DIREITO PROCESSUAL PENAL
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- Heloísa Lisboa Figueiroa
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1 DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento penal Outros Procedimentos Especiais Prof. Gisela Esposel
2 - Procedimento da lei /06 Lei Maria da Penha - A Lei /06 dispõe sobre a criação de Juizados de Violência Doméstica e familiar contra a Mulher e cria mecanismos para coibir a tal violência - Artigo 5º da Lei para os efeitos desta lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial
3 - São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras, a violência física, psicológica, violência sexual e patrimonial - A Lei trouxe duas importantes novidades no campo jurídico: as medidas protetivas de urgência e a previsão de um defensor público ou advogado para a defesa dos direitos da vítima, e não apenas do réu - No atendimento à mulher, a Autoridade Policial deverá, segundo o disposto no artigo 11 da Lei: - I garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao MP e Poder Judiciário
4 - II encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico legal - III fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida - IV se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar - V - Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis
5 - Após a autoridade policial, entre outros procedimentos, remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência e, remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público - Atenção: Para alguns autores, as medidas protetivas terão caráter autônomo, independendo da instauração de inquérito policial ou processo penal - Mas predomina o entendimento de que as medidas protetivas devem estar vinculadas a um inquérito ou processo
6 - O juiz, de posse do expediente encaminhado pela autoridade policial e com o pedido da ofendida, também terá o prazo de 48 (quarenta e oito horas) para decidir sobre as medidas protetivas de urgência, bem como comunicar o fato ao Ministério Público - Artigo 18 Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: - I - Conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência
7 - II determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso - III comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis - E as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor estão previstas no artigo 22 da referida lei: - I suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei , de 22 de dezembro de II afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida
8 - III proibição de determinadas condutas, entre as quais: - a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor - b) contanto com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação - C) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida - IV restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar
9 - Observa-se, portanto, que os Juizados de Violência doméstica, terão competência tanto cível quanto criminal, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher ( artigo 14 da Lei /06 ) - Análise do artigo 41 da Lei: Outros Procedimentos Especiais - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9099/95, de 26 de setembro de 1995
10 - Sendo assim, se a Lei 9099/95 não pode ser aplicada, significa que o seu artigo 88 ( que prevê a representação para os crimes de lesões corporais leves e lesões culposas), não pode ser aplicado a essas espécies delitivas, quando estiverem relacionadas à violência doméstica - Lesão corporal leve e culposa, se praticadas no âmbito da violência doméstica, serão de ação penal pública incondicionada - A finalidade das Leis são distintas. A Lei Maria da Penha objetiva punir, com maior rigor, o agressor
11 - O STF, em sede de controle concentrado de constitucionalidade (ADI 4424) pacificou a questão, reconhecendo que o art.41 da lei /06 não viola a Carta Magna, decidindo que a ação penal nos crimes de lesão corporal dolosa (mesmo que de natureza leve) cometido contra a mulher no ambiente doméstico e familiar é pública incondicionada, dispensando-se o pedido da ofendida - Súmula 542 STJ a ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada
12 - Os institutos despenalizadores da Lei 9099/95 também não se aplicam aos casos de violência doméstica - Artigo 16 da lei11.340/06 Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e após ouvido o Ministério Público - Tal disposição difere do artigo 25 do CPP a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia
13 - A lei /06 exige um procedimento diferente, pois será designada uma audiência para tal finalidade - Exemplo seria o crime de ameaça em que somente se procede mediante representação do ofendido - Quando se tratar de um crime da ação penal privada ( calúnia, difamação e injúria ), as providências devem ser requeridas pela ofendida - Da prisão do agressor: a Lei /06 previu duas possibilidades distintas de prisão preventiva. A primeira é a prevista no artigo 20, para assegurar o processo e a segunda para garantir a eficácia das medidas protetivas
14 - Artigo 20 Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público - Parágrafo único - O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem - Serão observados, portanto, os motivos autorizadores do artigo 312 do CPP periculum libertatis e fumus commissi delict
15 - O artigo 42 da Lei acrescentou o inciso IV ao artigo 313 do CPP, que passou a vigorar com a seguinte redação: - Artigo 313, caput em qualquer circunstâncias, previstas no artigo anterior, será admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos: - IV se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência - Porém, após a entrada em vigor da lei /11, restou alterada a Lei Maria da Penha, e o artigo 313 passou a ter a seguinte redação:
16 - Artigo 313, inciso III se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência - Entende-se que a prisão para assegurar a execução das medidas protetivas de urgência, não mais se exige o dolo - Pode ser decretada, inclusive, em casos de contravenção penal e crimes apenados com detenção
17 - O único requisito legal para a decretação dessa modalidade de prisão é o descumprimento da medida protetiva de urgência, prescindindo-se de qualquer outro motivo, mesmo aqueles previstos no artigo 312 do CPP - Não será possível a substituição dessa modalidade de prisão por outras medidas cautelares, ou seja, quando a prisão for decorrente do descumprimento de medida protetiva - Diferente da hipótese do artigo 20 da Lei, aonde será possível, desde que as circunstâncias autorizem, a substituição da prisão preventiva por outra medida cautelar
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