RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE PCR AS E COLESTEROL-HDL EM TRABALHADORES DE EMPRESAS PRIVADAS



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25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN 978-85-8084-055-1 RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE PCR AS E COLESTEROL-HDL EM TRABALHADORES DE EMPRESAS PRIVADAS Juliane Mara Sabatini 1 ; Rafael Cardia Sardim Barros 1 ; Edivan Rodrigo de Paula Ramos 2 RESUMO: Este trabalho determinou os níveis séricos de colesterol-hdl e de proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-AS) em 172 funcionários de empresas privadas visando verificar se diminuições do colesterol-hdl são acompanhadas de elevações do PCR AS. Após jejum de 10-14 horas, amostras de sangue venoso foram colhidas e processadas para obtenção de soro usado para dosagem de PCR AS e colesterol-hdl por meio de metodologia imunoturbidimétrica e enzimático-colorimétrica, respectivamente. Os funcionários preencheram um questionário para levantamento dos dados sócio-demográficos, terapêuticos, patológicos e relacionados ao estilo de vida, que foram analisados pelo teste One-Way ANOVA (e não-paramétrico), seguido de Bonferroni pelo teste Exato de Fisher ou pelo teste do quiquadrado (p<0,05). A análise da frequência de distribuição dos trabalhadores nas diferentes faixas de colesterol-hdl permitiu observar uma frequência de distribuição significativamente maior de trabalhadores com idade superior a 51 anos (p=0,0372*) e com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 34,9 (p=0,0498*) na faixa de colesterol-hdl considerada baixa. Em relação às faixas de PCR AS, verificou-se uma prevalência significativamente maior de funcionários obesos (p=0,0002*) e usuários de medicamentos (p=0,0416*) com valores elevados de PCR AS. Os resultados deste projeto mostram que os níveis de PCR AS são maiores quanto menores os valores de colesterol-hdl. Isto não só reforça a importância do colesterol-hdl como lipoproteína antiaterogênica, como também a possibilidade de se utilizar o exame de PCR AS em pacientes com baixos níveis de HDL independentemente de outras alterações no perfil lipídico. PALAVRAS-CHAVE: Aterosclerose; inflamação; dislipidemias. INTRODUÇÃO A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica que acomete a camada íntima das artérias sendo a principal causa de infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular encefálico (AVE) (SÁ et. al, 2009). O processo inflamatório é iniciado com a oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) que estimula a migração de leucócitos para o espaço subendotelial, sobretudo linfócitos e monócitos (IV DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE, 2007). Como a aterosclerose tem natureza inflamatória, marcadores bioquímicos inflamatório podem ser usados para seu diagnóstico e prognóstico. Dentre estes marcadores, um que tem sido altamente utilizado para estes propósitos é a proteína C reativa de alta 1 Acadêmicos do Curso de Farmácia. Departamento de Farmácia do Centro Universitário de Maringá CESUMAR. Maringá PR. Programa de Bolsas de Iniciação Científica do Cesumar (PROBIC). julianesabatini@hotmail.com; rafanufo@hotmail.com 2 Orientador, Docente do CESUMAR. Departamento de Farmácia do Centro Universitário de Maringá CESUMAR. Maringá PR. edivanramos@yahoo.com.br

sensibilidade (PCR AS). Embora tenha origem multifatorial, tem sido demonstrado que redução dos níveis das lipoproteínas de alta densidade (HDL) está significativamente associada à aterogênese, uma vez que esta lipoproteína apresenta atividade antioxidante e removedora do colesterol-ldl (FORTI; DIAMENT, 2006; INEU et. al, 2006). Considerando que a aterosclerose eleva os níveis plasmáticos de PCR AS e que baixas concentrações de colesterol-hdl estão associadas ao processo aterogênico, este trabalho teve como propósito dosar os níveis de PCR AS e colesterol-hdl de trabalhadores de empresas privadas visando verificar se existe uma co-relação entre baixos níveis de colesterol-hdl com níveis elevados de PCR AS. MATERIAL E MÉTODOS Os sujeitos deste projeto foram 172 funcionários de empresas privadas de Maringá-PR. A participação dos trabalhadores se deu por adesão voluntária, mas foi adotado como critério de inclusão o fato do trabalhador ter idade igual ou superior a 18 anos. Os participantes foram orientados a comparecerem nas empresas onde trabalham 40 minutos antes da jornada de trabalho em jejum de 10 a 14 horas. Após assinarem o termo de consentimento livre esclarecido e preencher um questionário para levantamento de dados sócio-demográficos, relacionados ao estilo de vida, patológicos e terapêuticos, uma amostra de sangue venoso foi obtida e transferida para tubos sem anticoagulante. As amostras foram encaminhadas para o laboratório de análises clínicas de uma instituição privada de ensino superior para obtenção de soro e dosagem do colesterol- HDL e PCR AS. A dosagem do colesterol-hdl foi realizada por meio de metodologia enzimáticocolorimétrica com prévio tratamento das amostras com ácido fosfotungstíco e cloreto de magnésio para precipitação de outras lipoproteínas que não o colesterol-hdl. Já a dosagem do PCR-AS foi feita através de imunoturbidimetria. As absorbâncias foram determinadas em aparelho semi-automatizado Bioplus 2000. Considerou-se faixas ideais de colesterol-hdl valores acima de 55 mg/dl para homens e 65 mg/dl para mulheres. A faixa aceitável esteve entre 35 e 55 mg/dl para homens e 45 e 65 mg/dl, para mulheres. Valores abaixo de 35 mg/dl e 45 mg/dl para homens e mulheres, respectivamente, foram considerados baixos. Já para o PCR AS, considerou-se normal valores abaixo de 3 mg/l e elevados, acima ou igual a 3 mg/l (IV DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE, 2007). A frequência de distribuição absoluta e percentual dos trabalhadores foi realizada considerando-se as variáveis sócio-demográficas, patológicas, terapêuticas e relacionadas ao estilo de vida em função das diferentes faixas de colesterol-hdl e PCR AS. Os resultados foram descritos de forma quantitativa e analisados pelo programa estatístico GraphPad Software Prisma 3.0 sendo utilizado o teste One-Way ANOVA (e não-paramétrico), seguido de Bonferroni para análise de variância entre as diferentes faixas de colesterol-hdl e PCR AS. Já a frequência de distribuição dos trabalhadores nas diferentes faixas de colesterol-hdl e PCR AS foram analisadas estatisticamente pelo teste Exato de Fisher ou pelo teste do qui-quadrado considerando um nível de significância p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da frequência de distribuição dos trabalhadores nas diferentes faixas de colesterol-hdl não mostrou relação significativa para as seguintes variáveis: gênero, grau de escolaridade, número de filhos, renda familiar, moradia, doença crônica, histórico familiar para doenças cardiovascular, uso de medicamentos, tabagismo, consumo de álcool, prática de atividade física e consumo de alimentos inadequados. Contudo,

observou-se uma frequência de distribuição significativamente maior de trabalhadores com idade superior a 51 anos (p=0,0372*) e com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 30 e 34,9 (p=0,0498*) na faixa de colesterol-hdl considerada baixa (Tabela 01). Em relação às faixas de PCR AS, verificou-se uma prevalência significativamente maior de funcionários obesos (p=0,0002*) e usuários de medicamentos (p=0,0416*) com valores elevados de PCR AS (Tabela 02). Embora não tenha sido observada uma diferença estatisticamente significativa, verificou-se que a média dos valores de PCR AS foi maior em pacientes com menores níveis de colesterol-hdl (Figura 01). Contudo, a frequência de distribuição dos funcionários com baixo colesterol-hdl foi significativamente maior (p=0,0110*) na faixa de PCR AS considerada elevada (Tabela 03). Tabela 01: Freqüência de distribuição absoluta e percentual dos trabalhadores nas diferentes faixas de colesterol-hdl em função da faixa etária e valores de IMC. VARIÁVEIS COLESTEROL-HDL (mg/dl) Baixo Aceitável Ideal TOTAL VALORES p 18-30 anos 37 (51,4%) 31 (43,1%) 04 (5,5%) 72 31-40 anos 28 (58,3%) 19 (39,6%) 01 (2,1%) 48 41-50 anos 18 (58,1%) 10 (32,2%) 03 (9,7%) 31 Acima de 51 anos 19 (90,6%) 01 (4,7%) 01 (4,7%) 21 Até 24,9* 42 (50,0%) 37 (44,0%) 05 (6,0%) 84 IMC 25 29,9* 32 (62,8%) 17 (33,3%) 02 (3,9%) 51 IMC 30 34,9* 23 (82,1%) 04 (14,3%) 01 (3,6%) 28 0,0372* 0,0498* *Estatisticamente significativo: Qui-quadrado (p<0,05) A relação entre sobrepeso e obesidade e o aparecimento de dislipidemias é bem conhecida e descrita. Um aumento na quantidade de tecido adiposo está diretamente associado a um aumento na quantidade de triglicerídeos séricos (hipertrigliceridemia) e redução dos níveis de colesterol-hdl (LEITE et. al, 2009). Além disso, sabe-se que a o excesso de triglicerídeos, comum em pacientes com sobrepeso, podem ser transferidos para o colesterol-hdl por meio da proteína de transferência de ésteres de colesterol (CETP) (GUIMARÃES; GUIMARÃES, 2006). Neste caso, as partículas de HDL com triglicerídeo são removidas mais rapidamente da circulação justificando a redução de colesterol-hdl em pacientes com sobrepeso. Tabela 02: Freqüência de distribuição absoluta e percentual dos trabalhadores nas diferentes faixas de PCR AS em função da faixa etária e do uso de medicamentos. VARIÁVEIS Até 3 mg/l N(%) PCR AS > 3 mg/l N(%) TOTAL VALORES p IMC até 24,9* 48 (57,1%) 36 (42,9%) 84 IMC 25 29,9* 16 (31,4%) 35 (68,6%) 51 IMC 30 34,9* 05 (17,9%) 23 (82,1%) 28 Medicamento sim 15 (29,4%) 36 (70,6%) 51 Medicamento não 57 (47,5%) 63 (52,5%) 120 0,0002* 0,0416** *Estatisticamente significativo: Qui-quadrado (p<0,05) **Estatisticamente significativo: Teste Exato de Fisher (p<0,05)

O tecido adiposo é reconhecidamente um local de produção de diversos mediadores inflamatórios, dentre os quais se destaca a interleucina-6 (IL-6). Este mediador, dentre suas diferentes funções, estimula a expressão da PCR pelos hepatócitos (YUDKIN, 1999). Isto ajuda a explicar a existência de maiores níveis de PCR em pacientes obesos encontrada neste e em outros trabalhos (BLAUTH, et. al, 2008, VOLP et. al, 2008). Diversos medicamentos podem interferir nos resultados de diferentes exames laboratoriais. No que se refere à dosagem de PCR, medicamentos como estrogênios e antiinflamatórios são reconhecidamente responsáveis pela elevação e redução, respectivamente, da PCR (III DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE, 2001). Contudo, os efeitos de outros medicamentos sobre os níveis séricos de PCR AS não podem ser descartados e justificam as alterações encontradas neste trabalho. Tabela 03: Freqüência de distribuição absoluta e percentual dos trabalhadores nas diferentes faixas de colesterol-hdl em função dos valores normais e elevados de PCR AS. COLESTEROL-HDL Até 3mg/L PCR AS Acima de 3mg/L TOTAL VALOR p Baixo 34 (33,3%) 68 (66,7%) 102 Aceitável 33 (54,1%) 28 (45,9%) 61 Ideal 06 (66,7%) 03 (33,3%) 09 TOTAL 73 99 172 *Estatisticamente significativo: Qui-quadrado (p<0,05) 0,0110* O colesterol-hdl é reconhecidamente uma partícula antiaterogênica por diversos motivos tais como: transporte reverso do colesterol; aumento do catabolismo do LDL; eliminação de produtos de oxidação lipídica; inibição de adesinas e, consequentemente, da quimiotaxia de monócitos; estímulo à síntese de agentes vasodilatadores como prostaciclinas, peptídeo natriurético C e óxido nítrico; ação anticoagulante e prófibrinolítica (FREITAS et. al, 2009). Isso pode explicar a hipótese levantada neste trabalho de que quanto menor os níveis de colesterol-hdl, maiores seriam os níveis de PCR AS decorrentes de um possível processo aterogênico. 7.5 PCR AS (mg/l) 5.0 2.5 0.0 Baixo Aceitável Alto C O LE S TE R O L-H D L (m g/dl) Figura 01: Concentração de PCR-as (mg/l) em função das diferentes faixas de colesterol-hdl. A altura das colunas Representa a média ±desvio padrão da concentração de PCR-as

CONCLUSÃO Os resultados deste projeto mostram que os níveis de PCR AS são maiores quanto menores os valores de colesterol-hdl. Isto não só reforça a importância do colesterol- HDL como lipoproteína antiaterogênica, como também a possibilidade de se utilizar o exame de PCR AS em pacientes com baixos níveis de HDL independentemente de outras alterações no perfil lipídico. REFERÊNCIAS BLAUTH, F.; LARA, G. M.; WAGNER, S. C.; REICHERT, C. L. Associação entre fatores de risco cardiovascular e proteína C-reativa em mulheres idosas. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. Vol. 44, n.2, p.8388, abr., 2008. FORTI N, DIAMENT J. Lipoproteínas de alta densidade: aspectos metabólicos, clínicos, epidemiológicos e de intervenção terapêutica. Atualização para os clínicos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 87, n. 5, p.672-679, Nov. 2006. FREITAS, E. V.; BRANDÃO, A. A.; POZZAN, R.; MAGALHÃES, M. E.; FONSECA, F.; PIZZI, O.; CAMPANA, E.; BRANDÃO, A. P. Importância da HDL-c para a Ocorrência de Doença Cardiovascular no Idoso. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 93,n.3, p.231-238, 2009. INEU, M. L.; MANENT, E.; COSTA, J. L. V.; MORIGUCHI, E. Manejo da HDL: Avanços Recentes e Perspectivas além da Redução de LDL. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol.87, p. 788-794, 2006. LEITE, L. D.; ROCHA, E. D. M.; BRANDÃO-NETO, J. Obesidade: uma doença inflamatória. Revista Ciência & Saúde. Vol.2, n.2, p.85-95, 2009. SÁ, M. P. B. O.; GOMES, R. A. F.; SANTOS, T. O. C.; SANTOS, A. C. O.; CIPRIANO, D. O. Proteína C-reativa de alta sensibilidade em pacientes com infarto agudo do miocárdio na emergência cardiológica. Revista Brasileira de Clínica Médica. São Paulo, Vol. 7, p.219-224, jul./ago. 2009. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretrizes de Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 77, supl. III, p. 1-48, 2001. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 88, Sup. I, abr., 2007. VOLP, A. C. P.; ALFENAS, R. C. G.; COSTA, N. M. B.; MINIM, V. P. R.; STRINGUETA, P. C.; BRESSAN, J. Capacidade dos Biomarcadores Inflamatórios em Predizer a Síndrome Metabólica. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. Vol. 52, n.3, p.537-549, 2008.

YUDKIN, J. S. C-reactive protein in healthy subjects: associations with obesity, insulin resistance, and endothelial dysfunction: a potential role for cytokines originating from adipose tissue? Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology. Vol. 19, p. 972-978, 1999.