GÁS NATURAL EM TERRA: UMA AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO DO SETOR

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Transcrição:

GÁS NATURAL EM TERRA: UMA AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO DO SETOR Projeto desenvolvido para: CNI - Confederação Nacional da Industria Equipe: Prof. Edmar de Almeida (Coordenador) Prof. Marcelo Colomer Sylvie D Apote Manuela Lion Mayara Motta Laura Meza Brasília, 12 de maio 2015

Plano da Apresentação Motivação e Objetivo do projeto Diagnóstico Propostas 3

Motivação: Motivação e Objetivo do Projeto Gás assume papel estratégico no setor energético nacional Objetivo do relatório: Propor uma Política Nacional para o Desenvolvimento do Gás Natural em Terra capaz de permitir uma escalada do esforço exploratório no país para os patamares compatíveis com um cenário futuro de substancial aumento de oferta de gás natural. 4

Evolução dos gastos com importações de gás natural Fonte: ANP 5 5

Diagnóstico Investimento em E&P no Brasil está voltado para o ambiente offshore Investimento em E&P em terra no Brasil é muito pequeno e está em redução, devido a: Riscos geológicos elevados, agravados pelos riscos regulatórios e de mercado Exploração de gás em terra enfrenta barreiras tributárias Setor da exploração em terra enfrenta crise de financiamento 6

A indústria de E&P no Brasil está voltada para o petróleo, e não para o gás natural Relação entre a Produção de Gás Natural/Produção de Petróleo - 2013 Entre os países com E&P aberto à participação de empresas privadas, nacionais e estrangeiras, o Brasil é o país com menor participação do gás na produção de hidrocarbonetos. Foco no ambiente offshore dificulta a produção de gás nãoassociado Fonte: Elaboração própria a partir de dados da BP Statistics 7 7

Reservas de gás brasileira são predominantemente offshore Fonte: ANP 8

Produção de gás natural em terra está estagnada Evolução da produção de gás natural em terra, 2000-2014* *2014: média ate outubro O crescimento em 2013 e 2014 é devido principalmente à entrada em produção dos campo de Gavião Azul e Gavião Real na bacia do Parnaíba (Maranhão) Fonte: ANP 9

Número de sondas em operação no Brasil caiu fortemente nos últimos 3 anos Evolução do número de sondas em operação no Brasil Fonte: Baker Hughes Rig Count 10

Hoje o Brasil tem um dos menores números de sondas terrestres em atividade no continente Sondas terrestres em operação na América Latina em setembro 2014 Fonte: Baker Hughes Rig Count 11

Dados anuais mostram estagnação do número de notificações de descoberta a partir de 2009 Notificações de descobertas em terra no Brasil, por ano, 2003-2014 Fonte: Elaboração própria com dados do Boletim Anual de Exploração e Produção - MME 12

Investimento O tempo dedicado ao licenciamento estende o ciclo dos projetos e encarece o custo de investimento na E&P no Brasil Tempo total dedicado ao licenciamento técnico (ANP) e ambiental (órgãos ambientais estaduais) varia entre 2 a 3 anos Operação Tempo dedicado ao licenciamento Perfuração Fraturamento Completação Conexão e comissionamento Perfuração Estudos Geológicos Sismica Tempo de exploração e desenvolvimento 5 a 7 anos 13

Os compromissos de Conteúdo Local assumidos pelas operadoras não são factíveis Evolução do nível médio de compromissos assumidos pelas concessionárias Fonte: ANP Fonte: ANP Exploração Desenvolvimento 14

Barreiras regulatórias Política de conteúdo local Na fase inicial do Contrato de Concessão, (1º e 2º Período Exploratório), o risco assumido pelos concessionários é muito alto. Para as áreas ofertadas no onshore, este risco tente a ser ainda maior, pois, entre diversos outros aspectos, há pouco conhecimento geológico das bacias quando comparado ao conhecimento já adquirido nas áreas do offshore. Fonte: ANP (www.brasilrounds.gov.br/round_12/portugues_r12/asscontrato.asp. Acesso em 25.11.2014) 15

Barreiras tributárias Barreiras Tributárias sobre a Atividade de Exploração e Produção Onshore Repetro Convênio de ICMS 130/07 Assimetrias na Tributação do ICMS interestadual Imposto de Renda sobre o Reinvestimento 16

Alíquota Efetiva da PE (% da receita líquida) Fonte: ANP Obs. ano 4+ 17

As empresas independentes brasileiras são responsáveis por grande parte das áreas exploratórias em terra Área exploratória em terra por tipo de empresa concessionaria - 2014 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da ANP 18

Para acelerar o desenvolvimento da exploração e produção de gás em terra, o país precisa: Aumentar o número de empresas operadoras no país, através de incentivos adequados ao investimento em E&P Desenvolver uma cadeia competitiva de fornecedores eficientes para atender atividades de E&P numa escala de atividades compatível com a nova dimensão do esforço exploratório, especialmente com as exigências de escala do gás não convencional Criar condições regulatórias para o licenciamento ambiental e técnico na nova escala de atividades exploratórias Disponibilizar fontes de financiamento adequadas à nova escala de atividades Criar condições mais favoráveis para comercialização do gás natural no segmentos térmico e não-térmico 19

Propostas para uma agenda de reformas 1. reformas no processo de concessão de blocos exploratórios em terra 2. reformas no processo de licenciamento técnico 3. reformas no processo de licenciamento ambiental 4. incentivos tributários para a exploração e produção de gás em terra 5. incentivos específicos para o gás não convencional 6. Propostas de incentivos para o financiamento da E&P em terra 7. Incentivos para pequenas e médias empresas de petróleo e gás natural 8. Propostas para uma regulação forte do downstream que facilite a monetização do gás em terra 20

OBRIGADO Edmar Almeida edmar@ie.ufrj.br