REF: As pautas das crianças e adolescentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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- Bento Cipriano Eger
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1 Brasília, Dezembro de 2015 Exma. Sra. Dilma Rousseff Presidente da República Federativa do Brasil Palácio do Planalto Gabinete da Presidência Praça dos Três Poderes, Brasília - DF, REF: As pautas das crianças e adolescentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Exma. Sra. Presidenta Dilma Rousseff, Como é de seu conhecimento, em 01 de janeiro de 2016, começa-se a contar o prazo de 15 anos para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma agenda ambiciosa e transformadora focada na erradicação da pobreza extrema, a promoção da justiça social e da equidade e a redução dos impactos das mudanças climáticas no mundo. Nesse contexto, a garantia de direitos de crianças e adolescentes coloca-se como uma oportunidade de enfrentarmos os desafios nacionais e superarmos os obstáculos à promoção da cidadania, do bem-estar, da segurança e da qualidade de vida das crianças e adolescentes que vivem no Brasil. Dentre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, 10 tratam da implementação de políticas e ações que impactam diretamente a vida de crianças e adolescentes, que precisam ser priorizadas até 2030, para que as 38 metas efetivamente relacionadas às crianças e adolescentes possam ser cumpridas. Os objetivos acima mencionados são: Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos. 1
2 Objetivo 10. Reduzir a desigualdade nos e entre os países. Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis e dentro deles. O Brasil foi uma das mais importantes lideranças na negociação dos ODS, especialmente no que se refere à inclusão de objetivos e metas sociais, de combate à pobreza e à desigualdade, como também à inclusão da meta de erradicação do trabalho infantil e à meta de se acabar com o abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças e adolescentes. O momento atual requer voltarmos nossos olhares para nós mesmos, nosso país, e dimensionarmos os desafios que teremos na implementação de políticas imprescindíveis para o cumprimento dos ODS. Ao olharmos para os indicadores da infância e da adolescência nacionais, vemos a persistência de desafios históricos no respeito e na promoção dos direitos de crianças e adolescentes, os quais demandam respostas urgentes e verdadeiramente efetivas. Nos dias 16 e 17 de novembro de 2015, realizou-se em Brasília o seminário Diálogos ODS: Crianças e Adolescentes na Agenda 2030, promovido pelas organizações Aldeias Infantis SOS, ChildFund Brasil, Fundação Abrinq, Plan International Brasil e Visão Mundial, com o objetivo de mobilizar os movimentos de defesa dos direitos da infância e adolescência e discutir os próximos passos indispensáveis à implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Como resultado deste seminário, foi formada a coalizão Crianças e Adolescentes na Agenda 2030, composta por redes e organizações que atuam na defesa e promoção dos direitos de crianças e adolescentes, para atuar no acompanhamento e monitoramento da implementação dos ODS no Brasil. Nesse sentido: considerando que o Governo Federal tem como um de seus princípios a participação social como método de gestão; considerando que a sociedade civil tem o direito e o dever de contribuir com esse processo; considerando a necessidade premente de articular junto aos diferentes ministérios a implementação das políticas intersetoriais que contribuirão para o cumprimento dos objetivos e metas que afetam diretamente as crianças e adolescentes no país; 2
3 considerando a necessidade premente de articular os diferentes níveis subnacionais, visando a implementação de políticas voltadas ao cumprimento dos ODS nos estados e municípios considerando a necessidade de um olhar mais aprofundado para o recorte étnico, de minorias, povos e/ou comunidades tradicionais, que venha a dar visibilidade a crianças e adolescentes historicamente excluídos da construção de políticas públicas; considerando que está em discussão, no Governo Federal, a formação de uma Comissão Nacional para o monitoramento dos ODS no país; considerando que o organismo que representa o Brasil nos fóruns internacionais de discussão de indicadores e que coordenará o debate sobre os indicadores nacionais é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; A coalizão Crianças e Adolescentes na Agenda 2030, abaixo assinada, entende ser fundamental ampliar e fortalecer os canais de comunicação e de participação da sociedade civil tanto na preparação do processo de implementação quanto no acompanhamento e monitoramento dos indicadores. Nesse sentido, reforça a necessidade de que: 1. seja construído um sistema de monitoramento dos indicadores dos ODS, por meio do trabalho conjunto do Governo Brasileiro com a Sociedade Civil, de tal forma que esse sistema de indicadores permita o escrutínio da sociedade civil e sua participação, incluindo mecanismos de participação de crianças e adolescentes, bem como dos Conselhos Setoriais nos três níveis da Federação; 2. a comissão nacional de monitoramento dos ODS seja plural e diversificada, reconhecendo a importância da integralidade da agenda e a participação dos diferentes grupos e temas vinculados aos ODS; 3. dada a relevância estratégica dos investimentos em políticas para crianças e adolescentes, e as peculiaridades das diferentes vulnerabilidades associadas a esse público específico, é imprescindível e estratégico que organizações do movimento da infância e adolescência estejam representadas na comissão nacional de monitoramento; 4. seja construído um canal de comunicação e de diálogo permanente entre o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) órgão coordenador da discussão dos indicadores dos ODS no país e as organizações da sociedade civil engajadas nesse processo, para que estas possam efetivamente acompanhar e participar dos debates internacionais e nacionais sobre os indicadores, em um processo de construção participativa; 3
4 5. é fundamental que o Governo Federal construa as condições políticas e orçamentárias para que tenhamos um ambiente propício à boa implementação dos ODS no Brasil; nesse sentido, é imprescindível que o PPA reflita o compromisso brasileiro com a implementação. 6. seja amplamente disseminada na sociedade brasileira a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a fim de que haja ampla mobilização social nacional e subnacional para sua implementação e monitoramento. Consoante as discussões e reflexões realizadas no Seminário Diálogos ODS: crianças e adolescentes na agenda 2030, a expectativa de todos nós envolvidos é de que possamos fazer parte da criação e implementação de políticas públicas que deem voz às crianças e adolescentes para a efetiva garantia de seus direitos humanos, sociais, educacionais, culturais e políticos no novo contexto da agenda de desenvolvimento Certos de contar com seu decisivo apoio, expressamos nossos votos de que seu empenho em defesa dos direitos das crianças, desde a primeira infância, e dos adolescentes brasileiros, seja registrado como uma das mais importantes ações de seu mandato, traduzindo-se em uma política de Estado que se consolida e perdura no futuro. Assinam esta carta: Coalizão Crianças e Adolescentes na Agenda
5 Organizações e movimentos que assinam essa carta: Aldeias Infantis SOS Associação Maylê Sara Kalí CECIP Centro de Criação de Imagem Popular ChildFund Brasil Fé e Alegria - Movimento de Educação Popular Integral e Promoção Social Fundação Abrinq Fundação Marista para a Solidariedade Internacional Onlus Plan International Brasil Rede Nacional da Primeira Infância Visão Mundial 5
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