PARTE GERAL. A pessoa jurídica pode titularizar direitos da personalidade? Vide enunciado 286 CJF, artigo 52 do CC e súmula 227 do STJ.

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Transcrição:

Turma e Ano: Turma Regular Master A Matéria / Aula: Direito Civil Aula 03 Professor: Rafael da Mota Mendonça Monitora: Fernanda Manso de Carvalho Silva PARTE GERAL PESSOA NATURAL Personalidade 1. Conceito: A personalidade pode ser conceituada em duas acepções. Vejamos. 1ª Acepção (Clássica): A personalidade é a aptidão genérica para aquisição de direitos e deveres na ordem civil. Quem tem essa aptidão é chamado sujeito de direito, que pode ser pessoa natural ou pessoa jurídica. Esta acepção tem um viés estritamente patrimonial (pré constituição de 1988). É a chamada personalidade subjetiva ou material. Tem previsão no art. 1º do CC/02. Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 2ª Acepção (Contemporânea): A personalidade é o conjunto de atributos do ser humano, os direitos da personalidade. A preocupação aqui é tutelar as situações jurídicas existenciais e a perspectiva é extrapatrimonial (pós constituição de 1988). Esta é chamada de personalidade objetiva (Nelson Rosenwald e Cristiano Chaves) ou formal (Maria Helena Diniz). A transição da acepção clássica para a contemporânea é a despatrimonialização do direito civil. É a tutela das situações jurídicas existenciais (atributos do ser humano). A pessoa jurídica pode titularizar direitos da personalidade? Vide enunciado 286 CJF, artigo 52 do CC e súmula 227 do STJ. Enunciado 286 CJF Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. Art. 52. Aplica se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade Súmula 227 do STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Segundo o enunciado 286 do CJF, pessoa jurídica não pode titularizar direitos da personalidade, pois tais direitos têm um viés extrapatrimonial (decorrem da dignidade humana). Tudo relacionado à pessoa jurídica possui um viés patrimonial. A interpretação do art. 52 do CC é no sentido de que a proteção aos direitos da personalidade, os quais têm natureza patrimonial, poderá ser aplicada a pessoas jurídicas quando puder ser dado um tom extrapatrimonial a esses direitos. Ex: pessoa jurídica não tem direito a intimidade/privacidade (trata se de atributo do ser humano), mas pode se dar um tom patrimonial à intimidade (sigilo). 1

Já segundo a súmula 227 do STJ, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, o qual decorre da violação a um direito da personalidade. Trata se, na verdade, da aplicação do art. 52 do CC. A doutrina critica muito esta súmula, e Tepedino inclusive propõe que seja modificado para dano institucional. A pessoa jurídica sofre um dano moral quando sofre uma lesão em sua honra objetiva; tudo está sempre relacionado a questões patrimoniais, econômicas (perda de viabilidade e venda). 2. Início da personalidade da pessoa natural: Três teorias: 2.1) Teoria Natalista (art. 2º do Código Civil) Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Segundo a teoria natalista, o início da personalidade se dá com o nascimento com vida (primeira respiração). Para essa corrente, a pessoa ao nascer já adquire as duas personalidades (a patrimonial e a extrapatrimonial). É ligada aos autores clássicos (Caio Mário da Silva Pereira, Silvio Rodrigues, Orlando Gomes e Arnoldo Wald). O seu problema está na segunda parte do art. 2º do CC. O nascituro, para os que a defendem, não têm direitos protegidos, mas apenas expectativa de direitos. Eventual doação feita ao nascituro seria negócio jurídico condicional, que depende do seu nascimento com vida. Aqueles que criticam a teoria natalista afirmam que o indivíduo só tem direito quando adquire personalidade. Logo, os direitos do nascituro colocados a salvo desde a concepção indicam que ele possui personalidade civil. 2.2) Teoria Concepcionista Segundo a teoria concepcionista, a personalidade tem início desde o momento da concepção. Esta personalidade é a extrapatrimonial, objetiva ou formal. O nascituro já titulariza direitos da personalidade. Entretanto, a personalidade patrimonial continua dependendo do nascimento com vida. Assim como na teoria acima, a doação feita a nascituro continua sendo negócio jurídico condicional. A teoria concepcionista é majoritária na doutrina (Nelson Rosenwald, Flavio Tartuce, Pablo Stolze, dentre outros) e também adotada no STJ e no STF. Ela foi também adotada expressamente no código civil argentino, já que fazia parte da Consolidação das Leis Civis de Teixeira de Freitas, a qual serviu de inspiração para esse código. OBS1: teoria concepcionista na legislação Art. 1.779 do CC (curatela do nascituro) Art. 1.779. Dar se á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Art. 1798 do CC (vocação hereditária; só há sucessão após o nascimento com vida) Art. 1.798. Legitimam se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 1609, parágrafo único, do CC (reconhecimento de filhos) Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: [...] Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. 2

Art. 7º do ECA Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Arts. 124 a 18 do Código Penal Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) Pena detenção, de um a três anos. Aborto provocado por terceiro Art. 125 Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena reclusão, de três a dez anos. Art. 126 Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) Pena reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Forma qualificada Art. 127 As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) Aborto necessário I se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Esses dispositivos proíbem o aborto porque o nascituro tem direito a nascer. OBS2: ADPF 54 2/DF (aborto de feto anencefálicos ou anencéfalos) Aborto para o STF é a interrupção de gravidez de feto/vida viável. Interromper gravidez de feto anencéfalo não é considerado aborto. Houve uma ponderação do nascimento com vida com o direito da personalidade da mãe e a integridade físico psíquica dela. OBS3: O natimorto Natimorto é aquele que nasce morto (Enunciado nº 01 do CJF). Enunciado 1 CJF Art. 2º: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. 3

OBS4: Diferença entre nascituro e prole eventual A prole eventual é o embrião que ainda não foi concebido (embrião futuro). Pode ser feito testamento em favor de prole eventual (art. 1.800, 4º do CC/02), mas o embrião deve ser concebido em até dois anos a contar da morte do testador. OBS5: Alimentos gravídicos (Lei nº 11.804/08) 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. Os alimentos gravídicos são alimentos requeridos durante a gestação para que haja uma gravidez de qualidade. Geralmente não há o exame de DNA antes do nascimento, então quem presta os alimentos é o suposto pai. O titular do direito é o nascituro ou a mãe? Depende da teoria adotada. Para a teoria natalista, é a mãe. Para a teoria concepcionista, é o nascituro. Pela redação do art. 6º, parágrafo único, da Lei nº 11.804/08, o titular do direito é o próprio nascituro. Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão. OBS6: STJ Resp. 399028/SP O STJ adota a teoria concepcionista, pois admite que o nascituro ajuíze ação de indenização por danos morais em virtude da morte de seu pai, que ele sequer conheceu. Trata se de posicionamento pacífico do STJ. Isso ocorre em virtude de lesão aos direitos da personalidade, que ele já tem desde a sua concepção. OBS7: STF Rcl 2040/DF (Caso da cantora Gloria Trevi) STF adotou a teoria concepcionista. O nascituro tem direito de saber quem é o pai. OBS8: art. 5º da Lei 11105/05 e ADI 3510/DF Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de célulastronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições: I sejam embriões inviáveis; ou II sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de congelamento. Vide Enunciado 2 CJF Art. 2º: Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser objeto de um estatuto próprio. O art. 5º dessa lei permite a pesquisa de células tronco de embriões humanos formados in vitro artificialmente. O STF teve que decidir se o embrião humano fora do corpo da mãe seria ou não nascituro. Caso positivo, seria titular de direitos da personalidade (de acordo com a teoria concepcionista), e consequentemente as pesquisas estariam proibidas. O STF entendeu, ao final, que não é nascituro. Para a Suprema Corte, o nascituro é o embrião humano no útero materno em processo de formação de vida. 4

2.3) Teoria da Personalidade Condicionada Segundo esta teoria, o nascituro pode ser considerado pessoa à luz do código civil (Washington de Barros Monteiro e Fabio Ulhoa Coelho). Ele titulariza direitos da personalidade, mas desde que venha a nascer com vida, ou seja, no que diz respeito à tutela dos direitos da personalidade, o nascimento com vida produz efeitos ex tunc (retroativos) à data da concepção. A diferença entre a segunda e a terceira correntes é que na segunda o nascituro titulariza direitos da personalidade durante a gestação, e na terceira ele ainda não tem direito a personalidade, mas apenas se vier a nascer com vida (retroagindo se à data da concepção). 5