Violência contra crianças e adolescentes: uma análise descritiva do fenômeno



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Transcrição:

A crise de representação e o espaço da mídia na política RESENHA Violência contra crianças e adolescentes: uma análise descritiva do fenômeno Rogéria Martins Socióloga e Professora do Departamento de Educação/UESC Palavras-chave: Crianças e adolescentes, cidadania e violência v. 9, n.15, jan./jun., 2006, p. 199-224. 225

MICHAUD, Chauí Arendt SILVA, Helena Oliveira da e SILVA, Jailson de Souza. Análise da violência contra a criança e o adolescente, segundo o ciclo de vida no Brasil - conceitos, dados e proposições. São Paulo: Ed. Global e UNICEF, 2005. O livro é uma referência básica para pesquisadores na área de violência contra crianças e adolescentes, quase um manual na análise das condições dos dados disponíveis sobre as formas de materialização da violência infanto-juvenil. Apresenta uma abordagem ampla sobre o tema, nas suas mais diversas especificidades, tanto nos seus aspectos teóricos e de dados quantitativos, quanto na sua acepção sobre proposições para enfrentamento do problema. Um convite à investigação sobre a reflexão da violência que infringe crianças e adolescentes nesse país, em que, apesar de 16 anos de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), ainda se encontram vítimas de formas de violência diluídas no contexto complexo das violências estruturais da sociedade. Na oportunidade do desenvolvimento de um estudo mundial sobre violência contra crianças, promovido pelas Nações Unidas, as ações desse organismo internacional têm se mobilizado para reunir pesquisas sobre as formas, causas e impactos da violência que afeta crianças e adolescentes. Nesse sentido, a Unicef tentou reunir um significativo conjunto de informações e análises sobre a temática, bem como conhecer diversas experiências de combate à violência contra a população infanto-juvenil na realidade brasileira. O livro vem fortalecer essa proposta, através de uma síntese desses dados no que se refere ao Brasil. Nessa perspectiva histórica, não se pode negar as contribuições dos diferentes atores sociais na luta e no fortalecimento de um sistema de garantia de direitos de crianças e adolescentes nesse país: dos movimentos sociais, organismos não-governamentais a instituições internacionais, como a Unicef, que vem atuando num programa sistemático de desenvolvimento e fomento de debates sobre 226

Violência contra crianças e adolescentes: uma análise descritiva do fenômeno a violência contra esse grupo social. O livro é fruto desse investimento de um universo de estudos e bibliografias sobre o tema, na tentativa de reunir um conjunto de análises e experiências de combate às principais formas de violência contra crianças e adolescentes, na realidade brasileira. Além da abordagem conceitual e quantitativa, o livro oferece, ainda que limitado, um referencial bibliográfico dos autores que tratam do tema, nas suas mais ecléticas acepções, inclusive com a apresentação de resumos das obras nacionais e internacionais e um catálogo de instituições dedicadas ao enfrentamento à violência contra a infância e juventude. A proposta do livro é recolocar para as instituições organizadas na sociedade e os simpatizantes da temática, a análise da violência no seu aspecto conceitual, fomentando a discussão do campo teórico para melhor clareza e precisão de suas abordagens; contribuir para o requinte e sofisticação dos instrumentos de coleta na apreciação dos dados, bem como precisar com mais criticidade os atores envolvidos nesse processo de violação de direitos das crianças e adolescentes. O livro aponta a necessidade de conhecer esse agressor e suas redes sociais, para afinar o conhecimento sobre o tema. Por último, a obra se propõe a discutir também os instrumentos de monitoramento e avaliação de projetos sistemáticos de prevenção e redução da problemática da violência. A construção do campo teórico se estabelece a partir do reconhecimento das diferentes formas em que a violência se manifesta. A reflexão é dirigida por um conjunto de concepções e condições sociais e políticas de reprodução da violência e na percepção e materialidades contraditórias dessa violência no cotidiano social brasileiro, que vão apresentando seus conceitos, de modo a analisar os paradigmas em que a violência se constrói (MICHAUD, 2001; CHAUÍ, 1986; ARENDT, 1970; MAFFESOLI, 2001; FOUCAULT, 1988; BOURDIEU, 2002). Na oportunidade, apresenta uma estratégia de análise de situações contra crianças e adolescentes, a partir do ciclo de vida, res- 227

MICHAUD, Chauí Arendt peitando a especificidade de cada faixa etária. Essa forma de analisar respeita a singularidade das categorias infância e adolescência, respeitando o desenvolvimento contínuo entre essas fases, e inaugura um novo modelo interpretativo e metodológico para a reflexão do desenvolvimento psicossocial desses sujeitos de direito. A sua utilidade metodológica reconhece, com mais precisão, as condições de violência em todas as fases da vida desse segmento social, permitindo contextualizar os tipos mais freqüentes e predominantes e reconhecer as causas e os atores envolvidos nas respectivas fases da vida. Nesse sentido, promove o desenvolvimento de instrumentos de investigação que valorizam as características particulares e singulares determinantes da população infanto-juvenil. Essa é uma opção metodológica acolhida pela Unicef, que pressupõe a condição humana constituída sob três dimensões: a singular - classificada pelo desenvolvimento infantil (na faixa de 0 a 6 anos), a particular - pré-adolescência (7 a 14 anos) e humano-genérica - a adolescência (15 a 18 anos). Para além da reflexão teórica, a obra apresenta com dados quantitativos expressivos (mortalidade infantil, violência doméstica, mortes no trânsito, mortes por homicídios, violência institucional, adolescentes em conflito com a lei, trabalho infantil) as incidências da violência no Brasil por ciclo de vida, com suas características estruturais e geográficas. Nesse particular, os autores fazem uma crítica ao desprestígio com que os dados são tratados, pois ainda não têm sido suficientes para fomentar a produção de políticas que permitam minimizar a problemática. Eles apresentam uma discussão sobre os dados básicos a respeito das diversas formas de violência contra crianças e adolescentes no Brasil e analisam as implicações dessa configuração social nos planos político e social. Algumas experiências vitoriosas no esforço do combate à violência, com todas as suas limitações circunstanciais, ajudam na reflexão sobre o processo de intervenção e alimentam o avanço de estratégias de ação para reduzir esse problema. Os focos de atua- 228

Violência contra crianças e adolescentes: uma análise descritiva do fenômeno ção privilegiados são experiências realizadas em alguns estados brasileiros relativos à mortalidade infantil/pb, trabalho no tráfico de drogas e na exploração sexual/rj e SP; violência doméstica, sobretudo na perspectiva da violência sexual/sc; e violência institucional/sp. A conclusão dos autores envolve uma rede ampliada de violência que se alimenta da pluralidade de indivíduos e instituições sociais - Estado, família, igrejas, empresas, meios de comunicação etc., sobretudo das limitações e omissões incapazes de responder com efetividade às dinâmicas circunscritas às esferas econômica, política e cultural, colocadas na sociedade de enfrentamento desse tipo de violência. Revela a capacidade limitada das organizações da sociedade civil dedicadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente de intervir nessas dinâmicas, na medida em que, suas ações são pontuais e restritas aos efeitos e conseqüências que alimentam esse processo. Não se orientam para a reflexão das causas e fragmentam suas ações, avaliando a dimensão da violência numa direção unilateral, e não complexa, com seus variados atores sociais. Apresenta um quadro de recomendações de fóruns e instituições diversas para o combate à violência infanto-juvenil e propõe no estudo elaborado, um olhar mais integrado do fenômeno da violência contra crianças e adolescentes e estabelece como estratégia a análise a partir dos ciclos de vida. Reconhece esse instrumento como base para a construção da intervenção, na medida em que as diversas formas de violência incidem diferencialmente ao longo do ciclo de vida. Conclui propondo a criação de uma rede brasileira de estudo e monitoramento da violência contra crianças e adolescentes. Ambos os autores vêm se destacando nos estudos voltados para a temática e, dessa forma, têm provocado o debate acerca do assunto. 229