EXMO. SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE [ ] Processo n.º [ ] reversão e apensos [ ], residente na [ ], contribuinte n.º [ ], executado por reversão, tendo sido citado para deduzir OPOSIÇÃO JUDICIAL vem fazê-lo nos termos da alínea b) do artigo 204.º do C.P.P.T e com os fundamentos seguintes: I - DOS FACTOS 1.º O Opoente foi sócio gerente da sociedade por quotas [ ], conforme certidão permanente com o código de acesso [ ], tendo deixado de exercer funções efectivas de gerência em [ ] por motivos de saúde, conforme relatório médico que se junta como documento n.º1. 2.º De [ ] em diante a gerência, de direito e de facto da mencionada sociedade, foi exercida pelos sócios gerentes [ ] e [ ]. 3.º Sócios gerentes que impediram a entrada do Opoente na sede da devedora originária, tendo inclusive mudado a fechadura da porta da sede da mesma. 4.º Não obstante não exercer qualquer actividade na [firma] desde [data], o Opoente só veio a registar a cessação de funções de membro do de órgão social com data de [ ].(cfr. Certidão permanente) 5.º Posteriormente, o Opoente transmitiu as quotas de que era titular na mencionada sociedade (cfr. Certidão permanente), conforme escritura de cessão de quotas que se junta sob documento n.º 2.
6.º Assim, com excepção da assinatura de uma acta para alteração do valor do capital social de escudos para euros que se estima ter ocorrido no ano de [ ] - desde [ ] que o Opoente não pratica qualquer acto que coubesse no âmbito das funções de gerente. 7.º Sendo que, o Opoente apenas anuiu a um pedido dos sócios gerentes [ ] e [ ] porque a sociedade ainda não havia procedido à alteração dos estatutos nem ao registo da cessação das suas funções de gerente. 8.º A partir do aludido ano de [ ] que o Opoente não toma qualquer decisão quanto ao destino da sociedade; 9.º nunca mais entrou nas suas instalações, 10.º nunca interveio em qualquer transacção comercial da mesma, 11.º não recebeu qualquer remuneração da sociedade; 12.º nunca assinou documentos em nome e representação da sociedade, nem praticou actos de disposição ou administração em nome e no interesse da sociedade; 13.º jamais assinou algum cheque ou contratou algum trabalhador; 14.º não teve mais acesso aos documentos contabilísticos da sociedade, desconhecendo em absoluto a situação patrimonial e financeira da sociedade e, designadamente se a mesma deixou de cumprir com as suas obrigações fiscais e perante a segurança social. 15.º Tal como supra referido, a gerência de facto era exercida pelos sócios gerentes [ ] e [ ] que conduziam os destinos da sociedade e tomavam decisões comerciais e financeiras.
16.º Os sobreditos gerentes eram, e são, os interlocutores junto de todas as entidades, públicas e privadas, com as quais a sociedade se relacionava; 17.º Eram os gerentes [ ] e [ ] que pagavam, designadamente, a fornecedores, trabalhadores, finanças e segurança social. 18.º Atento o acima exposto é por demais evidente que o Opoente não exerce a gerência de facto da [firma] desde [ ]. 19.º Tendo deixado de ter contacto com a sociedade. 20.º Deflui do acima exposto que, o Oponente não é responsável pelo pagamento da quantia exequenda. II DO DIREITO ILEGITIMIDADE 21.º De acordo com o disposto no artigo 153.º do C.P.P.T, podem ser executados no processo de execução fiscal os devedores originários e seus sucessores. 22.º Compulsado o artigo 24.º da L.G.T., são devedores subsidiários os membros dos corpos sociais e responsáveis técnicos, desde que exerçam, ainda que somente de facto, funções de administração ou gestão das pessoas colectivas (sublinhado nosso). 23.º Tal responsabilidade, a existir, verifica-se quanto às dívidas tributárias cujo facto constitutivo se tenha verificado no período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega tenha terminado no período de exercício do seu cargo.
24.º Donde, pelas dívidas contantes na certidão de dívida posteriores a [ ], data do registo da cessação de funções do oponente, não pode subsistir qualquer dúvida quanto à ilegitimidade do Oponente. 25.º No tocante ao passivo fiscal acumulado até [ ] resulta provado dos factos acima aduzidos, que o Opoente não exercia a gerência de facto e, consequentemente, não pode ser responsabilizado pelo respectivo pagamento. III DA FALTA DE PRESSUPOSTOS DA REVERSÃO 26.º Ora do despacho de reversão não resulta indiciada, e muito menos provada, a culpa do opoente. 27.º Acresce ainda que, de acordo com o prevenido no artigo 153.º do C.P.P.T., complementado pelo n.º 3 do art. 23.º da L.G.T., o chamamento à execução dos responsáveis subsidiários, bem assim como o prosseguimento da execução, depende da verificação da insuficiência de bens penhoráveis do devedor ou da fundada insuficiência, de acordo com elementos constantes do auto de penhora e outros de que o órgão de execução fiscal disponha, do património do devedor para a satisfação da dívida exequenda e acrescido. 28.º Com efeito, só após a excussão do património do devedor principal está a administração fiscal habilitada a operar a reversão do processo de reversão fiscal. 29.º As decisões da administração devem ser fundamentadas de direito e de facto (art.ºs 77.º da L.G.T., 268.º n.º 3 da C.R.P. e 125.º do C.P.A.), porém, o despacho de reversão contém uma incipiente e mesmo deficiente fundamentação.
30.º Todavia, compulsado o despacho de reversão, a administração fiscal não fundamenta de facto, por via da concretização dos actos de gerência exercidos pelo opoente, o exercício efectivo da gerência da sociedade; 31.º Por outro lado, no mesmo despacho, refere sumariamente que concluíram pela inexistência de bens na titularidade da executada, sem concretizar quais as diligências adoptadas durante a fase administrativa que sustentam tal inserção. 32.º O despacho de reversão assenta, exclusivamente, nas informações constantes na base de dados da Segurança Social! 33.º De tal forma que conclui erradamente, que o aqui Oponente, era gerente da sociedade, sem considerar o registo da cessação de funções de gerente. 34.º Não obstante, de forma conclusiva, o despacho em crise considera provado o exercício da gerência de facto da executada pelo opoente, ao tempo a que as dívidas dizem respeito. 35.º Em suma, o despacho de reversão está ferido nulidade por falta de fundamentação, que desde já se invoca para os legais efeitos. 36.º Com efeito, conforme expendido pelo Conselheiro Jorge Lopes de Sousa, no Código de Processo Tributado anotado, Volume II, pagina 51, ( )o despacho de reversão, embora proferido num processo de natureza judicial, tem natureza de acto administrativo (art. 120.º do C.P.A), pelo que são de fazer dele as exigências legais próprias deste tipo de actos, designadamente no que concerne à fundamentação (268.º nº 3 da CRP e 77.º da L.G.T.). 37.º O meio é próprio e a oposição está em tempo.
Nestes termos e nos mais de direito, deve ser julgada procedente por provada a oposição apresentada pelo Opoente, e consequência: a) Ser declarada a nulidade do despacho de reversão fiscal com fundamento na ausência de declaração fundamentada dos pressupostos e da extensão da reversão fiscal, no momento da citação do aqui Opoente, em virtude de tal formalidade gerar um grave prejuízo para o mesmo; caso assim não se entenda, o que apenas por mero dever de patrocínio se concebe: b) Ordenada a suspensão da instância até à excussão do património da devedora originária, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 23.º da L.G.T; c) procedente por provada, a invocada excepção dilatória da ilegitimidade do Oponente, absolvendo-se o mesmo da presente instância executiva, ao abrigo do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 204.º do C.P.P.T; sem prejuízo de se considerar: d) Considerada Procedente por provada, a oposição ora deduzida e, em conformidade, declarada extinta a execução quanto ao Oponente, em virtude do mesmo não ter sido gerente de facto nem responsável, directa ou indirectamente, pela degradação da situação patrimonial da sociedade devedora originária. ARROLA AS SEGUINTES TESTEMUNHAS: [...] VALOR: O da execução JUNTA: Autoliquidação da taxa de justiça, procuração e dois documentos A Advogada