação intelectual e física, falta de energia e inabilidade social. Voz hiponasal causam a mesma sensação de limitação intelectual da hipernasalidade. Voz grave indivíduo enérgico e autoritário. Voz aguda - indivíduo submisso, dependente, infantil ou frágil. A entonação da voz também permite perceber o estado emocional de um indivíduo, ou até mesmo o clima de uma conversa. Assim pode-se dizer que: Variação rica de tons na fala alegria, satisfação e riqueza de sentimentos. Intensidade elevada (falar alto) franqueza, energia ou falta de educação. Intensidade reduzida (falar baixo) pouca experiência nas relações pessoais, timidez ou medo. Articulação definida dos sons da fala clareza de idéias, desejo de ser compreendido. Articulação exagerada dos sons da fala sinal de narcisismo. Velocidade lenta da fala falta de organização de idéias, lentidão de pensamentos e atos. Velocidade elevada da fala ansiedade, falta de tempo ou tensão. Respiração calma e harmônica organismo equilibrado e mente calma. Respiração profunda e ritmada pessoas ativas e enérgicas. Ciclos respiratórios irregulares agitação e excitação. Conversa em tons agudos clima alegre.

18 Conversa em tons graves clima triste e melancólico. Pouca variação de tons na fala rigidez de caráter e controle das emoções. Todos esses elementos podem comprometer o que vai entrar em nossa memória. É praticamente impossível uma aprendizagem eficiente quando as emoções estão desequilibradas e a voz sempre revela se está tudo bem ou não. Edmée Brandi elucida bem esta idéia com a frase: A voz é a expressão do momento emocional da personalidade (MELLO, 2000, p.46).

19 CAPÍTULO 2 A VOZ DO PROFESSOR: ELEMENTO IMPORTANTE DA COMUNICAÇÃO PARA APRENDIZAGEM Esta é sem dúvida a era da comunicação. O avanço tecnológico permitiu o aperfeiçoamento dos meios de comunicação; e a criatividade, os tipos de mídia para esse fim. Este é o tempo em que à aproximação das pessoas pela comunicação interativa é estimulada, no entanto a comunicação oral tem sido deixada de lado, a verdadeira comunicação através do diálogo aberto e franco. Afinal é mais rápido e barato, enviar uma mensagem via celular, através de sites de relacionamento ou salas de bate papo, do que alguns minutos no telefone. Uma boa comunicação depende de relacionamento estabelecido, mensagem compreendida por quem fala e por quem ouve, clareza e objetividade. Não pode ser confundida com a simples transmissão unilateral de informações. O ser humano é capaz de expressar sentimentos e pensamentos, podendo estabelecer equilíbrio através da argumentação. Quem não consegue se comunicar de forma clara e objetiva, dificilmente consegue alcançar seus objetivos. A base de cada pessoa e de toda a sociedade humana está na capacidade dos indivíduos transmitirem, aos outros, suas idéias, percepções, intenções, desejos e sentimentos. Em sala de aula uma boa comunicação é fator determinante na aprendizagem. No ensino fundamental além da comunicação verbal, as atividades lúdicas, a expressão corporal e o material didático podem auxiliar na aprendizagem, e quando por vezes a mensagem falada não é bem compreendida estes outros elementos dão o suporte necessário para que aprendizagem se complemente. Já no ensino médio e principalmente, no superior a fala torna-se realmente o elemento principal na comunicação para aprendizagem, por isso é importante que o professor entenda que sua voz

20 comunicando de maneira eficaz tem fundamental influência no interesse e na aprendizagem do aluno desse nível do ensino. 2.1 Comunicação eficaz A boa comunicação envolve o aperfeiçoamento da auto-imagem, o saber ouvir, a clareza de expressão, o saber lidar com as emoções e a autoabertura; que correspondem ao próprio processo de desenvolvimento do individuo enquanto gradualmente o desenvolvimento acontece. Auto-imagem: a imagem que a pessoa tem de si mesma determina seu comportamento na comunicação, o que facilitará ou não a interação entre ela e o receptor. Saber ouvir: mesmo considerando que o saber se expressar é muito importante na comunicação, já é reconhecidamente notório que a capacidade de saber ouvir tem grande influência na boa comunicação. Clareza de expressão: saber expressar o pensamento, não poluir a conversa com elementos que confundam a compreensão do receptor. Auto-abertura: franqueza e transparência a respeito de si, e da mensagem que está comunicando. Quando a comunicação é improdutiva o isolamento é inevitável. Esse isolamento silencia, e este silêncio cria barreiras, desfaz amizades, inibi e até bloqueia a criatividade interferindo também na aprendizagem. 2.2 Falar bem é fundamental A fala denuncia tanto a característica pessoal, como o estado de humor. Pelo modo de falar uma pessoa é rotulada de simpática ou antipática, passiva ou ativa, inteligente ou bloqueada, estúpida ou tranqüila, clara ou

21 confusa, emotiva ou racional. Alguns quando estão falando expressam-se por meio de gritos enquanto outras, apenas sussurram. Existem pessoas que utilizam muitas gírias e pessoas que optam por uma linguagem mais rebuscada. Assim, a forma de falar indica se alguém é bom ou mau comunicador. Noélio Duarte (2001, p.80) pontua cinco formas inadequadas de falar: 1. Falar muito baixo: essa tipo de fala provoca no outro indignação, aversão e até desprezo. Normalmente o emissor não é compreendido e precisa repetir a mensagem. 2. Falar muito alto: é considerado deselegante e causa desinteresse por parte do receptor. 3. Falar muito depressa: denota tensão, nervosismo, agitação, intranqüilidade, medo. Geralmente, quem fala assim não é apontado para cargos que exijam tranqüilidade e reflexão. 4. Falar com voz estridente: o tom estridente indica um distúrbio vocal e provoca grande irritação. A estética vocal faz parte do perfil do bom orador. 5. Falar nos arrancos: é falar impondo sua mensagem. Essa é uma característica da falta de credibilidade em si mesmo e a diminuição da auto-estima. O próprio Noélio segue orientando a forma correta de falar: 1. Falar no ritmo certo Estudos comprovam que a fala para ser compreendida, interpretada e fixada, deve obedecer a um critério de velocidade. A velocidade ideal está em torno de 90-100 palavras por minuto, ou um pouco mais. Isso significa dizer que, falando neste ritmo é possível implantar no receptor até 100% das idéias. Porém quando o ritmo é de 160 p.p.m., a compreensão do ouvinte fica em torno de 20%. Então, falar depressa não é a forma mais acertada de se comunicar. 2. Falar com articulação adequada Articular é pronunciar e boa articulação é a boa compreensão do que se tem a dizer. Quando uma pronúncia é ruim

22 há um comprometimento da mensagem enviada. É necessário que haja clareza. Para isso é preciso dominar um vocabulário extenso, facilitando assim a coordenação do pensamento. 3. Falar com entonação vocal Algo que chama atenção no falar é a monotonia ou o uso de um único tom, ou seja, falta de vida nas palavras. As entonações precisam ser estudadas e aplicadas na fala para dar ênfase à idéia apresentada. 4. Falar com segurança Ter segurança é saber bem o que se fala, ter certeza das informações que está passando e domínio do que está ao redor. Esta segurança dá ao emissor um lugar de destaque, enquanto que indefinição, titubeios e claudicações na fala afastam a pessoa, levando-a ao isolamento. 2.3 A fala do professor e a comunicação eficaz Conforme dito anteriormente a comunicação estabelecida entre o professor e seus alunos é fundamental no processo ensino-aprendizagem. E os elementos que vão interferir nesse processo positiva ou negativamente são a voz e, por conseguinte, a fala. Questões como: o professor fala da maneira que deveria falar? Suas mensagens são claras? Sua voz ajuda ou atrapalha a compreensão dos alunos? Sua voz é alta, baixa, rouca ou estridente? Ele fala muito rápido? Ele usa voz adequada ao tamanho do ambiente? Em sala de aula um dos problemas da comunicação, e que se torna uma barreira no processo ensino-aprendizagem, é o mau uso da voz por parte do professor. Se a voz daquele que ensina é estridente, alta demais ou muito baixa, pode criar nos alunos falta de motivação, interesse, bloqueios e até indiferença. O professor como emissor, além de falar no ritmo certo, ter boa articulação, variar entonações e ter segurança, precisa também de mais quatro elementos fundamentais a quem fala em público, são eles:

23 Estrutura intelectual que significa saber o que falar, ou seja, além do conhecimento do assunto, uma boa organização de idéias para facilitar o entendimento do aluno. Prosódia é uma das formas de indicação da atitude na fala de um indivíduo, tem sido usado pra englobar entonação, ritmo, velocidade da fala e qualidade da voz. Para Cagliari (1993, p.74) os elementos prosódicos servem para ponderar os valores semânticos, sendo uma das formas que dispõe o falante para dizer ao seu interlocutor como ele deve proceder diante do que ouve. Por isso a importância de considerar esses elementos na interação em sala de aula. Segundo Hewings (1992) a fala do professor vai determinar uma resposta mais ou menos significativa ou comunicativa do aluno. Público alvo ele deve empregar a linguagem adequada aos alunos e ao curso. Ao professor cabe não apenas a exposição dos assuntos, mas levar os alunos a crer que aquele conhecimento será importante na vida de cada um deles. Para isso é necessário que em sua fala também haja persuasão. Ele precisa não só falar, mas convencer. Vejamos então alguns fatores dificultam a persuasão dos alunos: Antipatia há uma rejeição imediata quando um professor se apresenta rígido, formal e extremamente sério. Os alunos não perdoam professores descorteses e de aspecto pouco feliz. Voz desagradável tipos vocais que causam desinteresse e afastamento: voz estridente, fanhosa, monótona, entre outras. Uso exagerado de clichês são palavras desgastadas pelo uso. Elas vulgarizam a mensagem e tornam medíocre o professor que faz questão de usá-las demasiadamente. São clichês: entusiasmo indescritível, odor inebriante, notável jovem, etc. O desinteresse é inevitável.

24 Auto-imagem fraca um professor com postura fletida, cansaço e humildade excessiva; assim como olhar altivo, coluna demasiadamente ereta passa idéia de arrogância, vestimenta inadequada por excesso ou falta de elegância, provocam afastamento e desinteresse dos alunos. Falta de domínio do assunto e didática - gastam muito tempo em rodeios pela falta de conhecimento ou se perdem por falta de roteiro de aula. A rejeição dos alunos é imediata. Vejamos então de que maneira o professor pode melhorar tecnicamente suas aulas usando adequadamente sua voz, melhorando a qualidade das aulas a fim de tornar a comunicação eficaz e o processo ensino-aprendizagem interessante. Melhore o som da sua voz articule bem as palavras, fale no tom adequado ao ambiente, às pessoas e ao tema. Procure olhar antes de falar cumprimente silenciosamente os alunos com um sorriso no olhar, procurando identificar cada um deles. Descontração é atração promova um ambiente saudável, com uma história, relate uma situação alegre. Atualize-se investimento em bons livros e informe-se com bons jornais e revistas. 2.4 Professor Real ou Professor Ideal Alguns falam em demasia, outros de forma resumida, vários usam excessivamente a voz, enquanto que outros gesticulam demais. Alguns exageram no vocabulário, e outros são simplistas. Existem os sarcásticos, ferinos, condescendentes e paternalistas. Difícil não se enquadrar em alguma das características citadas, e por vezes ainda assim, achar que estão certos sem se dar conta que

25 provavelmente não estão atendendo as necessidades reais do aluno, que busca um bom preparo para o mercado tão competitivo do mundo globalizado. Então quem é o Professor Real e o Professor Ideal, e qual dos dois perfis deve ser almejado? O Professor Real é aquele que tem experiência verdadeira e não imaginária; vive um acontecimento real. Essa é a definição do dicionário. Então vejamos as características práticas do Professor Real: Dono da verdade fala como se tivesse o controle da situação e de maneira suficiente apenas para ele, não importando se os alunos estão entendendo ou não. Arrogante impõe-se com soberba e altivez, como se presume o mais sábio, intelectual, informado, e se enche com tudo isso. Não planificador o tipo que fala por inspiração, as idéias surgem na hora. Por isso se afasta do tema central. Suas aulas não têm roteiro definido com princípio, meio e fim. Complicador sobrecarrega suas aulas com muito e diversificado conteúdo sem saber se o aluno conseguirá absorver todas as informações. Gritador o tom de voz é sempre agudo, intenso, rápido. Sua voz não é nada gentil, cortês e desprovida de entonações ou ênfase para cada situação. Desatualizado suas referências são sempre ao passado. Sua biblioteca não é variada e atualizada. Vivem alheios ao presente e ao futuro. Esse é o Professor Real e muito comum entre nós. Sua resistência a mudança é notória e suas características prejudicam muito a aprendizagem e o profissional que sairá da instituição de ensino. O Professor Ideal é aquele que está em busca constante do aperfeiçoamento. Seu desejo é sempre melhorar.

26 Suas características são: Investe em si mesmo está sempre buscando se aprimorar lendo bons livros, fazendo cursos e atualização e procura ouvir os alunos e todos que possam fazê-lo crescer. Tem cuidados com sua voz tem domínio sobre sua voz. Procura usar variações de entonação para ter a atenção necessária. Faz visitas regulares ao especialista e segue orientações do fonoaudiólogo. Administra bem seu tempo entende que todos nós temos um tempo de atenção para assimilação e acomodação das informações. Ele sabe também que os alunos não têm interesse em ouvir o professor que os fazem perder a condução, o almoço, etc. Tem boa comunicação gestual tem consciência que a fala deve concordar com a expressão corporal, e aplica corretamente isso em suas aulas. Pesquisador busca o máximo de informação sobre determinado assunto e a melhor maneira de transmitir de acordo com a variedade do público alvo. Informador reúne com freqüência outros professores e alunos ouvir, analisar e trocar experiências. Sabe trabalhar em equipe. Esses são os dois tipos de professor que afetam e influenciam o aluno. Cabe a cada um a auto-avaliação e a melhor escolha. Lembrando que o professor do ensino superior está para contribuir na formação de um profissional e não um técnico, ou seja, um profissional competente no seu saber e alguém que saiba se relacionar em seu ambiente de trabalho e na sociedade.

27 CAPÍTULO 3 A VOZ DO PROFESSOR PRECISA DE CUIDADOS Saúde vocal é um conceito que engloba muitos aspectos, tais como: voz limpa, clara, emitida sem esforço e agradável ao ouvinte. Mas para conseguir isso é necessário compreender como a voz é produzida, quais órgãos estão envolvidos nesse processo, quais os hábitos nocivos que prejudicam a emissão da voz e por fim, quais os procedimentos básicos para manter a voz saudável sempre. 3.1 O Instrumento Vocal O Instrumento Vocal ou Aparelho Fonador é um referencial ao sistema de produção de sons do ser humano. Na verdade ele não existe, isto é, não há órgão com função específica de produzir a voz humana. Mas foi criado para desempenhar uma função didática, facilitando assim o aprendizado da produção do uso da voz. O instrumento vocal, no entanto, é formado pelo conjunto do corpo humano que pode ser subdividido em componentes respiratório (pulmões, músculos pulmonares, brônquios, traquéia e diafrágma), ressonador (seios paranasais, faringe, seios da face, boca e laringe) e fonatório (articulatório e vibratório). 3.1.1 Componente Respiratório Trajetória do ar e função de cada componente:

28 Narinas e fossas nasais: onde o ar é aquecido, umedecido e filtrado. Laringe: tubo onde as pregas vocais se abrem para passagem do ar. Traquéia: bifurca-se dando origem aos brônquios. Brônquios: cada um deles leva ar a um dos pulmões. Alvéolos: onde acontecem as trocas gasosas (O2 para CO2); Pulmões: localizam-se na caixa torácica e o nosso receptáculo de ar. Músculos Intercostais: auxiliam a expansão da caixa torácica. Fig.1 Componentes respiratório, ressonador e vibratório do instrumento vocal

29 Diafragma: responsável pela pressão para expulsar o ar dos pulmões.. Fig. 2 Imagem frontal do músculo diafragma 3.1.2 Componente Fonatório Vibratório: pregas vocais são músculos revestidos de membrana e mucosa, e é esta mucosa que vibra sob pressão aeróbica (ar). Estão em posição horizontal no interior da laringe, isto é, paralelas ao solo. A

30 B Fig.3A e 3B - Fotos das pregas vocais na respiração e produção da voz, como são vistas no exame da laringe. A. Pregas vocais aduzidas (fechadas), durante a fonação. B. Pregas vocais (em abdução) afastadas, durante a respiração. Articuladores: maxilar inferior (mandíbula), língua, palato mole (região da úvula campainha ), lábios, dentes e palato duro (céu da boca). 3.1.3 Componente Ressonador (amplificador) Caixa de ressonância inferior: faringe, traquéia, brônquios e pulmões. Caixa de ressonância superior: cavidade oral e cavidades da face (seios frontal e paranasais, osso zigomático, nariz e maxilar).

31 Fig.4 - Caixa de ressonância superior Resumindo a produção da voz acontece assim: Na inspiração o ar entra pelas fossas nasais passa para o faringe, depois pela laringe, onde encontra as pregas vocais em abdução (abertas), passa pela traquéia e vai até os alvéolos, onde acontecem as trocas gasosas e chega aos pulmões, reservatório de ar. Em seu retorno através da ação dos músculos intercostais e diafragma terá pressão suficiente para fazer com que as pregas vocais vibrem agora aduzidas (fechadas) produzindo a voz. Fazendo ainda o mesmo caminho de volta essa voz (ruído) chega aos ressonadores (onde é ampliada) e por fim aos articuladores, que a transformarão em fonemas (vogais e consoantes).

32 3.2 Fatores e hábitos nocivos à boa emissão da voz Os professores estão entre os profissionais que mais sofrem com os problemas nas pregas vocais, em sua maioria pelo chamado abuso vocal, ou seja, o uso excessivo da voz em condições desfavoráveis e técnica inadequada ou total ausência dela. Mas certamente ainda hoje o maior causador de problemas vocais em professores é a falta de conhecimento sobre os hábitos nocivos à emissão da voz. Mara Behlau e Paulo Pontes (2001) apresentam e analisam os principais fatores de risco que devem ser considerados com atenção. São eles: Fumo O fumo é altamente nocivo, pois no momento em que se traga a fumaça quente agride todo o sistema respiratório e, principalmente, as pregas vocais, podendo causar irritação, pigarro, edema, tosse, aumento da secreção e infecções. Ele age diretamente no revestimento da laringe e das pregas vocais. Esse revestimento é um tecido chamado mucosa que deve ter uma movimentação ampla e solta para uma boa qualidade vocal. A fumaça provoca duas reações: uma defensiva, através da descarga intensa de muco; e outra, que envolve uma parada na movimentação, que ocasiona um depósito de secreção que provoca o pigarro. A toxina do cigarro é depositada nas pregas vocais favorecendo a instalação de diversas alterações provocadas pela irritação. Além disso, o fumo é considerado um dos principais fatores desencadeantes do câncer de laringe e pulmão. Álcool O consumo de bebidas alcoólicas, especialmente as destiladas, causa irritação do instrumento vocal semelhante à provocada pelo cigarro, porém com uma redução nas respostas de defesa do organismo. Em alguns indivíduos, uma ou duas doses de bebida alcoólica provocam uma sensação de certa melhora da voz. Isso acontece por duas razões: há uma liberação de controle

33 cortical do cérebro nas primeiras doses, fazendo com que o indivíduo se sinta mais solto; e ocorre um efeito anestésico na faringe, fazendo com que haja uma redução da sensibilidade, isso faz com uma série de abusos vocais aconteçam sem que se perceba. As conseqüências são ardor, queimação e voz rouca, que só serão sentidas após o efeito da bebida. Drogas O uso de drogas inalatórias ou injetáveis tem ação direta sobre a laringe e a voz. A ação da maconha se dá por irritação da mucosa não só pela agressão da fumaça, mas também pelas toxinas da queima do papel no qual a erva é enrolada. Além disso, fumar apertando o cigarro com os dedos e entre os dentes provoca uma grande elevação da temperatura da fumaça, lesando os tecidos do trato vocal. Indivíduos que usam intensamente a maconha têm uma voz mais grave (grossa), além de imprecisão dos sons da fala e alterações no ritmo e na fluência da comunicação. A cocaína aspirada pode lesar diretamente a mucosa de qualquer região do trato vocal, irritando e acentuando a vasoconstrição. São comuns lesões perfuradas no septo nasal e ulcerações na mucosa das pregas vocais. Além disso, o uso da cocaína pode alterar a percepção e o controle sensorial e, desta forma, reduzir o controle da voz e induzir ao abuso vocal. A cocaína injetável provoca hipotonia muscular (fraqueza) e, reflete-se na voz produzindo fadiga vocal. Hábitos vocais inadequados São muitos os hábitos vocais inadequados, dentre eles destacaremos três muito comuns principalmente entre pessoas que tem a voz como instrumento de trabalho. São eles: pigarrear, tossir com força e competir com os sons de fundo. O ato de pigarrear é comumente encontrado em indivíduos que são portadores de problemas vocais. Pigarro persistente e muco viscoso são sinais de hidratação insuficiente, e nesse caso o melhor a fazer é tomar muita água.

34 O ato de pigarrear traz uma sensação de que o corpo estranho foi eliminado da laringe, porém isso é temporário. Esse gesto é uma agressão para as pregas vocais, pois provoca um atrito violento entre elas provocando irritação e descamação do tecido, contribuindo assim para o aparecimento de alterações nas pregas vocais. A tosse também é uma agressão mucosa da laringe. Quando houver secreção persistente o melhor a fazer é inspirar profundamente pelo nariz e engolir logo a seguir, provocando assim o deslocamento da secreção da mucosa das pregas vocais. A competição sonora acontece frequêntemente nas grandes cidades. É muito comum a conversa em carros, ônibus, trens e metrôs, no entanto esse comportamento deve ser evitado, pois ao elevar o tom da voz para ultrapassar esses ruídos, o abuso vocal acontece. Posturas corporais inadequadas A postura pode afetar a comunicação, afinal ela acontece utilizando não só a voz, mas todo o corpo. A integração entre corpo e voz é um dos parâmetros utilizados para avaliar o equilíbrio emocional de um indivíduo. Posturas corporais inadequadas geralmente estão associadas a uma emissão vocal deficiente. Desvios de postura, tais como: cabeça elevada ou inclinada para os lados, tensão de face com boca travada, olhos excessivamente abertos, elevação ou contração de sobrancelhas, pescoço com músculos saltados e veias túrgidas, peito comprimido, ombros erguidos ou rodados para frente e bloqueio da movimentação corporal, principalmente da cabeça e dos braços, devem ser evitados, principalmente durante a fala, pois limitam a boa produção da voz. Pode-se dizer então que a postura ideal durante a fala é a seguinte: o corpo deve estar livre para acompanhamento do discurso de forma espontânea, sem movimentação excessiva ou rigidez; deve manter um eixo vertical único pelo alinhamento da coluna cervical (no pescoço) e o resto da coluna vertebral e não devem ser observadas zonas específicas de tensão.

35 Poluição A relação entre a poluição e os transtornos de voz é complexa e não necessariamente direta. Alguns dos poluentes agem diretamente no organismo através da inalação, enquanto outros de forma indireta pela corrente sanguínea. As situações vão desde as mais extremas como: acidentes com fogo, fumaça e o vazamento de vapores químicos, até as consideradas simples. Por exemplo: a exposição ao ar poluído pode resultar numa resposta irritativa dos órgãos respiratórios e também do trato vocal. Os sintomas vocais e laríngeos relacionados à poluição incluem rouquidão, sensação de irritação na garganta, tosse, dificuldade na respiração e irritação dos tecidos da boca, língua, nariz e todos os demais órgãos respiratórios. Essas alterações geralmente afetam a voz temporariamente, mas a exposição prolongada pode piorar a condição vocal e dificultar o tratamento. Existe também a poluição sonora que põe em risco não só a audição, mas também a voz. Qualquer pessoa em local barulhento, por um comportamento reflexo, eleva a voz em um esforço para se comunicar tentando vencer o ruído de fundo, geralmente sem perceber o esforço vocal que está fazendo em situações como essa. Alergias Alergia é uma resposta de sensibilidade elevada a determinadas substâncias. No que diz respeito à voz, as alergias manifestadas nas vias respiratórias, como a bronquite, asma, rinite e laringite, são as mais comuns e importantes. Indivíduos que tem algum desses tipos de alergia são mais propícios a desenvolverem problemas de voz diretamente proporcionais ao grau da alergia. Nesses casos observa-se uma tendência ao edema (inchaço) das mucosas respiratórias, que dificulta a vibração livre das pregas vocais; e ainda a presença constante de secreção pode levar a uma irritação direta da laringe.

36 Os principais alérgenos são: poeira, flores, perfumes, inseticidas, dedetizadores, alguns tipos de cosméticos ou ainda certos alimentos, como leite e enlatados. O fator emocional também deve ser considerado, pois uma instabilidade pode auxiliar o disparo de um crise, pois abaixa a imunidade do organismo. Profissionais da voz alérgicos precisam fazer todo o esforço para evitar o contato com as substâncias ou situações que desencadeiam suas crises. Alimentação inadequada O organismo humano necessita basicamente de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, sais minerais e água, que é um componente primário de nosso organismo e essencial à vida. Os carboidratos nos oferecem energia e são essenciais para assimilação dos alimentos. As proteínas (leite, queijo, carnes, ovos e legumes) são fundamentais para o crescimento e são as principais responsáveis pela massa muscular, dando força e vigor. Produzir voz é um processo que gasta muita energia e, para um profissional que usa intensamente a voz o consumo de proteínas é fundamental. Os alimentos excessivamente gordurosos e condimentados tornam a digestão lenta e dificultam a movimentação livre do diafragma, importantíssimo para respiração. Alimentos leves, verduras e frutas bem mastigadas, além de nutritivos também relaxam a musculatura da mandíbula, língua e faringe, melhorando a dicção. O chocolate, leite e seus derivados devem ser evitados por pessoas com predisposição para alterações vocais, pois aumentam a secreção do muco no trato vocal, prejudicando a ressonância, e induzem à produção de pigarro. Bebidas gasosas também devem ser evitadas porque favorecem a flatulência, prejudicando o controle da voz. As balas, pastilhas e sprays locais podem trazer uma sensação de melhora na voz, porém acabam por mascarar a dor do esforço vocal. Tais

37 paleativos devem ser substituídos pela maçã, por exemplo, que possui propriedade adstringente que auxilia a limpeza da boca e da faringe, favorecendo a ressonância; e os sucos cítricos, como a laranja e o limão, que auxiliam a absorção do excesso de secreção. Alimentos e bebidas gelados são sempre nocivos, pois o choque térmico causa uma descarga imediata de muco e edema nas pregas vocais. Os primeiros goles de líquidos gelados ou colheradas de sorvetes devem ser mantidos na boca por alguns segundos antes de serem engolidos, evitando assim a brusca mudança de temperatura das pregas vocais. Goles de água fresca, em temperatura ambiente são recomendados para lubrificação do trato vocal. Falta de repouso adequado Um dos sinais de cansaço físico é a fadiga vocal, ou seja, a voz sai mais fraca, mais baixa, com modulação restrita e com ar na emissão. Geralmente após uma boa noite de sono esses sintomas desaparecem. Juntamente com o repouso do corpo, o repouso vocal também deve ser considerado. Após o uso intenso da voz recomenda-se um período de descanso ou de uso limitado, com o mesmo número de horas de emprego da voz, ou pelo menos reduzir a quantidade e a intensidade da fala. Refluxo gastroesofágico O refluxo gastroesofágico é a passagem do suco gástrico para o esôfago, que sobe em direção à boca. Esse retorno pode atingir a boca, o nariz e até mesmo chegar à laringe e as pregas vocais. O principal sintoma é a queimação no esôfago e azia, outros são: regurgitação de alimentos, presença de pigarro constante, sensação de corpo estranho ou bolo na garganta, saliva viscosa, mau hálito e problemas digestivos.

38 O suco gástrico é altamente irritativo e produz lesões na delicada mucosa das pregas vocais e das outras estruturas da laringe. Pessoas que tem refluxo podem apresentar rouquidão após as refeições e ao acordar. Algumas substâncias favorecem o refluxo, tais como: alimentos muito gordurosos e condimentados, cafeína, leite, achocolatados, refrigerantes, bebidas gasosas, álcool, frituras, produtos dietéticos e os cítricos. Um bom controle alimentar e algumas medidas práticas como, elevar a cabeceira da cama e nunca deitar após a refeição, e sim após duas horas, ajudam a controlar o refluxo. Ar condicionado O resfriamento do ambiente pelo ar condicionado normalmente provoca uma agressão à mucosa das pregas vocais, pois este resfriamento é acompanhado pela redução da umidade do ar, que provoca ressecamento do trato vocal, e induz a uma produção da voz com esforço e tensão. Se o uso do ar condicionado é inevitável, aconselha-se a ingestão constante de água na temperatura ambiente. Falta de hidratação A vibração para produção da voz deve ser rápida e livre, mas para que isso aconteça é necessária uma boa hidratação. O ideal seria que bebêssemos 2 litros de água por dia, 8 a 10 copos, para garantirmos a reposição das perdas pela urina e pela transpiração. O líquido, porém não passa pela laringe e pelas pregas vocais, mas sim pelo esôfago, um tubo atrás da laringe que leva os líquidos e alimentos para o estômago. Essa hidratação acontece de forma indireta, auxiliando o sistema de ressonância. Outro meio de hidratar é por via direta é a inalação de vapor d água, ou simplesmente aspirando gotículas de água pelo nariz, através de gaze ou algodão.

39 Sintomas prováveis de hidratação insuficiente são: esforço para falar, pigarro persistente e saliva grossa. Mudanças de temperatura O clima frio e úmido pode afetar o trato respiratório, favorecendo inflamações e infecções que prejudicam a produção da voz. Os resfriados nem sempre podem ser evitados, mas algumas atitudes preventivas são aconselháveis: descanso adequado, alimentação equilibrada, proteção contra exposição a mudanças bruscas de temperatura e evitar o contato com pessoas gripadas. Vestuário São três os aspectos negativos do vestuário na produção da voz: compressão, alergias e postura. A compressão da região do pescoço e abdômem são as piores para a voz. Roupas ou adereços na região do pescoço onde estão a laringe com as pregas vocais e na cintura, onde se encontra o músculo diafragma, devem ser evitados. As alergias como já foi apresentado, são responsáveis por muitos problemas vocais. O indivíduo alérgico deve dar preferência à tecidos de fibras naturais, além disso, sabões e amaciantes usados na lavagem das roupas precisam ser observados com atenção e se necessário, evitados. A postura corporal inadequada prejudica a boa emissão vocal. Assim, sapatos com salto muito alto provocam uma postura tensa a fim de manter o corpo ereto e, consequentemente, enrijecem a postura corporal, dificultando fluir adequado da voz.

40 Esportes O esporte é fundamental para a saúde de um modo geral, porém alguns favorecem mais a produção vocal do que outros. A natação e a caminhada são os mais indicados, ativam todo o corpo e melhoram a respiração. Tênis, basquete, peso, boxe, vôlei e musculação devem ser evitados pelos profissionais da voz, pois exigem movimentos violentos de braços, centralizando a tensão muscular nas regiões do pescoço, costas, ombros e tórax e acabam por aumentar também a tensão na laringe. Essa tensão favorece a produção de uma voz mais comprimida e tensa. Os exercícios de esforço muscular não devem ser realizados conjuntamente à fala ou canto, isso porque durante o exercício físico respira-se de modo mais intenso e/ou profundo, devido às exigências energéticas do organismo; nessa situação as pregas vocais tendem a manterem-se afastadas para livre entrada e saída do ar, nesse caso haverá sobrecarga. Alterações hormonais Mensalmente é possível observar distúrbios na voz feminina durante o período menstrual, principalmente nos primeiros dias. As alterações manifestam-se através de discreta rouquidão, com voz grossa, ou simplesmente de cansaço vocal e perda de potência da voz, em conseqüência do edema (inchaço) das pregas vocais. A influência dos hormônios na voz acontece em outros momentos da vida humana. A voz da criança muda na adolescência, de modo mais acentuado nos meninos que nas meninas. Essa mudança de voz, chamada de muda vocal, ocorre em função do crescimento das estruturas da laringe e das novas condições hormonais presentes na adolescência. Durante a menopausa a queda dos hormônios femininos poderá produzir uma voz mais grave nas mulheres. Já nos homens da terceira idade, sofrem uma tendência de apresentar um aumento da freqüência da voz, ou seja, ela pode ser tornar mais aguda.