Registo a qualificar: Transformação da sociedade recorrente, requisitado pela Ap. 4 de e efectuado pela Ap. 38 de

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Transcrição:

Pº R.Co. 9/2010 SJC-CT. Recorrente: Agro-, S.A. Recorrida: Conservatória do Registo Comercial de. Registo a qualificar: Transformação da sociedade recorrente, requisitado pela Ap. 4 de 13.02.2010 e efectuado pela Ap. 38 de 09.03.2010. Relatório: Em 11.02.2010 foi promovido online o registo de transformação em sociedade anónima da sociedade Agro-, Ldª. Foram apresentados, para além doutros, dois documentos: fotocópia da escritura de Transformação de Sociedade por Quotas em Sociedade Anónima de 16.12.2009 e fotocópia da escritura de Partilhas da mesma data (16.12.2009), ambas lavradas pelo Notário de António. Na primeira escritura outorgou Pedro, na qualidade de gerente e em representação de Agro-, Ldª, tendo o Senhor Notário verificado tal qualidade pela acta nº 20 da reunião da assembleia geral de 27.11.2009. O outorgante, além do mais, declarou: quem eram os sócios e quais as respectivas quotas no capital da sociedade; que, de acordo com a assembleia geral de 27.11.2009 na qual estiveram presentes ou representados todos os sócios e tendo em conta a aprovação prévia, por unanimidade, de um balanço elaborado para o efeito, foi deliberado, também por unanimidade, transformar a sociedade ( ) em sociedade anónima ( ) ; que assim e em execução do então deliberado, transforma a sociedade em sociedade anónima ( ), passando no entanto o seu contrato social a reger-se pelos artigos constantes do documento complementar anexo ( ), cujo capital social é de cinquenta mil e oito euros, representado por cinquenta mil e oito acções de um euro cada uma, distribuídas pelos accionistas, de acordo com o valor nominal das suas anteriores quotas, a saber ( ) 1. Consta ainda desta escritura: Mais declarou o outorgante, na invocada qualidade: Que ficam desde já nomeados os membros dos órgãos sociais para o triénio dois mil e dez a dois mil e doze, a saber ( ). 1 - É a seguinte a lista dos sócios: Pedro, António A., Nuno, Henrique, João, Carlos, José, Maria Augusta, Maria Luísa, Maria Filomena, Maria Teresa, Paulo e Maria Inácia, com 3.572 acções cada um, Marta e Susana com 1.191 acções cada uma, e Rita com 1.190 acções. 1

Na segunda escritura foram titulados vários actos de partilha de herança, de que importa realçar dois: a partilha da herança de Rosa, na qual se incluíu a quota de 3.572,00 no capital da sociedade Agro-, Ldª (verba nº 10), e que foi dividida em 3 novas quotas, duas de 1.191,00 cada e uma de 1.190,00, que foram adjudicadas, cada uma das duas primeiras a Marta e a Susana, uma a cada uma, e a terceira a Rita ; e a partilha do casal dissolvido por morte de Severino, cônjuge da sócia Maria Inácia, na qual se incluíu a quota de 3.572,00 no capital da sociedade Agro-, Ldª (verba nº 17), que foi adjudicada a Maria Inácia. Em 15.02.2010 a Senhora Conservadora abriu sub-procedimento de suprimento de deficiências, notificando o apresentante para juntar vários documentos, cujo conteúdo se dá aqui por integralmente reproduzido. Em 19.02.2010 foram juntos vários documentos ao processo de registo, os quais foram objecto de apresentação complementar na data da recepção. Em 23.02.2010 a Senhora Conservadora fez ao «apresentante» nova notificação, que aqui se dá por integralmente reproduzida, em que denuncia novas deficiências. Em 09.03.2010 2 a Senhora Conservadora recusou o pedido de registo da Ap. 4/20100213 e efectuou nova apresentação do pedido de registo (Ap. 38). Em 11.03.2010 a Senhora Conservadora proferiu o seguinte despacho: Ap. 38/20100309 Facto qualificado: Transformação em sociedade anónima (online) e designação de membros dos órgãos sociais (online). Qualificação: Provisório por dúvidas. Fundamentação: 1) O número das acções atribuídas a cada um dos sócios não está de acordo com o prévio aumento de capital por incorporação de reservas e titulado noutra escritura; 2) Não foram feitos os depósitos das quotas na sequência da escritura de partilha e que foi junta ao registo solicitado; 3) Do título apresentado a registo (escritura) e dos documentos solicitados em sede de suprimento de deficiências não consta a verificação dos requisitos constantes dos artigos 131º e 132º, nº 2, ambos do Código das Sociedades Comerciais. De Direito: Art.s 3º, nº 1 al. c), 15º, nº 1, 47º e 49º, todos do Código do Registo Comercial. 2 - Já com o recurso hierárquico pendente no IRN, I.P., a recorrente veio esclarecer que o despacho de recusa terá a data de 11.03.2010 e não 09.03.2010. Do ponto de vista estritamente registal, é a nosso ver absolutamente irrelevante a data do despacho de recusa, como se alcançará através da posição que vamos sustentar. 2

Notifique-se. Em 15.04.2010 o «apresentante» interpôs recurso hierárquico da provisoriedade por dúvidas da Ap. 38 de dia 09/03/2010, em douta petição cujos termos aqui se dão por integralmente reproduzidos. Em 16.04.2010 a Senhora Conservadora recorrida exarou douto despacho de sustentação cujos termos igualmente aqui se dão por integralmente reproduzidos. Saneamento: O processo é o próprio, as partes legítimas, a recorrente está devidamente representada, o recurso é tempestivo e inexistem questões prévias ou prejudiciais que obstem ao conhecimento do mérito. Pronúncia: A posição deste Conselho vai expressa na seguinte Deliberação 1- A validade da decisão registal não pode ser questionada com fundamento no não cumprimento ou no cumprimento defeituoso do dever de suprimento oficioso das deficiências do processo de registo 3. 2- O despacho de recusa do pedido de registo inicialmente apresentado, proferido nos termos do disposto no art. 52º, nº 6, do CRCom, deve ser notificado ao «apresentante» e dele cabe impugnação no processo previsto e regulado no capítulo VII do CRCom 4. 3 - Reproduzimos a conclusão 1ª e reiteramos a argumentação alinhada no ponto 1.1. do parecer emitido no Pº R.Co. 8/2010 SJC-CT, em que recorrente e recorrida são as mesmas. 4 - Reproduzimos a conclusão 2ª e reiteramos a argumentação alinhada no parecer anteriormente referido. 3

3- Enquanto não decorrer o prazo para a impugnação da recusa do registo cujo pedido foi inicialmente formulado, ou, tendo havido impugnação dessa recusa, enquanto o recurso hierárquico ou a impugnação judicial estiverem pendentes, o registo efectuado nos termos da citada norma legal (art. 52º, nº 6, do CRCom), na sequência da nova apresentação oficiosa do pedido, deve assumir a provisoriedade por natureza prevista no art. 64º, nº 2, d), do CRCom 5. 4- A partir da entrada em vigor do D.L. nº 76-A/2006, de 29 de Março, que revogou o art. 135º do CSC, a deliberação de transformação de sociedade passou a ser o «acto de transformação» enquanto facto sujeito a registo comercial 6. Não está aqui, portanto, em tabela a questão da legitimidade substantiva do conservador para recusar o pedido de registo inicialmente formulado e apresentar oficiosamente o mesmo pedido de registo, tudo nos termos do art. 52º, nº 6, do CRCom. Mas sempre diremos que, como aliás referimos no citado parecer, a nosso ver a aplicação da norma em causa é descabida. O facto a registar é a transformação e este facto não é posterior à data da apresentação inicial. A Senhora Conservadora, salvo o devido respeito, confunde «facto jurídico» objecto imediato do registo com documentos, sejam eles quais forem, que a lei exige para o registo desse facto. O facto jurídico, repetimos, é a transformação de sociedade por quotas em sociedade anónima, e este facto é anterior ao pedido de registo inicial. Se bem ajuizamos, o que incomoda a Senhora Conservadora é a possibilidade de suprir deficiências que é o mesmo que remover dúvidas com documentos emitidos com data posterior à da apresentação inicial. Mas porque não? A ideia do art. 52º do CRCom é precisamente evitar que o registo seja lavrado provisoriamente por dúvidas para depois ser convertido em definitivo com base na apresentação de documentos emitidos com data anterior ou posterior ao registo provisório. Questão diferente é se o documento deve ser anterior ao facto ou coevo do facto, mas neste caso era o próprio facto que estaria afectado, e não é isso que a Senhora Conservadora alega. No caso dos autos, ainda maior perplexidade nos causa a afirmação da recorrida de que com a transferência da prioridade não há prejuízo para o utente. Desde logo, para quem defenda cfr. Raúl Ventura, in Fusão, Cisão, Transformação de Sociedades, 1990, págs. 509/510 que o registo da transformação é constitutivo. Repisamos que não está em tabela a requalificação do pedido de registo inicial. O objecto do presente recurso hierárquico é a qualificação do pedido de registo apresentado oficiosamente (Ap. 38/20100309). 5 - Reproduzimos a conclusão 3ª e reiteramos a argumentação alinhada no ponto 2. do citado parecer, com as devidas adaptações. 6 - Em comentário ao art. 135º do CSC, antes da sua revogação pelo art. 61º, b), do D.L. nº 76-A/2006, de 29 de Março, Raúl Ventura, ob. cit., pág. 506, ensinava que «a deliberação de transformação, tomada pelos sócios, não é, portanto, o acto de transformação; depois de deliberada pelos sócios, a transformação deve ser consignada em escritura pública». 4

5- É nula a deliberação social tomada em reunião de assembleia geral não convocada que tenha ocorrido sem a presença de todos os sócios, mas tal nulidade é sanável se os sócios ausentes e não representados tiverem posteriormente dado por escrito o seu assentimento à deliberação, pelo que, enquanto este assentimento não for dado, o registo do facto terá que ser efectuado provisoriamente por dúvidas [cfr. art. 56º, nº 1, a), e nº 3, do CSC, e art.s 47º e 49º, ambos do CRCom] 7. 6- Na impugnação de decisão registal que qualificou o pedido de registo como provisório por dúvidas mas com outros fundamentos deve a entidade ad quem conhecer de vício ostensivo do procedimento deliberativo gerador de nulidade da deliberação social, assim evitando a feitura de registos nulos [cfr. art. 22, nº 1, b), do CRCom] 8. 7- O princípio da legalidade consagrado no art. 47º do CRCom demanda que para registar definitivamente a transformação de sociedade por quotas em sociedade anónima é necessário previamente registar a aquisição das quotas em nome dos sócios da sociedade à data da deliberação 9. Admitimos que, tal como acontece para a deliberação de alteração do contrato de sociedade, a própria deliberação ou o contrato social exijam outro documento escrito (cfr. art. 85º, nº 4, CSC), mas não é esta seguramente a hipótese dos autos. Portanto, também aqui, tal como no caso relatado no citado parecer, em face do ordenamento jurídico vigente, a escritura pública só atrapalha. Para quem entenda que o registo da transformação não é constitutivo, a eficácia entre as partes da transformação ocorrerá com a elaboração e a assinatura da acta da reunião da assembleia geral onde a deliberação foi tomada. 7 - Reproduzimos a conclusão 5ª e reiteramos a argumentação alinhada no ponto 4.1 do citado parecer, com as devidas adaptações. 8 - Reproduzimos a conclusão 6ª e reiteramos a argumentação alinhada no ponto 4.1 do citado parecer. 9 - Resulta dos autos que no Registo duas das quotas estão registadas em comum e sem determinação de parte ou direito. Uma das quotas foi dividida em partilha, mas as novas quotas resultantes da divisão não foram registadas em nome dos adjudicatários. E a outra quota foi simplesmente partilhada e adjudicada a um dos contitulares. A Senhora Conservadora entendeu que deveriam ser efectuados os registos, por depósito, de transmissão destas quotas, sob pena de o registo da transformação não poder ser efectuado definitivamente, e nós sufragamos tal entendimento. Começamos por manifestar a nossa perplexidade perante o comportamento da recorrente, aliás a própria sociedade, que, vinculada como indiscutivelmente está (cfr. art.s 242º-A a 242º-F, do CSC) à promoção daqueles registos, que são indiscutivelmente obrigatórios [cfr. art.s 3º, nº 1, c), e 15º, nº 1, ambos do 5

8- Deve ser recusado, por ser manifesto que o facto não está titulado nos documentos apresentados [cfr. art. 48º, nº 1, b), do CRCom], o pedido de registo de designação de titulares de órgãos sociais de sociedade anónima formulado com base em escritura pública em que o gerente da sociedade, ainda com o tipo de sociedade por quotas, depois de declarar, em execução de deliberação social anterior, a transformação desta sociedade com novo contrato social, declarou ele próprio tal designação 10. CRCom], se limita a afirmar na petição de recurso que tais registos são meramente instrumentais em relação ao registo solicitado. Porém, o que verdadeiramente está em tabela é saber se o conservador pode/deve qualificar desfavoravelmente o registo da transformação porque aqueles registos por depósito não foram efectuados. Não está em causa o princípio do trato sucessivo, pois, ainda que se considere que, consubstanciando a transformação «uma substituição da espécie de participação», (cfr. Raúl Ventura, ob. cit., pág. 512), in casu quotas por acções, estamos perante uma modificação (objectiva) da titularidade e que esta nele está incluída, o certo é que o art. 31º do CRCom foi revogado pelo art. 61º, c), do citado D.L. nº 76-A/2006, pelo que se do princípio do trato sucessivo continua a ser legítimo falar-se é a outro sujeito da relação de conhecimento registal que não o conservador que compete a fiscalização do seu cumprimento. O que a nosso ver está em causa é o princípio da legalidade, que impõe ao conservador apreciar a viabilidade do pedido de registo tendo especialmente em conta, além do mais, os registos anteriores. Damos aqui por reproduzido o conteúdo da nota (24) do parecer que temos vindo a citar. E cremos que ao defender esta posição não caímos em contradição com a posição assumida nos pareceres emitidos nos Pºs nº 49/96 R.P. 4 e R.Co. 74/2001 DSJ-CT (este publicado no BRN nº 6/2002), a propósito da dissolução. Na transformação simples ou formal, que é a modalidade-regra e constitui a hipótese dos autos, a sociedade mantém a personalidade jurídica, apenas mudando o tipo. Pelo que, diversamente do que se passa na dissolução, na transformação formal não está apenas em causa o acertamento do procedimento deliberativo, que não compete ao conservador, antes se justificando o afastamento nas tábuas da presunção derivada dos «registos anteriores» através do registo dos próprios factos que consubstanciam tal afastamento. 10 - Na nossa modesta opinião, a escritura dos autos não titula uma deliberação dos sócios - unânime por escrito (cfr. art. 54º, nº 1, do CSC) -, pelo que não estamos perante hipótese de deliberação social a que se deva aplicar o disposto no art. 56º, nº 1, a), e nº 3, do CSC. Importa acentuar que na assembleia geral de 27.11.2009 nada foi deliberado quanto à designação dos titulares dos órgãos sociais. Pelo que o gerente, na escritura pública dos autos, não se limitou a executar uma deliberação dos sócios tomada naquela assembleia geral, antes deliberou ele próprio sobre o ponto. Ora, afigura-se-nos líquido que ele não tinha competência para deliberar sobre a matéria (cfr. art.s 391º, nº 1, e 415º, nº 1, ambos do CSC). E também se nos afigura evidente que não estamos perante uma deliberação dos sócios, pelo que se verifica in casu uma «não deliberação» ou a inexistência de facto de deliberação social (sobre o conceito de deliberação, cfr. Pinto Furtado, in Deliberações dos Sócios, 1993, pág. 49; sobre a inexistência de facto de deliberação, cfr. Lobo Xavier, in Anulação de Deliberação Social e Deliberações Conexas, 1998, pág. 199). Em face do exposto, somos de opinião que o pedido de registo deverá ser recusado quanto à designação dos órgãos sociais, apesar de sobre o ponto não ter havido qualificação minguante. É que, se o registo fosse efectuado, estaríamos perante um registo parcialmente nulo [cfr. art. 22º, nº 1, b), do CRCom]. 6

9- Tendo o registo de transformação de sociedade por quotas em sociedade anónima sido efectuado provisoriamente por natureza nos termos do art. 64º, nº 2, b), do CRCom, porque dependente do registo provisório por dúvidas do prévio aumento do capital social por incorporação de reservas, e radicando as dúvidas deste registo na violação da regra da proporcionalidade prevista no art. 92º, nº 1, do CSC, a conversão em definitivo deste registo provisório determina a conversão oficiosa daquele registo de transformação (cfr. art, 65º, nº 4, do CRCom), não se justificando que este registo de transformação seja também provisório por dúvidas com fundamento em que a substituição da espécie de títulos (quotas por acções) também violou aquela regra da proporcionalidade -, pela decisiva razão de que a titularidade das acções de sociedade (anónima ou em comandita por acções), ao contrário da titularidade das quotas de sociedade por quotas, não constitui escopo do registo comercial 11. Ainda neste âmbito, mais concretamente no âmbito da unidade da inscrição (cfr. art. 66º do CRCom), causanos alguma perplexidade a posição assumida pela Senhora Conservadora, porquanto, se bem ajuizamos, por forma contraditória, sustenta que a unidade de inscrição pressupõe que os factos a inscrever constem do mesmo título, invocando mesmo o ponto 7 do Proc. C.Co. 65/2006, mas não atentou que na hipótese dos autos, a existir título para a designação dos órgãos sociais e ele não existe, como tentámos demonstrar -, ele seria diferente e autónomo relativamente ao título da transformação. A própria inscrição que a recorrida mandou lavrar reflecte isso mesmo, mencionando como data da deliberação de transformação 2009-11-27 e como data da deliberação de designação dos órgãos sociais 2009-12-16. 11 - Vem esta conclusão a propósito do primeiro motivo de dúvida suscitado pela recorrida no despacho de qualificação. Se bem captamos o raciocínio da recorrida, o registo da transformação só pode ser efectuado definitivamente depois de ser corrigido o aumento do capital [rectius, a distribuição do aumento do capital pelas participações sociais] e depois de ser corrigida a substituição das quotas pelas acções. Salvo o devido respeito, a segunda parte do problema (concretamente, a substituição das quotas pelas acções) já não diz respeito ao conservador. Na nossa opinião, ainda que na hipótese não se tenha verificado a ressalva do nº 1 do art. 136º do CSC (esta norma é dispositiva), o ponto está em que do registo de constituição de sociedade anónima (ou em comandita por acções) não tem que constar a identificação dos accionistas e o número de acções de que cada um é titular, pela singela razão de que os factos que tenham por objecto acções não estão sujeitos a registo comercial. Portanto, a rectificação do cálculo da substituição das quotas pelas acções não deve preocupar o conservador, porquanto o registo da transformação não será inexacto, dado que a deficiência do título (concretamente, quanto ao número de acções de que cada accionista é titular) não tem, nem deve ter, tradução tabular (cfr. art. 23º, 2º segmento, do CRCom). Diferente seria a situação jurídico-registal se a hipótese fosse de transformação de sociedade anónima em sociedade por quotas. Questão diferente, que não está em tabela, é sobre se os registos por depósito, de divisão e de transmissão das duas quotas anteriormente referidas, caso venham a ser efectuados de acordo com o título Partilhas tal como foi lavrado, constituirão obstáculo à conversão do registo da transformação. 7

10- Sendo o pedido de registo qualificado como provisório por dúvidas e como provisório por natureza, razões atinentes à transparência e à economia processuais aconselham a que o despacho de qualificação não se limite à provisoriedade por dúvidas, antes dê a conhecer a integralidade das decisões registais 12. 11- Para efeitos do registo da transformação, qualquer membro da administração deve declarar por escrito, sob sua responsabilidade e sem dependência de especial designação pelos sócios, que não houve oposição à transformação, nos termos do nºs 2 e 3 do art. 131º, bem como, em caso de necessidade, reproduzir o novo contrato (cfr. art. 140º-A, nº 1, do CSC), e, se algum sócio exercer o direito de se exonerar, nos termos do art. 137º, aquele membro da administração deve ainda produzir as declarações previstas no nº 2 do art. 140º-A do CSC 13. Não temos que nos pronunciar sobre o ponto. É à recorrente que caberá decidir como proceder: impugnar judicialmente a decisão registal (se ao presente recurso hierárquico for negado provimento), rectificar previamente a escritura de Partilhas, registar este título tal como está, Nesta sede, o bom senso aconselha a que não tomemos posição sobre o ponto, que, repetimos, não está em tabela. 12 - Quem ler o despacho de qualificação fica com a ideia de que o registo foi efectuado apenas provisoriamente por dúvidas, mas o certo é que o registo também foi efectuado provisoriamente por natureza. Na nossa opinião, o despacho de qualificação deveria dar a conhecer a integralidade das decisões registais proferidas sobre o pedido de registo. Não desconhecemos que a decisão registal, quando manda fazer um registo provisoriamente por natureza, é implícita, não carecendo de despacho, embora careça de notificação, salvo nos casos previstos nas alíneas a), c) e n) do nº 1 do art. 64º (cfr. art. 50º, nº 2, do CRCom). No entanto, quando o pedido de registo demanda despacho de qualificação (porque o registo deve ser efectuado provisoriamente por dúvidas), razões atinentes à transparência e à economia processuais aconselham a que o despacho de qualificação dê a conhecer a integralidade das decisões registais. 13 - Como é consabido, o citado D.L. nº 76-A/2006 [cfr. art.s 61º, b), e 3º, respectivamente] revogou o art. 135º e aditou o art. 140º-A, ambos do CSC. Se bem interpretamos o despacho da recorrida, ela coloca duas questões. A primeira diz respeito à aprovação do balanço em que se baseou a transformação, que no seu entender falta, mas, salvo o devido respeito, neste ponto não a acompanhamos. A partir do momento em que a Senhora Conservadora não exigiu a deliberação prevista na al. A) do art. 134º do CSC, certamente por entender que o balanço em que se baseou a transformação já havia sido aprovado na deliberação de 25.11.2009 (acta nº 18, da respectiva assembleia geral) e, sobre o ponto, nós também sustentamos que a al. A) do art. 134º do CSC deve in casu sofrer uma interpretação restritiva (cfr. Raúl Ventura, ob. cit., págs. 501/2) -, não faz a nosso ver sentido repetir agora o motivo de dúvida que já havia sido invocado na qualificação do pedido de registo de aumento do capital. A segunda questão contende já com a alteração legislativa que começámos por referir. 8

Nos termos expostos, é entendimento deste Conselho que o recurso não merece provimento 14. Decorre ainda do exposto que: a) Tornando-se definitiva a decisão que negue provimento ao presente recurso hierárquico, dever-se-á anotar ao registo efectuado pela Ap. 38/20100309 a recusa do pedido de designação dos órgãos sociais; b) As dúvidas do registo de transformação assentam nas conclusões 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 11ª e respectiva fundamentação; c) O registo de transformação deve ainda ser efectuado provisoriamente por natureza nos termos do art. 64º, nº 2, d), do CRCom; d) Deve ser notificado ao «apresentante» o despacho de 09.03.2010 que recusou o pedido de registo da Ap. 4/20100213. Na verdade, com a eliminação da escritura pública, as exigências previstas no revogado art. 135º do CSC transitaram para o momento do registo da transformação. Cumpre desde já salientar que, na nossa tese, a sociedade ainda não tem administradores designados, pelo que falha o pressuposto subjectivo da citada norma do art. 140º-A, do CSC. Quanto à (não) oposição à transformação dos sócios titulares de direitos especiais que não possam ser mantidos depois da transformação ( cfr. art. 131º, nº 1, c), e nºs 2 e 3, do CSC), a declaração prevista no nº 1 do art. 140º-A do CSC justifica-se in casu por razão acrescida, porquanto não foi separadamente deliberado, de acordo com o art, 134º, A), do CSC, no próprio processo de transformação, a aprovação do balanço em que se baseia a transformação. Quanto à (não) exoneração cujo direito foi substancialmente limitado com a nova redacção dada ao nº 1 do art. 137º do CSC pelo D.L. nº 76-A/2006 (cfr. António Pereira de Almeida, in Sociedades Comerciais e Valores Mobiliários, 2008, pág. 784) -, decorre da respectiva acta que a deliberação foi tomada por unanimidade, pelo que não existe in casu direito de exoneração (cfr. citado art. 137º, nº 1, do CSC, a contrario). Além disso, o nº 2 do citado art. 140º-A do CSC (tal como aliás o revogado art. 135º do CSC) só exige a prestação de declarações «se algum sócio exercer o direito de se exonerar», pelo que descabida se nos afigura a tese (que, parece, é sufragada pela recorrida) de que ao processo de registo terá que ser junta a declaração (negativa) do administrador da sociedade, de que nenhum sócio tinha o direito de se exonerar ou, tendo-o potestativamente, nenhum sócio exerceu tal direito. 14 - Naturalmente, não vamos emitir pronúncia sobre as situações elencadas pela recorrente na petição de recurso. Ainda que tais situações cujos contornos mínimos desconhecemos ofereçam alguma semelhança com a situação dos autos, na perspectiva, em que nos devemos colocar, da decisão do presente recurso hierárquico tais situações são absolutamente irrelevantes. 9

Parecer aprovado em sessão do Conselho Técnico de 23 de Setembro de 2010. João Guimarães Gomes Bastos, relator, Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, Luís Manuel Nunes Martins, Carlos Manuel Santana Vidigal, Ana Viriato Sommer Ribeiro, José Ascenso Nunes da Maia. Este parecer foi homologado pelo Exmo. Senhor Presidente em 29.09.2010 10