- Jurisdição - Competência é o limite dentro do qual juízes e tribunais exercem jurisdição.

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Transcrição:

Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 09 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Princípios da Jurisdição: Aderência. Competência: Natureza Jurídica; Competência Absoluta x Relativa; Prorrogação de Competência; Tribunal do Júri; Justiça Militar. - Jurisdição - 2. Princípios da Jurisdição: c) Aderência: O juiz só pode exercer a sua atividade jurisdicional dentro de determinados limites previamente estabelecidos pelo legislador - regras de competência. 3. COMPETÊNCIA: Competência é o limite dentro do qual juízes e tribunais exercem jurisdição. 3.1 Natureza Jurídica das Regras de Competência: As regras de competência são pressupostos Processuais de Validade, cuja inobservância é causa de nulidade. Para Ada Pellegrini, seguida de alguns julgados no STF, quando a regra de competência estiver fixada na Constituição, em razão da ligação com o Princípio do Juiz Natural, ela passa a ter natureza de pressuposto processual de existência.

Competência Funcional - é aquela que estabelece a atuação de dois ou mais juízes em um mesmo processo. Competência Absoluta - é aquela cuja regra foi fixada considerando o interesse público, e não o interesse das partes. A sua violação pode ser alegada a qualquer momento, ou reconhecida de ofício, pois aqui não ocorre prorrogação de competência. Competência Relativa - é aquela cuja regra foi fixada considerando o interesse das partes. A sua violação deve ser alegada no momento oportuno, sob pena de prorrogação de competência. Competência Absoluta x Competência Relativa: 1. Ada Pellegrini e STF - a única competência relativa no processo penal é a territorial. 2. Pollastri - além da territorial, também é relativa a competência em razão da matéria prevista em norma infraconstitucional (o doutrinador não exemplifica, mas a professora cita a matéria violência doméstica). 3. Paulo Rangel, Aury Lopes Jr. (maioria dos doutrinadores garantistas) - o Princípio do juiz natural garante o processo e julgamento perante o juiz competente, sem diferenciar entre competência absoluta e competência relativa, logo, não cabe ao intérprete fazê-lo. Desta forma, a violação de qualquer regra de competência é causa de nulidade absoluta por afronta ao Princípio do Juiz Natural. Prorrogação de Competência: De acordo com o art. 108 do CPP, as partes possuem um momento preclusivo para alegar a incompetência relativa do juiz. Porém, o art. 109 permite que o juiz reconheça, de

ofício e a qualquer momento, a sua incompetência absoluta ou relativa (diferente do que ocorre no processo civil). Desta forma, era muito comum no final da instrução criminal que o juiz reconhecesse a sua incompetência relativa e, após aplicar o art. 109 do CPP, remetia o feito ao juízo competente. Ao receber o processo, o juízo competente aplicava o art. 567 do CPP, ou seja, ele renovava os atos decisórios, aproveitava os instrutórios e em seguida julgava. Apesar dos dois dispositivos estarem em vigor, Pacelli entende que eles devem ser interpretados nos moldes do Princípio da Identidade Física do Juiz, ou seja, a reforma acabou trazendo um limite temporal para o juiz reconhecer de ofício a sua incompetência territorial (relativa), qual seja a abertura da audiência de instrução e julgamento. Existem duas decisões no STJ determinando a aplicação no processo penal da sua Súmula 33, que proíbe o juiz no processo civil de reconhecer de ofício a sua incompetência relativa. 3.2 Competência do Tribunal do Júri (art. 121 a 128 CP): Qual o órgão competente para julgar o genocídio? Genocídio não é crime doloso contra a vida, mas sim crime contra a humanidade de competência da justiça federal. "A" com a intenção de eliminar um grupo mata 20 pessoas. Que crime (s) ele cometeu e qual o órgão competente para julgamento? 1. Nucci - Cada morte corresponde a um genocídio, logo, ele responde por 20 genocídios em concurso, cuja competência é da justiça federal. 2. Argumento de defesa - O genocídio é um crime que exige pluralidade de vítimas, sem contar que a Lei 2889 é especial quando comparada ao Código Penal. Logo, o agente responde por apenas um genocídio, absorvido os homicídios, sendo a competência da justiça federal. 3. STF (Informativo 434 - antigo 2006) - Genocídio é crime contra a humanidade, enquanto o homicídio é crime doloso contra a vida, ou seja, os bens jurídicos tutelados são distintos. Ademais, um crime não é o meio necessário para a prática do outro, razão pela qual o agente responde por um genocídio em concurso formal com 20 homicídios. Apesar do genocídio não ser crime doloso contra a vida, a competência constitucional do júri exercerá um juízo de atração, de forma que todos os crimes sejam julgados pelo júri federal.

Qual o órgão competente para julgamento quando PM for acusado de homicídio? De acordo com o art. 125, 4º da CF, a competência é do Júri. Obs: Sempre que o foro privilegiado estiver fixado na Constituição Federal será afastada a competência do júri, sendo o agente julgado pelo tribunal a que se encontra vinculado. Onde está previsto o foro privilegiado dos deputados estaduais? 1. Pacelli - Art. 27, 1º da CF, quando trouxe expressamente uma série de garantias dos deputados federais para os estaduais. Se concordarmos com o autor, quando um deputado estadual cometer um homicídio, ele será julgado pelo TJ. 2. Doutrina - O art. 27, 1º da CF permitiu a criação válida por simetria nas Constituições Estaduais. A partir disso, doutrina e jurisprudência discutem quem julga o deputado estadual que comete homicídio: 1. Mirabete - Como a Constituição Estadual só pode criar foro privilegiado em razão da simetria, devemos aplicar a Súmula 721 do STF e o deputado será julgado pelo Júri. 2. Polastri - Haveria ofensa ao Princípio da Isonomia se estabelecêssemos tratamento diferenciado entre deputado estadual e federal, ou seja, os dois devem ser julgados pelos respectivos Tribunais a que se encontram vinculados. Em 2004, o STF julgou duas ADIs que questionavam dispositivos das Constituições dos Estados de Goiás e Maranhão que fixaram foro privilegiado para delegados, defensores públicos e procuradores dos estados. Em relação a delegados, o STF negou a possibilidade desse foro entendendo que isso comprometeria o controle externo feito pelo MP. Porém, para as demais autoridades, o STF admitiu a criação do foro privilegiado, mesmo sem simetria, considerando entre outras coisas a relevância das funções. A partir desse julgado, o STF passou a admitir duas "espécies" de foro privilegiado nas Constituições Estaduais: com e sem simetria com a Constituição Federal. Desta forma, quando o autor do homicídio tiver foro privilegiado na Constituição Estadual criado com simetria, não aplicaremos a Súmula 721 e ele será

julgado pelo TJ. Porém, quando o foro for criado sem simetria, aplicaremos a Súmula 721 STF e eles serão julgados pelo júri. 3.3 Competência da Justiça Militar (arts. 124 e 125 CF): Toda base de competência da justiça militar está fixada na Constituição Federal, pois o art. 124 fixa a competência da justiça militar federal, enquanto o art. 125 fixa a competência da justiça militar estadual. Requisitos para a fixação da competência da Justiça Militar (cumulativos): 1. O agente deve se enquadrar em uma das hipóteses do art. 9º do CPM, ou seja, militar em serviço ou fora do serviço em razão da função. 2. A conduta deve estar prevista no CPM (tipicidade no Código Penal Militar). Que crime comete o PM que durante uma blitz ou uma abordagem ofende a integridade física de um civil? 1. Majoritária no TJ - A lesão corporal foi o meio para a prática do abuso. Logo, o agente responde apenas por abuso de autoridade, absorvida a lesão. De acordo com a Súmula 172 do STJ, a competência para julgar o abuso é da justiça estadual. Quem na justiça estadual julga o abuso? a) Polastri, Nucci e Bittencourt - A previsão no art. 6º, 3º, "c" da Lei 4898 de uma pena acessória de inabilitação para o cargo público por um período de até 3 anos é incompatível com as medidas despenalizadoras da Lei 9099. Logo, a competência é da Vara Criminal. b) Ada Pellegrini (prevalece) - Com a reforma penal de 1984, todas as penas acessórias foram transformadas em efeitos da condenação. Logo, a competência é do Juizado Especial.