Conteúdo: Procedimento na Lei de Drogas (Lei /06). Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Material.

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Maria Júlia Pinto
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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 19 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Procedimento na Lei de Drogas (Lei /06). Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Material. - Procedimento na Lei de Drogas (Lei ) 1) Questões Polêmicas: Uso de drogas é crime? Segundo Luiz Flávio Gomes, o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal define crime como aquele delito punido com reclusão, detenção ou multa, e contravenção como o delito punido com prisão simples ou multa. Como o uso de drogas não é punido com nenhuma dessas sanções, trata-se de uma infração penal suis generis. Para o STF, o uso de drogas é crime com a peculiaridade de apresentar uma sanção diferenciada. A criminalização do uso de drogas é compatível com o Princípio da Lesividade? Para Nilo Batista, um dos consectários do Princípio da Lesividade é o fato do Direito Penal não poder punir a autolesão. Como o único prejudicado com o uso de drogas seria o próprio usuário, o art. 28 da Lei é incompatível com o Princípio da Lesividade. Para a jurisprudência, o bem jurídico tutelado na Lei de Drogas não é a saúde do usuário, mas sim a saúde pública que é um bem transindividual da coletividade. Quando o agente é surpreendido usando drogas, ele está cometendo algum crime? 1. Delmanto / Prova Defensoria O art. 28 da Lei de Drogas pune aquelas condutas voltadas ao uso, mas não o uso em si. Logo, a conduta é atípica. 2. Jurisprudência - O agente que está usando a droga a traz consigo, logo, não importa se o faz no bolso ou no próprio corpo. O porte de semente de maconha é crime? Existem 3 correntes no TJ/RJ:

2 1. A conduta é atípica, pois trata-se de ato preparatório do crime previsto no art. 28, 1º da Lei de Drogas. 2. A semente pode ser mastigada, produzindo efeito entorpecente. Logo, a conduta estará enquadrada no art. 28, caput. 3. A caracterização do crime do art. 28 depende da constatação do princípio ativo nas sementes apreendidas. Como diferenciar o uso do tráfico de drogas? Grande quantidade de droga sinaliza tráfico, mas nem sempre a pequena quantidade sinaliza o uso. Desta forma, devemos considerar também: a forma como a droga estava acondicionada, as circunstâncias da prisão, os antecedentes do agente, etc (art. 28, 2º da Lei ). 2) Procedimento no Uso de Drogas (JECRIM): O rito a ser adotado é o da Lei com as seguintes alterações: Se o agente (usuário) chegar à Delegacia de Polícia e se recusar a prestar o compromisso de comparecer, o art. 48, 3º proíbe a detenção do agente, ou seja, de qualquer forma ele deverá ser posto em liberdade. 3 o Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no 2 o deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente. A péssima redação do 3º traz a impressão de que cabe ao juiz lavrar termo circunstanciado, quando na verdade a técnica legislativa está confusa. A ideia do legislador era reproduzir de maneira sucinta a Lei O 5º dispõe que o objeto da transação penal nas formas de uso são aquelas penas previstas no art o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei n o 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.

3 3) Procedimento no Tráfico de Drogas: Laudo Prévio e Laudo Definitivo: Se o agente foi preso em flagrante com drogas será imprescindível a elaboração do laudo prévio de constatação de que aquela substância é entorpecente. Este laudo possui natureza de condição de procedibilidade, cuja ausência ensejará o relaxamento da prisão e inviabilizará o oferecimento de denúncia. Posteriormente, para a realização da AIJ, há necessidade da vinda aos autos do laudo definitivo, que possui natureza de condição de prosseguibilidade. Existem precedentes na jurisprudência do STF e STJ entendendo que a ausência ou a chegada tardia do laudo definitivo é mera irregularidade, uma vez que ele é meramente confirmatório do laudo prévio. Conclusão do Inquérito Policial (art. 51): Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. Incidente Dependência Química (art. 45): Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico adequado (# medida de segurança).

4 Basta o agente alegar que é dependente químico para que seja instaurado o incidente? 1. Doutrina Majoritária e Provas Defensoria - O objetivo do incidente é dar ao agente tratamento médico adequado, logo, basta a sua alegação para a instauração. 2. Jurisprudência O incidente retarda muito o feito, logo, o juiz pode considerar a sua impressão pessoal sobre o agente e resolver não instaurá-lo. Procedimento da Lei de Drogas: Oferecimento da Denúncia (art. 55) Notificação do acusado Defesa Prévia (10 dias) Possibilidade de diligências judiciais (art. 55, 5º) (* Interrogatório ) Recebimento da Denúncia Citação (art. 56) AIJ - Interrogatório - Oitiva testemunha de acusação - Oitiva testemunha de defesa - Debates Orais - Sentença Oral Art. 56, 2º: 30 dias /90 dias (incidente) Obs: Muitos juízes vem invertendo o interrogatório também na Lei de Drogas, uma vez que a regra no CPP é o interrogatório invertido, como último ato da instrução criminal Procedimento nos Crimes contra a Propriedade Imaterial Procedimento nos Crimes de Ação Penal Privada: Se o crime deixar vestígios será indispensável a busca e apreensão desses vestígios, que será realiza por peritos nomeados pelo juiz. Para a adoção de qualquer medida judicial, a parte deverá comprovar a titularidade do direito de ação, ou seja, a propriedade da marca (art. 526 CPP) Os peritos, após a apreensão, elaborarão um laudo que deverá ser homologado pelo juiz.

5 É possível utilizarmos nesse procedimento o disposto no art. 167 CPP (exame indireto oitiva de testemunhas)? Não pode, pois o exame nesse procedimento tem natureza de condição de procedibilidade. De acordo com o art. 529 CPP, a queixa deverá ser oferecida nos 30 dias seguintes à homologação do laudo. Esse prazo tem natureza decadencial? Segundo Tourinho, não se trata de um prazo decadencial específico, ou seja, a partir do momento que o agente tem conhecimento da autoria do fato, ele deverá em 6 meses adotar todas as providências mencionadas, sob pena de decadência. Superados os 30 dias, mas dentro do prazo de 6 meses, ele poderá providenciar um novo laudo ( é como se fosse um prazo de validade do laudo ). Oferecida a queixa, o rito a ser adotado é o ordinário. Porém, se considerarmos a pena desses delitos, todos poderiam ter sido considerados de menor potencial ofensivo, razão pela qual a competência seria do Juizado. Entretanto, como o feito já nasce com um procedimento complexo, ele é desenvolvido em Vara Criminal, sem prejuízo da aplicação das medidas despenalizadoras do Juizado.

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