UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQÜICULTURA (CAUNESP) Ictiofauna da Represa Municipal de



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Transcrição:

unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQÜICULTURA (CAUNESP) Ictiofauna da Represa Municipal de São José do Rio Preto, SP, rio Preto, afluente do rio Turvo, drenagem do rio Grande: Diversidade e Reprodução Vanessa Xavier Linhares de Andrade Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n o Cep: 14884-900 - Jaboticabal - SP - Brasil Telefone: (16) 3203-2110 - ramal: 214 Fax: (16) 3203-2268 e-mail: pgaqui@caunesp.unesp.br

unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQÜICULTURA (CAUNESP) Ictiofauna da Represa Municipal de São José do Rio Preto, SP, rio Preto, afluente do rio Turvo, drenagem do rio Grande: Diversidade e Reprodução Vanessa Xavier Linhares de Andrade Orientador: Prof. Dr. Francisco Langeani Neto Jaboticabal, SP - Brasil Novembro de 2003

Vanessa Xavier Linhares de Andrade Dissertação apresentada ao Centro de Aqüicultura da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho- CAUNESP, Câmpus de Jaboticabal como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Aqüicultura área de concentração Biologia dos Organismos Aquáticos, intitulado Ictiofauna da Represa Municipal de São José do Rio Preto, SP, rio Preto, afluente do rio Turvo, drenagem do rio Grande: Diversidade e Reprodução. * Este trabalho foi realizado graças a Auxílio à Pesquisa concedido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. Orientador: Prof. Dr. Francisco Langeani Neto

"Mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana, sempre." Milton Nascimento

A minha querida e amada mãe dedico este despretensioso trabalho

Agradecimentos Talvez a parte mais difícil seja agradecer a todos aqueles que tiveram papel decisivo para que este trabalho chegasse ao fim. Devo agradecer a muitas pessoas, cada qual representando uma peça importante na minha vida. Acima de tudo, devo agradecer a Deus, que permitiu que as realizações e alegrias sobrepujassem as frustrações e tristezas, fazendo com que esta jornada tenha sido compensadora. Ao meu avô Prof. Dr. Odelar Leite Linhares que, pelos inúmeros ensinamentos, me encorajou a seguir os seus passos na carreira acadêmica e pela alegria de ter sido sua neta e poder presenciar tantos exemplos de sabedoria, humildade e constante disposiçao para enfrentar as diversas peças que a vida nos prega. Assim como ele, não posso deixar de agradecer minha querida e amada mãe, a quem dedico esse trabalho, pelo estímulo e apoio desde os meus primeiros passos até a concretização deste trabalho, pela amizade e ótimo convívio, por todas as vezes que prontamente atendeu aos meus apelos, pelas inúmeras discussões e contribuições, muito importantes para a realização deste trabalho. Ao meu pai Audeni, minhas irmãs Milena e Cíntia, e respectivos cunhados Carlos Henrique e Tibério e toda a minha família, por tanto carinho e confiança, pela compreensão à minha ausência e respeito aos meus ideais sempre torcendo pelo meu sucesso. Ao homem da minha vida - Danilo, meu companheiro querido de todas as horas que foi constante fonte de incentivo e que, sem cobranças, doou horas e horas de nosso convívio para que esta jornada não fosse interrompida. À minha sogrinha querida, Dona Erlete, que de alguma forma me deu muitos conselhos indispensáveis para a continuação desde trabalho. Não posso deixar de agradecer ao meu orientador Prof. Dr. Francisco Langeani Neto que, além de desempenhar sua função de mestre e pesquisador, ainda achou tempo para transmitir experiências de vida, formação profissional e exemplos de dedicação ao trabalho e de conduta ética e moral. Foi um privilégio ter privado de seu convívio. À minha querida amiga Roselene Silva Costa-Ferreira pela desinteressada amizade, i

ii constante apoio a todas as minhas iniciativas e pelos momentos de alegria e tristeza que passamos juntas durante nossos longos 8 anos de convivência na ictiologia e na vida pessoal. À professora, doutora e amiga Lilian Casatti pelo permanente estímulo às minhas atividades, desde a minha saída da Graduação até a confecção deste manuscrito e pela enorme colaboração em minhas análises de diversidade e na conclusão. À equipe de colegas de Laboratório, Fernandinho,Henrique, Cris, Jane, Flávio, Diego, André e Fábio, que de uma forma ou de outra me ajudaram a percorrer mais esta etapa de vida seja com amizade ou auxiliando nas coletas. Às minhas amigas e colegas de Pós-Graduação, Janessa e Fabiana, por terem me acolhido todas as vezes que precisei me deslocar até Jaboticabal para cumprir meus créditos em disciplinas. Aos meus colegas de Pós-Graduação brasileiros e colombianos pelos momentos de alegria. Aos funcionários do Departamento de Zoologia e Botânica do IBILCE/UNESP, Derci, Maria Helena, Jorge e Sydnei, por estarem sempre prontos a me ajudar quando precisei. Aos alunos do curso de Mestrado em Matemática Aplicada do IBILCE/UNESP, Fernandinho e Fabiano, por terem transcrito toda a Dissertação em formato LATEX (WinEdit 5.3) e pelo auxílio na confecção dos gráficos através de Programa MICROCAL ORINGIN 4.1, respectivamente. Ao 1 o Ten. PM Olivaldi Alves Borges de Azevedo, comandante da 2 a Cia. do 1 o Pelotão do 4 o Batalhão da Polícia Ambiental de São José do Rio Preto, por ter gentilmente cedido um barco com motor de popa e quatro soldados para auxiliar nas coletas no ponto 2. À Verinha, secretária da Pós-Graduação do CAUNESP por ter estado sempre pronta a nos ajudar, mesmo á distância. À CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo auxílio financeiro que foi decisivo à realização deste trabalho.

Resumo O presente trabalho analisou a composição e os aspectos reprodutivos da ictiofauna do rio Preto em dois trechos urbanos represados e impactados, durante o período de um ano. Visitas mensais, desde fevereiro de 2002, avaliaram alguns parâmetros da água (temperatura, condutividade elétrica, pluviosidade, ph, alcalinidade, turbidez e O 2 dissolvido), exemplares de peixes foram coletados com o auxílio de peneiras, redes de arrasto, tarrafas e anzol. Trinta e uma espécies foram registradas: Characidae (8 spp); Acestrorhynchidae (1); Serrasalmidae (2); Anostomidae (2); Curimatidae (2); Erythinidae (2); Synbranchidae (1); Gymnotidae (1); Callichthyidae (2); Loricariidae (3); Cichlidae (6); Poeciliidae (1). Dessas, 5 espécies são introduzidas (Cichlidae com 4 e Erythinidae com 1). Foram também determinados o sexo, a proporção entre os sexos, a escala de maturação gonadal, a estimativa do tamanho médio da primeira maturação, o período reprodutivo e a fecundidade de todas as espécies constantes. Das 31 espécies coletadas, 20 são constantes e, destas, 06 são residentes com o ciclo completo dentro da represa e grande parte das 14 espécies restantes utilizam a represa apenas como berçário, para amadurecer ou reproduzir. Abstract The present work analyzed the composition and the reproductive aspects of the ichthyofauna of the rio Preto in two stretches of an urban reservoir, during one year period. Monthly visits since February of 2002 had evaluated some parameters of the water (temperature, electric conductivity, pluviosity, ph, alkalinity, turbidity and O 2 dissolved), and fish specimens were collected, with sieves, seines, circular fishing nets and hook-and-line. Thirty one species were recorded: Characidae (8 spp); Acestrorhynchidae (1); Serrasalmidae (2); Anostomidae (2); Curimatidae (2); Erythinidae (2); Gymnotidae (1); Synbranchidae (1); Callichthyidae (2); Loricariidae (3); Cichlidae (6); Poeciliidae (1). Among those, 5 species are introduced (Cichlidae with 4 and Erythinidae with 1). Furthermore, the sex, sexual proportion, scale of gonad maturity, first maturation s medium size estimate, period of reproductive and fecundity of all constant species. Of the 31 collected species, 20 are constant and, of these, 06 are resident with the complete cycle inside of the dam and great part of the 14 remaining species only uses the dam as nursery, to mature or to reproduce. iii

Conteúdo 1 Introdução 1 2 Material e Métodos 4 2.1 Estabelecimento dos Pontos, Período e Esforço de Coleta.......... 4 2.2 Captura dos Peixes............................... 4 2.3 Parâmetros Físicos e Químicos da Água.................... 5 2.4 Ictiofauna.................................... 6 2.4.1 Riqueza de Espécies.......................... 6 2.4.2 Constância de Ocorrência das Espécies................ 6 2.4.3 Diversidade das Espécies........................ 7 2.4.4 Classes de Comprimento Padrão (mm)................ 8 2.5 Reprodução................................... 8 2.5.1 Reconhecimento do Sexo........................ 8 2.5.2 Proporção entre os Sexos........................ 9 2.5.3 Escala de Maturação Gonadal..................... 9 2.5.4 Estimativa do Tamanho Médio de Primeira Maturação Gonadal.. 10 2.5.5 Período Reprodutivo.......................... 11 2.5.6 Fecundidade............................... 11 3 Resultados e Discussão 18 3.1 Parâmetros Físicos e Químicos da Água.................... 18 iv

3.2 Ictiofauna.................................... 20 3.2.1 Riqueza de Espécies.......................... 20 3.2.2 Constância de Ocorrência das Espécies................ 23 3.2.3 Diversidade de Espécies........................ 25 3.2.4 Classes de Comprimento Padrão.................... 28 3.3 Reprodução................................... 31 3.3.1 Reconhecimento do Sexo........................ 31 3.3.2 Proporção entre os Sexos........................ 32 3.3.3 Estimativa do Comprimento Médio de 1 a Maturação Gonadal - L 50 37 3.3.4 Período Reprodutivo.......................... 40 3.3.5 Fecundidade............................... 44 3.4 Considerações Finais.............................. 46 4 Conclusões 48 Referências Bibliográficas 49 v

Capítulo 1 Introdução Os peixes, como um todo, sempre tiveram um grande apelo estético, esportivo e alimentar para o ser humano e, vêm sendo estudados sob diversos ângulos há muitos anos (Castro & Menezes, 1998). Há 25 anos, se comparados com os outros grupos de vertebrados, pouco se conhecia sobre a sistemática, evolução, ecologia, fisiologia, etologia, morfologia, genética e reprodução de peixes de água doce da América do Sul (Böhlke et alii, 1978). As razões eram muitas e a principal talvez fosse o número elevado de espécies e sua ocorrência em ambientes diferentes, tornando sua captura, observação e o estudo de seus parâmetros biológicos mais difíceis, em comparação com a maioria dos outros vertebrados. Os últimos 25 anos, desde que Böhlke e colaboradores discutiram essas lacunas no conhecimento sobre os peixes de água doce da América do Sul, assistiram o grande aumento da pesquisa sobre esta ictiofauna. Isto torna-se claro pelo incremento do esforço de coleta em muitas regiões da América do Sul e Central e, também, pelos novos estudos sistemáticos de diversos componentes desta ictiofauna o que torna este período o mais produtivo da história da pesquisa da ictiofauna de água doce neotropical. Atualmente, são conhecidas em torno de 482 famílias e 24.618 espécies de peixes no planeta, das quais aproximadamente um terço (9.966 espécies) ocupa águas doces permanentemente (Nelson, 1984). O Brasil, contém pelo menos 1.800 espécies descritas de peixes de água doce e 857 de peixes marinhos (Rosa & Menezes, 1996). Segundo Castro & Menezes (1998), no Estado de São Paulo são conhecidas 25 famílias e aproximadamente 261 espécies primariamente de água doce. 1

Introdução As perturbações provocadas pelo homem alteram as características físicas e químicas da água e modificam as características biológicas dos sistemas aquáticos (Welcomme, 1985; Branco, 1986). A biota de um reservatório, por exemplo, ao contrário daquela de lagos naturais, é recente, tendo sua origem nas populações presentes anteriormente naquele trecho do rio interceptado. O represamento altera as condições naturais exigindo da fauna adaptações drásticas, que conduzem a um precário sistema predador-presa e a uma notável instabilidade no ecossistema (observado nos primeiros anos de represamento) que pode se acentuar pelo fato dos reservatórios serem sistemas abertos e sujeitos às influências dos processos físicos e químicos que ocorrem em seus tributários (NUPELIA, 1987). A represa municipal de São José do Rio Preto está situada na região central da cidade e teve sua origem a partir do barramento do rio Preto para o abastecimento de água da população. As cabeceiras da bacia iniciam-se no córrego do Alface, que junto a outros três córregos formam o leito principal do rio Preto a cerca de 20 Km da barragem, entre os municípios de Cedral e Potirendaba. Da nascente, o rio vai margeando a Rodovia João Neves onde recebe os afluentes, córregos da Lagoa Seca, da Invernada e do Baixadão, cruza a Rodovia Washington Luís próximo ao distrito de Engenheiro Schmidt, recebe água de mais três córregos (do Elias, das Damas e do Cedro), passa por Schmidt e, antes chegar à São José do Rio Preto, incorpora as águas de mais dois córregos (o Sem Nome e o da Onça ou da Lagoa). Em São José do Rio Preto, no trecho urbano, o rio apresenta-se parte represado e a outra parte canalizado. Recebe água de diversos córregos como o Canela, Borá, Piedade, e antes de terminar sua travessia pelo município, encontra-se com o córrego da Felicidade, passando por várias outras cidades até desaguar no rio Turvo, próximo a Pontes Gestal. A área total da represa é de aproximadamente 5 Km 2 com profundidade máxima de 2,5 m e comprimento de 4 Km. Apresenta um estrangulamento em sua parte mediana, causado por uma segunda barragem, dividindo esta represa em dois setores distintos, represas velha e nova (Bozelli, Thomaz, Roland & Esteves, 1992). A composição ictiofaunística da bacia do Turvo/Grande é bem conhecida e a coleção de peixes do Departamento de Zoologia e Botânica da UNESP de São José do Rio Preto (DZSJRP) possui o maior acervo no que se refere à ela. Porém, faltam informações sobre a ictiofauna da represa municipal de São José do Rio Preto. Além de faltarem dados sobre sua composição, os ambientes estão constantemente sofrendo mudanças químicas (poluição), de fundo (assoreamento), o que altera as condições do ambiente (represamento) e não se sabe como a ictiofauna está respondendo a estas alterações. 2

Introdução Inúmeros fatores contribuem para tal desconhecimento. Entre eles podemos citar a grande diversidade de ambientes a serem amostrados e a falta de pessoal qualificado para o exame do material a ser produzido durante as pesquisas, sendo necessária à integração de grupos especializados para avançar na identificação das espécies. Esta falta de registros publicados relacionados à comunidade de peixes da represa em questão foi um dos aspectos que motivou a realização deste estudo sobre a diversidade e reprodução para a caracterização das populações de peixes. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a composição e os aspectos reprodutivos da ictiofauna do rio Preto, em dois trechos urbanos represados e impactados, durante o período de um ano. 3

Capítulo 2 Material e Métodos 2.1 Estabelecimento dos Pontos, Período e Esforço de Coleta Foram estabelecidos dois pontos de amostragem na porção nova da Represa Municipal de São José do Rio Preto, em lados e margens opostas: um na porção onde a represa sofre o primeiro barramento (divide a represa em porção nova e velha) e mais próximo à margem esquerda e margens totalmente cobertas por gramíneas, Ponto 1; e o outro na porção onde a represa recebe as águas diretamente do rio Preto e do afluente córrego da Onça (freqüentemente poluídos por produtos químicos, esgotos domésticos e industriais e assoreamento), mais próximo à margem direita e margens totalmente cobertas por taboas e macrófitas, Ponto 2 (Figuras 2.1, 2.2 e 2.3). Foram realizadas coletas mensais para que todas as estações climáticas fossem abrangidas. A partir de uma coleta preliminar em novembro de 2001 foi adequada a metodologia e padronizado o esforço de coleta, considerando-se o tempo e o artefato de pesca utilizado, sendo uma hora por ponto. 2.2 Captura dos Peixes Nos dois pontos de amostragem foram utilizados: três redes de arremesso (tarrafas), sendo duas de malha fina (7,25 mm e 9,60 mm) e uma de malha maior (20,9 x 24,3 mm); uma rede de arrasto simples de 122,7 x 177,2 cm com malha de 2,3 x 3,2 mm; um molinete 4

Material e Métodos para a pesca com anzol e duas peneiras de malha e diâmetros diferentes (café e arroz) para a captura de peixes junto à vegetação marginal. No Ponto 2, de difícil acesso, foi utilizado também um pequeno barco de alumínio com motor de popa. Todos os aparelhos de pesca foram utilizados ao mesmo tempo pela equipe que nos apoiou nos doze meses (Figura 2.4). No momento da captura, os peixes foram, imediatamente, colocados em solução de formalina a 10 % para fixação; os indivíduos acima de 40 mm de comprimento foram estocados na mesma solução entretanto, injetada na cavidade abdominal para melhor introdução e fixação desta solução. Após 72 horas, os exemplares foram lavados em água corrente e separados em frascos com etanol a 70 %, para posterior identificação e análise. 2.3 Parâmetros Físicos e Químicos da Água Antes do início das coletas dos peixes, duas amostras de água de cada ponto foram coletadas com o auxílio de frascos de vidro âmbar de boca estreita. A água de um desses frascos foi imediatamente fixada segundo o método de Winkler (Castanholli, 1992), para posterior análise do oxigênio dissolvido em laboratório. O outro frasco de água foi utilizado para tomadas de ph, alcalinidade e turbidez também realizados em laboratório. A temperatura e a condutividade elétrica da água foram tomadas diretamente no campo com o auxílio de um termômetro de mercúrio e um condutivímetro. As amostragens no Ponto 1 foram sempre às 8:00 horas e, no Ponto 2, às 10:00. A análise da água foi completada em laboratório no máximo 4 horas após sua coleta. Com a água não fixada, foram tomados os valores de turbidez com o auxílio do turbidímetro, potencial hidrogeniônico (ph) utilizando um peagâmetro e alcalinidade pelo método de titulação. O oxigênio dissolvido foi calculado através do Método de Winkler, conforme Goltermann et alii, 1978, que utiliza uma pequena amostra de água fixada no momento da coleta (Figuras 2.5 e 2.6). Dados de pluviosidade foram obtidos junto à Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI de São José do Rio Preto, SP. 5

2.4. ICTIOFAUNA 2.4 Ictiofauna 2.4.1 Riqueza de Espécies As espécies de peixes foram identificadas com o auxílio de chaves de identificações específicas para cada grupo e comparações com dados de coleção. Como auxílio geral para as identificações, utilizou-se: Britski (1972); Fowler (1948, 1950, 1951 e 1954); Géry (1977) e Langeani (2001), além de trabalhos de revisão existentes para táxons específicos. Juntamente com estes dados, foram utilizados os resultados do Projeto Biota/Fapesp (Consolidação e Informatização da Coleção de Peixes do Laboratório de Ictiologia do Departamento de Zoologia e Botânica da UNESP de São José do Rio Preto, SP) finalizado em 2001. Ao término das 12 coletas e do exame do material, exemplares-testemunho foram separados para depósito na coleção de peixes do Departamento de Zoologia e Botânica da UNESP de São José do Rio Preto (DZSJRP) e exemplares representativos foram fotografados (Figuras 3.3 e 3.4). Para avaliar a qualidade do levantamento foi utilizado um estimador de riqueza por extrapolação do programa EstimateS 6b1a (Colwell 2000), com 50 aleatorizações. Os estimadores de riqueza por extrapolação se baseiam no conceito de cobertura da amostra ( sample coverage ) que representa a proporção de espécies observadas na amostra em relação a todas as espécies presentes no local, observadas ou não (Colwell, 2000). Em praticamente todos os levantamentos faunísticos, certas espécies são muito raras e outras muito comuns (Chazdon et al., 1998). Portanto, todas as informações sobre as espécies não encontradas nas amostras serão incluídas nas classes raras. Um estimador de riqueza por extrapolação consiste do número de espécies comuns observadas nas amostras acrescido de um fator de correção calculado a partir do número de espécies raras. 2.4.2 Constância de Ocorrência das Espécies A constância de ocorrência das espécies coletadas foi determinada através da fórmula de Dajoz (1973): c = p 100, P onde p é o número de coletas contendo a espécie estudada e P é o número total de coletas efetuadas durante o período estudado. De acordo com o valor de c obtido, as espécies foram classificadas como constantes quando c 50, espécies acessórias quando 6

Material e Métodos 25 < c < 50 e espécies raras ou acidentais quando c 25. 2.4.3 Diversidade das Espécies Os exemplares de cada espécie em cada ponto de coleta foram contados para se estabelecer o número de exemplares coletados por espécie. Três índices de diversidade foram utilizados: Shannon-Wiener, Eqüitabilidade e Rarefação. O Índice de Shannon-Wiener ( H) pode ser calculado pelas seguintes equações: H = P i log(p i ) ou H = ( ni ) ( ni ) log, N N onde n i é o número de indivíduos da espécie i; N é o número total de indivíduos coletados e P i é a proporção de espécies i em relação ao total de indivíduos coletados (Lundwig & Reynolds, 1998). Este índice está relacionado com a probabilidade de que um indivíduo escolhido ao acaso pertença a uma espécie ainda não escolhida e o grau de certeza em se coletar uma determinada espécie na comunidade varia de acordo com o número de exemplares de cada espécie na comunidade (abundância). Em locais com baixa diversidade e maior número de indivíduos por espécie, a probabilidade de que um indivíduo escolhido ao acaso pertença a uma espécie ainda não escolhida é baixa. Por outro lado, em locais com alta diversidade e menor número de indivíduos por espécie, a probabilidade de que um indivíduo escolhido ao acaso pertença a uma espécie ainda não escolhida é alta (Lundwig & Reynolds, 1998). A Eqüitabilidade, calculada pelo índice de Uniformidade de Pielou (e), representa a uniformidade do número de exemplares entre as espécies e pode ser determinada pela seguinte equação: e = H H max, onde H é o índice de diversidade de Shannon-Wiener, H max = log(s) é o índice de diversidade com valor máximo caso todas as espécies estejam representadas pelo mesmo número de indivíduos (igual a log(s)) e S é o número de espécies. O valor da Eqüitabilidade varia entre 0 < e < 1 e quanto maior o valor obtido maior a uniformidade da amostra. Na Rarefação, o número esperado de espécies é plotado contra o número de indivíduos no eixo x. Esta curva dá uma medida da diversidade de espécies que é robusta aos efeitos 7

Material e Métodos do tamanho da amostra, permitindo comparações entre comunidades onde, por exemplo, a densidade de animais é muito diferente (Simberlof, 1972). Curvas íngremes indicam comunidades mais diversas. Para estes cálculos foi utilizado o programa Bio Diversity Pro (McAleece et alii., 1997). 2.4.4 Classes de Comprimento Padrão (mm) Em todos os indivíduos coletados foram registrados o comprimento padrão tomado com o auxílio de um paquímetro de metal que é medido da ponta do focinho à base da nadadeira caudal ou final do uróstilo (inserção da nadadeira caudal). Os indivíduos de cada espécie, considerando os 2 pontos como uma única população, foram divididos em classes de comprimento padrão para mostrar a distribuição quanto ao tamanho, através da Formulação de Sturges (Silva & Souza, 1987): h = A K, sendo A a amplitude para a espécie estudada, ou seja, a diferença entre o maior e o menor comprimento apresentados pelos indivíduos daquela espécie ao longo dos doze meses e K é calculado pela fórmula K = 1 + 3, 222 log(n), onde n é n o de exemplares coletados nos 2 pontos durante o período estudado. Os resultados foram apresentados em forma de gráficos de barras para cada espécie. 2.5 Reprodução 2.5.1 Reconhecimento do Sexo São poucas as espécies que exibem caracteres sexuais secundários externos (espinhos, ganchos, protuberâncias, ondontóides e até mesmo coloração diferenciada) que nos permitam identificar o sexo, sendo necessário a extração das gônadas através de uma incisão ventral na cavidade celomática a partir da abertura urogenital em direção a cabeça até próximo ao istmo. O intestino foi deslocado para frente e o par de gônadas exposto. Depois de extraídas, as gônadas foram observadas sob estereomicroscópio da marca Olympus com aumento maior de 40 vezes e descrita as características quanto a aparência, o formato e a cor, de acordo com Vazzoler (1996): os testículos apresentavam forma 8

Material e Métodos folicular alongada e de cor esbranquiçada e, os ovários, forma tubular alongada e de cor variando do translúcido ao amarelo, amarelo-rosado e vermelho, de acordo com a fase de desenvolvimento dos ovócitos. Uma vez identificado o sexo, as gônadas foram colocadas em pequenos frascos devidamente etiquetados (espécie, comprimento padrão, código de coleta e sexo) e imersos em etanol 70%. 2.5.2 Proporção entre os Sexos Para a análise dos dados de proporção entre os sexos foram computados o número e a freqüência porcentual (%) de fêmeas e machos presentes nas amostras por mês, para o período total e por classes de comprimento padrão e aplicado o teste do X 2 para análise estatística. O cálculo do valor do X 2 para os três casos determinou que a proporção sexual esperada (E), em todos os caso, foi de 50% : 50% : (ou 1 macho : 1 fêmea): X 2 (O E)2 = 2, E sendo que, para o g.l. = 1, valores de X 2 > 3, 84 indicam diferenças significativas. A proporção entre ou sexos por mês e por classes de comprimento padrão, foi calculada para espécies constantes (aquelas que aparecem em mais de 50% das coletas) e que tiveram um número significativo de indivíduos jovens e adultos que ocupassem mais de 50% dos meses e das classes de tamanho estipulado para a espécie. 2.5.3 Escala de Maturação Gonadal Apesar da maneira mais adequada e segura de se determinar as fases de desenvolvimento gonadal ser a análise histológica (Hunter & Macewicz, 1985), em estudos de populações que exigem a obtenção de dados de várias centenas de indivíduos, o processamento histológico de todas as gônadas seria impossível. Neste trabalho, as escalas escalas de maturação gonadal foram baseadas em aspectos macroscópicos dos ovários e testículos. Essas escalas levam em consideração o tamanho das gônadas em relação à cavidade celomática, a coloração, a presença de vasos sangüíneos, o tamanho e aspecto dos ovócitos e o grau de turgidez das gônadas. Com isto, as gônadas foram analisadas e divididas em quatro estádios de maturidade segundo Vazzoler (1996): 9

Material e Métodos 1. Estádio A ou Imatura: Quando os ovários apresentavam aspecto filiforme, translúcido, reduzido (ocupando menos de 1/3 da cavidade celomática), sem vascularização, o par de oviductos longos, ovócitos não visíveis macroscopicamente, posicionados bem junto à parede dorsal; e testículos com aspecto semelhante ao dos ovários, apenas mais achatados e de cor esbranquiçada. 2. Estádio B ou Em Maturação: Quando os ovários e testículos ocupavam cerca de 1/3 a 2/3 da cavidade celomática, com uma intensa vascularização e espessas membranas que não se rompiam com uma leve pressão. Os ovários apresentavam formato mais tubular alongado, aspecto mais translúcido no início se diferenciando a amarelo, amarelo-rosado e vermelho no final do estádio, com oviductos mais curtos que na fase anterior, ovócitos visíveis macroscopicamente e os testículos com formato lobular e aspecto mais esbranquiçado que no estádio anterior. 3. Estádio C ou Maduro: Quando os ovários ocupavam quase 100% da cavidade celomática, coloração amarela a vermelho, sendo observados ovócitos opacos e maiores que no estádio anterior e, os testículos, aspecto bem leitoso e com dobras em toda a volta podendo ser observadas três porções: cefálica, mediana e posterior. Em ambos os sexos a membrana, nesta fase, se rompe facilmente a uma leve pressão. 4. Estádio D ou Esvaziado: Quando os ovários e testículos apresentavam membranas flácidas, distendidas e de aspecto hemorrágico que não se rompem com facilidade. As gônadas nesta fase passam a ocupar novamente 1/3 da cavidade celomática. Algumas espécies passam do estádio C para B sem nem mesmo passar por esta fase, daí podermos nominar esta fase. No caso da espécie Poecilia reticulata, foram acrescentados mais dois estádios: o estádio E(antes do estádio A), empregado para exemplares jovens, cujo desenvolvimento das gônadas dificilmente permite distinguir testículo de ovário; e o estádio F(após o estádio D), empregado para espécies lecitotróficas, quando forem observados embriões. 2.5.4 Estimativa do Tamanho Médio de Primeira Maturação Gonadal O comprimento médio do início da 1 a maturação gonadal (L 50 ) é aquele para o qual 50% dos indivíduos iniciam o ciclo reprodutivo, ou seja, estão passando de jovens para 10

Material e Métodos adultos. Para calcular o tamanho médio da 1 a maturação (L 50 ) das espécies coletadas foi necessário dados de amplitude de variação do comprimento durante os 12 meses (maior e menor indivíduo em cada ponto). Depois, foram estabelecidas classes de comprimento de acordo com a amplitude. Para cada classe foi computado o número de fêmeas e machos jovens e adultos. Estes valores foram transformados em freqüência relativa (%) dentro de cada classe. Os dados dos exemplares adultos foram lançados em gráficos (abscissa = classes; ordenada = freqüência dos adultos) e os pontos unidos em uma curva do tipo sigmóide. Uma paralela à abscissa no ponto correspondente à classe de 50% de indivíduos adultos foi traçada de modo que, no encontro dessa linha com a(s) curva(s), traça-se uma perpendicular à abiscissa que define o comprimento médio de 1 a maturação das fêmeas, dos machos e do total. 2.5.5 Período Reprodutivo Para a análise dos dados do período reprodutivo calcula-se, para as fêmeas de cada espécie, o número de indivíduos em cada estádio de maturação em cada mês, onde consideramos a população coletada nos 2 pontos. A freqüência porcentual (%) desses indivíduos em cada estádio por mês foi calculada. 2.5.6 Fecundidade A fecundidade foi estimada através da contagem do número de ovócitos em três fêmeas sexualmente maduras de cada espécie capturada. A contagem foi realizada com o auxílio de um estereomicroscópio da marca Olympus aumento de 40 vezes. Primeiramente foi medido o volume total de ovócitos nos dois ovários e um pequeno volume (ex. 1ml) deste, foi separado e contado e por uma simples regra de três identificadas a quantidade aproximada de ovócitos no par de gônadas. 11

Material e Métodos Figura 2.1: A: Mapa do Brasil: localização da Bacia do Turvo/Grande; B: Mapa da drenagem da Bacia do Turvo/Grande. 12

Material e Métodos Figura 2.2: A: Drenagem do rio Preto; B: Represa Municipal de São José do Rio Preto com os dois pontos de coleta. 13

Material e Métodos Figura 2.3: A, B e C: Ponto 1 a 100, 50 e 1 metro de distância respectivamente e D, E e F: Ponto 2 a 100, 50 e 1 metro de distância respectivamente 14

Material e Métodos Figura 2.4: Apetrechos utilizados nas coletas: A) peneira; B) tarrafa e C) rede de arrasto. 15

Material e Métodos Figura 2.5: A: Laboratório onde foram feitas as análises de água e B: Aparelho onde mediu-se a turbidez (Turbidímetro). 16

17 Figura 2.6: A: Método de medida do oxigênio dissolvido na água (Método de Winkler) e B: Aparelho onde mediu-se a alcalinidade e o ph da água (peagâmetro) Material e Métodos

Capítulo 3 Resultados e Discussão 3.1 Parâmetros Físicos e Químicos da Água A figura 3.1 mostra a variação dos valores mensais de temperatura, condutividade elétrica, ph, alcalinidade, turbidez, oxigênio dissolvido na água e precipitação pluviométrica em dois pontos da represa municipal de São José do Rio Preto, durante o período estudado. De maneira geral, os dois pontos apresentaram-se muito semelhantes, exceto com relação à turbidez (outubro) e e oxigênio dissolvido (novembro) no Ponto 1. No gráfico de turbidez, representado na figura 3.1, devido a um vendaval e chuva de granizo ocorrida no final do mês de setembro, ocasionou um pico no mês de outubro somente no Ponto 1. Como o Ponto 2 está situado no local onde o rio Preto e o córrego da Lagoa desaguam, todo material trazido pela chuva foi arrastado deste local e ficou depositado no Ponto 1. Este acúmulo de matéria orgânica ocasionou, neste último ponto, uma queda no valor de oxigênio dissolvido na água no mês de novembro, aliado ao aumento significativo dos valores de oxigênio dissolvido no Ponto 2. 18

Resultados e Discussão Figura 3.1: Variação dos valores mensais de temperatura, condutividade elétrica, ph, alcalinidade, turbidez, oxigênio dissolvido na água e precipitação pluviométrica em dois pontos da represa municipal de São José do Rio Preto, de Fev/2002 a Jan/2003. 19

Resultados e Discussão 3.2 Ictiofauna 3.2.1 Riqueza de Espécies Foram coletados exemplares de 31 espécies: Characidae (8 spp); Acestrorhynchidae (1); Serrasalmidae (2); Anostomidae (2); Curimatidae (2); Erythinidae (2); Gymnotidae (1); Synbranchidae (1); Callichthyidae (2); Loricariidae (3); Cichlidae (6); Poeciliidae (1). Dessas, 6 espécies são introduzidas (Cichlidae com 4, Erythrinidae e Poeciliidae com 1 cada). Esse número é muito próximo ao estimado pelo Programa EstimateS 6b1a (Colwell 2000), que foi de 33 espécies, o que nos levou a concluir que o levantamento ictiofaunístico realizado foi bem amostrado onde a margem de erro foi de apenas 2 espécies. A seguir, foram mostrados trinta e uma espécies coletadas durante o período estudado, sendo vinte e seis espécies nativas e cinco exóticas assinaladas em vermelho, uma figura mostrando dois gráficos (Figura 3.2): A) espécies por Ordem e B) espécies por Família, e duas prancha com as fotos representativas das espécies nativas e indroduzidas (Figuras 3.3 e 3.4) coletadas na Represa Municipal de São José do Rio Preto, SP, durante o período estudado. Lista das trinta e uma espécies coletadas Characiformes Characidae A) Serrapinnus notomelas;(eigenmann, 1915) piabinha, lambari B) Cheirodon stenodon; Eigenmann, 1915 tetra C) Astyanax altiparanae; Garutti&Britski, 2000 lambari do rabo amarelo D) Astyanax fasciatus; (Cuvier, 1819) lambari do rabo vermelho E) Hemigrammus marginatus; Ellis, 1911 tetra F) Hyphessobrycon eques; (Steindachnerina, 1882) mato-grosso G) Piabina argentea; Reinhardt, 1867 piabina, piaba H) Oligosarcus pintoi; Amaral Campos, 1945 lambari Acestrorynchidae I) Acestrorhynchus lacustris; (Reinhardt, 1874) peixe cachorro, ueua Serrasalmidae J) Serrasalmus marginatus; Valenciennes, 1836 pirambeba, catirina K) Serrasalmus spilopleura; Kner, 1858 pirambeba de faixa negra 20

Resultados e Discussão Anostomidae L) Schizodon altoparanae; Garavello &Britski, 1990 taguara M) Schizodon nasutus ; Kner, 1858 taguara Curimatidae N) Cyphocharax modestus; (Fernández-Yépez, 1948) sagüiru O) Steindachnerina insculpta; (Fernández-Yépez, 1948) papa-terra Erythrinidae P) Hoplerithrinus sp. traíra pixuna, jeju Q) Hoplias malabaricus; (Bloch, 1794) traíra Gymnotiformes Gymnotidae R) Gymnotus carapo; Linnaeus, 1758 tuvira, carapó, sarapó Synbranchiformes Synbranchidae S) Synbranchus marmoratus; Bloch, 1795 mussum Siluriformes Callichthyidae T) Corydoras aeneus; (Gill, 1858) tamuatá, dunda U) Hoplosternum littorale; (Hancock, 1828) tamuatá, caborja, ferrinho Loricariidae V) Hypostomus ancistroides; (Ihering, 1911) cascudo comum X) Hypostomus aff. nigromaculatus; (Schubart, 1964) cascudo Z) Liposarcus anisitsi; (Eigenmann &Kennedy, 1903) cascudo preto Perciformes Cichlidae A ) Astronotus ocellatus ; (Agassiz, 1831) B ) Cichlasoma paranaense; Kullander, 1983 C ) Geophagus brasiliensis; Kner, 1865 D ) Oreochromis niloticus ; (Linnaeus, 1758) E ) Satanoperca jurupari ; (Heckel, 1840) F ) Tilapia rendalli ; (Boulenger, 1897) Cyprinodontiformes Poecilidae G ) Poecilia reticulata; Peters, 1860 oscar, apaiari cará, acará cará, acará, acará topete tilápia do nilo cará, acará, cará bicudo tilápia comum guaru, barrigudinho 21

Resultados e Discussão Figura 3.2: A: número de espécies nos Pontos 1, 2 e no total, por ordem taxonômica; B: número de espécies nos Pontos 1, 2 e no total, por Família taxonômica. Figura 3.3: Onze das trinta e uma espécies coletadas. 22

Resultados e Discussão Figura 3.4: Vinte das trinta e uma espécies coletadas. 3.2.2 Constância de Ocorrência das Espécies De maneira geral, das 31 espécies, 15 foram constantes em ambos os pontos; zero espéices acessórias ocorre nos Pontos 1 e 4, no Ponto 2; 11 e 7, raras nos Pontos 1 e 2, respectivamente e, por fim, 5 não ocorreram no Ponto 1 e outras 5 não ocorreram no Ponto 2. Acestrorhyncus lacustris e Hoplias malabaricus foram raras no Ponto 1 e, no 2, constantes tabela 3.2. Isso se deve, provavelmente, ao método utilizado para as coletas que não foi adequado para coletá-las no Ponto 1. Já Cichlasoma paranaense, como foi utilizado um barco de alumínio para auxiliar nas coletas no Ponto 2, o método foi mais 23

Resultados e Discussão eficiente. Como a vegetação marginal no Ponto 1 é recoberta por gramíneas, esta é utilizada pelos jovens das espécies Serrasalmus spilopleura e Hypostomus ancistroides como berçário. Daí serem constantes neste ponto e raras no Ponto 2. Pode-se observar que na figura 3.1 os valores de oxigênio dissolvido da água no Ponto 1 apresentavam-se mais oxigenado do que no Ponto 2, o que reforçou ser este último ponto mais deteriorado que o primeiro. Como Gymnotus carapo possui respiração acessória (Campos-da-Paz, 2003) esta provavelmente prefira habitar ambientes mais deteriorados diminuindo a competição intraespecífica. Possivelmente seja esta a razão da maoir ocorrência dessa espécie no Ponto 2. Na figura 3.5 pode-se verificar que não foram registradas espécies acessórias no Ponto 1 e, em ambos os pontos, as espécies constantes representam mais de 50%. Tabela 3.2: Constância de ocorrência de cada espécie em ambos os pontos. Espécies Coletadas Ponto 1 Ponto2 % Ocorrência % Ocorrência Serrapinnus notomelas 75 constante 100 constante Cheirodon stenodon 0 não ocorre 17 rara Astyanax altiparanae 92 constante 92 constante Astyanax fasciatus 25 rara 0 não ocorre Hemigrammus marginatus 25 rara 67 constante Hyphessobrycon eques 58 constante 100 constante Piabina argentea 25 rara 42 acessória Oligosarcus pintoi 50 constante 42 acessória Acestrorhyncus lacustris 17 rara 50 constante Serrasalmus marginatus 25 rara 17 rara Serrasalmus spilopleura 58 constante 25 rara Schizodon altoparanae 8 rara 0 não ocorre Schizodon nasutus 75 constante 0 não ocorre Cyphocharax modestus 50 constante 58 constante Steindachnerina insculpta 75 constante 67 constante Hoplerithrinus sp. 0 não ocorre 8 rara Hoplias malabaricus 25 rara 58 constante 24

Resultados e Discussão Gymnotus carapo 25 rara 67 constante Synbranchus marmoratus 8 rara 17 rara Corydoras aeneus 8 rara 0 não ocorre Hoplosternum littorale 0 não ocorre 8 rara Hypostomus ancistroides 67 constante 8 rara Hypostomus aff. nigromaculatus 17 rara 0 não ocorre Liposarcus anisitsi 58 constante 33 acessório Astronotus ocellatus 0 não ocorre 42 acessório Cichlasoma paranaense 0 não ocorre 50 constante Geophagus brasiliensis 75 constante 83 constante Oreochromis niloticus 83 constante 75 constante Satanoperca jurupari 100 constante 92 constante Tilapia rendalli 100 constante 58 constante Poecilia reticulata 67 constante 67 constante Figura 3.5: Constância de ocorrência das espécies nos pontos 1 (A) e 2 (B). 3.2.3 Diversidade de Espécies Em relação aos resultados obtidos nos três índices de diversidade, Shannon-Wiener, Eqüitabilidade (Tabelas 3.3 e 3.4) e Rarefação (Figura 3.6), pode-se concluir que a comunidade de peixes do Ponto 1 apresenta-se mais diversa e uniforme quando comparada à comunidade residente no Ponto 2, devido aos valores de H e e no Ponto 1, apesar da curva de Rarefação no Ponto 2, mostrar um número de indivíduos muito maior que no Ponto 1 e possuir uma riqueza menor de espécies. Isto tudo poderia ser explicado pelo fato que o Ponto 2 apresentou-se mais degradado e parece ter influência direta da porção não represada do rio Preto e do córrego da Lagoa (ou da Onça). 25

Resultados e Discussão Tabela 3.3: Índices de diversidade de Shannon-Wiener e Equitabilidade no Ponto 1. Ponto 1 Espécies n i P i P i log(p i ) Serrapinnus notomelas 81 0,023-0,038 Astyanax altiparanae 510 0,146-0,122 Astyanax fasciatus 3 0,001-0,003 Hemigrammus marginatus 3 0,001-0,003 Hyphessobrycon eques 200 0,057-0,071 Piabina argentea 12 0,003-0,008 Oligosarcus pintoi 158 0,045-0,061 Acestrorhyncus lacustris 1 0,000-0,001 Serrasalmus marginatus 49 0,014-0,026 Serrasalmus spilopleura 59 0,017-0,030 Schizodon altoparanae 5 0,001-0,004 Schizodon nasutus 44 0,013-0,024 Cyphocharax modestus 13 0,004-0,009 Steindachnerina insculpta 82 0,024-0,038 Hoplias malabaricus 4 0,001-0,003 Gymnotus carapo 3 0,001-0,003 Synbranchus marmoratus 1 0,000-0,001 Corydoras aeneus 1 0,000-0,001 Hypostomus ancistroides 52 0,015-0,027 Hypostomus aff. nigromaculatus 2 0,001-0,002 Liposarcus anisitsi 487 0,140-0,119 Geophagus brasiliensis 57 0,016-0,029 Oreochromis niloticus 674 0,193-0,138 Satanoperca jurupari 131 0,038-0,054 Tilapia rendalii 818 0,235-0,148 Poecilia reticulata 38 0,011-0,021 S = 26 N = 3488 H = 0, 984519 e = 0, 695786 26

Resultados e Discussão Tabela 3.4: Índices de diversidade de Shannon-Wiener e Equitabilidade no Ponto 2. Ponto 2 Espécies n i P i P i log(p i ) Serrapinnus notomelas 107 0,031-0,046 Cheirodon stenodon 2 0,001-0.001 Astyanax altiparanae 139 0,040-0,056 Hemigrammus marginatus 28 0,008-0,017 Hyphessobrycon eques 419 0,120-0,111 Piabina argentea 431 0,124-0,112 Oligosarcus pintoi 27 0,008-0,016 Acestrorhyncus lacustris 12 0,003-0,008 Serrasalmus marginatus 2 0,001-0,002 Serrasalmus spilopleura 8 0,002-0,006 Cyphocharax modestus 15 0,004-0,010 Steindachnerina insculpta 31 0,009-0,018 Hoplerhytrynus sp. 5 0,001-0,004 Hoplias malabaricus 20 0,006-0,013 Gymnotus carapo 18 0,005-0,012 Synbranchus marmoratus 2 0,001-0,002 Hoplosternum littorale 1 0,000-0,001 Hypostomus ancistroides 1 0,000-0,001 Liposarcus anisitsi 21 0,006-0,013 Astronotus ocellatus 10 0,003-0,007 Cichlasoma paranaense 16 0,005-0,011 Geophagus brasiliensis 535 0,153-0,125 Oreochromis niloticus 5271 1,511 0,271 Satanoperca jurupari 413 0,118-0,110 Tilapia rendalii 938 0,269-0,153 Poecilia reticulata 34 0,010-0,020 S = 26 N = 8506 H = 0, 603545 e = 0, 426542 27

Resultados e Discussão Figura 3.6: Curva de Rarefação dos Pontos 1 e 2 da represa municipal de São José do Rio Preto. 3.2.4 Classes de Comprimento Padrão Exemplares de Serrapinnus notomelas, Hemigrammus marginatus, Hyphessobrycon eques, Piabina argentea, Steindachnerina insculpta e Poecilia reticulata (Figura 3.7 A-F) apresentaram indivíduos jovens e adultos, em diferentes classes de comprimento padrão, indicando serem espécies residentes que completam o ciclo reprodutivo dentro da represa, principalmente nas áreas marginais. Por sua vez Astyanax altiparanae, Oligosaurcus pintoi, Acestrorhyncus lacustris, Serrasalmus spilopleura, Schizodon nazutus, Cyphocharax modestus, Hoplias malabaricus, Gymnotus carapo, Hypostomus ancoistroides, Cichlasoma paranaense, Geophagus brasiliensis, Oreochromis niloticus, Satanoperca jurupari e Tilapia rendalli (Figura 3.7 G-H, 3.8 A-H e 3.9 A-D) apresentaram porcentagem de indivíduos jovens entre 75% e 100%, o que nos levou a concluir que a grande maioria destas populações é composta apenas de indivíduos jovens, utilizando a represa nas etapas iniciais de desenvolvimento, como área de refúgio e crescimento. O mesmo ocorreu com as espécies coletadas por Orsi (2002). Ainda neste trabalho, Orsi et. alii. concluiu que a presença temporária de algumas espécies deve-se principalmente ao fato de que trechos degradados não oferecem as condições necessárias ao desenvolvimento completo de ciclo de vida; e também ao fato de que estas espécies não estarem adaptadas a explorar tais ambientes alterados. 28

Resultados e Discussão Figura 3.7: Distribuição das populações em classes de comprimento padrão. 29

Resultados e Discussão Figura 3.8: Distribuição das populações em classes de comprimento padrão. 30

Resultados e Discussão Figura 3.9: Distribuição das populações em classes de comprimento padrão. 3.3 Reprodução 3.3.1 Reconhecimento do Sexo A grande maioria dos peixes não apresentam caracteres sexuais secundários sendo necessário dissecá-los para a identificação dos sexos. A figura 3.10 mostrar as diferenças morfológicas (aparência, formato e cor) entre as gônadas masculina e feminina. Os ovários apresentam uma forma elíptica ocupando quase a totalidade da cavidade abdominal, de coloração variando de amarelo, amarelorosado a vermelho (Figura 3.10 A). Os testículos, em geral, apresentam forma longotubular lobulado, ocupando o espaço entre as vísceras e a bexiga natatória com coloração esbranquiçada devido ao conteúdo espermático (Figura 3.10 B). 31

Resultados e Discussão Figura 3.10: Exemplares de Astyanax altiparanae, mostrando diferenças morfológicas (aparência, formato e cor) entre os sexos: A) fêmea e B) macho 3.3.2 Proporção entre os Sexos Proporção entre os Sexos Durante 1 Ano A proporção entre os sexos durante o período estudado, dos Pontos 1 e 2, é apresentada na figura 3.11. A proporção entre os sexos para os exemplares capturados no Ponto 1 foi aproximadamente igual para ambos os sexos, exceto para Cyphocharax modestus e Poecilia reticulata, onde a diferença entre machos e fêmeas nestas espécies foi maior que 5%. Já no Ponto 2, sete das quatorze espécies tiveram diferenças significativas, ou seja, Serrapinnus notomelas, Hemigrammus marginatus, Acestrorhyncus lacustris, Cyphocharax modestus, Hoplias malabaricus, Cichlasoma paranaense e Poecilia reticulata, apresentaram diferenças superior a 5% entre machos e fêmeas. 32

Resultados e Discussão Figura 3.11: Proporção entre os sexos durante 1 ano nos Pontos 1 e 2 Distribuição Mensal entre Machos e Fêmeas A distribuição mensal entre machos e fêmeas apresentou diferenças significativa. No Ponto 1 de 61% e no 2 foi 70%. O número de espécies que apresentou, em 50% ou mais, diferenças significativas entre machos e fêmeas foi praticamente o mesmo para os pontos 1 (6 espécies das 11 analisadas) e 2 (7 das 13 analisadas), com 54, 4% e 54, 0%, respectivamente. As proporções entre os sexos mensais (Fevereiro 2002 a Janeiro de 2003) foram a- presentados na Tabela 3.5, para os Pontos 1 e 2. Deve-se lembrar que foram analisadas apenas as espécies constantes onde a identificação dos indivíduos foi possível. Os valores de X 2 > 3, 84, que estão em vermelho, indicam que a diferença entre machos e fêmeas naquele mês e naquele ponto foi significativa, ou seja, foi maior que 5%. 33

Tabela 3.5: Distribuição mensal de machos e fêmeas nos Pontos 1 e 2 34 Espécies Coletadas F/02 M A M J J A S O N D J/03 Ponto 1 * X 2 Serrapinnus notomelas - 0,64 36,00 11,56 100-4,00-100 0 0,16 1,44 Astyanax altiparanae 7,84 0,36 0 100 100 1,96 100-6,76 0 14,44 19,36 Hyphessobrycon eques - - 100 - - - 4,00 11,56 9,00 1,44 3,24 0,64 Oligosarcus pintoi - - - - - - 1,00 2,56 0,36 0,16 2,56 100 Serrasalmus spilopleura 6,76 - - 11,56 - - 100 0-1,44 6,76 11,56 Schizodon nazutus 0 0,36 1,44 1,56 4,00-100 100 - - 11,56 - Cyphocharax modestus - 0,64 36,00 11,56 100 36,00 4,00-100 0 0,16 1,44 Steindachnerina insculpta 0 0-4,00 11,56 3,24 100 14,44 - - 11,56 25,00 Geophagus brasiliensis 0 100 100 100 - - 100 0,36 6,76 1,00 11,56 1,00 Satanoperca jurupari 100 0 1,96 100 0 0 100 7,84 1,44 1,44 14,44 4,00 Poecilia reticulata 11,56 11,56 100-0 100 - - 25,00 11,56-100 Ponto 2 Serrapinnus notomelas 36,00 100 11,56 0 25,00 25,00 16,00 9,00 1,00 0 7,84 17,64 Astyanax altiparanae 11,56 11,56 1,44 100-100 100 1,96 1,44 3,24 1,96 100 Hemigrammus marginatus - 25,00 100 100 100-100 43,56 100 100 - - Hyphessobrycon eques 100 16,00 1,96 4,00 11,56 0 0,36 0,36 6,76 3,24 0 1,44 Acestrorhyncus lacustris - 100-100 100 - - - - 25,00 11,56 0 Cyphocharax modestus - 11,56 0 - - - 100-0 0 100 100 Steindachnerina insculpta 0 100 11,56 - - - 100 4,00 1,00-100 11,56 Hoplias malabaricus 11,56 100-100 - - 100-0 1,44 0 - Gymnotus carapo 100 - - 100 100 100 100-11,56 4,00 36,00 - Cichlasoma paranaense 100-100 - - - - - 100 4,00 4,00 0 Geophagus brasiliensis 100-11,56 100 11,56-100 1,44 4,00 6,76 0 100 Satanoperca jurupari 0 16,00 43,56 0 100-0 4,00 0,16 1,96 0,04 11,56 Poecilia reticulata 100 57,76-100 - 100 100-43,56 6,76 0 - * X 2 > 3, 84 diferenças significativas Resultados e Discussão

Resultados e Discussão Proporção entre os Sexos por Classes de Comprimento Padrão (C.P.) Neste trabalho, a representação entre machos e fêmeas por classes de comprimento padrão foi computada para as espécies constantes onde a identificação dos indivíduos nos foi permitida (Figuras 3.12 e 3.13). Os valores de X 2 > 3, 84 indicaram diferenças significativas de mais de 5% entre os sexos. Verifica-se que das 13 espécies analisadas, 7 (6 Characidae e 1 Curimatidae) apresentaram nos primeiros intervalos de classes de comprimento padrão a proporção de machos maior do que de fêmeas (Figuras 3.12 A-B e 3.13 A-E), enquanto que em Hoplias malabaricus, Geophagus brasiliensis e Satanoperca jurupari(figuras 3.14 A-C) a proporção no primeiros intervalos foi inversa. Já Cyphocharax modestus e Cichlasoma paranaense(figuras 3.13 F e G)a proporção sexual entre os sexos foi igual nos primeiros intervalos de comprimento padrão. Nota-se que em todas as espécies analisadas, exceto Hyphessobrycon eques, a proporção de fêmeas foi maior que de machos nos últimos intervalos, mostrando na maioria não ocorrerem machos a partir de um certo comprimento padrão (ex. Hemigrammus marginatus (Figuras 3.13 A) a partir de 27,00 mm não ocorrem machos na população). No caso de Poecilia reticulata (Figuras 3.14 D), em todos os intervalos de comprimento padrão a proporção de fêmeas foi sempre maior que de machos e a partir de 16,00 mm não foram encontrados machos na população. Figura 3.12: Proporção entre os sexos por classes de comprimento padrão. 35