Conteúdo: Nulidades: Princípios, Causas de Nulidade. - NULIDADES. Princípios: b) Princípio da Convalidação:
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1 Turma e Ano: Flex B (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 11 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Nulidades: Princípios, Causas de Nulidade. - NULIDADES Princípios: b) Princípio da Convalidação: Art. 567 CPP Na hipótese de violação de regra de competência relativa, o juiz competente poderá aproveitar os atos instrutórios, renovar os decisórios e, em seguida, proferir sentença. Art A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente. Diferente do processo civil, no processo penal, o juiz pode a qualquer momento reconhecer de ofício a sua incompetência relativa, conforme art. 109 do CPP: Art Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior. Desta forma, era muito comum que, no final da instrução, o juiz reconhecesse a sua incompetência relativa e, nos termos do art. 109 CPP, ele remetia o feito ao juízo competente. Ao receber o processo, o juiz competente aplicava o art. 567 CPP, ou seja, ele renovava os atos decisórios, aproveitava os instrutórios e, em seguida, proferia sentença. Com a reforma, esses dois artigos não foram revogados, mas Pacelli entende que eles devem ser interpretados nos termos do Princípio da Identidade Física do Juiz. Segundo o autor, esse princípio trouxe um limite temporal para o juiz reconhecer de ofício a sua incompetência relativa abertura da AIJ. Existem dois julgados no STJ determinando a aplicação da Súmula 33 STJ no processo penal, impedindo o juiz de reconhecer a sua incompetência relativa em qualquer momento:
2 Súmula 33 STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. Art. 569 CPP: Art As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final. Para parte da doutrina é possível que eventuais omissões na denúncia gerem o chamado arquivamento implícito. Para Paulo Rangel, isso ocorreria quando o MP se omitisse na denúncia em relação a algum fato ou autor, e o juiz sem perceber essa omissão recebesse a inicial. Nesse momento, ocorreria o arquivamento implícito, de forma que o MP só poderia aditar a denúncia se surgisse prova nova (excelente tese defensiva para o Concurso da Defensoria). Para o STF, não existe arquivamento implícito, pois, além do Princípio da Obrigatoriedade impor o aditamento, o art. 569 CPP estabelece que essas omissões podem ser supridas a qualquer momento. c) Princípio da Causalidade: Este princípio implica em perquirir até que ponto um ato nulo compromete os demais que lhe são subsequentes, surgindo aqui as expressões: nulidade originária e nulidade derivada. O processo penal possui três fases distintas que se classificam em: postulatória (oferecimento da denúncia ou queixa), instrutória (produção de provas) e decisória (sentença). Os vícios na fase decisória - sentença nula - comprometem apenas essa fase. Já os vícios da fase instrutória poderão ou não comprometer a fase decisória se foram utilizados pelo juiz como fundamento da sua decisão. Por fim, os vícios da fase postulatória denúncia ou queixa ineptas - provavelmente anularão todo o processo. Causas de Nulidade (Art. 564 rol exemplificativo): Art A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; II - por ilegitimidade de parte; III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
3 a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos; d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa; f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia; h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; júri; i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade; k) os quesitos e as respectivas respostas; l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; m) a sentença; n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso; p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento; IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato. Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas. (Incluído pela Lei nº 263, de )
4 I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz; Incompetência: A incompetência absoluta gera nulidade absoluta, enquanto a incompetência relativa gera nulidade relativa, pois se não for alegada no momento oportuno ocorrerá a prorrogação de competência. Porém, para Aury Lopes Jr. e Paulo Rangel, dentre outros, o princípio do juiz natural garante processo e julgamento perante o juiz competente, sem diferenciação entre competência absoluta e competência relativa e, portanto, não caberia ao intérprete ou ao legislador fazê-lo. Desta forma, a violação de qualquer regra de competência é causa de nulidade absoluta por afronta ao princípio do juiz natural (boa tese defensiva para Concursos da Defensoria). Suspeição: Obs: Juiz peitado = juiz subornado Qual o vício nos atos praticados por um juiz suspeito? 1) Geraldo Prado A suspeição esbarra em um dos pilares do sistema acusatório, que é a imparcialidade do juiz. Logo, a hipótese é de nulidade absoluta. 2) Tourinho Apesar da gravidade do vício, o art. 96 CPP estabelece um momento preclusivo para ele ser alegado. Logo, a hipótese é de nulidade relativa. Art. 96. A argüição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando fundada em motivo superveniente. Por que o legislador não mencionou as hipóteses de impedimento no art. 564 CPP? Porque nessas hipóteses de impedimento o juiz está proibido de exercer jurisdição, logo, a hipótese é de inexistência jurídica. Obs: Foro íntimo : Segundo a jurisprudência foro íntimo é aquele motivo cuja a consciência do juiz é o único árbitro e a revelação do motivo poderia trazer transtorno às partes. O rol de hipóteses do art. 254 CPP é taxativo para as partes, porém, nada impede que o juiz reconheça de ofício qualquer motivo que afete a sua imparcialidade.
5 Para Pacelli, as hipóteses de suspeição e impedimento são taxativas, qualquer outra hipótese que afete a sua imparcialidade deve ser considerada uma incompatibilidade, como por exemplo o motivo de foro íntimo. Quando o juiz se declara suspeito, ele deve remeter o procedimento ao juízo tabelar. O tabelar poderá suscitar conflito de competência alegando que o motivo indicado não era legal? 1) Geraldo Prado Ele pode fazer isso, pois, caso contrário, um juiz estaria subordinando a atuação do outro. 2) Tourinho Não é possível suscitar o conflito, pois se o tribunal entender que o juiz suscitante é o competente as partes ficariam intranquilas, uma vez que ele já afirmou que não tem isenção para julgar o feito. Sem prejuízo, da adoção de medidas de caráter correicional. II - por ilegitimidade de parte; Para a doutrina, o inciso II engloba a ilegitimidade ad causam (condição da ação) e a ad processum (pressuposto processual). Qual o vício na hipótese do promotor oferecer denúncia em face de agente que possui apenas 17 anos? 1) Pacelli O menor comete crimes, o que ele não possui é capacidade processual para responder a uma ação penal. Logo, trata-se de nulidade absoluta em razão da ilegitimidade ad processum pressuposto processual. 2) Ada Pellegrini Questões relacionadas à culpabilidade condicionam o exercício do direito de ação, logo, trata-se de nulidade absoluta por ilegitimidade ad causam condição da ação. 3) Polastri Não existe qualquer possibilidade do menor responder a uma ação penal e, portanto, a hipótese é de inexistência jurídica por violação de pressuposto processual de existência. Princípio do Promotor Natural: Trata-se de um princípio constitucional implícito, que surgiu a partir das regras da independência funcional e inamovibilidade. Ele foi reconhecido na legislação ordinária quando a LONMP proibiu ao PGJ de designar auxílios sem a concordância do promotor titular.
6 O Princípio do Promotor Natural significa que ninguém será processado por membro do MP que não possua atribuição. Para o STF, majoritariamente, este princípio não existe e, se existe, não foi adotado no Brasil. Isso porque o Princípio da Unidade que norteia a instituição permite a substituição dos seus membros sem comprometer a atividade da instituição. Promotor da Comarca A oferece denúncia na Comarca B por entender que B é a Comarca competente. O que o juiz da Comarca B deverá fazer? Se declarar incompetente, rejeitar ou não receber a denúncia? O promotor da Comarca A não possui atribuição para atuar na Comarca B, hipótese em que o juiz não deveria receber a denúncia, uma vez que a atribuição é um pressuposto processual de validade, cuja inobservância causa nulidade. A hipótese não é de rejeição da denúncia, pois nesses casos o juiz analisa mérito em decisão capaz de formar coisa julgada material. Obs: Rejeição (análise de mérito) # Não recebimento (questões processuais) III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; Requisitos ou elementos da denúncia/queixa (art. 41 CPP): Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Qualificação do acusado - Esse requisito não é determinante, pois de acordo com o art. 259 do CPP basta que a identidade física seja certa para que a denúncia seja recebida. Art. 259 CPP. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.
7 Classificação do fato criminoso - A inobservância desse requisito é mera irregularidade, pois o réu não se defende da capitulação, mas sim dos fatos imputados. Rol de testemunhas - Não se trata de um requisito, mas sim a sinalização de que esse é o momento para as partes arrolarem a testemunha. A vítima não é testemunha, não precisa ser arrolada para ser ouvida. Ademais, a própria redação do art. 201 do CPP sinaliza a obrigação dos juízes ouvirem a vítima. Art Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações. Narrativa do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, sob pena de inépcia (mais importante)
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