Laboratório de Física I para Matemáticos. Experiência 4 Medidas de desintegração nuclear utilizando contador Geiger. 1 o semestre de 2011

Documentos relacionados
Estudo de um Detetor de Geiger Mestrado Integrado em Engenharia Física

Introdução às Medidas em Física 2 a Aula *

EXPERIMENTO I MEDIDAS E ERROS

Introdução às Medidas em Física a Aula. Nemitala Added Prédio novo do Linac, sala 204, r. 6824

FÍSICA MÉDICA. Aula 04 Desintegração Nuclear. Prof. Me. Wangner Barbosa da Costa

Detectores de Radiação

Experimento 1: Determinação do tempo de queda de uma bolinha

Medidas Físicas e Noções de Estatística Descritiva

Vida Média. Grupo 4E: Emanuel Ricardo, nº65677 Luís Cebola, nº65701 Tomás Cruz, nº65725

Laboratório de Física I. Experiência 6 Atenuação da intensidade luminosa. 1 o semestre de 2019

Universidade Federal de Pernambuco CCEN Departamento de Física Física Experimental 1-1 o SEMESTRE 2011

Análise comparativa do efeito Compton com raios-γ e raios-x. Cristine Kores e Jessica Niide Professora Elisabeth Yoshimura

4. Estudo da dispersão estatística do número de contagens.

Fis.Rad.I /1 Notas de aula (Prof. Stenio Dore) (Dated: May 28, 2004)

18/Maio/2016 Aula 21. Introdução à Física Nuclear. Estrutura e propriedades do núcleo. 20/Maio/2016 Aula 22

Métodos Estatísticos em Física Experimental. Prof. Zwinglio Guimarães 1 o semestre de 2015 Aula 2

Definição da Distribuição de Poisson

Introdução às Medidas em Física 1 a Aula *

Decaimento radioativo

Introdução às Ciências Experimentais Curso de Licenciatura em Física. Prof. Daniel Micha CEFET/RJ campus Petrópolis

QUÍMICA. Transformações Químicas e Energia. Radioatividade: Reações de Fissão e Fusão Nuclear, Desintegração Radioativa e Radioisótopos - Parte 4

Experiência VI (aula 10) Resfriamento de um líquido

Distribuição Gaussiana

Radiações e Radioatividade

Experiência VI (aula 10) Resfriamento de um líquido

Densidade de um Sólido

FÍSICA NUCLEAR E PARTÍCULAS

Atenuação da radiação

Introdução às Medidas em Física 1 a Aula *

Universidade de Mogi das Cruzes

Capítulo I Noções básicas sobre incertezas em medidas

FÍSICA EXPERIMENTAL 3001

Determinação experimental de

Experimento 6 Corrente alternada: circuitos resistivos

QUÍMICA GERAL EXPERIMENTAL 2º SEMESTRE DE 2016 EXPERIMENTO VIRTUAL DE CINÉTICA QUÍMICA

Experiência 10 DIFRAÇÃO E INTERFERÊNCIA

Medidas Físicas. 1. Introdução

VIDA MÉDIA DOS MÚONS

- desvio padrão, caracteriza a dispersão dos resultados

CURSO DE RADIOPROTEÇÃO COM ÊNFASE NO USO, PREPARO E MANUSEIO DE FONTES RADIOATIVAS NÃO SELADAS

Experiência 2 Metrologia Elétrica. Medições com Osciloscópio e Gerador de Funções

Erros em medidas e análises físicas e químicas

Laboratório de Física

Roteiro do Experimento Medidas da constante de Planck usando LEDs (Diodos Emissores de Luz) Fotoluminescência de uma junção pn.

Movimento Retilíneo Uniforme

Padronização do 57 Co por diferentes métodos do LNMRI

FÍSICA EXPERIMENTAL 3001

Relatório de Laboratório Detetor de Geiser-Müller

Experimento 6 Corrente alternada: circuitos resistivos

Física Experimental. Apresentação preparada pelos professores: Prof. José Rafael Cápua Proveti & Romarly Fernandes da Costa

Experiência 9 Redes de Primeira ordem Circuitos RC. GUIA e ROTEIRO EXPERIMENTAL

Tiago Viana Flor de Santana

Capítulo 5 Distribuições de Probabilidades. Seção 5-1 Visão Geral. Visão Geral. distribuições de probabilidades discretas

Determinação da meia-vida do nuclídeos

Lista elaborado por coletânea de exercícios, traduzida e organizado por Emerson Itikawa sob supervisão do Prof. Eder R. Moraes

Laboratório de Física I TEORIA DE ERROS Prof. Dr. Anderson André Felix Técnico do Lab.: Vinicius Valente

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL

Teoria das Filas aplicadas a Sistemas Computacionais. Aula 09

No. USP Nome Nota Bancada GUIA E ROTEIRO EXPERIMENTAL

Detectores de Radiação

EXPLORANDO A LEI DE OHM

Notas de Aula. Copyright 2007 Pearson Education, Inc Publishing as Pearson Addison-Wesley.

Circuitos resistivos alimentados com onda senoidal

Lei do inverso do quadrado da distância

Medidas em Física FAP0152

CURSO DE RADIOPROTEÇÃO COM ÊNFASE NO USO, PREPARO E MANUSEIO DE FONTES RADIOATIVAS NÃO SELADAS

MULTÍMETRO. 1- Aprender a utilizar o multímetro 2- Fazer algumas medições com o multímetro.

FÍSICA ATÓMICA E NUCLEAR. DETECÇÃO DE RADIAÇÕES β E γ ESTUDO DE UM DETECTOR GEIGER. σ =

Teoria das Filas aplicadas a Sistemas Computacionais. Aula 08

Geometria Fractal Gráfico de Massa x Diâmetro escala linear

Capítulo 1 Radiação Ionizante

Apostila de Metrologia (parcial)

Conceito de Estatística

MEDIDA DA CARGA DO ELÉTRON MILLIKAN

Modelos Lineares Distribuições de Probabilidades Distribuição Normal Teorema Central do Limite. Professora Ariane Ferreira

Universidade Estadual de Maringá. Centro de Ciências Exatas. Departamento de Física NOÇÕES BÁSICAS PARA A UTILIZAÇÃO DO OSCILOSCÓPIO DIGITAL

Apêndice Efeito Fotoelétrico, Laboratório de Estrutura da Matéria Fis101.

FSC Exercício preparatório para experiências Lei de Hooke e a constante elástica da mola

BC Fenômenos Mecânicos. Experimento 1 - Roteiro

Universidade Federal do Paraná Departamento de Física Laboratório de Física Moderna

LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO:

Estudo das oscilações de um sistema massamola

LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO:

MEDIDAS E INCERTEZAS

Circuitos resistivos alimentados com onda senoidal

Física Experimental C. Coeficiente de Atenuação dos Raios Gama

Cálculo das Probabilidades e Estatística I

MEDIÇÃO EM QUÍMICA MEDIR. É comparar o valor de uma dada grandeza com outro predefinido, que se convencionou chamar unidade.

População e Amostra. População: O conjunto de todas as coisas que se pretende estudar. Representada por tudo o que está no interior do desenho.

Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial Calibração Indireta de Voltímetro Digital

Circuitos resistivos alimentados com onda senoidal. Indutância mútua.

Medidas em Laboratório

Capítulo 3. Introdução à Probabilidade E à Inferência Estatística

Química Analítica V 1S Prof. Rafael Sousa. Notas de aula:

Física Experimental I

Distribuição de Probabilidade Discreta

Transcrição:

43115 Laboratório de Física I para Matemáticos Experiência 4 Medidas de desintegração nuclear utilizando contador Geiger 1 o semestre de 2011 26 de abril de 2011

4. Medidas de desintegração nuclear utilizando contador Geiger Introdução Como fundamentos teóricos, você deverá estar a par do conteúdo do Capítulo 4 da Apostila. Você poderá encontrar material adicional nas referências daquele capítulo e em seu livro texto de teoria. Os conceitos físicos envolvidos aqui são: radiação ionizante, detector Geiger, detecção de radiação. Do ponto de vista estatístico, utilizaremos o desvio das contagens N, s N = N, conseqüência da distribuição de Poisson (veja Apostila "Conceitos Básicos da Teoria de Erros"), além de média e desvios padrão da amostra e da média. Revisaremos gráfico e propagaremos desvios em situações simples (divisão por constante sem desvio e adição). ATENÇÃO COM OS ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS! Objetivos Espesificos: 1. Estudar a estatística da desintegração nuclear de uma fonte de 60 Co. Obter a contagem média devido a incidência de raios-γ de uma fonte radioativa sobre um contador Geiger- Müller e separar da radição de fundo. Obter a distribuição das contagens e identificar os parâmetros que caracterizam a distribuição. Comparar a distribuição experimental com a de Gauss. 1

FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos RELATÓRIO A B Nome: N o USP: / / 2011 Companheiros: Nota EXPERIÊNCIA 4 Medidas com um contador Geiger-Müller 4.1 Preparação NÃO TOQUE NA JANELA DO GEIGER, POIS PODE DANIFICÁ-LO E HÁ O PERIGO DE CHOQUE ELÉTRICO! Para estudar a probabilidade de emissão radioativa de uma fonte de cobalto por unidade de tempo utilizaremos um detector de radiação ionizante tipo Geiger-Müller, uma fonte de baixa intensidade (cobalto) e um contador. Cada medida feita pelo contador Geiger com uma fonte radioativa é independente de todas as anteriores, pois esta é uma quantidade que varia aleatoriamente em torno de um valor médio. Este tipo de medição tem um erro estatístico intrínseco que nunca pode ser eliminado. SIGA AS INSTRUÇÕES DO PROFESSOR. 4.1.1 Material disponível Detector de radiação tipo Geiger-Müller, fonte radioativa de 60 Co de baixa intensidade (E γ = 1.17 e 1.33 MeV; T 1/2 = 5.27 anos), fonte de tensão, contador, cronômetro e régua. 4.1.2 Procedimento: Inicialmente selecione 850 contagens na fonte estabilizada de alta tensão (para o aparelho antigo - Contador Geiger preto) e 00 contagens (para o aparelho novo - Contador Geiger azul). Ligue a fonte. CONTADOR GEIGER - APARELHO ANTIGO (MAIOR E EM COR PRETA). Para ligar acione o botão localizado na parte superior, à esquerda. A seguir, selecione o tempo em 0,1x0 e o botão A-, localizado ao lado. Selecione a tecla A + Π (primeira). Posicione a fonte de cobalto na segunda janela do detector (tubo branco). Para iniciar as contagens e zerar o sistema, aperte no zero e a seguir no botão do tempo. Faça 0 medidas de segundos de duração (sem mover a fonte de cobalto do lugar) e anote os dados na tabela ; CONTADOR GEIGER - APARELHO NOVO ( MODELO CPT 01) Ligar o aparelho selecionando a opção "L", a seguir posicione o botão do tempo em 1 s (com 1s selecionado) e o botão "S". Posicione a fonte de cobalto na segunda janela do detector (tubo de cor azul). Para iniciar as contagens e zerar o sistema, aperte em zero e a seguir no botão partir. Anote o valor na tabela, aperte na tecla zero e repita o procedimento.

4-2 FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos EXPERIÊNCIA 4 4.2 Medida da radiação de fundo 4.2.1 As contagens de fundo Ligue os aparelhos e entenda o seu funcionamento. Mesmo sem a presença de fontes radioativas por perto, o detector registrará contagens. Essas contagens são chamadas contagens de fundo. 4.2.2 Medidas Sem que haja fonte radioativa por perto, meça cinco vezes o número de contagens de fundo durante dois minutos. Repita a medida preenchendo a tabela abaixo. Medida t(seg) y ± y 1 2 3 4 5 Tabela 4.1: Contagem de fundo O valor encontrado difere de 0, por causa da chamada radiação de fundo. Essa radiação pode ser explicada por materiais radioativos com meia-vida longa, como Sódio, Tório, encontrados na composição da estrutura do prédio, do cimento das paredes e mesmo da bancada. Essa radiação também pode ser proveinente de tempestades solares ou ainda explosões de estrelas em galáxias distantes. 4.3 Estatística de contagem Um dos fenômenos que melhor ilustra o caráter estatístico das medidas efetuadas em um laboratório é o decaimento radioativo. Tudo o que podemos dizer a respeito de um núcleo radioativo que ainda não decaiu é que a sua probabilidade de decaimento por unidade de tempo é dada pela constante de desintegração λ. Esta se relaciona com a vida média, τ, e com a meia-vida, t 1/2, através de λ = 1 τ = ln 2 t 1/2 Quando temos um núcleo radioativo ainda por decair, não sabemos exatamente quando ele o fará, mas sabemos apenas a probabilidade desse fenômeno acontecer em determinado intervalo de tempo. Trabalharemos aqui com isótopos radioativos cujas meias-vidas são muito longas em relação ao tempo de observação, de forma que não poderemos observar uma redução do número de eventos com o tempo. Então, o número de contagens para intervalos de tempo fixos e geometria de contagem também fixa deverá ser constante. Porém, como o decaimento radioativo tem um caráter probabilístico, veremos que ao colocarmos um grande número de núcleos radioativos nas proximidades do detector, o número de decaimentos observados variará. Isso foi o que ocorreu com a medida de fundo. 4.3.1 Medidas Para podermos fazer este estudo, coloque sua fonte radioativa junto ao detector Geiger. Faça 0 medidas de segundos de duração (sem mover a fonte de cobalto do lugar) e anote os dados na

EXPERIÊNCIA 4 FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos 4-3 tabela. y y y y y y y y y y Tabela 4.2: Medidas de desintegração nuclear Análise dos dados e histograma Estes dados obedecem a uma distribuição de probabilidades discreta, denominada Distribuição de Poisson, que no caso de números (de contagens) grandes, pode ser bem aproximada pela Distribuição Normal, ou de Gauss, f(y), expressa por f(y) = 1 ( ) exp[ 1 (y y) 2 2π σ 2 σ 2 ] onde f(y)δy é a probabilidade de medirmos um valor entre y e y + δy, y é o valor médio da amostra que tomamos e σ é o desvio padrão da amostra. Estes parâmetros são estimativas do valor verdadeiro da população, y 0, e do desvio padrão da população, σ, respectivamente. y e σ podem ser calculados por y = n i=1 y i n σ = n i=1 (y i y) 2, n 1 onde n é o número de medidas (aqui, n = 0). Sempre que representarmos um resultado de várias medidas, devemos apresentar y ± σ m, onde σ m é o desvio padrão da média, e é dado por σ m = σ n A inserteza padrão da média, e é dado por σ 2 p = σ 2 m + σ 2 r Onde σ r e erro sistematico residual. Calcule os quatro parâmetros, N, σ, σ m e σ p apresente-os no quadro abaixo. Faça os arredondamentos a partir do desvio padrão.

4-4 FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos EXPERIÊNCIA 4 y = σ = σ m = σ p = Tabela 4.3: Valor médio, desvio padrão, desviao padrão da media e inserteza padrão da média. 4.4 Análise de Dados Escolha os intervalos (ou classes) adequados para a execução de um histograma de freqüências em função dos intervalos (ou classes) escolhidos para y i em papel milimetrado. Indique claramente no histograma o intervalo y ± σ. Represente no histograma a função gaussiana obtida com os seus parâmetros. 4.4.1 Explicação Existem três tipos de histogramas: Histograma de número de ocorrências (N); Histograma de freqüência (F); Histograma de densidade de probabilidade (H). HISTOGRAMA DE NÚMERO DE OCORRÊNCIAS (N) A amplitude do histograma, N(y), é simplesmente o número de ocorrências verificadas em cada canal do histograma cujo centro vale y. HISTOGRAMA DE FREQÜÊNCIA (F) A freqüência na qual ocorre uma determinada medida é definida como sendo a razão entre o número de ocorrências em um determinado canal do histograma cujo centro vale y e o número total de medidas efetuadas (N total = n = 0), ou seja: F (y) = N(y)/N total. Tanto o histograma do número de ocorrências quanto o de freqüência apresentam uma principal implicação devido à largura ( y) do canal escolhido, um bom valor de ( y) para o nosso caso é. HISTOGRAMA DE DENSIDADE DE PROBABILIDADE (H) A grande vantagem de utilizar a densidade de probabilidade para montar histogramas é o fato das amplitudes de cada canal ser independente do número de medidas efetuadas bem como da largura escolhida para os canais do histograma. Experimentalmente a densidade de probabilidades é: H(y) = F (y)/ y = N(y)/N total y. Para nosso caso H(y) = F (y)/ y = N i (y)/00, (N total = n = 0, y = ). 4.4.2 Construção de um histograma Escolha a largura dos canais do histograma (nosso caso ); Escolha o centro de cada canal, tomando o cuidado para que não sobrem espaços vazios entre os canais; Conte o número de ocorrências para cada canal N i (y). Caso uma ocorrência ocorra na borda entre dois canais, considere a ocorrência como pertencendo ao canal cujo centro possua o maior valor; Caso queira construir o histograma de freqüências, F(y) divida o número de ocorrências em cada canal pelo total de medidas efetuadas;

EXPERIÊNCIA 4 FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos 4-5 Caso queira construir o histograma de densidade de probabilidades, H(y), divida a freqüência de cada canal pela largura de cada um dos canais. Escolha os valores intermediários de cada intervalo y. Por exemplo, no intervalo de 200 a 209, adote y i = 204. y valor intermediario de intervalo y i número de ocorrências N i H e = N i /(N total y) Tabela 4.4: Histograma de densidade. a) Por que você obteve um histograma e não um único número? Resposta b) A que função se assemelha o histograma obtido? Resposta c) Calcule a função Gaussiana para os valores das contagens (lembre-se que você construiu um histograma de freqüência), escolha os valores intermediários de cada intervalo y. Por exemplo, no

4-6 FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos EXPERIÊNCIA 4 intervalo de 200 a 209, adote 204. valores intermediários de cada intervalo y i f(y) Tabela 4.5: Função Gaussiana.

EXPERIÊNCIA 4 FMT0112 Laboratório de Física I para Matemáticos 4-7 Conclusão