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Transcrição:

CARLOS EDUARDO DE SOUZA BRAGA Governador do Estado do Amazonas OMAR JOSÉ ABDEL AZIZ JOSÉ ALDEMIR DE OLIVEIRA MARILENE CORRÊA DA SILVA FREITAS CARLOS EDUARDO DE SOUZA GONÇALVES EDINEA MASCARENHAS DIAS JOSÉ LUIZ DE SOUZA PIO ROGELIO CASADO MARINHO FILHO OSAIL MEDEIROS DE SOUZA FARES FRANC ABINADER RODRIGUES Vice-Governador do Estado do Amazonas Secretário de Ciência e Tecnologia Reitora Vice-Reitor Pró-Reitora de Ensino e Graduação Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Pró-Reitor de Planejamento Pró-Reitor de Administração

Elaboração: Maria das Graças de Carvalho Barreto Edilson Martins Baniwa Núbia Silva Najar Leonízia Santiago de Albuquerque Elisabeth Britto da Costa Berenice Coroa de Carvalho Roberto Sanches Mubarac Sobrinho

CADERNO I O uso da Tecnologia na Plataforma da UEA Indígena

APRESENTAÇÃO Este caderno tem como objetivo geral explicar, de modo didático, o funcionamento e o uso da Plataforma que vai ser utilizada no desenvolvimento do curso, observando os princípios que norteiam o Projeto Político-Pedagógico da Formação de Professores Indígenas da Universidade do Estado do Amazonas. Os conteúdos apresentados neste caderno observam metodicamente os passos definidos para a consecução dos objetivos gerais da disciplina: O primeiro passo consiste na compreensão e identificação da importância dos avanços tecnológicos no processo da comunicação, analisando criticamente esses avanços e identificando os benefícios que eles podem trazer para as comunidades indígenas. No segundo momento, a atenção está voltada para a compreensão do uso das tecnologias no campo da Educação, onde se ressalta a importância, o alcance e as possibilidades criadas com o avanço desse tipo de produção científica para a realização das Políticas Públicas, particularmente no campo educacional. Ainda neste momento, considerou-se importante somar informações sobre o a metodologia, apontando os princípios que orientam os eixos curriculares no desenvolvimento do curso, na realização das atividades de Pesquisa, Ensino e Extensão. O terceiro momento é dedicado à compreensão do funcionamento técnico e operativo da Plataforma que vai ser utilizada no decorrer do curso, observando, as ferramentas utilizadas nos processos comunicativos, identificando os sujeitos que nela operam e as possibilidades de utilização. Espera-se que esse caderno, esclarecedor das formas de realização dos processos comunicativos do curso, seja de grande utilidade para os alunos.

SUMÁRIO I. AS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO: UMA VISÃO CRÍTICA... 8 II. OS BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA DA COMUNICAÇÃO... 10 III. A EDUCAÇÃO E O USO DAS TECNOLOGIAS... 10 3.1 A dinâmica do Desenvolvimento do Curso... 11 3.2 A caracterização do Curso... 12 3.3 A Estrutura do Currículo: os Núcleos de Ensino... 12 3.4 Tipo de formação docente do Curso... 12 3.5 A Metodologia do Ensino... 13 3.6 A Pedagogia do Diálogo e da Autonomia... 14 3.7 A Pesquisa, o Ensino e a Extensão... 14 3.8 A estrutura dos Núcleos de Ensino... 15 3.9 As disciplinas e campos de estudo... 15 3.10 Os eixos Curriculares... 16 a) A dimensão Epistêmica... 16 b) A Natureza Política do Ato Pedagógico... 16 c) A Pesquisa Participante... 17 d) As Bibliotecas Vivas... 18 IV. A PLATAFORMA TECNOLÓGICA DO CURSO... 20 4.1 O que é a Plataforma Tecnológica... 21 4.2 Os sujeitos que atuam na Plataforma... 21 4.3 Os instrumentos e as ferramentas utilizados na Plataforma... 21 4.4 A capacidade do sistema... 21 4.5 Os equipamentos de sala de aula... 22 4.6 O suporte técnico... 22 4.7 A comunicação através da interação... 23 V. OS DESTINATÁRIOS DO CURSO DE PEDAGOGIA... 23 5.1 As Terras Indígenas... 24 5.2 Quantos são e onde estão... 24 5.3 A ordenação geolinguística... 30 REFERÊNCIAS... 39

I. AS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO: UMA VISÃO CRÍTICA As tecnologias da comunicação evoluem rapidamente e a todo instante produtos diferentes e sofisticados são criados. A velocidade com que as tecnologias da informação e comunicação se desenvolvem altera o universo informacional, criando a necessidade de permanente atualização do homem para acompanhar essas mudanças. A ampliação das possibilidades de comunicação e de informação, por meio de equipamentos, como o telefone, a televisão o computador, etc., altera nossa forma de viver e de aprender, na atualidade 1. Embora o avanço das tecnologias traga inúmeros benefícios, também cria problemas que merecem reflexão e crítica. O rádio, a TV e a imprensa (escrita e audiovisual), de modo geral, interferem no dia a dia das pessoas, na vida cotidiana, nas suas relações e nas culturais, familiares, políticas e econômicas: NAS RELAÇÕES FAMILIARES: Cria novos hábitos de convivência, interferindo nas relações entre as pessoas; Veicula propagandas que induzem ao consumo; Introduz novos valores e novos gostos estéticos; Reorganiza as formas de vida cultural do grupo familiar e da vida comunitária. 1 KENSKI, V. M. A Integração das Tecnologias na Educação. São Paulo: SENAC, 2007. 8 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

NAS RELAÇÕES POLÍTICAS Inventa gênios e heróis fictícios; Cria mecanismos de manipulação das massas, direcionando a vontade política das pessoas privilegiando determinados grupos políticos; Procura garantir a continuidade de certos grupos no poder; Garante a continuidade da forma de organização da sociedade. NAS RELAÇÕES ECONÔMICAS: Estimula o consumo de produtos supérfluos; Cria novas necessidades; Manipula as vontades e os gostos das pessoas para certos tipos de produtos; Estimula e orienta para novos estilos de vida social e ética; Estimula novos gostos estéticos. NAS RELAÇÕES ENTRE SABERES: Destrói o pensamento crítico; Interfere na criação intelectual, hierarquizando os tipos de conhecimento que a escola deve privilegiar; Reforça certos campos de conhecimento (econômico e tecnológico, por exemplo), em detrimento de outros (humano e social); Orienta a Escola para os tipos de formação que o mercado absorve mais facilmente. 1. Quais os produtos da tecnologia que estão presentes na sua comunidade? 2. Como essas tecnologias alteraram a vida das famílias e da comunidade? 3. Quais os aspectos positivos e negativos da presença dessa tecnologia para as comunidades indígenas? 4. Como os jovens e as crianças das comunidades compreendem essas tecnologias? 5. Como elas interferem na vida das crianças e dos jovens? II. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS (RELATÓRIOS) DOS TRABALHOS DOS GRUPOS. III. OS RELATÓRIOS DEVEM SER ORGANIZADOS E SISTEMATIZADOS PELOS PROFESSORES ASSISTENTES, OBSERVANDO A FIDELIDADE DAS NARRATIVAS DOS PARTICIPANTES. IV. PESQUISA DE CAMPO O TRABALHO REALIZADO NA SALA DEVE TRANSFORMAR-SE EM TRABALHO DE PESQUISA DE CAMPO, NA COMUNIDADE, COM A ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR ASSISTENTE. OS RESULTADOS SERÃO APRESENTADOS NO RECOMEÇO DO NÓDULO, EM JANEIRO (2010) CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 9

II OS BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA DA COMUNICAÇÃO Se há riscos no uso das tecnologias, há também muitos benefícios. QUAIS OS BENEFÍCIOS QUE A TECNOLOGIA PODE TRAZER ÀS COMUNIDADES INDÍGENAS? As tecnologias de comunicação quebram o isolamento das populações indígenas e favorecem a veiculação das informações: 1) Entre as comunidades indígenas do Amazonas, da Amazônia, da Panamazônia e da Sociedade Nacional; 2) Entre as comunidades indígenas nacionais e internacionais; 3) Entre as comunidades indígenas e as comunidades não-indígenas. a diminuição das desigualdades sociais; o fortalecimento dos movimentos sociais, como os movimentos indígenas; maior acessibilidade aos bens culturais e econômicos; formar redes de comunicação que possibilitem diferentes relações com o tempo e o espaço, já que, através delas, podemos ver e ser vistos a qualquer distância 2. Assim, democratizando as tecnologias e colocando-as a serviço da educação, a sociedade se beneficia, pois se criam processos de comunicação mais ricos, interativos, dinâmicos e cada vez mais profundos. A democratização do acesso a esses produtos tecnológicos e a conseqüente possibilidade de utilizá-los para a obtenção de informações é um grande desafio para a sociedade atual e demanda esforços e mudanças nas esferas econômicas e educacionais, de forma ampla. Esses benefícios advêm das garantias do exercício da democracia e se traduzem no pleno acesso e utilização das tecnologias por todos os segmentos da sociedade. Diversas atividades humanas nas economias globalizadas encontram nos avanços tecnológicos uma maneira de minimizar as distâncias e aperfeiçoar fazeres e saberes, como alianças políticas culturais e educacionais. O acesso e uso pleno das tecnologias podem contribuir para: III. A EDUCAÇÃO E O USO DE TEC- NOLOGIAS A escola do século XXI tem uma missão especial: preparar-se para a articulação entre a mídia e o conheci- 2 Moran, (2007). 10 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

mento, entre a técnica e a ciência e entre a ciência e a tradição, num contexto que se modifica, com uma velocidade às vezes inalcançável. Por isso o desafio da educação, neste novo milênio consiste no uso adequado da tecnologia disponível, de forma inovadora, com o objetivo de formar professores que não apenas transmitam conhecimento, mas tenham dos alunos uma nova visão 3. Nessa perspectiva as informações veiculadas pedagogicamente são transformadas em conhecimento e o uso das tecnologias deve ser visto como gerador de saberes e de oportunidades de interação entre educadores e educandos. Portanto: O Sistema de Ensino Presencial com Mediação Tecnológica utilizado pela Universidade do Estado do Amazonas agrega os conceitos da tecnologia da informação e da comunicação (TIC) e os integra aos serviços educativos, estimulando, com isso, o contato diário entre professor e aluno na busca de outras formas de ensinar e aprender. Nesse sentido, a dinâmica, as estratégias e a metodologia utilizadas no Curso de Pedagogia Licenciatura Intercultural foram construída de forma inovadora, orientadas pelos princípios formulados pelos movimentos indígenas e pelas ciências da educação. 3.1.A DINÂMICA DE DESENVOLVIMENTO DO CURSO O Curso de Pedagogia: Licenciatura Plena em Formação do Magistério Indígena, no nível de Graduação, será desenvolvida através de três modalidades de oferta de ensino, associadas e concomitantes: a) O ensino presencial mediado, onde a ação comunicativa se realiza na interlocução televisionada em tempo real, com o acompanha-mento de Professores Assistentes (multiplicadores), sob a responsabilidade de Professores Titulares (Mestre e Doutores) da Universidade do Estado do Amazonas. Essa modalidade de ensino é desenvolvida utilizando a carga horária prevista na organização curricular: 3.330 horas, sendo 2.445 teóricas e 885 práticas, somando 218 créditos a ser desenvolvido no prazo correspondente aproximadamente a 5 (cinco) anos, organizado em caráter modular. b) A modalidade laboratorial se dá através do processo de inclusão científica e tecnológica, com a implantação de laboratórios de computação dos Centros e Núcleos de Estudos Superiores da Universidade do Estado do Amazonas e nas proximidades das salas onde o curso vai ser realizado. Esses laboratórios devem funcionar associados às pesquisas, com o propósito de incentivar a produção científica e didática sobre as culturas indígenas, no domínio das línguas, das ciências, das Cf. CRUZ, 3 culturas e das artes, das diferentes Dalcy da Silva. etnias. Heterogeneidade, Além do aprendizado específico Cultura e no campo das ciências da computação (domínio de programas), os labo- UFRN, 2006, Educação, Natal: ratórios devem ser utilizados para a p. 55. CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 11

produção de material comunicativo (didático, cultural e artístico) feitos pelos educandos e educadores, colocados em sistema de rede. Essa modalidade de ensino se inclui como atividade associada ao ensino presencial e continuado a distância, que deve se realizar nos intervalos das etapas programadas na organização curricular. Para o aprendizado das tecnologias da computação, além da carga horária incluída no currículo do curso (75 horas), deverão ser ministrados cursos de extensão, de curta duração, que devem dar conta do domínio do conhecimento da linguagem de programas básicos e necessários para a produção de materiais, pelos alunos do curso. c) A educação continuada à distância será realizada através do uso de tecnologias audiovisuais interativas, utilizados como instrumento de comunicação nos intervalos do ensino presencial. A produção desse material interativo visa equacionar um sistema de acompanhamento, de realimentação das experiências, de produção conhecimentos e de trocas simbólicas das comunidades indígenas entre si, e dos educandos com os educadores. Essa modalidade de ensino está apoiada em material impresso e material audiovisual (CDs e DVDs), associados ao trabalho de construção das bibliotecas das comunidades indígenas, que os alunos organizam junto com as comunidades indígenas: registros dos trabalhos produzidos pelos educandos e pela comunidade sobre suas culturas e sua vida cotidiana, das mais variadas etnias. 3.2. CARACTERIZAÇÃO DO CURSO 3.3. A Estrutura do currículo: os Núcleos de Ensino 3.4. Tipo de formação docente do curso O Objetivo do Projeto é formar: Docentes para o exercício do magistério indígena da Educação Infantil (formação básica); Docentes para o exercício do magistério indígena das séries iniciais (1ª a 4ª séries) do Ensino Fundamental (formação básica); 12 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

Profissionais nas áreas de serviços e apoio às e Escolas: com ênfase na Gestão Escolar Indígena e no acompanhamento do trabalho pedagógico, inclusos no currículo de graduação; Profissionais em outros campos educacionais que exijam conhecimentos pedagógicos aprofundados e diversificados, no nível de pós-graduação latusensu: Educação Intercultural; Educação de Jovens e Adultos; Educação Indígena, Educação Especial, Educação Ambiental; Educação e Desenvolvimento Sustentável. 3.5. A METODOLOGIA DO ENSINO A metodologia do curso, fundada nas concepções construídas no processo de formulação da proposta ressalta, em termos de propósitos finais, o compromisso com a formação de educadores para o exercício do magistério indígena na Educação Infantil e nas primeiras quatro séries do Ensino Fundamental, com qualificação para o exercício de serviços de apoio à escola (gestão e supervisão) e o domínio de conteúdos diversificados, necessários à compreensão de aspectos específicos do campo da educação indígena como a compreensão dos processos de educação de jovens e adultos; desenvolvimento sustentável, educação e saúde indígena, informática, educação especial. Na proposta, o foco das preocupações está voltado para o conhecimento, análise e compreensão da problemática dos sujeitos com os quais os educadores, formados pelo Curso de Pedagogia deverão estar comprometidos. Ou seja, a realidade de crianças e jovens na sociedade e nas comunidades, no contexto onde elas constroem suas concepções de mundo, sem deixar de lado a análise e compreensão das relações entre Educação Indígena e Educação Escolar Indígena, no exercício de suas funções sociais e nas suas relações com a realidade cultural, política e econômica onde elas estão situadas. As concepções e princípios devem espelhar-se no contexto para definir as qualidades esperadas dos educadores no desempenho das funções que lhes são atribuídas. As tradições, os valores e as formas de organização das comunidades indígenas fornecem os referentes de condução pedagógica e de avaliação da aprendizagem; fornecem os indicadores das políticas e dos processos de pesquisas; o modo de realização das práticas coletivas dos docentes; e, finalmente, os critérios e a definição dos campos de aprendizagem e do conhecimento. Para alcançar esses propósitos, os princípios que orientam a ação pedagógica indicam a dinâmica e o CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 13

desenvolvimento da metodologia de ensino do curso, definidas em termos de uma pedagogia dialógica que coloca os sujeitos como partícipes, politicamente compromissados com as mudanças. Uma pedagogia que valoriza as experiências, a capacidade criativa e inventiva que se traduzem em ações pautadas em reflexões científicas e críticas, no movimento permanente de (re) construção da própria pedagogia e da realidade com a qual esse educador interage. 3.6. A PEDAGOGIA DO DIÁLOGO E DA AUTONOMIA (CONTINUAÇÃO) 3.6. A PEDAGOGIA DO DIÁLOGO E DA AUTONOMIA 3.7. A PESQUISA, O ENSINO E A EXTENSÃO 14 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

Na consecução da metodologia do currículo, a proposta elegeu a Pesquisa como eixo organizador das atividades pedagógicas. Para tal, se faz necessária a indicação das linhas temáticas que orientem a ordenação das ações em direção aos propósitos, observadas as condições (concepções e princípios) que orientam a proposta pedagógica. Embora, no processo de realização do currículo do curso, essas linhas possam ser modificadas (acrescidas ou subtraídas), elas servem de indicadores para formular e organizar os processos de produção dos trabalhos de finalização do curso: monografias, além de projetos e experiências pedagógicas (Projetos) dos educandos. 3.9. As Disciplinas e campos de estudo 3.8. A ESTRUTURA DOS NÚCLEOS DE ENSINO De modo geral, a finalidade e os objetivos do curso condicionam o modo como o conhecimento vai ser organizado no currículo. Mas essa organização não deixa de atender aos dispositivos legais, apontados na Resolução do CNE/CP Nº1, de 15 de maio de 2006, do Ministério da Educação, que indica a estruturação do currículo de Pedagogia por núcleos de ensino: CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 15

3.10. Os eixos curricular es A articulação entre os três tipos de atividade se fundamenta na concepção que valoriza a atividade investigativa (pesquisa) e as experiências (ação-reflexão-ação), como base do processo de construção do conhecimento na formação dos educadores. A reflexão-ação-reflexão deve ser sobre o cotidiano das comunidades com as quais os professores das escolas indígenas trabalham, tendo em vista os movimentos de apropriação/construção da realidade. b) A natureza política do ato pedagógico a) Dimensão epistêmica: Os conhecimentos exigidos envolvem estudos teóricos e práticos, investigação e reflexão crítica, articulados em três grandes eixos das atividades acadêmicas: a Pesquisa, o Ensino e a Extensão. Consiste no reconhecimento das reivindicações fundamentais dos movimentos sociais indígenas. O princípio que orienta o fazer político-pedagógico é o trabalho coletivo, organizado com base em uma divisão do trabalho (atividades docentes, discentes, e técnico- administrativas) que compreende: 16 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

a participação nos processos de ensino e pesquisa, em estreita relação com a comunidade; O planejamento, execução e avaliação do Projeto Político-Pedagógico de Formação de Professores para a Educação Escolar Indígena, em todas as suas dimensões, apóiam-se nos mecanismos da gestão compartilhada, fundamentados nos princípios da autonomia, da democracia participativa, da ética, da consciência coletiva e ecológica e do caráter público da Educação; A autonomia não deve estar destituída do compromisso político e da capacidade de construção de uma geração indígena reflexiva e crítica, frente à realidade amazônica e à sociedade brasileira. uma pedagogia metódica e intencional, organizando conteúdos adequados às finalidades do curso de formação dos educadores indígenas. Na pesquisa participante os sujeitos são os próprios educandos. c) A Pesquisa Participante e a Interculturalidade A pesquisa deve produzir outra modalidade de conhecimento, necessário ao desenvolvimento de Em relação às comunidades, pesquisadores/pesquisados são sujeitos de um mesmo trabalho, ainda que em situações diferentes, que é o da construção e reconstrução da história dos povos em seus movimentos de transformação. A Pesquisa põe em questão a objetividade e o rigor científico das academias. Favorece as relações dialógicas de todos os envolvidos no processo, colocando em questão o poder e am- CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 17

pliando as possibilidades de realização de experiências alternativas, no interior do processo investigativo. Rompe os muros da escola e permite estabelecer intercâmbio entre as diversas culturas, particularmente nas relações entre Escola, Comunidade e Sociedade. d) A construção das Bibliotecas Vivas O que é a Biblioteca Viva É constituída pelos registros feitos pelos participantes do curso e pela comunidade, durante os intervalos dos cursos, após o retorno dos alunos aos seus lugares de origem; A biblioteca é resultado da (re) construção da memória das culturas das comunidades de origem dos educandos; As bibliotecas completam a biblioteca local, com obras produzidas pelos educandos; Os trabalhos produzidos pelos educandos, junto às suas comunidades de origem, se incluem no processo de avaliação; As formas de registro podem ser variadas: Através da mídia (vídeos, DVDs, etc.), utilizando os laboratórios audiovisuais, através da produção de registros do cotidiano e de eventos importantes da comunidade 4 ; Através da escrita: composição de textos variados: descrição, narrações, ensaios, artigos, texto livre, diários, jornal da comunidade, etc.; O material produzido pelos educando dá subsídios para a produção de material didático, livros de registros, relatórios, acervo audiovisual, importantes para dar seqüência aos cursos e, também, para a criação de novos cursos; Mas é também necessário construir um setor especial, na biblioteca, composto por obras de valor histórico, para estudos etnológicos sobre grupos da América sobre a política indigenista brasileira. A criação de um setor especializado de biblioteca, no caso, a Biblioteca Viva, encontra sua justificativa no próprio Projeto Político-pedagógico da Universidade do Estado do Amazonas. Essas bibliotecas não são experiências isoladas. Elas existem em vários estados brasileiros, a exemplo das experiências realizadas com incentivos do FUNDEP Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa, que relata as experiências de sucesso. Entre elas, o Museu do Índio, criado em 1953, por Darcy Ribeiro, vem se dedicando, desde a sua fundação, à divulgação e promoção da questão indígena, através da captação de informações e preservação do acervo museológico, bibliográfico, arquivístico e audiovisual sobre diferentes sociedades indígenas brasileiras. Essa experiência foi iniciada juntamente com o Museu, a Biblioteca Marechal Rondon, primeira biblioteca voltada exclusivamente para o estudo do índio brasileiro, uma das mais completas e especializadas 18 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

da América do Sul. Esta biblioteca possui em torno de 16 mil publicações, nacionais e estrangeiras, especializadas em Etnologia e áreas afins. Diante do problema relacionado à conservação das obras raras da biblioteca, implantou-se o programa de valorização do acervo. Assim, o Museu do Índio iniciou uma série de ações para a reestruturação da Biblioteca Marechal Rondon, em contato com a equipe do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (CECOR), da Escola de Belas Artes da UFMG, que realizou, com sucesso, essa tarefa. Embora, no Amazonas, esteja o maior número de população indígena, o acervo sobre ela ainda está disperso e fragmentário, daí a importância de organizar uma biblioteca que responda às necessidades nesse campo do conhecimento. Esse trabalho de biblioteca especializada poderá fornecer serviços essenciais aos pesquisadores, além de formar uma base de dados sobre as obras raras importantes. Apoiada em um Projeto Editorial, poderá, além da preservação de obras importantes para o conhecimento das tradições e culturas dos povos indígenas, servir de base de apoio para o desenvolvimento da Educação Escolar Indígena. Outra experiência de organização de biblioteca indígena vai além da restauração e preservação de acervos produzidos sobre a cultura indígena. Ela foi organizada pelos educadores que trabalham com a etnia Guarani, e serve de importante referência para a implantação de bibliotecas alternativas, nas comunidades indígenas. Essa experiência é relatada por Corrêa, Dubas e Silva 5, que tecem algumas considerações: A idéia da criação de uma biblioteca em plena aldeia indígena pode parecer, para muitos, uma proposta totalmente inadequada a uma cultura fortemente marcada pela oralidade. Um olhar um pouco mais atento a essa questão revelaria, no entanto, que não somente trata-se de uma proposta pertinente, mas também de uma necessidade presente no cotidiano dos povos indígenas, especialmente aqueles que vivem próximos das grandes cidades brasileiras 6. As justificativas que dão sustentação a essa idéia parte da constatação da [...] crescente impossibilidade de o índio brasileiro sobreviver à margem da sociedade não índia. A mistura dessas culturas é uma realidade que não se pode mais ocultar. E nesse processo saiu perdendo o índio, que enfrenta dificuldades cada vez maiores, tanto para preservar seus costumes e tradições, quanto para se fazer 5 presente na sociedade CORRÊA, Elisa do não índio 7. C.D, DUBAS, Em um momento em que as orientações oficiais afirmam-se na idéia de SILVA, Cláudia Sérgia Regina e inclusão, segundo as autoras, A. da. Serviço [...] o índio brasileiro da Preservação vem procurando conhecer melhor a língua e a da Cultura e Divulgação cultura do homem branco e, aos poucos, tenta de experiência, Guarani: relato aculturar-se por meio Revista ACB: da busca na conquista Biblioteconomia de espaços na política e em Santa na educação e utilização Catarina, v.10, das novas tecnologias n.2, p. 241-249, como ponte de acesso a jan./dez., 2005. 6 outras culturas diferentes da sua, dentre ou- Idem, Ibidem. Ibidem, p 241. 7 tros fatores 8 8. Idem, Ibidem. CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 19

De fato, nesse processo, a criação de escolas dentro das aldeias, para crianças, jovens e adultos da comunidade indígena; os esforços de capacitação de membros dessa comunidade, para lecionar nessas escolas; o atual debate sobre a questão das cotas para índios, nas universidades brasileiras, e as iniciativas de facilitar e promover o acesso das comunidades indígenas aos recursos tecnológicos, como os da rede de Internet, são exemplos contundentes da mão-dupla, que busca conciliação entre duas culturas que esbarram entre si. Mas isso só será possível, se houver atividades que garantam a preservação da história, das tradições, das crenças e dos valores das comunidades indígenas. Nessa perspectiva, a implantação de bibliotecas setoriais, que trabalhem com o acervo e o registro da cultura e das tradições dos povos indígenas, deve ser configurada sob os seguintes aspectos: O primeiro, voltado para a construção do acervo, produções científicas e preservação de obras importantes para a compreensão dessas culturas e da história dos contatos; O segundo, as bibliotecas das comunidades indígenas, que cuidam da preservação e divulgação dessas culturas, a partir da memória desses povos; O terceiro, que serve de suporte aos propósitos acima enunciados, consiste na constituição de uma comissão editorial específica, responsável pela divulgação de conhecimentos sobre essa área de pesquisa. A organização da biblioteca viva ocorre concomitante aos processos de desenvolvimento dos cursos de graduação e pós-graduação latu sensu, isto é, utiliza-se do suporte para a organização de material didático da pesquisa participante. IV A PLATAFORMA TECNOLÓGICA DO CURSO 20 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

4.1. O que é uma plataforma tecnológica? O curso conta com uma Plataforma Tecnológica IP.TV (Programa de Vídeo Conferência) capaz de levar a todos os alunos e a todas as salas de aula informações de qualidade, através do envio preciso de imagens, áudio e textos, além do acesso ao banco mundial de informações (internet), interatividade e interação entre diversos sujeitos. 4.2. Os sujeitos que atuam na Plataforma A metodologia do ensino mediado pelas tecnologias de informação e comunicação adquire um novo significado, no que diz respeito ao conceito presencial. O professor titular responsável pelo ensino e pela pesquisa, através de videoconferências, por meio da internet, ou pelos sistemas interativos da televisão. Ao planejar cada aula, leva em consideração a utilização de diferentes recursos, como a apresentação de filmes, documentários, clipes, ilustrações e animações, produzidos especialmente para o curso ou pesquisados no mercado. O Professor Assistente é responsável por dinamizar o processo ensino-aprendizagem em sala de aula, incentivando e orientando o aluno diante das múltiplas possibilidades e formas de alcançar o conhecimento e de se relacionar com ele. Seu comprometimento é tão importante quanto a do professor titular, pois sua presença em sala de aula permite articular o conteúdo numa visão local, respeitando a etnicidade de cada aluno. O aluno, na sala de aula, é o sujeito principal desse processo de aprendizagem. Na interação com os educadores eles organizam os registros das culturas e das tradições de suas comunidades e etnias, construindo acervos importantes para organização de materiais didáticos. 4.3. Os instrumentos e as ferramentas utilizados na Plataforma O sistema IP.TV é uma plataforma que engloba estrutura de telecomunicações que gerencia a transmissão de informações via satélite: HARDWARE É A PARTE FÍSICA DO EQUIPAMEN- TO, LITERALMENTE, O EQUIPAMENTO: CPU, MONI- TOR, MOUSE E DEMAIS COMPONENTES. 4.4. A capacidade do sistema: O sistema tem a capacidade de: Acessar e gerar informações para vídeo-conferência, simpósio, textos, chats, e- mails, com visualização coletiva, a partir de um único aplicativo; SOFTWARE SÃO PRO- GRAMAS, SISTEMAS, APLI- CAÇÕES DO SISTEMA OPE- RACIONAL EXECUTADOS PELO HARDWARE. Transmitir áudio e vídeo pré-gravados, a partir de equipamentos, como DVD; CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 21

O software IP.TV é o aplicativo em que podem ser visualizados todos os recursos previstos pela plataforma IP.TV. Fazer uso da lousa digital, que permite que o professor acesse páginas na internet, escreva, desenhe, faça edição, grave e envie para os alunos, via e-mail, tudo o que foi escrito e realizado na lousa, durante as aulas. 4.5. Os equipamentos da sala de aula As salas de aula do curso de Pedagogia: Licenciatura Plena Intercultural são equipadas com vários hardwares, através dos quais os alunos acompanham as aulas e realizam as atividades. 4.6. O SUPORTE TÉCNICO O suporte técnico é o responsável por garantir o bom andamento do curso, mantê-lo em funcionamen- 22 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

to, responder dúvidas e resolver problemas no que se refere às questões técnicas. Este auxiliará diariamente o professor assistente ajudando-o a utilizar todos os recursos disponíveis. 4.7. A COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA INTERAÇÃO: AS POSSIBILIDADES DA REDE As Tecnologias da Informação e da Comunicação oferecem vários ambientes virtuais de comunicação que operam de forma virtual em tempo real 9 e ou não. A Internet é um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados, que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados. É a infra-estrutura que suporta correio eletrônico e serviços como comunicação instantânea e compartilhamento de arquivos. A Web é um ambiente de buscas de todos os tipos, descentralizado, interativo e de expansão ilimitada; nela encontramos uma combinação de bibliotecas, quiosques, guias, jornais, shoppings, enciclopédias, catálogos, agendas, currículos pessoais, etc. EXISTEM NA INTERNET MANEIRAS DE INTERAGIR NUMA CONVERSAÇÃO EM TEMPO REAL. O chat é um dos mais utilizados, porque permite sem muitas dificuldades, interagir numa conversação em tempo real. Eles podem ser públicos ou privados. O e-mail é caracterizado como um correio eletrônico e o texto por ele enviado, a mensagem eletrônica. É um meio de comunicação interpessoal, com remessa e recebimento de correspondências entre amigos, familiares, colegas de trabalho, empresas, pesquisadores, etc. O Moodle é um software livre de apoio à aprendizagem, seu desenvolvimento é de forma colaborativa por uma comunidade virtual, a qual reúne programadores, designers, administradores, professores e usuários do mundo inteiro e está disponível em diversos idiomas.a plataforma Moodle vem sendo utilizada não só como ambiente de suporte à Educação a Distância, mas também como apoio a cursos presenciais, formação de grupos de estudo, treinamento de professores. O Blog, uma abreviação de weblog, é utilizado para registro freqüente de informações. A maioria das pessoas tem utilizado os blogs como diários pessoais, porém um blog pode ter qualquer tipo de conteúdo e ser utilizado para diversos fins. Uma das vantagens do blog é permitir que os usuários publiquem seu conteúdo sem a necessidade de saber como são construídas páginas na internet, ou seja, sem conhecimento técnico especializado. 9 Entendida V OS DESTINATÁRIOS DO CURSO DE PEDAGOGIA O Curso de Pedagogia Licenciatura Intercultural se destina aos povos indígenas do Amazonas. Por essa razão considerou-se importante apre- como o modo de comunicação que ocorre em tempo real (Online), as partes se comunicam de modo instantâneo. CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 23

sentar algumas informações a respeito dos destinatários do curso. 5.1. As Terras Indígenas O processo administrativo de regularização fundiária, composto pelas etapas de identificação e delimitação, demarcação física, homologação e registro das terras indígenas, está definido na Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973 (Estatuto do Índio), e no Decreto nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996. As 604 terras indígenas reconhecidas compreendem 12,5% do território brasileiro (106 359 281 ha), com significativa concentração na Amazônia Legal. Esse processo de demarcação encontra-se ainda em curso, com 70% das terras indígenas regularizadas (demarcadas e homologadas). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Censo de 2000, identificou a seguinte situação fundiária das terras onde vivem os povos indígenas: 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Gráfico 1: Situação Fundiária das Terras Indígenas - IBGE 2000 389 123 28 32 32 Confirmada Delimitada Declarada Homologada Regularizada 5.2. Quantos são e onde estão? Uma das dificuldades encontradas para a formulação da Política da UEA-Indígena foi a questão demográfica. Durante muitos anos, esta população foi excluída dos Censos e dos estudos demográficos. Os povos indígenas só começam a ser objeto das preocupações do Censo a partir dos anos 40 e 50, com o avanço dos estudos no campo da antropologia. As metodologias desenvolvidas, para a realização desses estudos, são bastante complexas e alguns procedimentos integram as teorias antropológicas aos procedimentos de coleta, registro, interpretações e análises das informações. As dificuldades encontradas, no trato da questão demográfica, vão desde a identificação de fontes qualificadas à obtenção de informações necessárias para o cálculo dos indicadores demográficos (número de pessoas, gênero, idade, etc.), até à construção dos modelos de cálculo, de estimativas e de interpretações, nos processos de dedução dos resultados. O fato é que as fontes oficiais sobre as populações indígenas sempre foram precárias: os recenseamentos provinciais são pouco confiáveis e, mesmo após a criação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e, posteriormente, da Fundação Nacional do Índio (FU- NAI), conta-se com informações oscilantes sobre a demografia indígena. Nos postos indígenas mais antigos, demarcados entre os anos de 1930 a 1960, ainda era usada a prática de preencher os livros oficiais, com base nas certidões de nascimento, casamento e óbito, fornecidas pelos SPI e FUNAI. Os resultados, traduzidos em estimativas, de modo geral, ficavam comprometidos pelos interesses políticos e econômicos que embasavam 10 MELATI, Júlio os programas dirigidos a essas populações, em diferentes contextos e Indígena. In Série Cezar. População conjunturas. Antropológica Melati (2004) 10 observa que as 345, Brasília, primeiras estimativas sobre a demografia indígena, no Brasil, são super- disposição na 2004 (Texto a dimensionadas: internet) 24 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

em 1940, a cifra apontada pelo antropólogo Arthur Ramos conta com 1.234.770 indígenas; uma estimativa de 500.000, que aproxima-se da primeira, é feita pelo antropólogo Julian Staward, em 1940; em 1941, a OIT arredondou para 1.250.000, referindo-se aos indígenas puros, além dos 2.027.265 predominantemente indígenas ; em 1953, Rondon continuava a apostar na existência de 1.200.000 indígenas; em 1950, com base no critério de cor da pele, o Censo Nacional deduziu o número de 329.082 índios. outro levantamento, elaborado pelo pesquisador peruano Enrique Mayer e pelo argentino Elio Masferrer, atribui, em 1978, a cifra de 245.185 índios. No Anuário Estatístico Indigenista de 1962, que tem como referência o ano de 1960, o Brasil figura com 99.700 indígenas, assinalando um notável crescimento demográfico, tanto no Brasil como no continente sul americano, na segunda metade do século XX. Entre os anos de 1960 e 1970, os dados sobre a demografia indígena se multiplicaram, mas, até de 1980, os povos indígenas, no Brasil, eram considerados uma categoria em extinção, fadado a integrar-se à sociedade nacional ou ao desaparecimento. Até o final o final de 1999, eram poucas as fontes oficiais respeito. Somente a partir do início dos anos 2000, após a promulgação da Constituição de 1988, que o IBGE e o Ministério da Saúde investiram mais esforços, para aprimorar suas metodologias de coleta de informações sobre as populações indígenas 11. A realização de recenseamentos mais freqüentes e continuados e a implantação de registros contínuos dos eventos vitais dessas populações são reivindicações antigas dos estudiosos e dos povos, formalizada em proposta apresentada no IV Encontro Nacional de Estudos Populacionais (ABEP), em 1984. A partir desse evento, constata-se um avanço, no campo da demografia indígena, principalmente face ao reconhecimento dos direitos desses povos, nos setores de Saúde e de Educação. No setor de Saúde, a implantação de um Sistema de Informações à Assistência de Saúde Indígena (SIASI), organizado pela Fundação Nacional de Saúde dos povos indígenas, os integrantes dos Distritos Sanitários fornecem dados demográficos e sociais que se constituem em importantes referentes, para o planejamento das políticas especiais voltadas para os povos indígenas. Os resultados dos trabalhos da comissão responsável pela implantação dos programas apontam 12, em 2005, uma população de 411.000 indígenas, distribuídos em 3.225 aldeias, pertencentes a 215 etnias e falantes de 180 línguas, distribuídas em 30 famílias lingüísticas. Na distribuição regional da população indígena, 49% encontram-se na região Norte, 23%, no Nordeste, 17%, no Centro Oeste, 9%, no Sul e 2%, no Sudeste. No Estado do Amazonas, existe uma população indígena dispersa, com 120 mil indivíduos, pertencentes a 55 etnias, falantes de 29 línguas, de acordo com o Programa Amazonas Indígena, elaborado pela Fundação Estadual de Política Indigenista 11 Cf. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS POPULACIONAIS. Demografia Indígena. In http://www.abep. org.br/usuario/ GerenciaNavegacao. php?caderno_ id=536&nivel=1 Comitê de Demografia dos Povos Indígenas da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (AEBP), criado em março de 2002. As primeiras articulações do Comitê resultaram na apresentação de duas sessões temáticas e uma mesa-redonda, realizadas no XIII Encontro da Abep, em Ouro Preto. No ano seguinte (2003), o Comitê organizou o primeiro seminário sobre Demografia dos Povos Indígenas no Brasil, que contou com a participação de pesquisadores de distintas áreas, destacando- se a do professor John Early, da Florida Atlantic University, autor de relevantes estudos sobre os Yanomami. 12 SANTOS, Vera Lopes (org.). Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Diretrizes para implantar o Programa DST/AIDS, Brasília: Ministério da Saúde, 2005. CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 25

(FEPI), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Mas outras fontes contradizem esses dados. O Instituto Socioambiental (ISA) refere-se, para o Amazonas, entre 1991/ uma população de 57.901 indígenas; a FUNAI indica 65.433; e o IBGE, 67.882 para o mesmo ano. Dados mais recentes são do IBGE, do Censo de 2000, que informa a existência de 113.391 índios, no Amazonas, sendo 18.782 situados nas áreas urbanas e 94.608, nas áreas rurais. que registra 30,78% 13 (50.266.120) pessoas na mesma faixa de idade: A Distribuição da população de 0 a 14 anos, entre as áreas urbanas, rurais e áreas específicas (aldeias), conforme o IBGE, apresenta-se da seguinte maneira: GRÁFICO 03: LOCALIZAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 0 A 14 ANOS ENTRE NOS ESPAÇOS URBANOS, RURAIS E EM LOCAIS ESPECÍFICOS (ALDEIAS), NO ANO 2000 GRÁFICO 02: POPULAÇÃO RESIDENTE AUTO- DECLARADA INDÍGENA, NO AMAZONAS, NO CENSO DE 2000 Fonte: IBGE, Censo 2000 Fonte: IBGE, Censo de 2000 Outro dado importante, particularmente para a Educação, é o que diz respeito à estrutura etária da população indígena. No mesmo Censo (IBGE, em 2000), há indicações de um contingente populacional de 52.558 pessoas, na faixa de idade compreendida entre 0 a 14 anos; e de 60.823 indivíduos acima de 14 anos de idade. Em termos percentuais, isso representa que, 46,35% têm até 14 anos de idade, um percentual acima dos dados demográficos nacionais, Esses dados fornecem os contornos do universo, envolvido na Proposta Política da UEA-Indígena, e estão particularmente relacionados às pessoas que estão localizadas em áreas específicas, sem excluir as demais, situadas na área rural e urbana. Ainda relacionada à questão demográfica, outro parâmetro mostram as relações entre povos indígenas e etnias, especialmente elaborado para identificar os povos que vivem em áreas ou regiões específicas, no Amazonas, conforme a distribuição da Tabela 04. A partir da tabela (04) observa-se que as oscilações de dados se tornam 13 Em 2000, conforme o Censo do IBGE, o total da população brasileira era 169.799.170 pessoas. Deste total, 16.375.726 tinha de 0 a 4 anos de idade; 16.542.327, entre 5 e 9 anos; e 17.348.067, entre 10 a 14 anos. 26 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

mais freqüentes, quando se busca identificar o número de pessoas por etnias, no Amazonas. De modo geral, todos os dados apresentados na Tabela 4 são estimativos. Várias foram as fontes utilizadas para obter uma aproximação das populações por etnias. Entre as principais fontes, estão o Instituto Socioambiental, a Funasa, a Funai, as organizações indígenas e de apoio aos índios e pesquisadores, mas terminamos priorizando os dados apresentados pelo MEC, nos Parâmetros de Ação da Educação Escolar Indígena. Nas relações entre demografia e etnias, os Ticunas apresentam-se como os mais numerosos, únicos com uma população acima de 30.000 pessoas, até o ano de 1998. Na faixa populacional das etnias que estão acima de 10.000 habitantes, estão os Yanomami (1 etnias). Entre 7.134 e 3.500 pessoa, estão representadas 4 etnias: os Sateré-Mawé, situados no Amazonas e Pará, os Mura, os Baniwa e os Tukano; A faixa populacional abaixo de 3.000 ou até 1000 habitantes (1043) 8 etnias, entre os quais estão: os Baré, os Apurinã, os Maku, os Kulina / Madihá (Acre e Amazonas), os Tariano, os Desana, os Kanamari, os Marubo; Entre 300 a 100 pessoas estão 14 etnias: Piratapuia, Matsé, Waimiri Atroari (Roraima e Amazonas), Paumari, Siriano (Amazônia e Colômbia?), Kocama, Miranha, Katukina, Deni, Tuyuka, Warekena, Wanano. Pirahã, Jamadi e Arapaso; TABELA 04: NÚMERO DE PESSOAS POR ETNIAS ETNIAS ISA ANO FUNAI ANO PARÂMETROS DO MEC ANO Apurinã 2800 1991 3131 1996 2.779 1995 Arapaso 317 1992 317 1992 300 1998 Banawa Yafi???? 215 1999 5100 2000 Venezuela (7000) Colômbia (1.192) 2000 Baniwa 3189 1995 3954 1996 1992 Amazonas (54) 1988 Bará 40 1992?? Colômbia (296) 1998 Amazonas (61) 1998 Barasana???? Colômbia (939) 1998 Amazonas (2.790) 1998 Baré 2170 1992 2632 1992 Venezuela (1.210) 1998 Deni 570 1995 560 1996 672 2000 Amazonas (1.464) 1998 Desana 1458 1992 1460 1992 Colômbia (2036) 1988 Diahui???? 17 1999 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 27

ETNIAS ISA ANO FUNAI ANO PARÂMETROS DO MEC ANO Jamamadi 250 1987 715 1995 320 1999 Jarawara 160 1990 120 1995 197 1999 Juma 7 1994 7 1994 7 2000 Kaixana???? 224 1997 Kambeba? 1989 240 1995 156 2000 Kanamari 1300 1994 647 1996 1.327 1999 Kanamati 150 1990 130 1995 162 1999 Karafawyana???? Amazonas (38) 1998 Karapana 40 1992 49 1996 Colômbia (412) 1988 Katuena???? Katukina 250 1990 578 1999 Kaxarari (Amazonas e Rondônia) 220 1989 110 1996 296 2001 Amazonas (622) 1989 Peru (10.705) 1993 Kocama 320 1989 411 1996 Colômbia (236) 1988 Korubo???? 250 2000 Amazonas (262) 1998 Kubeo 219 1992 223 1992 Colômbia (4.238) 1988 Acre e Amazonas (2.318) 1999 Kulina / Madihá (Acre e Amazonas) 50 1990 Peru (300) 1993 Kulina Pano???? 20 1996 Kuripaco 880 1995 391 1992 Amazonas (2.548) 1998 Maku 2050 1989 2224 1996 Colômbia (678) 1995 Amazonas (42) 1998 Makuna 34 1992 34 1992 Colômbia (528) 1988 Marubo 960 1994 952 1995 1.043 2000 Matis 178 1994 182 1995 239 2000 Amazonas (829) 2000 Matsé 640 1994 703 1995 Peru (1.000) 1988 Amazonas (613) 1999 Miranha 400 1994 320 1996 Colômbia (445) 1988 Miriti Tapuia 120 1992 120 1992 120 1998 Mura 1400 1990 2437 1996 5.540 2000 Paritintin 130 1990 150 1995 156 2000 28 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

ETNIAS ISA ANO FUNAI ANO PARÂMETROS DO MEC ANO Paumari 539 1988 531 1995 720 1999 Pirahã 179 1993 200 1994 360 2000 Amazonas (900) 1998 Piratapuia 926 1992 926 1992 Colômbia (400) 1988 Sateré-Mawé (Amazonas e Pará) 5825 1991 5825 1994 7.134 2000 Siriano (Amazônia e Colômbia?)????? 665 1988 Amazonas (1.595) 1998 Tariano 1630 1638 1992 Colômbia (205) 1988 Tenharim 360 1994 330 585 2000 Amazonas (32.613) 1998 Peru (4.200) 1988 Ticuna 23000 1994 27556 1995 Colômbia (4.535) 1988 Torá 25 1989 256 1996 51 1999 Tsohomm Djapá???? 100 1985 Amazonas (3.670) 1998 Tukano 2868 1992 2873 1992 Colômbia (6.330) 1988 Amazonas (530) 1998 Tuyuka 518 1992 520 1992 Colômbia (570) 1988 Waimiri Atroari (Roraima e Amazonas) 611 1994 1154 1996 798 1999 Amazonas (487) 1998 Wanano 506? 483 1992 Colômbia (1.113) 1988 Amazonas (491) 1998 Warekena 476 1992 484 1992 Venezuela (4090 1992 Amazonas (?) Colômbia (5.939) 1988 Witoto???? Peru (2.775) 1988 Roraima e Amazonas (11.700) Venezuela (15.193) 2000 Yanomami (Amazonas e Roraima)???? 1992 Zuruahã 143 1995 130 1995 143 1995 Fonte: ISA, FUNAI, PARÂMETROS EM AÇÃO DO MEC 2002. CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 29

Com menos de 300 e até 100 pessoas, estão 13 etnias: Kubeo, Korubo, Matis, Kaixana, Banawa Yafi, Jarawara, Kaxanari (Amazonas e Rondônia), Kanamati, Kambeba, Paritintin, Zuruahã, Miriti Tapuia, Tsohomm Djapá; Com menos de 100 pessoas, estão 10 etnias: Barasana, Bará, Tora, Makuna, Karapana, Kulina Pano, Diahui, Juma e Witoto. Esta última sem indicadores de população pelo Instituto Socioambiental. Embora pouco atualizados, uma vez que a contagem apresentada não tem continuidade temporal (variando entre 1985 a 2000), esses dados não podem ser desconsiderados, na formulação da proposta da UEA Indígena. Para atender a essa diversidade, na organização dos Núcleos de Pesquisa, além das diversidades étnicas, outro critério foi incluído, o da variedade das famílias e troncos lingüísticos. Este critério, associado à questão demográfica e à localização espacial, serve de base para a estruturação dos núcleos, conforme os gráficos que seguem, na organização dos espaços de Pesquisa. 5.3. A ordenação geolinguística MAPA 01: NÚCLEO DE PESQUISA 01: LÍNGUA E CULTURA ARAWÁ Fonte: Projeto Político Pedagógico da UEA Indígena, 2008 (Tabela 04 e Quadro 14, MEC/2002) P ovo QUADRO 01: POVOS OU GRUPOS FALANTES DE LÍNGUAS DA FAMÍLIA ARAWÁ População /falantes Outros nomes, grafias e/ ou subg r upos Família / Língua Deni 572 Arawá X X X X Jamamadi 320 Yamamadi, Arawá x Djeoromixi X X X Jarawara 197 Jarauara Arawá X X Kanamanti 162 Canamanti Arawá X X Kulina 2318 Culina, Madijá, Arawá X X X X X X X Madihá X X X X Paumari 720 Palmari Arawá X X X Zaruahã 143 Sorowaha, Arawá Suruwaha X Total de falantes/povos 4432 1 1 1 1 1 1 2 1 1 6 3 7 1 Boca do Acre Canutama Carauari Envira Eirunepé Ipixuna Itamarati Juruá Jutaí Lábrea Paunini Tapauá Uarini Fonte: Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros em Ação. Educação Escolar Indígena. Quem são, quantos são e onde estão os povos indígenas do Brasil, Brasília: 2002 30 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL

MAPA 02: NÚCLEO DE PESQUISA 02: LÍNGUA E CULTURA ARUÁK MAPA 03: NÚCLEO DE PESQUISA 03: LÍNGUA E CULTURA TUKANO Fonte: Projeto Político Pedagógico da UEA Indígena, 2008 (Tabela 04 e Quadro 14, MEC/2002) Fonte: Projeto Político Pedagógico da UEA Indígena, 2008 (Tabela 04 e Quadro 14, MEC/2002) QUADRO 02; POVOS OU GRUPOS FALANTES DE LÍNGUAS DA FAMÍLIA ARUÁK P o vo População /falantes Outros nomes, grafias e/ ou subg r u pos Família / Língua Apurinã 2779 Aruák X X X X X X X X Baniwa Yafi 215 Baniua, Baniva, Walimanai, Aruák X X X Kuripako, Curipaco, Curripaco, Coripaco X X Baniwa 5.100 Aruák x x Tariano 1595 Tariana, Taliaseri Aruák X X X Warekena 491 Uarequena, Werekena Aruák X X Total 10180 falantes /povos 3 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 2 Fonte: Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros em Ação. Educação Escolar Indígena. Quem são, quantos são e onde estão os povos indígenas do Brasil, Brasília: 2002 Boca do Acre Beruri Canutama Humaitá Japurá Lábrea Manacapuru Manicoré Pauini Tapauá São Gabriel da Cachoeira Santa Isabel do Rio Negro QUADRO 03: POVOS OU GRUPOS FALANTES DE LÍNGUAS DA FAMÍLIA TUKANO P o vo População Outros nomes, grafias e/ ou subg Família / Alvarães J apu r á Santa São Gabiel Uarini Isabel do da /falantes r u pos Língua Rio Negro Cachoeira Arapaso 300 Arapaço Tukano X X X Bará 54 Waípinõmakã Tukano X X Barasana 61 Hanera Tukano Desana 1484 Desâna, Desano, Wira, Tukano X Umu ko ma s ã X X Karapanã 38 Carapanã, Muteamasa, Tukano X Ukopinõpõna X Kubeo 262 Cubeo, Cobewa, Kubéwa, Tukano X Pa míwa X Makuna 42 Macuna, Yeba-masã Tukano X X Miriti Tapuia 120 Miriti-Tapuya, Buia-Tapuya Tukano X X X Piratapuia 900 Piratapuya, Piratapuyo, Pira- Tukano X Tapuya, Waíkana X X Siriano 665 Síria-Masã Tukano X X Tukano 3670 Tucano, Ye pá-masa, Dasea Tukano X X X Tuyuka 530 Tuiuca, dokapuara, Tukano X Utapinõmakãphõná X Wanano 487 Uanano, wanana Tukano X X Total de Falantes e Povos 8613 1 11 1 11 1 Fonte: Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros em Ação. Educação Escolar Indígena. Quem são, quantos são e onde estão os povos indígenas do Brasil, Brasília: 2002 CURSO DE PEDAGOGIA INTERCULTURAL 31