Henri Wallon
Introdução à obra de Wallon A atividade da criança: conjunto de gestos com significados filogenéticos de sobrevivência. Entre o indivíduo e o meio há uma unidade indivisível. A sociedade é para o homem uma necessidade orgânica que determina o seu desenvolvimento e por tanto a sua inteligência. Antes da aquisição da linguagem, a motricidade, é pois, a característica existencial e essencial da criança
Estágio impulsivo-emocional (Recém nascido) É um estágio predominantemente afetivo, onde as emoções são o principal instrumento de interação com o meio. A relação com o ambiente desenvolve, na criança, sentimentos intraceptivos e fatores afetivos.
Estágio tônico-emocional (6 meses aos 12 meses) O movimento, como campo funcional, ainda não está desenvolvido, a criança não possui perícia motora. Os movimentos infantis são um tanto quanto desorientados, mas a contínua resposta do ambiente ao movimento infantil permite que a criança passe da desordem gestual às emoções diferenciadas.
Estágio sensório-motor (12 meses aos 24 meses) É uma fase onde a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos. A inteligência, nesse período, é tradicionalmente particionada entre inteligência prática, obtida pela interação de objetos com o próprio corpo, e inteligência discursiva, adquirida pela imitação e apropriação da linguagem.
Estágio Projetivo (2 aos 3 anos) Os pensamentos, muito comumente se projetam em atos motores. A atividade projetiva produz representação e se opõe a ela, permitindo que a criança avance em relação ao pensamento presente e imediato. Wallon dá grande importância ao simulacro e a imitação que considera imprescindíveis para novas aprendizagens. A partir deste estágio a criança é capaz de dar significado ao símbolo e ao signo.
Estágio do personalismo (3 aos 4 anos) Período crucial para a formação da personalidade do indivíduo e da autoconsciência. Uma consequência do caráter auto-afirmativo deste estágio é a crise negativista: a criança opõese sistematicamente ao adulto. Por outro lado, também se verifica uma fase de imitação motora e social.
Estágio categorial (6 aos 11 anos) Período de acentuada predominância da inteligência sobre as emoções. Neste estágio, a criança começa a desenvolver as capacidades de memória e atenção voluntárias Se formam as categorias mentais: conceitos abstratos que abarcam vários conceitos concretos sem se prender a nenhum deles. No estágio categorial, o poder de abstração da criança é consideravelmente amplificado. Provavelmente por isto mesmo, é nesse estágio que o raciocínio simbólico se consolida como ferramenta cognitiva.
Estágio da adolescência (a partir dos 11 anos) A criança começa a passar pelas transformações físicas e psicológicas da adolescência. É um estágio caracterizadamente afetivo, onde passa por uma série de conflitos internos e externos. Os grandes marcos desse estágio são a busca de auto-afirmação e o desenvolvimento da sexualidade. Os estágios de desenvolvimento não se encerram com a adolescência, o processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um novo estágio.
Resumindo...
Impulsivo-emocional Desenvolvimento infantil nas interações, satisfação das necessidades básicas, construção de novas relações sociais as interações emocionais devem se pautar pela qualidade
Sensório-motor e projetivo vai até os três anos. o movimento deixa de se relacionar exclusivamente com a percepção e manipulação de objetos. ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem.
Projetivo refere-se ao fato da ação do pensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O ato mental "projeta-se" em atos motores. Para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor;
Personalismo ocorre dos três aos seis anos. construção da consciência de si mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
buscar afirmar-se como indivíduo autônomo a criança toma consciência de si própria, o que é constatado pelo emprego dos pronomes eu e meu e demonstração de atitudes de recusa (uso do não).
predomina o período de graça é marcante o narcisismo da criança que busca admiração e satisfação pessoal, expressando-se de forma sedutora, elegante e suave, a fim de ser aceita pelo outro.
representa o esforço por substituir o outro por meio da imitação, o período da representação.
Categorial Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior.
Predominância funcional Ocorre novas definições dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona
Afetividade impulsiva Assim temos, no primeiro estágio da psicogênese, uma afetividade impulsiva, emocional, que se nutre pelo olhar, pelo contato físico e se expressa em gestos, mímica e posturas.
Afetividade simbólica A afetividade do personalismo já é diferente, pois incorpora os recursos intelectuais (notadamente a linguagem) desenvolvidos ao longo do estágio sensório-motor e projetivo. É uma afetividade simbólica, que se exprime por palavras e idéias e que por esta via pode ser nutrida.
Afetividade racionalizada Integrando os progressos intelectuais realizados no estágio categorial, a afetividade torna-se cada vez mais racionalizada os sentimentos são elaborados no plano mental, os jovens teorizam sobre suas relações afetivas.
A mudança de cada estágio confere ao ser humano novas formas de pensamento, de interação social e de emoções que irão direcionarse, ora para a construção do próprio sujeito, ora para a construção da realidade exterior.