DANÇA PARA IDOSOS. I. VARREGOSO ESE-IPLeiria (Portugal) Investigadora do CIID

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Transcrição:

DANÇA PARA IDOSOS I. VARREGOSO ESE-IPLeiria (Portugal) ivarr@esel.ipleiria.pt Investigadora do CIID www.identidades.ipleiria.pt Resumo. Numa perspectiva de educação permanente, a Dança é, hoje em dia, considerada como uma actividade física, cultural e artística que, devido às características e potencialidades próprias, pode assumir papel importante na vida dos indivíduos, o que se torna mais significativo ao falar de pessoas idosas, pois o processo de envelhecimento acarreta vários problemas. Cada vez é mais importante investir na vida activa dos idosos portugueses, proporcionando-lhes actividades significativas, saudáveis, acessíveis, motivantes e recreativas, em que a Dança Tradicional Portuguesa (DTP) tem um papel a desempenhar. Os estudos têm demonstrado os benefícios deste tipo de actividade para os idosos, a nível físico, psicológico e social. Após a análise e estudo destas danças foi possível verificar que, devido à diversidade e variedade e às suas características intrínsecas, existem danças adequadas e adaptáveis àquela população. Estas apresentam um conjunto de benefícios e vantagem face aos condicionalismos e necessidades impostas pelo processo de envelhecimento. Esses benefícios situam-se a vários níveis: biológicofuncional, motor, cognitivo, psicológico, sócio-afectivo, artístico e cultural. Desta forma, foi possível construir um programa para idosos que se mostrou benéfico para o bem-estar das pessoas que dele participaram. Este tipo de programa pode ser implementado na comunidade com a colaboração de diversas instituições e podem, ser desenvolvidos com diversos objectivos, com diferentes grupos de idosos ou de forma intergeracional, usando metodologias e estratégias adequadas, agradáveis e positivas, no sentido da promoção da vida activa e com maior qualidade. Introdução «No envelhecimento, quer físico, quer intelectual é a subjectividade que aparece como a grande senhora [ ]. Alguns demitem-se, outros embelezam-se em função da sua subjectividade» Olievenstein (2000) 1

Este artigo refere-se à experiência de dança na comunidade realizada com pessoas idosas. Numa perspectiva de educação permanente, a dança é considerada uma actividade com um alto valor educativo, que pode ter um papel muito importante na comunidade. Pode contribuir para o bem estar (físico, psicológico e social) e para a qualidade de vida dos idosos como uma prática de ocupação do tempo livre. Nos nossos dias existe uma necessidade urgente de compreender e de estudar o processo de envelhecimento e de implementar estratégias positivas de integração dos idosos (WHO, 1998: 2, 3). O envelhecimento é um processo que implica múltiplas transformações e várias perdas, que acarreta limitações e dificuldades, as quais reduzem a capacidade que as pessoas idosas têm para se adaptarem à vida e ao envolvimento. Mas, muitas das situações negativas associadas ao envelhecimento, podem ser paradas, prevenidas e ultrapassadas, pois muitas delas são problemas de ordem social. Então, é necessário criar formas de ocupação positiva do tempo livre das pessoas idosas que permitam o seu desenvolvimento, a promoção de estilos de vida activos, de actividades recreativas e culturais que sirvam para alcançar o bemestar. Estudo das Danças Tradicionais Portuguesas (DTP) No nosso estudo centrámo-nos nas DTP, baseando a nossa análise na metodologia proposta por Batalha & Xarez (1996). Verificámos que estas são um tipo de prática corporal que representa grandes benefícios para os idosos, tais como os mesmos benefícios que outro tipo de actividades motoras, um significado histórico e cultural específico, uma simplicidade rítmica, coreográfica e motora e um desafio artístico acessível. Para além disso, a dança tradicional tem algumas vantagens para os idosos porque é baseada numa cultura conhecida e própria, isto é, tem um significado cultural; tem uma aplicação directa na família e na comunidade; respeita o conhecimento do idoso; usa padrões de movimento familiares; promove a identidade pessoal e cultural; e é uma alternativa saudável, divertida e segura (Lindner & Harpaz, 1988). Desta forma, estas danças têm uma natureza artística (criatividade, estética, expressiva e cultura), uma natureza comunicativa (relacional, simbólica e recreativa), uma natureza recreativa (têm estado sempre associadas à recreação das populações), uma natureza social e histórica que as torna úteis para os idosos. Elas são um tipo de expressão que ajuda as pessoas idosas a encontrar a sua cultura através o corpo e do movimento. Os benefícios que proporcionam têm efeitos a muitos níveis tal como biológico, motor, cognitivo, psicológico, recreativo, afectivo, social, relacional, artístico 2

e cultural. Estas danças combinam afectividade, aprendizagem, criatividade e comunicação, que são aspectos importantes para o equilíbrio psicológico e bem-estar na velhice. «It is generally agreed that as one gets older both exercising and keeping up with social activities contribute toward maintaining a vital life-style. Participating in a movement/dance group is a delightful way to do both» (Hecox, 1988). Deste modo, pudemos seleccionar danças com valor importante ao nível de várias componentes (Varregoso & Batalha, 2000), tais como: a) Componente Social são danças com um elevado potencial de comunicação, integração social e socialização, pois são danças colectivas, valorizadas pela disposição em círculo, pelo trabalho a pares, com diferentes representações e simbolizações. b) Componente Psicológica são danças de grupo que requerem a responsabilidade de cada um relativamente ao resultado colectivo, danças alegres e divertidas que melhoram a auto-estima e o auto-conceito. c) Componente Expressiva são danças com diferentes dinâmicas, diferentes estilos que usam todo o tipo de expressões e de movimentos fundamentais, associadas a muitas temáticas. d) Componente Comunicativa são danças com uma semiótica e códigos específicos que colocam todos em comunhão a trabalhar para um mesmo propósito; estimulam a comunicação e a comunicação não-verbal (consigo próprio, com o outro e com os outros) e a comunicação com o espectador. e) Componente Técnico-Motora são danças com pequenas variações de direcção e planos; com movimentos básicos simples, fáceis e lentos (andar, correr ligeiro, saltar e saltitares ligeiros, deslizes e voltas simples); existem danças com estruturas e coreografias bastante simples e adaptáveis (design simples, coordenações e combinações simples, deslocamentos simples no espaço); existem danças sem saltos e saltitares, sem movimentos repetitivos e pouco rápidas; existem danças com ritmos moderados, frases periódicas simples e poucos acidentes rítmicos (Varregoso & Batalha, 1999); estas são danças com expressividade simples (postura, dinâmica, acções como o tocar, o bater o dar as mãos). 3

f) Componente Bio-Funcional danças cuja realização solicita o sistema cardiovascular, respiratório e os sistemas corporais. g) Componente Criativa são danças com diversas estruturas coreográficas que conduzem à criação de novos modelos; com elas pode-se brincar recriando situações de ritmo, de expressão, de espaço, de tempo, de posições, de designs, preservando a sua essência; h) Componente Artística são danças que constituem formas de arte popular porque incluem aspectos estéticos, criativos, conceitos críticos e corporais da cultura e tradição de certas populações. i) Componente Histórico-Cultural são danças que eram usadas no passado e que ainda estão em uso mantendo as mesmas características de origem; mantêm, também, o seu significado, rituais e lógica simbólica. No nosso estudo encontrámos uma quantidade e diversidade de danças que são acessíveis e adaptáveis e, devido a isso, podem ajustar-se a diferentes objectivos, diferentes motivações, e diferentes capacidades pessoais. Muitos dos padrões de dança podem ser modificados como, por exemplo, quando são muito longos, muito rápidos, muito intensos ou muito complexos. Assim, podem adaptar-se às dificuldades, motivações e capacidades dos idosos, sem contudo, modificar a essência de cada dança. Descobrimos, ao longo do estudo, que estas danças parecem ser muito adequadas e vantajosas para as pessoas idosas, adaptadas aos seus interesses e necessidades, porque incluem as componentes referidas que podem traduzir-se me benefícios para aumentar a autonomia e independência da pessoa, permitindo assim, uma melhor adaptação à vida diária. Aplicação das DTP com Idosos na Comunidade Foi concebido um programa baseado nas DTP para aplicar na comunidade, numa instituição recreativa e cultural e num programa de autarquia. Como objectivos foram definidos: aumentar o bem-estar, ocupar o tempo livre, promover a integração social, melhorar o desenvolvimento individual, respeitar o conhecimento e a dignidade do idoso. A partir daqui, foram trabalhadas as DTP com os idosos, homens e mulheres, com idades entre os 60 e os 75 anos, duas sessões de 45 cada por semana. Em termos de metodologia, foram usados testes e questionários para avaliação do processo e do produto, num estudo feito em ambiente natural em que foram usadas 4

medidas de pré-tratamento aplicação do programa e medidas de pró-tratamento. Foram usadas as estratégias de exploração, acção, criatividade, modelo, clima, recreação e apreciação. Foram usados modelos fixos das danças portuguesas, adaptados alguns destes modelos e modelos criados pelos idosos. Foram realizados exercícios de expressão, criatividade, comunicação, ritmo e técnica das danças; foram promovidas, predominantemente, as capacidades motoras de equilíbrio, coordenação, flexibilidade; foram trabalhados exercícios respiratórios, de alongamento e de relaxação; foram afastados todos os exercícios perigosos para estas idades e alguns dos exercícios usados forma feitos com estremo cuidado e supervisão. Foram valorizadas algumas das características destas danças e usadas de forma enfatizado, tais como os aspectos afectivos (uso do círculo, contacto corporal, trabalho a pares); e os aspectos relacionais e sociais (trabalho em grupo, aceitação do outro e dos outros, compreensão, partilha, solidariedade, inclusão). Resultados Com o nosso estudo chegámos a algumas conclusões sobre as DTP para idosos. As DTP enquanto actividade CORPORAL contribuem para melhorar a saúde e o estilo de vida das pessoas idosas. Ao proporcionarem actividade física, melhoram as funções biológicas (cardiopulmonar, óssea, muscular) no sentido em que estimulam estas funções e, assim, retardam a sua degradação pelo envelhecimento. Por outro lado, praticadas de forma regular, contribuem para combater a inactividade e, assim, ajudam a reduzir a obesidade, desenvolvem a vitalidade e a autonomia. Melhoram o controlo motor, o desenvolvimento motor e a mobilidade global. Também ajudam a combater o sedentarismo e o isolamento dos mais velhos ajudando a manter a condição física geral (Fig. 1) PDT como actividade CORPORAL Vida ACTIVA Condição Física Capacidades Motoras M Necessidade de Movimento Habilidade Vitalidade Autonomia Funções Biológicas Controlo da Obesidade Melhoria da SAÚDE Fig. 1 - PDT como actividade Corporal 5

As DTP enquanto actividade de LAZER contribuem para a ocupação dos tempos livres porque podem aumentar o leque de escolhas de actividades a realizar e proporcionam o bem-estar tanto individual como colectivo, proporcionando a interacção social e a recreação do idoso (Fig. 2). DTP como actividade de LAZER Interacção Social Ocupação do TEMPO livre Lazer ACTIVO Recreação Bem-estar Individual Bem-estar Colectivo Fig. 2 DTP como actividade de Lazer As DTP enquanto actividade RECREATIVA contribuem para o bem-estar psicológico e para a comunicação entre idosos e outras gerações porque aumentam a convivialidade, as relações sociais e afectivas (mais e novas relações); ajudam a melhorar a auto-estima e o auto-conceito (devido à melhor aceitação de si e pelos outros, sentimento de competência, sentimento de auto-controlo); elas proporcionam o prazer de dançar e de fazer movimentos em conjunto com os outros e com a música, proporcionando o divertimento, a alegria e até mesmo o riso; desta forma facilitam a integração ou reintegração social do idoso, a sua socialização, melhorando o equilíbrio emocional e psicológico (sentimento de bem-estar, interacção social, independência) e podem combater a tensão, a depressão e a ansiedade (Fig. 3). DTP como actividade RECREATIVA R Divertimento Comunicação Combatem o Stess e a Ansiedade A Auto-estima e Auto-controlo Equilíbrio Psicológico e Emocional Integração Social Relações Sociais e Afectivas Bem-Estar psicológico Fig. 3 - PDT como actividade Recreativa 6

As DTP enquanto actividade EDUCATIVA contribuem para a aprendizagem de múltiplos aspectos e para o desenvolvimento global da pessoa idosa. Podem ajudar a desenvolver valores, atitudes e conhecimentos; melhoram e estimulam as funções cognitivas, a memória, a atenção e a concentração; desenvolvem o vocabulário a capacidade, a educação rítmica e musical (Fig. 4). DTP como actividade EDUCATIVA Aprendizagem Desenvolvimento Conhecimento Educação Musical Vocabulário Valores e Atitudes Funções Cognitivas Fig. 4 - PDT como actividade Educativa As DTP enquanto actividade ARTÍSTICA e CULTURAL contribuem para a identidade individual e cultural das pessoas idosas porque desenvolvem os valores culturais e tradicionais, contribuem para uma identificação histórica e cultural, promovendo o desenvolvimento nestes aspectos; favorecem o desenvolvimento da expressão e da comunicação, o sentido estético e o sentido crítico (Fig. 5). DTP como actividade CULTURAL C e ARTÍSTICA Individualidade Estética e Arte Valores Tradicionais Expressão e Comunicação História e Cultura Identidade Fig. 5 - PDT como actividade Cultural e Artística Este tipo de actividade é muito vantajosa para as pessoas idosas porque pode ajudálas a responder às questões/problemáticas individuais tais como psicológicas, da corporalidade, prazer, felicidade, exercitação, respeito próprio. Assim como podem ajudá-las a dar resposta a questões sociais tais como a saúde, o bem-estar, a educação, o lazer, a participação na comunidade, entre outras coisas (Guedes, 1998). Conclusões 7

Na sociedade portuguesa há uma necessidade de desenvolver mais investigação sobre a população portuguesa idosa e uma necessidade urgente de criar mais programas de actividades adaptados a estas pessoas. Esses programas têm de conduzir a uma maior participação na sociedade/comunidade por parte dos idosos como meio para o seu desenvolvimento pessoal. Têm de ajudar a combater a desmedicalização e a promover boas práticas de vida activa ajudando a preencher, de forma positiva, o tempo livre de que o idoso dispõe. Este tipo de programas poderá ajudar a retardar e parar alguns efeitos deletérios do processo de envelhecimento, quer seja a nível físico, psicológico ou social. Podemos dizer que as DTP foram aplicadas na comunidade, num programa para idosos, como actividade de promoção e desenvolvimento do bem-estar das pessoas idosas com idades entre os 60 e os 75 anos. A prática de DTP constituiu uma experiência extremamente positiva para os participantes, representando um contributo para a recreação, vida activa e ocupação positiva do tempo livre de forma mais divertida. Através destas danças foi possível trabalhar para a saúde colectiva, contribuir para combater e compensar o processo de envelhecimento, assim como contribuir para a saúde individual, bem-estar e qualidade de vida dos idosos envolvidos. Bibliografia Batalha, A P. & Xarez, L. (1999). Sistemática da Dança I - Projecto Taxonómico. Lisboa: FMH Edições, FMH-UTL. ISBN 972-735-059-3. Guedes, G. (1998). Do Popular ao Erudito: A Seranda, Expressão do Trabalho, do Corpo e da Arte. In A. Marques, A. Prista & A. Faria Junior (Eds.), Educação Física: Contexto e Inovação - Actas do V Congresso de E.F. e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa - Maputo/Moçambique. 1º vol. (145-159). Porto: FCDEF-UP/FCEFD-UPM. ISBN 972-97358-2-4. Lindner, E. & Harpaz, L. (1988). Adaptation of Social and Popular Dances for the Elderly. In R. Beal & S. Berryman-Miller (Eds.), Dance for the Older Adult (39-46). Virginia/USA: AAHPE-RD, ISBN 0-88314-385-2. Olievenstein, C. (2000). A Arte de Envelhecer. Lisboa: Editorial Notícias. ISBN 972-46- 1104-3. Varregoso, I. & Batalha, A. P. (1999). Contributo das Danças para o Bem-Estar de Pessoas Idosas. In J. Mota & J. Carvalho (Eds.), Actas do Seminário A Qualidade de Vida no Idoso: O Papel da Actividade Física (187-191). Porto: Ed. FCDEF-UP. ISBN 972-97358-5-9. 8

Varregoso, I & Batalha, A P. (2000). La Qualité de Vie des Âgés: le Rôle de la Danse Traditionelle. In Proceedings EGREPA 8 th International Congress - Physical Activity and Ageing (285-291). Bruxelles: ULB/ISEPK. WHO (1998). The World Health Report 1998. Life in the 21 st Century - A Vision for All. Geneva: WHO. ISBN 92-4-156189-0 CURRICULUM VITAE (Resumido) ISABEL VARREGOSO HABILITAÇÕES ACADÉMICAS Doutorada em Motricidade Humana, especialidade de Dança pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa (em 2004, com aprovação por unanimidade). Tese intitulada: Construção, Aplicação e Demonstração da Eficácia de um Programa de Dança Tradicional Portuguesa para Idosos. Mestre em Ciências da Educação - Metodologia da Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa (em 1994, com Muito Bom por unanimidade). Tese intitulada: Ensino da Dança na Escola: Reconstrução e Aplicação do Património Expressivo Infantil. Profissionalizada em Educação Física no Ensino Secundário pela DGEBS (em 1983) Licenciada em Educação Física, pelo ISEF da Universidade Técnica de Lisboa (em 1984, com 14 val.) SITUAÇÃO PROFISSIONAL ACTUAL Professora Adjunta de Nomeação Definitiva da Secção de Educação Física, do Departamento de Expressões Artísticas e Educação Física na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria Membro do Conselho Científico de ESEL Membro do Centro de Investigação Identidades e Diversidades CIID - IPLeiria Coordenadora do Departamento de Expressões Artísticas e Educação Física Colaboradora da Associação Folclórica de Ranchos da Região de Leiria Alta Estremadura ACTIVIDADE PROFISIONAL CIENTÍFICO-PEDAGÓGICA No ensino oficial Professora do Ensino Superior Politécnico (desde 1986) Formadora da Formação Contínua (desde 1988) Docente da Formação Inicial de Educadores de Infância, Professores do 1º e 2º CEB, da variante de Educação Física e do curso de Serviço Social (desde 1986) Supervisora da Formação em Serviço (1986-88) Professora dos Ensino Básico e Secundário (1979-1986) Membro do Conselho Científico de ESEL (desde 1996) Coordenadora do Departamento de EAEF da ESEL (1998-00 e 2004-06) Membro da Assembleia de Representantes da ESEL (1995-97) Membro do Conselho Administrativo da ESEL (1995-98) Vice-Presidente do Conselho Directivo da ESEL (1995-98) Formadora da Formação Contínua - CCFC Formadora do Instituto de Emprego e Formação Profissional Arguente de teses de Mestrado Co-orientadora de tese de Doutoramento 9

Membro de alguns júris científicos entre eles, concursos para Professores Adjuntos do Ensino Superior Politécnico Membro de equipas elaboradoras de Planos de Estudo, nomeadamente de Formação Inicial e de Mestrado (Ensino Politécnico) e da Comissão de Peritos para Avaliação de Cursos do Instituto Politécnico de Macau Participação em vários encontros científicos de actualização profissional Apresentação de comunicações em encontros científicos de âmbito nacional e internacional, em Portugal e no estrangeiro Publicação de artigos em revista ou livros sobre as temáticas: actividade física e saúde; dança tradicional em contexto escolar e comunitário; dança para idosos Outras Animadora de grupos de dança em diferentes instituições (autarquias, clubes, escolas, associações recreativas e de terceira idade) com populações e idades diferenciadas, nomeadamente, crianças, reclusos e idosos Responsável e Coreógrafa dos grupos de dança Grupo de Dança Popular da ESEL (jovens), Leiridança (adultos) e Grupo de Dança Academia de Cultura e Cooperação de Leiria (idosos) Professora de várias classes em ginásios, academias, jardins de infância e associações sociais Co-organizadora e dinamizadora de espectáculos, convívios e apresentações públicas no âmbito das actividades acima referidas Sócia da Sociedade Portuguesa de Educação Física (SPEF) Vogal da Assembleia Geral da Associação de Ginástica do distrito de Leiria 10