REVISÃO DA LITERATURA E ESTUDO RETROSPECTIVO DE 670 PACIENTES COM RINITE ALÉRGICA

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Esta é um versão gerada unicamente para visualização dentro do SGP. A versão a ser impressa utilizará outros padrões de formatação. This is a version generated only for visualization inside of SGP. The version to be printed will use other formatting patterns. Artigo de Revisão Código de Fluxo: 117 REVISÃO DA LITERATURA E ESTUDO RETROSPECTIVO DE 670 PACIENTES COM RINITE ALÉRGICA Literature review and retrospective study of 670 patients with allergic rhinitis Autores (Authors) Eduardo Baptistella: Mestrado Médico Otorrinolaringologista, preceptor da Residência em Otorrinolaringologia do Hospital Angelina Caron e do Hospital Cruz Vermelha Fabiano de Trotta: Residente em Otorrinolaringologia do 2o ano no Hospital da Cruz Vermelha Residente Thanara Pruner da Silva: Residente em Otorrinolaringologia do 1o ano no Hospital da Cruz Vermelha Residente Karina Kanashiro: Médica Médica Fernanda Fabri: Acadêmica Acadêmica do décimo primeiro período do curso de Medicina da Universidade Positivo Beatriz Zagorski: Acadêmica Acadêmica do décimo primeiro período do curso de Medicina da Universidade Positivo Paulo Felipe Roman: Acadêmico Acadêmico do décimo sugundo período do curso de Medicina da UFPR Gustavo Sela: Acadêmico Acadêmico do oitavo período do curso de Medicina da UFPR Descritores (Palavras chave) rinite, vacinas, poeira, hipersensibilidade, IgE Keywords rhinitis, vaccines, dust, hypersensitivity, immunoglobulin E Resumo Objetivo: Identificar qual o agente mais prevalente nos pacientes alérgicos que foram submetidos ao teste RAST entre gramíneas, ácaros, poeira doméstica, epitélio de gato e fungos atendidos e tratados no Centro Médico Especializado Baptistella CMEB. Identificar o agente com maior incidência de grau IV de severidade no teste RAST nos pacientes alérgicos que foram submetidos ao teste. Método: Foram avaliados 670 prontuários de pacientes atendidos no CMEB, na cidade de Curitiba. Pacientes que apresentavam queixas alérgicas e que tiveram agentes positivos (gramíneas, ácaros, poeira doméstica, epitélio de gato e fungos) para estes alérgenos testados no RAST. Resultados: O resultado mais freqüente foi gramíneas com 41.49%, ácaros com 18.2%, poeira doméstica com 15.52%, epitélio de gato com 13.88% e fungos em 10.89% dos pacientes. Já na incidência de grau IV de severidade no teste de RAST para poeira doméstica, 75% tiveram esta classificação. Já a gramínea em 13% dos pacientes positivos com grau IV e grau III em 46%. O ácaro foi classificado com grau IV em 17% dos pacientes e grau III em 57%. O epitélio de gato foi classificado com grau IV em 13% e grau III em 39%. O fungo foi classificado com grau IV em 24.6% e grau III em 16.4% dos pacientes. Conclusões: O resultado mais freqüente foi gramíneas, com 41.49%. A maior incidência de grau IV foi para poeira doméstica, sendo que 75% dos pacientes com RAST positivo para poeira tiveram classificação grau IV para o alergeno. Abstract Objective: determineted the most prevalent agent in allergic patients by RAST test: grass, mites, house dust, cat epithelium and fungi. Identify the agent with a higher incidence of grade IV severity of the RAST test in allergic patients. Method: 670 paciets, who had allergic complaints and that agents were positive (grasses, mites, house dust, cat epithelium and fungi) to the allergens tested in the RAST in the city of Curitiba. Results: grass with 41.49%, 18.2% with mites, house dust with 15:52%, epithelium of cats with 13.88% and 10.89% of fungi. Already in the incidence of grade IV severity of the RAST test was house dust, 75% had this classification, following by grass in 13% of positive patients with grade IV and grade III in 46%. The mites were classified with grade IV in 17% of allergic patients and grade III in 57%. The epithelium of cats were classified with grade IV in 13% and grade III in 39%. The fungus was classified with 24.6% in grade IV and grade III in 16.4% of patients. Conclusions: grass with 41.49% was the most prevalent agent. The higher incidence of grade IV was to house dust, and that 75% of patients with positive RAST to dust had grade IV to this allergen.

Trabalho submetido em (Article's submission in): 22/6/2009 21:20:06 Instituição (Affiliation): Trabalho realizado no Centro Médico Especializado Baptistella CMEB. Correspondência (Correspondence): Eduardo Baptistella Avenida João Gualberto, 1795, Conjunto 01 Juvevê Curitiba PR CEP: 80 030 001 E mail: cmeb.cmeb@yahoo.com.br Suporte Financeiro (Financial support): Submetido para (Submited for): Revista Acta ORL Artigo numerado no SGP sob código de fluxo (The Article was numbered in SGP for the flux code): 117 INTRODUÇÃO A rinite alérgica é definida como uma inflamação da mucosa nasal, induzida pela exposição à alérgenos que, após sensibilização, desencadeiam uma resposta inflamatória mediada por IgE, resultando em sintomas crônicos ou recorrentes 1,6. É considerada uma desordem clínica heterogênea e tem sua etiologia na interação de fatores genéticos e ambientais. É uma patologia de grande importância na população atual. Sua prevalência varia entre 24 a 25%, na população geral, podendo atingir maiores variações, de acordo com o estilo de vida e idade do grupo estudado 2,4,5. Exposição contínua a alérgenos e antecedentes familiares são fatores de grande relevância na determinação dos grupos de risco. Com o advento da industrialização e o exponencial aumento da poluição atmosférica nos centros urbanos, a incidência da rinite teve um grande aumento nos últimos 100 anos. A desinformação da população, ainda permanece como o principal problema do diagnóstico desta patologia 2,4,5. A associação com outras doenças, como a asma, as rinossinusites, as otites, a polipose nasal e a respiração oral ressalta ainda mais o seu impacto socioeconômico 8. As rinites podem ser classificadas, quanto ao tempo de permanência dos sintomas, em: agudas, quando os eventos se restringem a um tempo inferior a três semanas, subaguda, até três meses, e crônica, acima de três meses.¹ Considera se que os pacientes diagnosticados com rinite alérgica experimentam diversas limitações no desempenho de suas atividades cotidianas, seja pelo desconforto causado pelos sintomas nasais específicos, seja por seus sintomas associados, tais como: sensações de mal estar, dores de cabeça, redução da capacidade de concentração e alterações de sono (Silva, 2005) 4. Costuma vir acompanhada de sintomas que envolvem os olhos, garganta, ouvidos (otites), sinusites e roncos 4. Os principais sintomas incluem rinorréia aquosa, obstrução/prurido nasais, espirros, prurido e hiperemia conjuntival, os quais se resolvem espontaneamente ou através de tratamento. Os sintomas tendem a diminuir com a idade 1. Os achados relacionados com a rinite podem alterar o sono do paciente, apresentar fadiga diária, distúrbio no aprendizado, disfunções cognitivas, entre outros.². É importante ressaltar que pode haver comorbidades, otite média serosa recorrente e rinossinusite crônica 1. Os sintomas sistêmicos mais associados são: mal estar geral, cansaço, irritabilidade, insônia, fadiga e alterações de humor 3. A rinite pode estar associada a outras manifestações de alergia, como asma brônquica, dermatite, conjuntivite, entre outras.¹ O diagnóstico é basicamente clínico. Existem métodos diagnósticos de antígenos específicos como o RAST,

dosagem sérica de IgE, que podem auxiliar no diagnóstico.² Um adequado exame clínico identifica sem muitas dificuldades os sinais de rinite, tais como: hipertrofia e palidez dos cornetos inferiores, secreção hialina. O RAST é um teste alérgeno específico imunomediado por IgE. Ele é altamente específico e menos sensível, além de ser mais caro que outros tipos de testes disponíveis no mercado, por exemplo, o teste cutâneo. É um teste sanguíneo laboratorial que identifica IgE no sangue do paciente. Portanto, quanto mais IgE estiver presente, maior é a resposta alérgica a um antígeno específico. Por ser um teste quantitativo, é útil não apenas para se fazer o diagnóstico de alergia, mas também para adotar medidas profiláticas, monitorar a eficácia e adesão ao tratamento proposto. O RAST deve ser solicitado de forma racional, baseado na anamnese e exame físico do paciente, para que não seja solicitado sem necessidade 10, 11, 12, 13, 14. O tratamento pode ser feito local, com aplicação de produtos nasais que combinam corticóides com antihistamínicos 7. Existe outra forma de tratamento, que é a imunoterapia. Sabe se que este tipo de tratamento pode ser eficiente em pacientes que apresentam sinais e sintomas persistentes ao tratamento tradicional. É mais efetivo em alergias sazonais.² E pode ser descontinuada após 4 5 anos, onde os níveis de IgE se tornam altos. O prognóstico é extremamente variável, podendo os sintomas persistir por 10 anos na maioria das crianças. OBJETIVOS Identificar qual o agente mais prevalente nos pacientes alérgicos que foram submetidos ao teste RAST entre gramíneas, ácaros, poeira doméstica, epitélio de gato e fungos atendidos e tratados no CMEB. Identificar o agente com maior incidência de grau IV de severidade no teste RAST nos pacientes alérgicos que foram submetidos ao teste no CMEB. MATERIAL E MÉTODO DELINEAMENTO DO EXPERIMENTO Foram avaliados 670 prontuários de pacientes atendidos no CMEB, na cidade de Curitiba. Pacientes com queixas alérgicas, triados com anamnese, exame físico e exame otorrinolaringológico. Todos os pacientes tiveram agentes positivos para alérgenos testados no RAST. Pacientes receberam a vacina para tratamento de alergia em relação aos componentes existentes no teste RAST. AMOSTRA Total de pacientes foi 670 e a idade média foi de 25 anos, tendo idade mínima de 6 anos e máxima de 44 anos. Paciente de ambos os sexos, sendo 68,20% (457) do sexo feminino e 31,79% (213) do sexo masculino. COMPONENTES DO TESTE RAST Os componentes estudados no teste RAST foram: gramíneas, ácaros e poeira doméstica, epitélio de gato e fungos. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para o tratamento estatístico dos dados utilizou se o software Excel e valores de p< 0,05 indicaram significância estatística, pelo teste do qui quadrado.

RESULTADOS AGENTE MAIS PREVALENTE NO TESTE RAST Dentre os 670 prontuários de pacientes atendidos no CMEB, com queixas alérgicas e que tiveram agentes positivos para alérgenos testados no RAST. O resultado mais freqüente foi gramíneas, com 278 pacientes (41.49%); ácaros com 122 pacientes (18.2%); poeira doméstica com 104 pacientes (15.52%); epitélio de gato com 93 pacientes (13.88%); e 73 (10.89%) pacientes para fungos. Portanto, o agente mais prevalente na amostra foi às gramíneas. Com o objetivo de verificar possível diferença significativa na prevalência dos agentes, gramíneas, ácaros, poeira doméstica, epitélio de gato e fungos, utilizou se um teste de Qui quadrado, que resultou em significância estatística ( p < 0,0001 (9,16068E 43), concluindo se que, com base nos dados desta pesquisa, gramíneas é o agente de maior prevalência nos pacientes alérgicos que foram submetidos ao teste RAST. Uma comparação entre gramíneas e os outros agentes também mostrou que a prevalência para esse agente é maior que para qualquer um dos outros, conforme quadro abaixo: Alergeno No de Pacientes Gramineas 278 Ácaros 122 Poeira doméstica 104 Epitelio de gato 93 Fungos 73 Total 670 Comparação da maior ocorrência, gramíneas n = 278, com as outras: Comparações Prevalência valor p Gramíneas X Ácaros 18,21 6,19072E 15 Gramíneas X Poeira doméstica 15,52 5,45464E 19 Gramíneas X Epitelio de gato 13,88 7,63641E 22 Gramíneas X Fungos 10,9 7,25084E 28 Comparações Prevalência valor p Gramíneas X Ácaros 18,21 p < 0,0001 Gramíneas X Poeira doméstica 15,52 p < 0,0001 Gramíneas X Epitelio de gato 13,88 p < 0,0001 Gramíneas X Fungos 10,9 p < 0,0001 AGENTE DE MAIOR INCIDÊNCIA DE GRAU IV NO TEST RAST Dentre os 670 prontuários de pacientes atendidos no CMEB, com queixas alérgicas e que tiveram agentes positivos para alergenos testados no RAST. A maior incidência de grau IV foi para poeira doméstica, sendo que dos 104 pacientes com RAST positivo para poeira doméstica, 78 pacientes tiveram classificação grau IV para o alergeno. O alergeno gramínea foi classificado com grau IV em 36 dos 278 pacientes positivos no teste RAST e grau III em 129 dos 278 pacientes. O alergeno ácaro foi classificado com grau IV em 21 dos 122 pacientes positivos no teste RAST e grau III em

70 dos 122 pacientes. O alergeno epitélio de gato foi classificado com grau IV em 12 dos 93 pacientes positivos no teste RAST e grau III em 37 dos 93 pacientes. O alergeno fungo foi classificado com grau IV em 18 dos 73 pacientes positivos no teste RAST e grau III em 12 dos 73 pacientes. Para verificar a existência de diferença significativa na incidência de grau IV de severidade no teste RAST nos pacientes alérgicos, utilizou se o teste de Qui quadrado que resultou em significância estatística, p < 0,0001 (8,5154E 18), concluindo se que, com base nos dados desta pesquisa, existe diferença significativa quanto à incidência dos agentes, gramíneas, ácaros, poeira doméstica, epitélio de gato e fungos, nos pacientes alérgicos submetidos ao teste RAST, sendo poeira doméstica o mais incidente. Alergeno No de Pacientes Grau IV Gramíneas 36 Ácaros 21 Poeira doméstica 78 Epitélio de gato 12 Fungos 18 165 Comparação da maior ocorrência, poeira doméstica n = 78, com as outras: Comparações Pacientes Grau IV valor p Poeira doméstica X Gramíneas 36 8,3662E 05 Poeira doméstica X Ácaros 21 1,01194E 08 Poeira doméstica X Epitélio de gato 12 3,47568E 12 Poeira doméstica X Fungos 18 9,1413E 10 Comparações Pacientes Grau IV valor p Poeira doméstica X Gramíneas 36 p < 0,0001 Poeira doméstica X Ácaros 21 p < 0,0001 Poeira doméstica X Epitélio de gato 12 p < 0,0001 p < Poeira doméstica X Fungos 18 0,0001 DISCUSSÃO Lolium multiflorum (Lm), gramínea da família Poaceae, é a principal causadora de polinose na região Sul do Brasil e apresenta elevado poder alergênico. Não é nativa do Brasil, sendo trazida por imigrantes europeus para ser usada na agricultura. Na região Sul, a sintomatologia clínica devido à alergia ao pólen de Lm inicia se, geralmente, em setembro, início da estação polínica exacerba se nos meses de outubro, prolongando se, em alguns casos, até dezembro/janeiro. Segundo o autor NASPITZ, CK., et al, o agente mais prevalente dos pacientes submetidos ao teste RAST foram os ácaros, sobretudo aos ácaros D. pteronyssinus (67,8%), D. farinae (66,5%), B. tropicalis (57,1%), estando em apenas 10.7% dos casos as gramíneas. Não houve diferenças para pêlos de gatos e fungos. 15 A presença de IgE específica a alérgenos inalantes foi variável, sendo significantemente menor entre os pacientes

alérgicos de baixa idade, concordando com o este trabalho, onde a média de idade foi de 25 anos. A sensibilização aos inalantes foi maior nas faixas etárias mais tardias 15. Neste estudo foram documentados 670 pacientes que foram submetidos ao teste RAST, sendo as gramíneas (41.49%); ácaros (18.2%); poeira doméstica (15.52%); epitélio de gato (13.88%); fungos (10.89%) e identificar o agente com maior incidência de grau IV de severidade no teste, sendo o agente mais prevalente às gramíneas (41.49%). Portanto, o agente mais prevalente na amostra foi às gramíneas. De acordo com o autor NASPITZ, CK., et al mostraram a significância apenas nas comparações entre o teste RAST e os ácaros domiciliares. Com os demais alérgenos, não houve concordância significante. Neste estudo apresentado, a poeira doméstica esteve em terceiro lugar (15.52%) na sensiblização do teste 16. Nosso estudo os pacientes que foram submetidos ao teste RAST entre gramíneas (41.49%), ácaros (18.2%), poeira doméstica (15.52%) epitélio de gato (13.88%) e fungos( 10.89%) e identificar o agente com maior incidência de grau IV de severidade no teste, sendo o agente mais prevalente às gramíneas (41.49%). Segundo o autor VIDAL, C., et al ocorreram variáveis associadas com o teste RAST em toda a população estudada. Os ácaros representaram 79 (92.9%) de resultados verdadeiros positivos e 31 (88.6%) de resultados falso negativos. Já o pólen, 35 (41.2%) dos resultados verdadeiramente positivos e 12 (34.3%) de resultados falso negativos. Este artigo discorda com a amostra deste trabalho, onde gramíneas foi o mais prevalente. O nosso trabalho encontrou resultados diferentes/discordantes, sendo os ácaros o segundo mais prevalente com 122 pacientes (18.2%), seguido de poeira doméstica com 104 pacientes (15.52%); epitélio de gato com 93 pacientes (13.88%); e fungos com 73 (10.89%) O Prick Test é um teste cutâneo realizado nos pacientes com sintomas alérgicos, tendo um custo menor em relação ao teste RAST. De acordo com o autor GODINHO, R., et al, dentre os 398 pacientes estudados, a poeira doméstica (74,9%) foi o alérgeno mais freqüente, seguido do pêlo de cachorro (32,7%), gramínea (22,4%), pêlo de gato (16,9%). Dentre todos os pacientes estudados, 39 (9,8%) apresentaram teste cutâneo negativo. O presente trabalho acima encontrou resultados discordantes, sendo os ácaros o segundo mais prevalente com 122 pacientes (18.2%), seguido de poeira doméstica com 104 pacientes (15.52%); epitélio de gato com 93 pacientes (13.88%); e fungos com 73 (10.89%) CONCLUSÕES Podemos concluir que o resultado mais freqüente foi gramíneas, com 278 pacientes (41.49%). E a maior incidência de grau IV foi para poeira doméstica, sendo que dos 104 pacientes com RAST positivo para poeira 78 pacientes tiveram classificação grau IV para o alergeno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Silva TM. Perfil das Citocinas IL 4, IL 5, IL 8 e IFN ã Analisadas por T PCR em Tecido de Mucosa Nasal de Pacientes Portadores de Rinite Alérgica. Dissertação. (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Belo Horizonte, 2007. 2. Megid CBC, Cury PM, Cordeiro JA, Jorge RBB, Saidah R, Silva JBG. Tratamento da Rinite Alérgica: comparação da acunpuntura e corticóide nasal. ACTA ORL/Técnicas em Otorrinolaringologia Vol. 24 (3: 152 157, 2006) 3. Ibiapina CC, Sarinho ESC, Camargos PAM, Andrade CR, Filho ASC. Rinite Alérgica: aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. J. bras. pneumol. vol.34 no.4 São Paulo Apr. 2008 doi: 10.1590/S1806 37132008000400008 4. Machado PP. O baú dos sonhos adormecidos: a dimensão simbólica da rinite alérgica em um estudo de caso. Bol.

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