Conteúdo: Princípios do Processo Penal: Dignidade; Ampla Defesa; Presunção de Inocência. - BIBLIOGRAFIA -
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- Liliana Meneses
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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 01 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Princípios do Processo Penal: Dignidade; Ampla Defesa; Presunção de Inocência. - BIBLIOGRAFIA - CESPE e Concursos SP: Fernando Capez e Guilherme Nucci (legalistas, sem muita preocupação com uma abordagem constitucional) - não é recomendado para concursos no RJ. Defensoria Pública autores garantistas (visão minimalista, defensiva) Aury Lopes Jr., Geraldo Prado, Paulo Rangel. Delegado Nicolitt (posições extremas, isoladas). Área Federal Eugênio Pacelli (interpretação constitucional, abordagem equilibrada do processo penal). TJ/RJ Paulo Rangel e Aury Lopes Jr. (fase de indefinição, pois a examinadora do último concurso é linha dura). MP/RJ (Banca: Marcelo Lessa) Provas (Marcelo Lessa) + Marcellus Polastri. Resumos Renato Brasileiro (resumo muito bom, mas o autor ainda é muito novo, com pouca bagagem para ser citado em provas de concurso); Nestor Távora (linguagem fácil e acessível, posicionamento neutro).
2 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E GERAIS DO PROCESSO PENAL - 1. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: A dignidade da pessoa humana preconiza que o indivíduo deve ser respeitado pelo simples fato dele ser humano. Por volta do século XII havia uma crença de que o crime era uma manifestação do diabo, sendo missão dos juízes evitar que o demônio dominasse o mundo. Por conta disso, tudo era admitido na descoberta da verdade, sendo a tortura o meio clássico para extraí-la, o que era justificado em nome do Princípio da Verdade Real. Por volta do século XIII, com o implemento das ideias iluministas de Beccaria e Rousseau começa uma discussão no direito penal sobre a arbitrariedade do Estado, uma vez que o homem (e não mais Deus e os reis) passa a ser colocado no centro das relações. Essa preocupação que surgiu no direito penal passa para o processo penal levando a adoção em quase todos os países civilizados do sistema acusatório. Porém, não adiantava adotar o sistema acusatório se o réu ocupava uma posição de inferioridade perante a acusação. Para equilibrar as forças dentro do processo, Wach e Büllow desenvolveram a Teoria dos Pressupostos Processuais. Segundo Juarez Tavares, os demais princípios do direito foram desenvolvidos a partir do Princípio da Dignidade, razão pela qual é um princípio que não admite ponderação. 2. AMPLA DEFESA: Ampla Defesa Defesa Técnica (Advogado) Autodefesa (réu) - Direito de presença - Direito de audiência
3 Este princípio é trabalhado no processo penal de duas formas: 1) Defesa Técnica é a parte realizada pelo advogado; 2) Autodefesa é aquela realizada pelo próprio réu, subdividindo-se em: a) Direito de presença - direito do réu presenciar toda a instrução probatória. b) Direito de Audiência - direito do réu ser levado à presença do juiz e narrar a sua versão do fato criminoso. Réu preso precisa ser requisitado para participar de audiência no juízo deprecado? 1) TJ/RJ Não há necessidade de requisição, pois a ampla defesa será exercida através da defesa técnica. 2) STJ A hipótese é de nulidade relativa, devendo a parte interessada demonstrar o prejuízo. 3) STF O réu deve ser requisitado sob pena de nulidade absoluta, pois o direito de presença é um consectário da ampla defesa constitucional. O interrogatório por videoconferência é compatível com a CF? Até a entrada em vigor da Lei , o STF entendia que essa espécie de interrogatório era inconstitucional por dois motivos: Ofensa ao devido processo legal, uma vez que os atos processuais devem ser realizados nas sedes dos juízos (esse argumento caiu). Ofensa à ampla defesa, uma vez que o réu deve ser levado à presença do juiz e narrar a sua versão do fato criminoso. Observe-se que ainda não há manifestação do STF acerca do interrogatório por videoconferência após o advento da Lei /09. O TJ/RJ
4 se posiciona a favor da inconstitucionalidade da modalidade do interrogatório por videoconferência. Intervenções Corporais: Intervenção corporal é a obtenção de prova no corpo do acusado. A doutrina discute até que ponto o réu deve cooperar com essa atividade probatória. Maria Elizabete Queijo afirma que de um lado estão a ampla defesa e o Pacto de São José da Costa Rica que proíbem a autoincriminação forçada e, de outro lado, está o interesse público que existe por trás de toda persecução criminal. Segundo a autora, se considerarmos apenas o Pacto, isso fomentará impunidade. Por outro lado, se considerarmos apenas o interesse público, o réu ficará indefeso. Segundo a autora, as intervenções corporais se classificam da seguinte forma: 1. Intervenção Corporal Invasivas são aquelas onde há penetração no corpo do acusado (ex: exame de sangue). É pacífico na jurisprudência que o réu pode validamente se recusar a realizar a diligência sem sofrer qualquer consequência processual. 2. Intervenção Corporal Não Invasiva são aquelas onde a prova é obtido na superfície do corpo do acusado (ex: coleta de fios, fibras e pele embaixo das unhas). Prevalece na jurisprudência que o réu deverá tolerar essa atividade probatória. 3. Provas que exigem a cooperação ativa do acusado são aquelas provas que só podem ser produzidas se o acusado fizer algo (ex: acareação, reconstituição, bafômetro, grafotécnico e etc.). No Brasil, é pacífico o entendimento de que o réu pode validamente se recusar sem sofrer qualquer consequência processual. 4. Provas que exigem uma cooperação passiva do acusado são aquelas em que o acusado não faz nada, apenas tolerando a atividade probatória (ex:
5 reconhecimento, exame de raio x, etc.). Prevalece que o réu deve tolerar essa atividade probatória. Pacelli Para Eugênio Pacelli, a atividade probatória do réu está ligada ao Princípio da Presunção de Inocência, ou seja, o que esta atividade não pode é colocá-lo na posição de culpado, o que ocorreria, por exemplo, em uma reconstituição. Além disso, a diligência não pode violar a dignidade do acusado, ou seja, não pode ser dolorosa nem vexatória. Além dos requisitos anteriores, o autor exige também que a diligência tenha previsão legal, pois de acordo com o art. 5º, II da CF, todos nós devemos submissão à lei. Segundo o autor, diligências como o grafotécnico, bafômetro, entre outras, devem ser realizadas pelo agente e se houver recusa caberá a inversão do ônus da prova. 3. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: Presunção de inocência = o indivíduo é considerado inocente até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Este princípio traz consigo duas regras: regra probatória (ônus da prova) e regra de tratamento. Regra Probatória: De quem é o ônus da prova no processo penal? 1) Polastri, Frederico Marques e Doutrina Clássica De acordo com o art. 156 do CPP, cabe à acusação comprovar autoria e materialidade e à defesa comprovar a presença de eventuais excludentes por ela alegada. 2) Aury Lopes Jr. a palavra "ônus" no processo significa encargo, obrigação de fazer algo, sob pena de sofrer alguma consequência processual. Se a CF presume que o réu é inocente, todo o ônus da prova é da acusação, ou seja, cabe ao MP comprovar que o fato é típico, ilícito e culpável. A posição do réu no campo da prova é de
6 assunção de riscos, ou seja, ele assume o risco de ser condenado se permanecer inerte. Juiz pode produzir provas no processo penal? 1) Jurisprudência e Doutrina Clássica Além do art. 156 do CPP permitir, o próprio Princípio da Verdade Real autoriza a produção de provas pelo juiz. 2) Geraldo Prado Em regra, o juiz não tem nenhuma atividade probatória no processo penal, salvo pro reo para equilibrar as forças no processo. 3) Aury Lopes Jr. Se a CF presume que o réu é inocente, na dúvida, o juiz deverá absolvê-lo, pois quando ele produz provas é porque quer condenar, transformando-se em juiz inquisitor, o que é incompatível com o sistema acusatório..
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