A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL



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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL CARINA TRAJANO VITAL Rio de Janeiro Julho, 2007

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A IMPORTÂNCIA DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL CARINA TRAJANO VITAL Esta publicação atende a complementação didático-pedagógica de metodologia da pesquisa e produção e desenvolvimento de monografia, para curso de pós-graduação em Psicomotricidade sob orientação do Prof. Ms. Celso Sanches. Rio de Janeiro Julho, 2007

AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por guiar meus passos até aqui e a minha linda família: meus pais Inêz e Francisco, tia Lúcia e a meu irmão Alexandre. Meu muito obrigada a meu namorado, presença fundamental na minha vida nos últimos tempos.

DEDICATÓRIA Dedico essa monografia exclusivamente a meus pais, que sempre estiveram ao meu lado me auxiliando em todos os momentos e são fundamentais na minha vida.

RESUMO A pesquisa aqui apresentada foi realizada com o objetivo de analisar a importância das atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física na educação infantil através de uma pesquisa bibliográfica. A psicomotricidade é uma ciência de extrema importância para o desenvolvimento do ser humano e deve ser compreendida como tal e, a partir de atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física, o professor deve proporcionar a seus alunos uma variedade de movimentos e expressões que colaborem com o desenvolvimento afetivo, motor e cognitivo dessas crianças, sendo de grande valia e importância para seu desenvolvimento global. O presente estudo discorre sobre aspectos relevantes relacionados ao tema da pesquisa, como desenvolvimento humano, a relação entre o movimento e a psicomotricidade com a Educação Física.

SUMÁRIO Páginas Introdução...01 CAPÍTULO I Psicomotricidade e sua relação com a Educação Física...04 1.1.Desenvolvimento humano...04 1.2.Movimento e Psicomotricidade... 08 1.3.Educação Física Infantil...10 1.4.Ludicidade: considerações sobre a importância do brincar...12 1.5.Psicomotricidade relacional...15 CAPÍTULO II A Prática da Psicomotricidade...18 2.1 Psicomotricidade nas aulas de Educação Física...18 2.2 A relação da criança com o ambiente que a cerca...22 2.3 Proposta de atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física...23 Considerações finais e recomendações...29 Referências bibliográficas...31

INTRODUÇÃO Segundo Ferreira (2003), a psicomotricidade estuda a relação existente na formação psico (mente) e motriz (movimento) da criança e está relacionada ao processo de maturidade, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas e tem como objeto de estudo, o corpo humano, analisado através se sua dinâmica em relação ao mundo interno (corpo e mente) e externo (sociedade e ambiente) e também sua atuação, percepção, ação consigo, com os objetos e com a sociedade. A prática de atividades psicomotoras tem como objetivo desenvolver os aspectos intelectuais, afetivos e motores evidenciando a relação que há entre motricidade, mente e afetividade, facilitando o desenvolvimento global da criança que cresce vivenciando diversas técnicas que a auxiliarão no seu cotidiano durante todo o seu percurso de crescimento e desenvolvimento (FARINATTI, 1995). Segundo Pilar Sandréz, Marta Martinez e Iolanda Peñalver (2003) na prática psicomotora a criança experimenta e cria a noção de espaço, dentre outras experiências, portando essa aprendizagem por toda a vida. Observa-se então:... vai se projetando nos objetos as aquisições e as conquistas espaciais que realiza.assim, a criança conhece as noções que orientam seu corpo sob as coordenadas de em cima- embaixo, em frente- trás e direita esquerda, as quais atuam como eixos permanentes e orientadores do mesmo (MARTINEZ, Marta; PEÑALVER,Iolanda; SANCHEZ, PILAR, 2003. p.38). O movimento organizado e completo ocorre através das experiências vivenciadas, resultando em sua individualidade, linguagem e socialização e a educação psicomotora permite tal vivência, levando à aprendizagem do controle mental sobre a motricidade (FERREIRA, 2003). A Psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo com toda a sua história de vida e essa história se retrata no seu corpo, é o corpo em movimento considerando o como um todo. Trabalha também o afeto e desafeto

do corpo, desenvolve o aspecto comunicativo tornando possível domina-lo, economizar sua energia e pensar seus gestos a fim de trabalhar a estética, de aperfeiçoar seu equilíbrio. Segundo Fonseca (2004), as finalidades da psicomotricidade são: mobilizar e reorganizar as funções psíquicas relacionais do indivíduo em toda a sua dimensão experiencial desde bebê até a velhice; aperfeiçoar a consciência e o ato mental onde começa a elaboração e execução do ato motor; elevar as sensações e as percepções da ação aos símbolos e dos símbolos as ações, passando pela verbalização; harmonizar e maximizar o potencial motor, o desenvolvimento global da personalidade, a capacidade de adaptação social e a modificação da estrutura do processamento da informação do indivíduo; fazer do corpo um resumo da personalidade, reformulando a harmonia e equilíbrio das relações entre motricidade e psiquismo, pela qual a consciência se constrói e se manifesta a fim de promover a adaptação a novas situações. O desenvolvimento da criança tem como expressiva característica à presença do movimento. Este, representa sua forma de interagir com o ambiente, alcançar a comunicação, atuar como ser físico, pensante e social permitindo sua relação com seres da mesma espécie, ou seja, permitindo sua vida em sociedade (MANOEL, 2001). Considerando o ser em sua totalidade, a partir do exercício do corpo pelo movimento, e não do exercício pelo exercício, as atividades psicomotoras devem ser um meio para que o sujeito possa se integrar nos meios físico e social além de trabalhar a relação entre a consciência desse sujeito e o mundo ao seu redor (NASSER, 2004). Portanto, as atividades psicomotoras devem fazer parte do cotidiano das crianças, principalmente nas aulas de Educação Física, onde têm a oportunidade de correr, saltar, pular, rastejar, brincar sob orientação e supervisão do

professor. Essas atividades entre outras diversas, quando bem trabalhadas na infância, dão possibilidade da criança desenvolver suas habilidades motoras, aumentar sua cultura corporal e se praticadas em grupo, melhorar também a capacidade de viver em sociedade, levando a um desenvolvimento equilibrado e harmônico nas fases posteriores do crescimento até a fase adulta (MARTINEZ; PEÑALVER; SÁNCHEZ, 2003). Este trabalho tem como objetivo identificar a importância das atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física no ensino infantil e como estas atividades podem contribuir para o desenvolvimento das crianças da educação infantil, sendo realizado através de uma pesquisa bibliográfica que consiste em pesquisas a livros, artigos, documentos da internet, artigos científicos, monografias e material de sala de aula. Todo o material utilizado está em português e contém temas relacionados à Educação Física e/ou

Psicomotricidade a fim de buscar referências ao assunto estudado.

CAPÍTULO I PSICOMOTRICIDADE E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA 1.1 DESENVOLVIMENTO HUMANO O desenvolvimento de cada ser humano ocorre a partir do momento em que há a fecundação do óvulo pelo espermatozóide (momento da concepção) até a sua morte, sendo englobados nesse processo mudanças fisiológicas, físicas, psicológicas, ambientais que seguem determinados padrões (CAMPOS, 1997). Mimura (2005), define desenvolvimento como mudanças qualitativas (aperfeiçoamento ou aquisição de capacidades e funções) que permitem a realização de novos atos progressivamente mais complexos, com o aumento cada vez maior da habilidade. Ainda Mimura (2005), relata que tanto o desenvolvimento quanto o crescimento produzem modificações de forma ordenada nos componentes físico, emocional, social e mental do indivíduo não estando sujeito apenas a sua vontade e ocorrendo de forma natural. A autora define crescimento como aspecto quantitativo das proporções do organismo, ou seja, trata-se das mudanças das dimensões corpóreas, como peso, altura, perímetro cefálico entre outros. Diz ainda que maturação e aprendizagem estão interligadas e que é necessário que o profissional de Educação Física tenha conhecimento sobre os aspectos relacionados ao desenvolvimento humano para que não exija das crianças atitudes e comportamentos não compatíveis com seu nível de maturidade. Junior (2005) define maturação como processo que permite a mudança e o crescimento progressivo, nas áreas física e psicológica do organismo da criança e explica a aprendizagem como mudança sistemática do comportamento ou da conduta, que se realiza através da experiência e da repetição, dependente de fatores internos e externos (neuropiscológicos e ambientais).

Segundo Campos (1997), o desenvolvimento da inteligência ocorre desde o momento em que a criança começa a se relacionar com o ambiente, mas ressalta também a teoria de Piaget, que diz que a criança traz estruturas já construídas (cérebro, sistema nervoso, órgãos sensoriais, reflexos) planejadas para sua relação com o meio e ao utilizar essas estruturas na interação com o ambiente, inicia-se o processo de desenvolvimento das estruturas cognitivas. Ainda Campos (1997), descreve algumas teorias sobre desenvolvimento humano, desenvolvidas por estudiosos como Piaget, Vygotsky, Freud e Wallon. Piaget dividiu através de estágios seqüenciados o desenvolvimento cognitivo, sendo estes: estágio sensório motor (0 a 2 anos), conceitos são formados a partir de reflexos e sofrem modificações conforme a experiência adquirida; estágio pré-operatório (2 a 7 anos), pensamento egocêntrico, aparecimento da linguagem oral; estágio operatório concreto (7 a 11 anos), pensamento lógico, mas há a necessidade de do auxílio de materiais e exemplos concretos, ainda não é possível ordenar, seriar e classificar; estágio operatório-formal (dos 12 anos em diante), pensamento lógico e correto com base em possibilidades e hipóteses (FERREIRA, 2003). A teoria proposta por Jean Piaget a respeito do desenvolvimento cognitivo humano, preocupa-se com o desenvolvimento de estruturas que possibilitam a obtenção e expansão da experiência que são construídas através da interação entre o organismo e o ambiente (CAMPOS, 1997). Já a teoria de Vygotsky (desenvolvimento cognitivo através do aspecto social) considera a dupla natureza do ser humano, como pertencente a uma espécie biológica bem como ser que se desenvolve num grupo cultural. A teoria Vygotskiana assinala que a cultura é algo que o indivíduo utiliza como instrumento pessoal da consciência (passando a internalizar) como processo subjetivo, a partir de situações intersubjetivas e que o desenvolvimento ocorre a partir de transformações entre o meio e o Ser, dizendo que não pode haver uma alteração no sujeito e não haver respectivamente uma mudança no meio (VYGOTSKY, 1989).

Vygotsky propõe que a inteligência deve ser trabalhada a partir de dois níveis: 1º nível, o desenvolvimento real diz respeito da condição de solução de problemas que a pessoa consegue apresentar atuando sozinha e o 2º nível, o desenvolvimento proximal que é o estado de possibilidade de solução de problemas sob ajuda de um parceiro mais competente, termo de tratamento utilizado por Vygotsky para denominar o papel de uma pessoa com certo conhecimento à frente das demais que estão em busca desse conhecimento. Diz ainda que entre os dois níveis citados acima, existe uma zona de desenvolvimento proximal, a qual é a evolução do 1º para o 2º nível de inteligência (VYGOTSKY, 1989). A teoria de Freud é baseada na idéia da sexualidade infantil, existente desde o nascimento, quando o bebê vive em função da busca pelo prazer como por exemplo no momento a amamentação. Para Freud, os impulsos sexuais e agressivos são importantes para educação e para a construção do conhecimento. Sua teoria é portanto, dividida em etapas de desenvolvimento psicosexual, que são: fase oral de (0 a 18 meses de idade) a criança leva a boca tudo que pode tocar, é a fase do desenvolvimento da dependência e pode acarretar em características de otimismo ou pessimismo no indivíduo em fases posteriores; fase anal ( até aproximadamente 4 anos) necessidade de controlar fezes e urina e é caracterizado pelo desejo de posse e é a fase onde deve se estabelecer limites, ensinamento sobre regras e obediência além de poder surgir o acanhamento, a partir da forma de como será apresentada a criança a noção de respeitar limites; fase fálica (até os 7 anos) fase em que ocorre o Complexo de Édipo e caracterizada pelo despertar da atenção da criança para a região genital e para a diferença entre os sexos. Período de latência (dos 8 aos 11 anos) desenvolve-se o pensamento e o raciocínio e é a fase primordial para a obtenção de habilidades motoras, valores e papéis relacionados a moral e aceitos culturalmente; fase genital (após os 11 anos) fase entre a infância e a vida adulta onde o adolescente necessita de valor pessoal, identidade real e amor próprio para que possa tomar decisões importantes que acabam por construir sua personalidade, sua identidade (FERREIRA, 2003).

Junior (2005), relata a teoria de Wallon como a que estuda a evolução do psiquismo humano a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozóide, seu desenvolvimento até a sua morte, estabelecendo o indivíduo em suas determinações culturais e comparando-o a espécies de vida próximas ou mais afastadas. Ainda Junior (2005), expressa a teoria de Wallon de acordo com a sugestão de que a evolução do ser humano ocorre a partir das relações com o mundo humano, com a afetividade e com o conhecimento do meio físico dizendo que o caráter intelectual ocorre após a relação afetiva. Wallon analisou toda a personalidade humana, caracterizando cada estágio de desenvolvimento pelo surgimento do domínio de uma função sobre outras. Dividiu o processo de desenvolvimento em estágios, conhecidos como: estágio impulsivo puro o recém-nascido tem uma resposta reflexa a partir de estímulos, sem autocontrole e sem limites precisados pela idade, sendo caracterizado pela afetividade motora reflexa; estágio emocional (aos 6 meses de idade) a criança compartilha suas emoções com os adultos que a cercam; estágio sensório-motor (1 e 2 anos de idade) descobrimento do mundo através da motricidade, surgindo também a linguagem havendo assim, uma renovação do universo infantil; estágio do personalismo (aos 6 anos) a criança atinge a consciência de si e passa a reconhecer sua própria personalidade; adolescência (a partir dos 12 até os 18 anos) - fase entre a infância e a vida adulta onde a pessoa descobre que a vida social necessita ser orientada por valores morais e espirituais para que possa obter realização pessoal na vida (CAMPOS, 1997). Segundo Alves (2007), os primeiros anos de vida são de importância fundamental na vida do ser humano, pois as capacidades futuras de uma crianças podem ser afetadas se alguma perturbação não for detectada e tratada a tempo, causando problemas que podem afetar a aprendizagem da leitura e da escrita. Diz ainda que cada período do desenvolvimento è diferente do outro e em cada um deles a criança tem formas particulares de pensar e se

comportar determinando e estabelecendo seu caráter do que pode ser aprendido neste período e o que de melhor a criança é capaz de realizar. Embora haja padrões de progressão de desenvolvimento, existe a individualidade que faz com que existam diferenças entre a capacidade de conseguir executar novas ações entre uma e outra criança de acordo com sua idade. Por isso, não deve se comparar uma criança com a outra, já que cada uma progride conforme seu estilo e seu ritmo de desenvolvimento (MIMURA, 2005). 1.2 MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE O movimento está interligado à vida. É fonte de aprendizado, meio de comunicação desde o nascimento e através dele, é possível adquirir experiências que partem de situações mais simples às mais complexas que permitem o aprimoramento de algumas ações, que têm objetivos e finalidades. A partir do movimento, torna-se real ao Homem a capacidade de descobrir sensações de prazer e bem-estar, de experimentar novas situações, de conhecer a si, seu próprio corpo e o ambiente que o cerca, de evoluir e desenvolver cada vez mais suas potências (MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003). A partir do desenvolvimento motor, do controle do próprio corpo e utilização dos movimentos, podemos observar a criança e detectar as condições de qualidade dessa motricidade que aos poucos sofre variações, permitindo adequar-se a um tempo e um espaço e situando esse sujeito diante do mundo (MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003). Kyrillos e Sanches (2004), mostram que o movimento diz respeito á ação profissional da Educação Física e que o mesmo deve ser construído social, humano e culturalmente. Segundo os autores:

O movimento corporal ou movimento humano, que é tema da Educação Física não é qualquer movimento, não é todo movimento. É o movimento humano com determinado significado/sentido, que por sua vez lhe é conferido pelo contexto histórico cultural (KYRILLOS,Michel; SANCHES,Tereza 2004. p 169). Como a psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o Homem e seu corpo em sua expressão dinâmica estabelece ligações diretas com a motricidade e tem como fundamento três aspectos básicos: o movimento (base da postura e posicionamento diante da vida), o intelectivo (depende do movimento; qualidades da inteligência do pensamento humano) e o afeto (envolve as relações do sujeito com outros, com o meio e consigo mesmo) (KYRILLOS; SANCHES, 2004). Desta forma, a aprendizagem da criança está relacionada ao desenvolvimento psicomotor, que objetiva conhecê-la a partir de suas expressões motoras e produzir uma prática pedagógica empenhada em descobrir a base simbólica existente nas ações espontâneas, além de auxiliar no desenvolvimento evolutivo descrito pelos estudiosos Wallon, Piaget e Freud a partir das perspectivas psicobiológica, cognitiva e psicanalítica (MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003). O movimento é o que há de mais amplo e significativo no comportamento do ser humano, pois não corresponde apenas à um ato mecânico e abrange outros fatores intrínsecos a ele tais como os músculos e a emoção entre outros (MOLINARI; SENS, 2003). A partir da intenção de se expressar, movimentar-se passa a ser característica de comportamento humano, já que dessa forma sua ação tem um objetivo. Interfere nos processos integrativos, quando sua exteriorização é marcante na personalidade do Ser e sua importância é significativa para as estruturas da consciência social (FONSECA, 1998).

A criança tem a necessidade de se movimentar por ser um Ser ativo e se comunica através da linguagem ou expressão corporal em todos os seus momentos e através das suas brincadeiras, da sua ludicidade vivencia atividades e aperfeiçoa seu desenvolvimento motor. Observa-se então: O movimento humano é sempre um movimento situado; ele é sempre uma relação significativa entre situação e a ação, é sobretudo a concretização de uma presença dinâmica no mundo, que caracteriza e dimensiona a experiência pessoal (FONSECA, 1998. p 199). O que é chamado de padrão de movimento é decorrência de necessidades adaptativas quando a vida se inicia. Antes que ocorra um padrão de movimento, ocorre a expressão da inteligência não verbal. Segundo Freire (1992), não há a existência de padrões de movimentos, pois se ocorresse dessa forma acredita que haveria a padronização do mundo. Isto fica estabelecido nas manifestações de esquemas motores, das organizações de movimentos construídos em cada situação que dependem de recursos biológicos e psicológicos de cada ser humano em relação ao meio ambiente em que vive. Movimento não é apenas deslocar-se e na psicomotricidade o fundamental não é o movimento do corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade biopsicomotora em atuação contribuindo para o desenvolvimento global da criança com a experiência da ação corporal relacionada ao ambiente, das relações estabelecidas consigo e com os outros, com o espaço e com o tempo, com os objetos permitindo aos poucos que a criança interiorize experiências e assim interligue à sua realidade (MOLINARI; SENS, 2003). 1.3 EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL A Educação Física não está restrita apenas ao ato mecânico. Contém além da dinâmica corporal, atividades relacionadas ao cotidiano da criança, à

ludicidade, ao lazer, à integração e socialização de grupos. Por trás das brincadeiras e das atividades lúdicas estão as oportunidades para os educandos desenvolverem sua cultura corporal, sua espontaneidade, seu crescimento pessoal e social, o aperfeiçoamento dos movimentos naturais, a possibilidade de vivenciar desafios e desequilíbrios. Durante as aulas, através da psicomotricidade, os alunos conhecem o próprio corpo e este torna-se um recurso para que possam se expressar, vivenciar e adquirir novas experiências, novas formas de movimento e é neste espaço que há a possibilidade de sentirem a liberdade, de se movimentarem e sentirem prazer ao realizar uma atividade (KYRILLOS; SANCHES, 2004). Desta forma, observa-se: A expressão livre corporal só é possível na compreensão, já que o bloqueio afetivo acarreta um bloqueio físico e, como conseqüência, inibe toda expressão gestual normal, natural (LE BOULCH, 1982. p142). O desenvolvimento psicomotor é de fundamental importância para o ser humano e a infância é a maior fase de crescimento e desenvolvimento sendo base para as fases seguintes das próximas etapas da vida. Ao examinar o comportamento das crianças, é possível observar que têm vontades, sentimentos e necessidades próprias. Se, de acordo com esses fatores, for oferecida a condição de exploração do ambiente sob orientação de adultos e/ou profissionais respeitando seus interesses, as crianças virão a adquirir experiências que passarão a servir de suporte para melhor conhecimento do seu corpo e das suas possibilidades de movimento (NASSER, 2004). Através da Educação Física, a criança desenvolve suas aptidões perceptivas o que levam a um ajustamento do comportamento psicomotor. As atividades propostas nas aulas devem ocorrer com espontaneidade, respeitando os níveis de maturação biológica dos alunos para que estes possam desenvolver o controle mental e a expressão motora, devem ainda fornecer à criança a possibilidade de exploração do ambiente e experiências

concretas fundamentais para seu desenvolvimento intelectual, além de buscar educar os movimentos a partir das funções motoras cognitivas relacionadas a afetividade (MOLINARI; SENS, 2003). Atividades físicas recreativas propostas nas aulas da pré-escola até a 4ª série do ensino fundamental, também auxiliam o processo de desenvolvimento dos alunos e está relacionada às atividades psicomotoras. Elas devem ter o objetivo de favorecer a consolidação de hábitos higiênicos, a criatividade, a socialização, o desenvolvimento motor e mental e a melhoria da aptidão física contribuindo com a formação da personalidade dos alunos (MOLINARI; SENS, 2003). O objetivo da Educação Física no ensino fundamental até a 4ª série é estimular o desenvolvimento psicomotor, complementar o conhecimento das crianças e contribuir com sua formação integral. O profissional deve usar artifícios para despertar a criatividade dos alunos e através das atividades físicas, trabalhar os aspectos psicomotores: esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial, orientação temporal, coordenação motora fina e grossa, ritmo, domínio visual e freio inibitório afim de auxiliar no desenvolvimento e crescimento da criança (FERREIRA; KYRILLOS; SANCHES, 2003). Nas fases do desenvolvimento que englobam o período em que os alunos estão na fase escolar (pré-escola até a 4ª série do ensino fundamental), entende-se a Educação Física como fator imprescindível, já que principalmente nessa fase a criança começa a sistematizar seus conhecimentos e através das atividades realizadas com estas, há grande possibilidade de redução de dificuldades relacionadas à aprendizagem global dos escolares (MOLINARI; SENS, 2003). A relação existente entre psicomotricidade e Educação Física está baseada nas necessidades das crianças e é fundamental para que haja um desenvolvimento e crescimento favorável a elas. Com a educação psicomotora a Educação Física passa a ter o objetivo de incentivar a prática

do movimento em todas as etapas da vida de uma criança (MOLINARI; SENS, 2003). 1.4 LUDICIDADE: CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR De acordo com Pereira (2000), o universo infantil está presente em cada um de nós. Durante a infância, as experiências vivenciadas durante a vida deixam marcas expressivas e mesmo desconhecendo esta situação, as pessoas trazem e reproduzem nos gestos, nas falas e nos costumes. Tudo está registrado: os bens e males, e desta forma, participa da nossa história pessoal, podendo estar de forma oculta ou não em nossa memória. As brincadeiras e brinquedos unem-se a essa gama de experiências vividas. Ainda Pereira (2000), diz que as brincadeiras alimentam a imaginação, a criatividade, o companheirismo e a confiança e este conjunto é chamado de lúdico. Segundo Coelho e Ferreira (2001), o brincar possibilita a criança interpretar papéis e situações imaginárias, construindo um mundo da forma como gostaria que existisse, assumindo responsabilidades, estabelecendo relações de cooperação e respeito, aperfeiçoando as etapas de desenvolvimento psicomotor, cognitivo e afetivo tendo a percepção de vencer desafios e obstáculos por vivenciarem cada papel e situações semelhantes no mundo imaginário. Observa-se então:... a criança vai adquirir pouco a pouco confiança nela, e melhor conhecimento de suas possibilidades limites, com freqüência impostos pela presença da outra criança com quem ela deverá aprender a cooperar durante o jogo. Resumindo, a atividade lúdica

incide na autonomia e na socialização, condição de uma boa relação com o mundo ( LE BOULCH, 1982. p140). Para a criança, a brincadeira é imprescindível na construção da sua inteligência e do seu equilíbrio emocional sendo fator de grande contribuição para sua afirmação pessoal e integração social (TOSCANO, 1974). Através das atividades lúdicas, as crianças têm a oportunidade de libertar sua capacidade de criar e reinventar seu mundo, libertar sua afetividade e enxergar que suas fantasias são aceitas e exercitadas para que através desse mudo mágico possam explorar seus próprios limites. Segundo Kishimoto (2001), as brincadeiras e os jogos educativos são utilizados no cotidiano escolar com o objetivo de desenvolver o processo de ensino-aprendizagem além do desenvolvimento físico, emocional e social da criança. Considerando que a criança tem a capacidade de aprender de maneira intuitiva, de obter noções espontâneas através de processos interativos capazes de desenvolver o ser humano integral com sua inteligência e afetividade a brincadeira passa a ter um papel de grande importância para desenvolvê-la. As atividades lúdicas auxiliam as crianças a lidarem com sentimentos aflitivos, fazendo com que elas mantenham o entusiasmo e perseveranças diante dos desafios. Brincar e jogar são exercícios prazerosos da administração da realidade, onde se estabelecem regras básicas de convivência em sociedade, tornando-se possível adquirir autoconsciência. As brincadeiras tornam-se de importância primordial, pois através da situação lúdica tornam possível a capacidade de cada um encontrar formas de fazer o que quer aprendendo a compreender e atuar diante das forças que encontram-se no meio onde se vive. A brincadeira oportuniza a criança se humanizar. O brincar trás consigo o caráter da espontaneidade, da criatividade e da aceitação das morais da sociedade. Com as atividades lúdicas é permitido experimentar comportamentos que em outras situações poderiam não ocorrer devido ao medo de cometer erros ou sofrer punições. É com o ato de brincar que a

criança obtém prazer e motivação, é quando tem a oportunidade de não se preocupar com resultados ou cobranças sociais e através da ludicidade desperta-se o interesse por ações e explorações livres que auxiliam a espontaneidade e flexibilidade de quem brinca (VELASCO, 1996). A maior ocupação para crianças pequenas é brincar, não com movimentos, brincadeiras estáticas e sim correr, saltar, pular, jogar bola, brincar de boneca, se movimentar sozinho e com outras crianças para desenvolver sua capacidade criadora colocando em movimento o corpo e a mente. Faz-se necessário encarar o ato de brincar das crianças como ações sérias, de fundamental importância para seu desenvolvimento. Conforme Coelho e Ferreira (2001), deve-se valorizar a criança e suas atitudes, respeitando sua ludicidade, suas brincadeiras e seu desenvolvimento, proporcionando a construção do adulto saudável, equilibrado e criativo que suporta as situações e a s frustrações da vida cotidiana e que demonstra facilidade na resolução de problemas no dia-adia. O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana e propicia momentos de encontro do sujeito consigo mesmo (autoconhecimento) e com os outros, sendo um fator de grande importância no desenvolvimento do comportamento humano (ALMEIDA, 2005). Possuem características lúdicas as atividades que proporcionam aos praticantes a vivência do presente, do aqui-agora e que integram a ação ao pensamento e ao sentimento. Essas atividades devem conter o caráter de oportunizar e desenvolver capacidades como atenção, afetividade, concentração, imaginação, criatividade entre outras (ALMEIDA, 2005). Segundo Vigotsky (1984), é com o brincar que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva e passa a se comportar de forma mais avançada do que nas atividades da vida real, tanto pela vivência de uma situação imaginária quanto pela capacidade de subordinação às regras. Piaget (1998), acredita que o jogo, o lúdico, é essencial na vida da criança e que esta inicia seu exercício por prazer, repete determinada

situação por apreciar seus efeitos. Diz ainda que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança e é indispensável a prática educativa. 1.5 PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL A Psicomotricidade Relacional é o resultado do trabalho do estudioso francês André Lapierre e seus colaboradores, que a aproximadamente 20 anos desenvolvem uma proposta inovadora em relação a postura do adulto perante a criança e que tem por objetivo permitir à criança expressar suas dificuldades relacionais e auxilia-la a supera-las, sendo um método de ensino que está diretamente relacionado a aspectos psicoafetivos relacionais (PINTO, 2005). A proposta da Psicomotricidade Relacional é proporcionar a criança o jogo espontâneo, que permite a expressão de necessidades e desejos, onde torna-se possível a decodificação simbólica da sua atuação espontânea que permite intervenções na estruturação e evolução da dimensão afetiva do indivíduo (PINTO, 2005). Na escola, nas aulas de Educação Física, a prática desse método inovador busca favorecer e organizar as experiências corporais vivenciadas pelas crianças, que têm a possibilidade de criar situações que partem de suas possibilidades e experiências já adquiridas a partir de relações com o outro e com objetos, através de atividades interligadas as áreas cognitivas, afetivas, psicomotoras, sociais entre outras, havendo dessa forma uma contribuição significativa à formação global do indivíduo. No ambiente escolar, a psicomotricidade relacional tem a função de: prevenir problemas nas relações interpessoais (comportamentos agressivos, inibidos, passivos); promover a socialização (desenvolver a conduta social a partir de valores éticos e morais);

promover a integração e a aceitação das diferenças e favorecer uma aprendizagem. Ao nascer o ser humano possui uma consciência indiscriminada, não sendo capaz de diferenciar as coisas, os outros e se diferenciar entre as outras pessoas vindo a ganhar essa capacidade através das relações interpessoais que se iniciam desde o nascimento, no ambiente familiar, depois na escola e à sociedade (PINTO; TEIXEIRA, 2002). Sendo assim, o processo de relações estabelece o desenvolvimento da consciência reflexiva, permitindo às crianças aprender as possibilidades e funções das coisas, além de aprender também a se diferenciar entre os outros. Desta forma inicia-se o processo de construção da personalidade, que é a grande resultante das relações interpessoais, onde a criança através da socialização aprende suas possibilidades e seus limites sociais (PINTO; TEIXEIRA, 2002). Segundo Vieira (2005), a personalidade se estrutura e se modifica a partir de experiências relacionais, é a forma de perceber, reagir e estruturar nossas relações sociais através da comunicação entre seres humanos e entre as coisas que estão ao nosso redor, estabelecendo relações entre o nosso corpo e o corpo do outro, desenvolvendo o prazer de se comunicar, se socializar. Ainda Vieira (2005), diz que as vivências psicomotoras são relevantes atividades presentes na infância, por possibilitar tais experiências às crianças. A psicomotricidade na escola atua no âmbito preventivo, respeitando e favorecendo o desenvolvimento integral da criança, partindo da unicidade e globalidade do seu Ser. A partir do movimento liberal no jogo espontâneo, o prazer do brincar sem culpas e preocupações maiores propicia um espaço e momento único, o que contribui para a comunicação com o outro e com a descoberta do prazer no movimento, fator motivante para a busca de mais ação, mais exploração e construção, tornando a criança apta a abertura dos conteúdos culturais favorecendo a aprendizagem, que torna-se de melhor compreensão e entendimento por estar relacionada ao desejo de comunicar-se com o outro, de investir no espaço e descobrir o mundo (CARVALHO; CARVALHO, 2006).

CAPÍTULO II A PRÁTICA DA PSICOMOTRICIDADE 2.1- PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA Segundo Molinari e Sens (2003), o trabalho da psicomotricidade com as crianças deve prever a formação base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico oportunizando através de jogos e de atividades lúdicas que se conscientize sobre seu corpo. A psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento das habilidades motoras e criativas do ser humano de forma global, a partir do corpo, conduzindo a centralização da sua atividade e a busca do movimento e do ato, considerando patologias, disfunções, educação, aprendizagem entre outros e deve ser compreendida em sua integridade, já que consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do indivíduo em ação consigo, com o ambiente e com outros indivíduos (KYRILLOS; SANCHES, 2004). A educação psicomotora deve ser base na escola primária (educação infantil e ensino fundamental 1º ao 9º ano), pois condiciona todos os aprendizados dos pré-escolares e escolares, possibilita que a criança tome consciência do seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, dominar o tempo, obter coordenação dos seus movimentos. Deve ser exercitada desde a mais tenra idade e orientada continuadamente, permitindo prevenir inadaptações que tornam-se de difíceis correções quando já solidificadas (LE BOUCH, 1982). De acordo com Kyrillos e Sanches (2004), a Educação Física junto com a psicomotricidade no dia-dia na escola, têm o objetivo de melhorar e oportunizar o sujeito ao movimento, facilitando melhorias nas possibilidades de adaptação ao mundo externo, auxiliando na estruturação das

percepções. Ainda, segundo os autores, os benefícios da parceria Educação Física e psicomotricidade serão percebidos ao longo da vida do sujeito que provavelmente será um ser bem resolvido em suas questões internas. Molinari e Sens (2003), afirmam que a Educação Física é uma ação psicomotora exercida pela cultura sobre a natureza e o comportamento do ser humano, em função das relações sociais, das idéias morais, das capacidades e da maneira de ser de cada um, favorecendo determinados comportamentos que permitem transformações. A Educação Física não é limitada apenas à execução mecânica do exercício motor e é constituída por atividades relacionadas ao cotidiano da criança, à ludicidade e ao lazer. A criança passa a ter conhecimento a partir do momento em que há ação, observa e se relaciona com o mundo enfrenta desafios e troca informações com outras crianças e adultos (KYRILLOS; SANCHES, 2004). Vigotsky (1998), considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que suas funções psicológicas são construídas ao longo dela. Diz ainda que o sujeito é um Ser interativo e que a criança utiliza as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações. Segundo Fonseca (1998), é o movimento que promove uma estruturação interna que se prepara para futuras realizações e é a integração mental da ação motora que expressa a individualização do sujeito, caracteriza o comportamento humano e através de aquisições motoras integrada há a relação com o desenvolvimento psicofisiológico. A relação do aspecto motor com a psicomotricidade é forte e é a partir do desenvolvimento da motricidade nas crianças que é possível detectar se está ocorrendo um desenvolvimento dos outros aspectos psicomotores, o que contribui para o desenvolvimento global do Ser. O movimento é sua própria fonte de aprendizado e permite aquisição de experiências que passam a ter finalidades e objetivos, contribuindo assim com o auto-

conhecimento e evolução, concomitantemente as competências humanas (MARTINEZ; PEÑALVER; SANCHEZ, 2003). Segundo Martinez, Peñalver e Sánchez (2003), o desenvolvimento da inteligência e da personalidade de uma criança exige organização e estruturação do eu e do mundo a sua volta, que ocorre a partir de experiências e vivências que requerem certa racionalidade e afetividade, que podem ocorrer por exemplo em atividades no ambiente escolar. As aulas de Educação Física são na escola o momento que as crianças possuem para se expressar, brincar e desenvolver habilidades motoras e corporais que podem estar interligadas a outras disciplinas (interdisciplinaridade) o que pode se tornar um fator motivante e dessa forma, auxiliar outros aspectos trabalhados na escola, como por exemplo a cognição dos alunos (SOARES, 1996). Os familiares têm fundamental importância no desenvolvimento das suas crianças, já que são desde o nascimento, a primeira instituição social que entra em contato com os pequeninos e estimulam seus movimentos, suas sensações e descobertas, além de serem os principais responsáveis pela educação das crianças (ROCHA, 2004). Para que haja uma maior compreensão das necessidades dos alunos e colaboração com seu desenvolvimento em todos os sentidos no ambiente escolar, é necessário que o professor tenha conhecimento das reais necessidades das crianças, pois cada uma apresenta sua individualidade, um estilo e ritmo próprio além de sofrerem influências do ambiente constantemente. Esses fatores devem ser respeitados e para que ocorra um trabalho de melhor qualidade em relação à educação escolar, incluindo a Educação Física, em imprescindível que ocorra troca de informações sobre o desenvolvimento das crianças na escola entre pais e professores (MIMURA, 2005). A prática de atividades físicas com regularidade na infância oferece imensos benefícios no desenvolvimento da criança, tais como: auxílio no crescimento físico, melhor desenvolvimento das capacidades físico-motoras,

valorização da auto-estima, auxílio no desenvolvimento cognitivo e criação de novas amizades (cooperação, socialização e afetividade). A prática de atividades físicas deve ser estimulada nas aulas de Educação Física Escolar, com o objetivo de socializar, prevenir a saúde dos alunos e desenvolver práticas corporais favoráveis a vida desses pequenos cidadãos (NETO, 1995). O professor deve utilizar atividades lúdicas para despertar a motivação nos alunos, já que o lúdico torna-se muito mais interessante se compartilhado entre as crianças, e utiliza-las também para trabalhar as mais diversas atividades, incluindo as psicomotoras, promovendo a interação entre os alunos de forma a contribuir com seu desenvolvimento social. A partir da interação com o meio social e físico a criança tem um desenvolvimento abrangente e eficiente, indicando que o envolvimento com o meio social desencadeia variados processos que auxiliam seu desenvolvimento (QUINTÃO et al, 2005). As atividades psicomotoras nas aulas de Educação Física devem ser fundamentadas em três aspectos: o movimento (como base das posturas e posicionamentos diante da vida), o intelecto (seu desenvolvimento depende do movimento para se estabelecer, desenvolver e realizar-se) e o afeto (envolve as relações do indivíduo com o mundo, com os outros e consigo mesmo). Sendo assim, a psicomotricidade deve junto a Educação Física, garantir a afetividade e socialização no desenvolvimento das crianças, a partir de atividades que estimulem a livre expressão e iniciativa, a busca da autoconfiança e aceitação e convivência com as inúmeras diferenças encontradas nos variados grupos de suas relações sócias, auxiliando seu crescimento pessoal e social (KYRILLOS; SANCHES, 2004). Através das atividades físicas, voltadas para o desenvolvimento psicomotor dos alunos nas aulas de Educação Física, devem despertar a criatividade e devem ser associadas aos potenciais intelectuais permitindo o desenvolvimento dos escolares bem como uma evolução cognitiva (KYRILLOS; SANCHES, 2004).

De acordo com Ferreira (1995), o espaço reservado as aulas de Educação Física podem apresentar diversas características relativas ao local das aulas práticas, ao uso de material de acordo com a geografia do local e os aspectos sócio-culturais e climáticos. A escola é um espaço social e a Educação Física toma o movimento como instrumento de trabalho para o desenvolvimento cinestésico-motor dos seus alunos. É imprescindível que o local destinado das aulas práticas da disciplina aqui tratada seja amplo, arejado, sem barreiras arquitetônicas e que permita a movimentação e que não limite as diversas formas de exploração do movimento corporal (JUNIOR, 2005). A CERCA 2.2 A RELAÇÃO DA CRIANÇA COM O AMBIENTE QUE A criança passa a maior parte do seu dia na escola, instituição social que deve proporcionar para os alunos a integração dos conhecimentos que vierem a ser recebidos por eles nos aspectos corporal, mental, social e emocional trabalhando o aluno como ser holístico de forma que a motricidade interaja com os fatores cognitivos, sociais, e emocionais de forma complexa. Nas aulas de Educação Física, onde a ludicidade prevalece, surge a oportunidade da criança aperfeiçoar e desenvolver os movimentos naturais e aprendidos (KYRILLOS; SANCHES, 2004). O professor no trabalho com a psicomotricidade deve se tornar um facilitador e não apenas um transmissor de conhecimento e ensinamentos estabelecidos. Deve proporcionar a criança tempo para suas descobertas e oferecer estímulos variados tornando possível a vivência de experiências realizadas pelo corpo inteiro que possam construir o desenvolvimento global dos alunos. No trabalho com a psicomotricidade, deve haver a conscientização de responsáveis, pais e coordenadores de escolas mostrando o objetivo do trabalho realizado (ALVES, 2007).

Para que os pais possam ser mais compreensivos, há a necessidade de descobrir as capacidades e necessidades dos seus filhos. Informações sobre o desenvolvimento dos filhos são importantes para que os responsáveis possam interferir positivamente na vida das crianças, oferecendo estímulos corretos correspondentes e compatíveis à fase de amadurecimento que a criança está vivenciando (MIMURA, 2005). O esclarecimento aos pais sobre a importância da atividade física na infância e principalmente das atividades psicomotoras é fundamental como apoio social do professor compromissado com o desenvolvimento dos seus alunos. Quando os pais recebem informações sobre os aspectos que influenciam na vida dos seus filhos, surge a capacidade de compreender, controlar e estimular melhor essas crianças, amenizando conflitos e frustrações (BEE, 1996). 2.3 PROPOSTA DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL O período em que as crianças freqüentam a educação infantil é em média de dois anos e nesse período o que se espera é que haja o favorecimento do seu desenvolvimento global, fortalecimento enquanto sujeito e construção da sua identidade e autonomia bem como construção da sua unidade corporal. A lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96, art 29, define ser a finalidade da educação infantil o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade. Na educação infantil a descoberta do corpo, de suas emoções e sensações, seus limites e movimentos são de fundamental importância para a criança que nesta fase encontra-se em período de construção da sua imagem corporal. As atividades psicomotoras então tornam-se essenciais

porque devido a ludicidade intrínseca é possível através de brincadeiras a vivência dos aspectos motores, sensoriais e emocionais ampliando o conhecimento de mundo da criança. A Educação Física na educação infantil deve ajudar a criança a criar situações, experimentar desafios, e auxilia-la na ação consciente, além de desenvolver a afetividade visando a conquista da autoconfiança, livre expressão e iniciativa. O aprender em Educação Física não se limita apenas a um ato mecânico motor, mas sim a atividade relacionada dia-a-dia da criança bem como à ludicidade e ao lazer. A psicomotricidade nas aulas de Educação Física tem o desafio de propiciar ao aluno o conhecimento do seu corpo utilizando-o como instrumento de expressão e realização de suas necessidades, havendo o respeito por suas experiências anteriores e permitindo condições de criar e adquirir novas possibilidades de movimento (KYRILLOS; SANCHES, 2004). As atividades psicomotoras, jogos, brincadeiras, desenvolvidas nas aulas de Educação Física devem integrar aspectos motores, afetivos, cognitivos e sociais e podem auxiliar no processo de ensino-aprendizagem e melhorar o comportamento dos alunos. No ensino infantil, essas experiências devem ser vivenciadas a fim de que sejam internalizadas e assimiladas (ALVES. 2007). Os aspectos psicomotores a serem desenvolvidos com as atividades são: esquema e imagem corporal, lateralidade, coordenação motora global e fina, orientação espacial e temporal, equilíbrio, ritmo além dos aspectos afetivos que devem estar presente nas aulas. Essas atividades ainda podem ser funcionais, referentes à integralização motora do indivíduo em um determinado espaço e tempo, cuja ação e qualidade podem ser percebidas e mensuradas ou relacionais, que permeiam as relações de desejo, frustração e integração do indivíduo com o meio, com o espaço, com objetos e consigo mesmo (JUNIOR, 2005). Esquema corporal é o elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança, pois reflete o equilíbrio entre as funções

psicomotoras e sua maturidade. Segundo Le Bouch (1982), esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam. As atividades que podem trabalhar esse aspecto são: brincar de carrinho de mão, desenhar-se em tamanho natural e depois contornar-se por cima do desenhado para posterior comparação; dançar com amigo no ritmo da música tocando somente a parte do corpo pedida pelo professor; o aluno caminhará pela sala tendo que colocar a parte do corpo pedida pelo professor na frente de todas as outras partes do corpo. Imagem corporal segundo Alves (2007), diz respeito aos sentimentos do indivíduo em relação à estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade, dinâmica e equilíbrio corporal. As relações entre o corpo e os objetos situados no espaço ao seu redor referem-se aos conceitos direcionais do indivíduo e à consciência de si próprio e do desempenho do que ele cria no espaço. Nessa área, podem ser desenvolvidas atividades como espelho mágico, onde uma criança fica de frente para a outra e deve imitar a amiga as crianças caminharam por um espaço tendo que colocar a parte do corpo pedida pelo professor na frente de todas as outras partes do corpo. Lateralidade é uma dimensão da atividade motora humana marcada pela dominância de um lado corporal sobre o outro. Um lado do corpo, e conseqüentemente uma parte do cérebro assume uma ascendência nas variadas atividades motoras e perceptivas. A lateralidade pode ser compreendida como a bússola do esquema corporal. Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral. Será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais. O conhecimento e o domínio do corpo só é adquirido pela criança quando há uma perfeita sintonia do esquema corporal. Os tipos de lateralidade são: ocular, auditiva, manual e pedal e pode ser unilateral (definida), cruzada (respostas em lados diferentes do corpo) ou ambidestra (eficiência mecânica dos dois lados).

Existem brincadeiras infantis que auxiliam no desenvolvimento da lateralidade como amarelinha, que deve ser incorporada a aula de Educação Física com esse objetivo. Outras atividades que podem ser realizadas são: percorrer espaços demarcados no chão com linhas, ora com um pé, ora com outro; cruzar instruções: mão direita na orelha esquerda, calcanhar esquerdo no joelho direito. A coordenação motora global segundo Junior (2005), é a possibilidade do controle e da organização da musculatura ampla para realizar movimentos complexos, refere-se à aquisição do uso mais eficiente dos músculos esqueléticos (grandes músculos) na produção de uma ação corporal global coordenada e efetiva. As atividades indicadas para desenvolvimento desse fator psicomotor são: andar com uma bola entre as pernas; saltar de diferentes formas, com um pé só com os dois pés, por cima de objetos; brincar de carrinho de mão. Coordenação motora fina é a capacidade de usar de forma eficiente e precisa os pequenos músculos, produzindo assim movimentos delicados e específicos. Este tipo de coordenação permite dominar o ambiente, propiciando manuseio dos objetos e resulta do desenvolvimento dos sistemas musculares delicados ou pequenos, a um grau em que eles podem desempenhar pequenos movimentos específicos como recortar, lançar em um alvo, entre outros movimentos que necessitam de precisão (ALVES, 2007). As atividades que podem trabalhar o desenvolvimento dessa área são: realizar pinturas com os dedos dos pés e das mãos; brincar com jogo de pegavaretas; fazer dobraduras, realizar cortes de folhas de jornal com os pés descalços. Ainda há as coordenações óculo-manual e óculo-pedal que dizem respeito à capacidade do indivíduo usar conjuntamente seus olhos e mãos para concretizar uma tarefa e à capacidade do indivíduo usar conjuntamente seus olhos e pés para concretizar uma tarefa, respectivamente. Para esses fatores psicomotores as atividades que podem contribuir são: lançar bolas em local determinado com as mãos, brincar de dardo, caminhar direcionando uma bola com os pés até um local determinado (JUNIOR, 2005).