PROVA DE FILOSOFIA 2º BIMESTRE DE 2012 PROF. ALEXANDRE NOME Nº 1ª ANO A compreensão do enunciado faz parte da questão. Não faça perguntas ao examinador. A prova deve ser feita com caneta azul ou preta. É terminantemente proibido o uso de corretor. Respostas com corretor serão anuladas. Esta prova é composta por CINCO questões dissertativas e SETE testes dispostas em CINCO páginas. Parte Dissertativa: (6,0) Leia o seguinte fragmento do diálogo Fedro, de Platão (427-347 a.c.). SÓCRATES: Um amigo que se mostra ridículo não é preferível ao que se revela como perigoso e nocivo? FEDRO: Não há dúvida. SÓCRATES: Quando um orador, ignorando a natureza do bem e do mal, encontra os seus concidadãos na mesma ignorância e os persuade, não a tomar a sombra de um burro por um cavalo, mas o mal pelo bem; quando, conhecedor dos preconceitos da multidão, ele a impele para o mau caminho, nesses casos, a teu ver, que frutos a retórica poderá recolher daquilo que ela semeou? FEDRO: Não pode ser muito bom fruto. SÓCRATES: Mas vejamos, meu caro: não nos teremos excedido em nossas censuras contra a arte retórica? Pode suceder que ela responda: que estais a tagarelar, homens ridículos? Eu não obrigo ninguém dirá ela que ignore a verdade a aprender a falar. Mas quem ouve o meu conselho tratará de adquirir primeiro esses conhecimentos acerca da verdade para, depois, se dedicar a mim. Mas uma coisa posso afirmar com orgulho: sem as minhas lições a posse da verdade de nada servirá para engendrar a persuasão. FEDRO: E não teria ela razão dizendo isso? SÓCRATES: Reconheço que sim, se os argumentos usuais provarem que de fato a retórica é uma arte; mas, se não me engano, tenho ouvido algumas pessoas atacá-la e provar que ela não é isso, mas sim um negócio que nada tem que ver com a arte. O lacônio declara: não existe arte retórica propriamente dita sem o conhecimento da verdade, nem haverá jamais tal coisa. (Platão. Diálogos. Porto Alegre: Editora Globo, 1962.) Com base no texto e nos seus conhecimentos acerca dos sofistas responda as seguintes questões: 01. Quem foram os sofistas? (1,0) 02. O que diziam os filósofos gregos acerca dos sofistas? (1,5) 1
03. (Unesp 2011) Leia o texto, extraído do livro VII da obra magna de Platão (A República), que se refere ao célebre mito da caverna e seu significado no pensamento platônico. Agora, meu caro Glauco continuei cumpre aplicar ponto por ponto esta imagem ao que dissemos, comparar o mundo que a visão nos revela à morada da prisão e a luz do fogo que a ilumina ao poder do sol. No que se refere à subida à região superior e à contemplação de seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma ao lugar inteligível, não te enganarás sobre o meu pensamento, posto que também desejas conhecê-lo. Quanto a mim, tal é minha opinião: no mundo inteligível, a ideia do bem é percebida por último e a custo, mas não se pode percebê-la sem concluir que é a causa de tudo quanto há de direto e belo em todas as coisas; e que é preciso vê-la para conduzir-se com sabedoria na vida particular e na vida pública. (Platão. A República, texto escrito em V a.c. Adaptado.) Explique o significado filosófico da oposição entre as sombras no ambiente da caverna e a luz do sol. (1,5) 04. Associe os pensamentos a seguir com seus respectivos autores (1,0) (A). Só sei que nada sei (B) Necessário é dizer e pensar que o ser é: de fato o ser é, nada não é" (C) O Homem é a medida de todas as coisas (D) Tudo Flui (E) Se algo existisse não poderia ser conhecido. Mesmo se se pudesse saber algo, não poderia ser comunicado a outros. Mesmo que pudesse ser comunicado, não poderia ser compreendido. ( ) Heráclito ( ) Parmênides ( ) Sócrates ( ) Protágoras ( ) Górgias 2
NOME Nº 1ª ANO 05. (Unesp 2010) Em 399 a.c., o filósofo Sócrates é acusado de graves crimes por alguns cidadãos atenienses. (...) Em seu julgamento, segundo as práticas da época, diante de um júri de 501 cidadãos, o filósofo apresenta um longo discurso, sua apologia ou defesa, em que, no entanto, longe de se defender objetivamente das acusações, ironiza seus acusadores, assume as acusações, dizendo-se coerente com o que ensinava, e recusa a declarar-se inocente ou pedir uma pena. Com isso, ao júri, tendo que optar pela acusação ou pela defesa, só restou como alternativa a condenação do filósofo à morte. (Danilo Marcondes. Iniciação à História da Filosofia, 1998. Adaptado.) Com base no texto apresentado, explique quais foram os motivos da condenação de Sócrates à morte. (1,0) Parte teste: (4,0) A B C D E 01 02 03 04 05 06 07 01. (UFU Julho de 2004) adaptada - O fragmento a seguir é atribuído a Heráclito de Éfeso: O mesmo é em (nós?) vivo e morto, desperto e dormindo, novo e velho; pois estes, tombados além, são aqueles e aqueles de novo, tombados além, são estes HERÁCLITO. Sobre a natureza. Trad. de José Cavalcante de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção. Os Pensadores.. A partir do fragmento citado, escolha a alternativa que representa melhor o pensamento de Heráclito. a) Não existe a noção de oposto no pensamento de Heráclito, pois todas as coisas constituem um único processo de mudança que expressa a concórdia e a harmonia do fluxo contínuo da natureza. b) A equivalência de estados contrários com o mesmo exprime a alternância harmônica de polos opostos, pela qual um estado é transposto no outro, numa sucessão mútua, como o dia e a noite. Todas as coisas são Um, toda a multiplicidade de opostos constitui uma unidade, e todos os seres estão em um fluxo eterno de sucessão de opostos em guerra. c) Se o morto é vivo, o velho é novo, e o dormente é desperto, então não existe o luta de contrários pois tudo é Um, como verdade profunda do mundo. A unidade primordial da própria realidade é a via da verdade, e a multiplicidade e a sugestão de opostos é apenas aparência. d) A alternância entre polos opostos constitui um fluxo eterno, regido pela guerra e pela discórdia, que ocorre sem qualquer medida ou proporção. Não há harmonia na natureza, o que evidencia que a physis é caótica é denota o fato de que o pensamento de Heráclito é irracionalista. 3
02. (UFU- 1ª Fase Janeiro de 1999) Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, compreendia que: I. o ser é vir-a-ser (devir). II. o vir-a-ser (devir) é a luta entre os contrários. III. a luta entre os contrários é o princípio de mudança de todas as coisas. Assinale: a) se apenas I e II estiverem corretas. b) se apenas II e III estiverem corretas. c) se apenas II, estiver corretas. d) se apenas I e III estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. _ 03. Parmênides de Eléia, filósofo pré-socrático, sustentava que: I. o ser é. II. o não-ser não é. III. o ser não passa a não-ser nem o não-ser passa a ser. IV. o ser é pensável e o não-ser é impensável. Assinale: a) se apenas I, III e IV estiverem corretas. b) se apenas I, II e III estiverem corretas. c) se apenas II, III e IV estiverem corretas. d) se apenas I, II e IV estiverem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 04. Em um importante trecho da sua obra Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos seguintes termos: Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da natureza em sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro a fixar a atenção nas definições. Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002. Com base na filosofia de Sócrates e no trecho supracitado, assinale a alternativa correta. a) O método utilizado por Sócrates consistia em um exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu interlocutor do erro e do preconceito com o prévio reconhecimento da própria ignorância, e levá-lo a formular conceitos de validade universal (definições). b) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza. Para ele, a investigação filosófica é a busca pela Arché, pelo princípio supremo do Cosmos. Por isso, o método socrático era idêntico aos utilizados pelos filósofos que o antecederam (os Pré-socráticos). c) O método socrático era empregado simplesmente para ridicularizar os homens, colocando-os diante da própria ignorância. Para Sócrates, conceitos universais são inatingíveis para o homem; por isso, para ele, as definições são sempre relativas e subjetivas, algo que ele confirmou com a máxima o Homem é a medida de todas as coisas. d) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos por meio da investigação filosófica. Para ele, isso implica não buscar o que é, mas aperfeiçoar o que parece ser. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da vida moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, o que é o bem para o indivíduo num dado momento de sua existência. 4
NOME Nº 1ª ANO 05. Fica razoavelmente claro que Parmênides deixou um grande problema. Se, por um lado, ele disse como o ser deve ser, por outro lado, disse que toda experiência sensorial, isto é, tudo aquilo que vemos, sentimos e experimentamos no mundo concreto, não é só uma ilusão como é o não ser. Os fenômenos são todas as coisas que se pode ver, ouvir, cheirar, provar e tocar; o mundo do dia a dia. A próxima Filosofia deveria resolver este problema, que é uma das primeiras grandes disputas e questionamentos da Filosofia ocidental: como conciliar o pensamento que afirma que a verdade não muda, se a experiência do dia a dia mostra uma contínua mudança? Platão tentou resolver esse problema propondo: a) Que o Ser, na realidade, é um devir, é uma mudança constante; b) Que o Ser é o próprio fenômeno, ou seja, é aquilo que vemos, cheiramos, provamos, tocamos e ouvimos. Não existe distância entre a aparência e a essência; c) Que o mundo do dia a dia, que captamos com nossos sentidos é um mundo das aparências, que não podemos confiar. Nesse mundo reina o devir. Mas há um mundo das essências, onde a verdadeira realidade é o Ser de Parmênides. Esse mundo serve de modelo para as aparências do mundo sensível; d) Que o homem é a medida de todas as coisas, por isso, a realidade é uma construção subjetiva. Isso explica porque há tantas divergências sobre o Ser. e) Que não existe realidade por detrás das aparências. Só existe o fenômeno, pois é o único conhecimento que temos a capacidade de obter. 06. (UEL 2006) Para Platão havia outra forma de conhecer além daquela proveniente da experiência. Em sua Teoria da Reminiscência, a razão é valorizada como meio de acesso ao inteligível. De acordo com a Teoria da Reminiscência de Platão, é correto afirmar que o conhecimento é: a) Proveniente da percepção sensível, na qual os sentidos retêm informações evidentes sobre o mundo material. b) Originado da ação que os objetos exercem sobre os órgãos dos sentidos, produzindo um conhecimento inquestionável do ponto de vista da razão. c) Reconhecido mediante um processo dialógico, capaz de resgatar as ideias adquiridas anteriormente pela nossa alma e relembradas na vida presente. d) Fruto da ação divina que, por meio da iluminação interior, revela ao ser humano verdades eternas. e) Estruturado experimentalmente como condição para a realização das atividades sensíveis. 07. (UFU 2009) Leia o texto abaixo. SÓCRATES: Portanto, como poderia ser alguma coisa o que nunca permanece da mesma maneira? Com efeito, se fica momentaneamente da mesma maneira, é evidente que, ao menos nesse tempo, não vai embora; e se permanece sempre da mesma maneira e é em si mesma, como poderia mudar e mover-se, não se afastando nunca da própria Ideia? CRÁTILO: Jamais poderia fazê-lo. SÓCRATES: Mas também de outro modo não poderia ser conhecida por ninguém. De fato, no próprio momento em que quem quer conhecê-la chega perto dela, ela se torna outra e de outra espécie; e assim não se poderia mais conhecer que coisa seja ela nem como seja. E certamente nenhum conhecimento conhece o objeto que conhece se este não permanece de nenhum modo estável. CRÁTILO: Assim é como dizes. PLATÃO, Crátilo, 439e-440a Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento de Platão. a) Para Platão, o que é em si e permanece sempre da mesma forma, propiciando o conhecimento, é a Ideia, o ser verdadeiro e inteligível. b) Platão afirma que o mundo das coisas sensíveis é o único que pode ser conhecido, na medida em que é o único ao qual o homem realmente tem acesso. c) As Ideias, diz Platão, estão submetidas a uma transformação contínua. Conhecê-las só é possível porque são representações mentais, sem existência objetiva. d) Platão sustenta que há uma realidade que sempre é da mesma maneira, que não nasce nem perece e que não pode ser captada pelos sentidos e que, por isso mesmo, cabe apenas aos deuses contemplá-la. 5