Coaching para Profissionais Humanitários

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Transcrição:

WORSHOP Coaching para Profissionais Humanitários Universidade Fernando Pessoa Porto 11 de Setembro de 2013 Joana Ramos Monteiro Psicóloga Clínica & Neuropsicóloga

ENFERMAGEM HUMANITÁRIA PROFISSIONAIS HUMANITÁRIOS CONTEXTOS

ENFERMAGEM HUMANITÁRIOS GRANDES PILARES 1.º Pilar Ajuda Humanitária Forma de solidariedade e/ou cooperação destinada a determinados tipos de população expostos por catástrofes, cenários de guerra e/ou de pobreza, situação de carências humanitárias as vários níveis 2.º Pilar Ação Social Promover e facilitar a inclusão e integração social de grupos com dificuldades de inserção, carências socioeconómicas e sócio-afetivas, com o objetivo de minimizá-las

MISSÃO, PAPEL, COMPETÊNCIAS e VALORES O enfermeiro em missão ter um papel multifuncional passando do planeamento da missão à efetiva prestação de cuidados de saúde e comunitários Competências: formação, compreensão, adaptação, flexibilidade, sensibilidade, responsabilidade, interpretação, concretização e gestão do risco e de conflitos Trocar o valor de curar pelo cuidar permitindo que os doentes/populações consigam alcançar bem-estar físico, moral, psicológico e social visão holística inserida na perspetiva biopsicossociocultural

EXIGÊNCIAS, CENÁRIOS e CUIDADOS EXIGÊNCIAS: - Capacidade de adaptação ao meio e comunidade - Construção de relações eficazes e eficientes com a população-alvo - Caraterísticas pessoais e profissionais que vão de encontro aos objetivos da missão e das organizações que representam - Competências de logística, planeamento, organização, ensino, formação, tratamento, reabilitação e capacidade extrema de polivalência - Estabilidade emocional para a gestão do risco e de conflitos, intrincados em adequadas estratégias de coping para lidar com o desconhecido e improviso - Trabalho sobre pressão e tensão - Disponibilidade

Cenários, Cuidados e Exigências CENÁRIOS: - Guerra - Destruição - Extrema pobreza - Catástrofe - Violência contra a integridade física (assassinatos, violações, mutilação, tratamento cruel e torturas, ) - Ameaças à Saúde Pública, Políticas, Governamentais, CUIDADOS: - Grande variedade de intervenções de saúde na comunidade e para a comunidades, envolvendo cuidados primários, secundários e terciários

Quando estes sorrisos deixam de ser capazes de acalentar a dor, exaustão, desgaste psicológico e físico do que é sentido e vivido em missão!

STRESS - DO NORMAL AO PATOLÓGIVO Há exigências mas falta de recursos emocionais e consequente ausência de mecanismos de coping EFEITO NEGATIVO - Falha dos Mecanismos de Coping As dificuldades de adaptação promovem o aparecimento de estados de desorganização emocional, sintomatologia psicossomáticas e manifestações de foro psicopatológico quando falham os esforços cognitivos, físicos e os recursos emocionais para dar respostas aos estímulos Tipo de Respostas ao Stress: Emocionais, Cognitivas e Físicas

CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO e FÍSICO A intensa interação dos profissionais de saúde gera indubitavelmente níveis de stress STRESS: Síndrome Geral de Adaptação Permanente Ansiedade Normal Capacidade Adaptativa (faz parte da nossa vida como motor estimulante em muitas das circunstâncias) Do Normal ao Patológico

EFEITOS NEGATIVOS DO STRESS Ansiedade Generalizada Ansiedade (sintomas mais específicos) - Reação Aguda Ataques de Pânico Depressão Perturbação Adaptação Stress Pós-Traumático Burnout

CONSEQUÊNCIAS? PORQUÊ? As consequências são promovidas e originadas pela panóplia de fatores extrínsecos e intrínsecos que envolvem o profissional e a missão humanitária com todas as suas especificidades Fatores Extrínsecos: cenários, contextos, cultura, escassos recursos, aspetos políticos e organizacionais Fatores Intrínsecos: personalidade, suporte social e familiar, vulnerabilidade psicológicas e físicas

FATORES QUE INFLUENCIAM AS RESPOSTAS AO STRESS: Experiências Passadas (Construção da Personalidade) Disponibilidade e Definição de Objetivos Diferentes Fases de Vida Saúde Mental e Física Recursos Emocionais Vulnerabilidade VS Lidar com Novo Crenças (cognições em relação às nossas capacidades, atitudes, valores Perceção das Situação Iniciativa e Resposta/Resolução Ativa ao Inesperado

STRESS PÓS-TRAUMÁTICO Todas estas experiências fazem parte do leque de acontecimentos que podem dar origem ao desenvolvimento de Perturbações Pós-Stress Traumáticas o que em termos de conceção etiológica, torna esta patologia a 1.ª, onde é possível estabelecer um elo causal entre acontecimentos causais e sintomas (Pereira, M. & Monteiro-Ferreira, J., 2003) A exposição a situações traumáticas é uma condição necessária ao desenvolvimento de perturbações psicológicas. Não obstante, muitas vezes não são suficientes ou não parecem suficientemente perturbadas mesmo na presença de life events extremos, depende da personalidade do sujeito e dos seus recursos de coping existentes

STRESS PÓS-TRAUMÁTICO Critérios do DSM-IV TR Perturbação Pós-Stress Traumático (309.81) A. A pessoa foi exposta a um acontecimento traumático em que ambas as condições seguintes estiveram presentes: 1) A pessoa experimentou, observou ou foi confrontada com um acontecimento ou acontecimentos que envolveram ameaça de morte, morte real ou ferimento grave, ou ameaça à integridade física do próprio ou de outros; 2) A resposta envolve medo intenso, sentimento de falta de ajuda ou horror. B. O acontecimento traumático é reexperienciado de modo persistentes de 1 ou mais dos seguintes modos: 1) Lembranças perturbadoras intrusivas e recorrentes do acontecimentos que incluem imagens, pensamentos ou perceções; 2) Sonhos perturbadores recorrentes acerca do acontecimento; 3) Atuar ou sentir como se o acontecimento traumático estivesse a recorrer (inclui a sensação de estar a reviver a experiência, ilusões, alucinações e episódios de flashback dissociativos, incluindo os que ocorrem ao acordar ou quando intoxicados).

STRESS PÓS-TRAUMÁTICO Critérios do DSM-IV TR Perturbação Pós-Stress Traumático (309.81) 3) Mal-estar psicológico intenso com a exposição a estímulos internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a aspetos do acontecimentos traumáticos; 4) Reatividade fisiológica durante a exposição a estímulos internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a aspetos do acontecimento traumáticos. C. Evitamento persistente dos estímulos associados com o trauma e embotamento da reatividade geral (ausente antes do trauma), indicada por 3 ( ou mais) dos seguintes itens: 1) Esforços para evitar pensamentos, sentimentos ou conversas associadas ao trauma; 2) Esforços para evitar atividades, lugares ou pessoas que desencadeiam lembrança trauma; 3) Incapacidade para lembrar aspetos importantes traumas 4) Interesses fortemente diminuído na participação em atividades significativas; 5) Sentir-se desligado ou estranho em relação aos outros; 6) Gama de afetos restringidos (e.g. incapaz de gostar dos outros); 7) Expetativas encurtadas em relação ao futuro (e.g. não esperar ter uma carreira, casamento, filhos ou um desenvolvimento normal de vida).

STRESS PÓS-TRAUMÁTICO Critérios do DSM-IV TR Perturbação Pós-Stress Traumático (309.81 D. Sintomas persistentes de ativação aumentadas (ausentes antes do trauma), indicados por 2 (ou mais) dos seguintes itens: 1) Dificuldade em adormecer ou em permanecer a dormir; 2) Irritabilidade ou acesso de cólera; 3) Dificuldade de concentração; 4) Hipervigilância; 5) Resposta de alarme; E..Duração da perturbação (sintomas dos Critérios B,C e D) superior a 1 mês. F. A perturbação causa mal-estar ou deficiência no funcionamento social, ocupacional ou qualquer outra área importante. A Especificar-se: Aguda: se a duração dos sintomas é inferior a 3 meses. Crónica: se a duração dos sintomas é igual ou superior a 3 meses.

STRESS PÓS-TRAUMÁTICO Segundo o DSM-IV TR, a sua prevenção e tratamento podem ser notavelmente melhorados ao proporcionar cuidados imediatos, diretos e que alimentem a esperança para reduzir o mal-estar e as complicações (2002) A prevenção é mais fácil de obter do que a cura A principal razão pela qual o novo diagnóstico de Perturbação Aguda de stress foi incluída no DSM-IV foi a de permitir uma identificação e intervenção precoce devido ao considerável risco de cronicidade

SÍNDROME DE BURNOUT O termo BURNOUT deriva da conjugação de burn (queima) e out (exterior) O burnout foi definido em 1981 por Maslach e Jackson como um síndrome que se carateriza pela exaustão emocional, despersonalização e de redução de realização pessoal Causa Major: prolongamento a situações de elevada exigência emocional e stress no local de trabalho Ocorre com elevada frequência nos profissionais da área dos serviços humanos e saúde Este síndrome psicólogo desenvolve-se gradualmente, numa face inicial pode permanecer oculto ser identificado pela pessoa ou outro profissional de saúde As estratégias de coping inadequadas levam à sua autoperpetuação

CAUSAS Segundo Maslach e outros autores (2009), identifica-se 6 áreas principais de risco ou causas de Burnout: I) Sobrecarga de trabalho II) Ausência de comunidade III) Falta de justiça IV) Sentimento de recompensa insuficiente (dimensão material e/ou psicológica) V) Conflito de valores VI) Falta de controlo

SINTOMAS E CONSEQUÊNCIAS Benevides-Pereira e Moreno-Jimenez (2003) caracteriza 4 tipos de sintomas: 1. Sintomas físicos 2. Sintomas psíquicos 3. Sintomas comportamentais 4. Sintomas defensivos Gil-Monte(2003) resume os sintomas a 4 grandes categorias: 1. Sintomas emocionais; 2. Sintomas comportamentais 3. Sintomas atitudinais 4. Sintomas psicossomáticos CONSEQUÊNCIA MAJOR - SOCIAL

SÍNDROME DE BURNOUT Segundo a Classificação Internacional para a Prática da Enfermagem (CIPE) Processo de coping com caraterísticas específicas: depleção de energia a períodos longos de stress crónico e não aliviado, falta de apoio, falta de relações respeitosas, pressão externa, conflitos entre as realidades e as expetativas (2005, pg. 81) Em 2010, esta definição foi reformulada, considerando o burnout um processo de coping comprometido pela depleção de energia devido a stress não aliviado, falta de apoio e de relações, conflitos entre as expetativas e a realidade (pg. 41)

STRESS, BURNOUT vs ENFERMAGEM HUMATÁRIA Polivalência de papéis e funções Competências Exigências internas e externas Valores Elevado envolvimento físico, emocional e pessoal Investimento de tempo e comprometimento de outras aspetos da esfera pessoal Os Enfermeiros em Missão Humanitárias encontram-se mais suscetivéis, dentro da própria classe, ao aparecimento deste síndrome, apresentando a longo prazo fragilidade psicológica, física e até social Despersonalização Perturbações do Humor (quadros depressivos) Quadros Ansiosos e Fóbicos Stress Pós-traumático

Os enfermeiros destacam-se em 4.º lugar como sendo a profissão mais afetada pelo burnout devidos às exigências profissionais e vivênciais que implicam: organização do trabalho contatos diferenciados com a população envolvente desde os doentes, cuidadores, familiares e diversidade de contextos envolvimento e investimento pessoal, profissional e emocional precaridade nas condições de trabalho que levam a uma atitude de improviso em prole do desempenho da função Estes fatores levam à exposição continua a elevados níveis de stress, desgaste físico e emocional da parte destes profissionais de saúde

Estudo Validação do CBI - Questionário de Copenhagen Burnout Inventory (Fontes, 2011) Categorias Níveis Burnout % Exaustão Emocional Baixo 61,8 Os níveis mais elevados de burnout nos enfermeiros encontram-se ao nível da Realização Pessoal Exaustão Emocional Médio 18,9 Exaustão Emocional Elevado 19,3 Despersonalização Baixo 61,0 Despersonalização Médio 25,4 Despersonalização Elevado 13,6 Realização Pessoal Baixo 14,0 Realização Pessoal Médio 34,2 Realização Pessoal Elevado 51,8 Os enfermeiros que trabalham em condições muito específicas, como serviços de urgências, missões humanitários e instituição carenciados, fazem parte dos 19,3% de Exaustação Emocional e dos 25,4% Despersonalização Algumas conclusões: as funções e os contextos de ação e intervenção têm uma correlação direta com o Burnout nos enfermeiros

COACHING? PROFISSIONAIS HUMANITÁROS? IMPORTÃNCIA? O coaching é um processo de desenvolvimento pessoal e profissional facilitador que permitir ao sujeito lidar de forma positiva e superar as adversidades, promove uma maior resiliência, adaptação às circunstâncias e contextos, aprendizagem para gerir conflitos, exaustão física e emocional, visando a diminuição do impacto negativo da sobrecarga (a diversos níveis e graus) PROMOTOR DE PERSONALIDADE RESISTENTE E MECANISMOS DE COPING ADEQUADOS ÀS CIRCUNSTÂNCIAS REAIS BENEFÍCIOS PROFISSIONAIS HUMANITÁRIOS

BENEFÍCIOS DO COACHING Manter o sistema de metas, valores, objetivos e expetativas que facilitem a adaptação, não como fuga ou evitação Favorecer o crescimento pessoal e profissional sentido de vida e de escolha do caminho como profissionais humanitários Tomada de consciência das reais consequências, antes e pós missão Promoção de estratégias de coping adequadas Preparação para a função de cuidar Preparação para o regresso à realidade quotidiana abandonada antes de missão, por vezes, o impacto é desorganizador e obriga a novas adaptações Adaptação constante, lidar com as frustrações diárias da cultura, falta de recursos de saúde (infraestrutura, falta de meios, medicamentos, água, ), sistema político e toda a panóplia de contigências e obstáculos que por vezes colidem com a função e missão major proposta: CUDAR DOS OUTROS

RESILÊNCIA Reconhecimento, satisfação pessoal e profissional, momentos de criatividade e visão dos benefícios do cuidar Resistência ao stress e vivência de forma positiva Assumir de forma positiva o compromisso humanitário Flexibilidade VS Rigidez Cognitiva Vivência do stress positivo como motor para ação e de motivação Fonte de Satisfação através da perceção da oportunidade de ser útil Resistência (Emocional e Física)

A base de qualquer processo coaching é o autoconhecimento que nos permite a vivência positiva das adversidades e contingências, quer pessoais, quer profissionais. Para andarmos de mãos dadas com o mundo missão humanitária primeiro temos que dar as mãos a nós mesmos!

OS CAMINHOS QUE ESCOLHEMOS PROPORCIONAM E OFERECEM A RIQUEZA DA PARTILHA DESTAS INTERAÇÕES ÚNICAS QUE NOS FAZER CRESCER COMO PESSOA MAIS COMPLETA MAIS HUMANA! A AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS ESTÁ NAS MÃOS DAS NOSSAS OPÇÕES CONSCIENTES! Obrigada pela vossa atenção! Joana Ramos Monteiro Psicóloga Clínica & Neuropsicóloga Gabinete Afetos com Sentido Pelo Melhor de Cada Um! 917770165 psicjoanamonteiro@gmail.com