Procº de insolvência n.º 919/12.6 TBPRG 2º Juízo Insolvente: SOCIEDADE AGRÍCOLA REGUEIRO & PINTO HESPANHOL, LIMITADA Tribunal Judicial de Peso da Régua RELATÓRIO O presente RELATÓRIO é elaborado nos termos do disposto no artigo 155º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CIRE. A Nota Introdutória: Para a elaboração do presente relatório foram efectuados trabalhos de pesquisa nos seguintes locais: Na morada fixada à insolvente, correspondente à sua sede, sita em S. Gonçalo (Estrada Nacional Dois), n.º 1529, freguesia de São João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião; Pesquisas informativas nos serviços públicos: finanças e conservatórias, tendo-se requerido informações complementares ao Serviço de Finanças de Santa Marta de Penaguião. Aquando da deslocação efectuada à sede da insolvente, verificamos que o local apresentava sinais evidentes de abandono, encontrando-se tudo encerrado, e sem qualquer actividade há já alguns anos. - 1 -
Foram recolhidas informações junto de residentes na localidade onde a empresa estava instalada, que confirmam a sua existência naquele local, e ainda a inactividade laboral da sociedade. Ora, No seguimento da diligência de apreensão de bens, por volta das 14h 50m, em contacto telefónico com o Sr. Luís Pinto Hespanhol, legal representante da insolvente, foi a signatária informada que a empresa está encerrada e sem facturação desde a declaração de insolvência, possuindo apenas um veículo automóvel, que se encontra vandalizado e em mau estado e mais informando que a empresa cessou a produção de qualquer actividade vinícola desde o ano de 2010. Sendo certo que, O sócio gerente, Sr. Luís Pinto Hespanhol, que não esteve presente na diligência por alegadamente estar doente, ficou de contactar o escritório da signatária de modo a ser marcada uma reunião, e também de fornecer as passwords de acesso ao portal das finanças e da segurança social, bem como a identificação e contactos do TOC da insolvente. No entanto, e até à presente data, não obtivemos qualquer resposta, nem nenhum contacto foi efectuado com a Administradora. Assim, Não foi possível proceder a nenhumas análises e verificações, pela falta total de quaisquer elementos contabilísticos; no entanto como a finalidade do presente Relatório, de acordo com o próprio conteúdo do artigo 155º, é apenas o de servir de ponto de partida para uma apreciação do estado económico-financeiro da insolvente e da sua viabilidade, os elementos até agora disponíveis permitem-nos cumprir o desiderato legal, embora com algumas restrições. - 2 -
In casu, continuamos a desenvolver esforços para contactar os gerentes da insolvente e o seu TOC, de forma a obter os dados contabilísticos necessários à elaboração do parecer a que se refere o artigo 188º do CIRE. B Identificação e situação actual da empresa insolvente: B.1. Identificação da empresa: Nome: Natureza Jurídica: SOCIEDADE AGRÍCOLA REGUEIRO & PINTO HESPANHOL, LDA. Sociedade por quotas. Sede: S. Gonçalo (Estrada Nacional Dois), n.º 1529, freguesia de São João de Lobrigos, concelho de Santa Marta de Penaguião. NIF 507 695 038. Matrícula: Conservatória do Registo Civil/Predial/Comercial/Cartório Notarial de Santa Marta de Penaguião, com o NIPC já indicado, correspondente à anterior matrícula n.º 00195/060427. Capital Social: 15.000,00 (Quinze mil euros). Sócios e quotas: (os sócios são casados entre si no regime de comunhão de adquiridos) ANTÓNIO LUÍS DA COSTA PINTO HESPANHOL NIF 142 862 096 Titular de uma quota com o valor nominal de 7.650,00. MARIA DELFINA NOGUEIRA REGUEIRO PINTO HESPANHOL NIF 138 339 104 Titular de uma quota com o valor nominal de 7.350,00. - 3 -
Gerência: ANTÓNIO LUÍS DA COSTA PINTO HESPANHOL Residente em Vilarinho dos Freires 5050-366 Vilarinho dos Freires NIF: 142 862 096 MARIA DELFINA NOGUEIRA REGUEIRO PINTO HESPANHOL Residente em Vilarinho dos Freires 5050-366 Vilarinho dos Freires NIF: 138 339 104 Objecto social: Produção e comercialização de vinhos comuns, licorosos e Vinho do Porto, bem como de outras bebidas alcoólicas e de produtos afins. Exploração de propriedades agrícolas próprias ou alheias, com vista à produção agrícola, incluindo a de uvas. Serviços de auditoria, consultoria e acompanhamento técnico agrícola. B.2. Situação actual da empresa: A insolvência foi requerida pelo credor BANCO ESPÍRITO SANTO, S.A., alegando possuir um crédito sobre a insolvente no montante global de 118.724,73 ; a insolvente não deduziu oposição, tendo a insolvência sido decretada por douta sentença proferida em 29 de Novembro de 2013, entretanto já transitada em julgado, no âmbito do processo em epígrafe. Conforme informação já constante do auto de arrolamento e apreensão de bens, deslocamo-nos à sede da insolvente, correspondente à morada fixada nos autos, verificando-se que o local se encontra completamente abandonado, sem vestígios de qualquer actividade laboral a ser exercida no momento. - 4 -
C Dos itens a que se refere o artigo 155º do CIRE: Ponto um Análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do nº 1, do artigo 24º do CIRE: Presume-se que a empresa tenha tido contabilidade organizada, mas desconhece-se a sua situação actual. Não tivemos acesso a qualquer elemento contabilístico, pelo que remetemos a análise da sua evolução para o parecer sobre a qualificação da insolvência, caso sejam obtidos até lá os elementos em falta. Existem créditos reclamados e provisoriamente reconhecidos no montante global de 207.759,90, distribuídos essencialmente por instituições bancárias, empresas de telecomunicações, uma dívida junto da Fazenda Nacional e outra junto do Instituto de Segurança Social, I.P. As dívidas à Fazenda Nacional são no montante de 1.981,52, respeitantes a IRC, Custos Administrativos e Portagens, e a dívida junto do Instituto de Segurança Social é no valor de 25.906,65, referente a contribuições. Ora, atendendo a que o capital social da insolvente é de 15.000,00, e que a mesma, que seja do nosso conhecimento, não possui qualquer activo, nem se encontra a desenvolver actividade, podemos concluir pela sua inviabilidade. Ponto dois Análise do estado da contabilidade da devedora e opinião sobre os documentos de prestação de contas da insolvente: Como já referido, não nos podemos pronunciar nesta sede sobre a contabilidade da insolvente, porque não conseguimos aceder aos elementos necessários para esse efeito, pelo menos até ao momento. - 5 -
No entanto, segundo as informações obtidas, não existe qualquer activo, nomeadamente imóveis e bens móveis, tendo-se verificado unicamente a existência de um veículo automóvel, registado a favor da insolvente, com a matrícula 49-94-SU, de marca Opel, o qual foi apenas inventariado, dado não ter sido possível verificar o seu paradeiro e o estado em que se encontra. Ainda no que à contabilidade diz respeito, fomos informados pelo Serviço de Finanças de Santa Marta de Penaguião, a quem solicitamos informações, da falta de cumprimento das obrigações declarativas da insolvente, sendo que: No que respeita à IES/DA encontram-se em falta as declarações respeitantes aos anos de 2011 e 2012. Quanto à declaração modelo 22 de IRC, encontram-se em falta as respeitantes aos anos de 2010, 2011 e 2012, sendo que dos anos 2010 e 2011 foram efectuadas declarações oficiosas pelos serviços tributários. Mais informou o serviço de finanças que o TOC associado à insolvente é BRUNO CLÁUDIO RODRIGUES SOL, com domicilio fiscal na Rua Dr. Mário B. Pereira, Lote 8, 4º Dt.º, Godim, concelho de Peso da Régua. Verifica-se assim, pelas informações do serviço de finanças, que a empresa insolvente não possui a sua contabilidade na devida ordem, pelo menos desde meados de 2010. Ponto três Indicação das perspectivas de manutenção da empresa devedora, no todo ou em parte, e da conveniência de se aprovar um plano de insolvência: De acordo com o acima exposto e com a percepção recolhida, não nos parece que a empresa tenha viabilidade económica ou financeira. - 6 -
Pelo que, tendo em atenção todas as condicionantes supra referidas, e também a situação concreta da insolvente, são nulas as possibilidades ou mesmo perspectivas de manutenção em actividade da empresa devedora, no todo ou em parte, pelo que se nos afigura impossível a proposta de qualquer plano de insolvência. De facto, tanto quanto é do nosso conhecimento, a empresa está desactivada, não tem trabalhadores, não tem mercado, não tem activos, ou seja não reúne quaisquer condições de manutenção. Assim, a única solução que nos parece adequada será a manutenção do seu encerramento, tornando-o definitivo, nos termos legais. D Solução proposta: Face ao exposto, propõe-se: Manutenção do encerramento da empresa, tornando-o definitivo; Encerramento do processo, nos termos do disposto nos artigos 39º e 232º, ambos do CIRE. Notificação do serviço de finanças, a efectuar pelo Tribunal, para o encerramento oficioso, nos termos do disposto no artigo 65º, n.º 3 do CIRE. E Anexos juntos: Um Inventário; Dois Lista provisória de créditos. P.D. A Administradora da Insolvência, - 7 -