SETEMBRO AZUL: INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS

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Transcrição:

Patrocínio, MG, outubro de 2016 ENCONTRO DE PESQUISA & EXTENSÃO, 3., 2016, Patrocínio. Anais... Patrocínio: IFTM, 2016. SETEMBRO AZUL: INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS Vania Abadia de Souza Ferreira (IFTM Campus Patrocínio) 1 ; Olgda Laria Borges de Paula (IFTM Campus Patrocínio) 2 Modalidade: Extensão Resumo: O presente trabalho foi elaborado a partir da realização do evento Setembro Azul: inclusão educacional dos surdos no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Patrocínio. Por intermédio dele, discutiu-se a temática educação escolar inclusiva para pessoas com surdez, enfatizando a importância da Libras, Língua Brasileira de Sinais, nesse processo. Os procedimentos metodológicos utilizados consistiram em proporcionar momentos de reflexão e conscientização da comunidade sobre a importância da inclusão escolar dos surdos, promovendo o contato dos ouvintes com a Libras e com questões que remetem as lutas e as conquistas da comunidade surda. Palavras-chave: Inclusão educacional; Surdos; Libras; Bilinguismo. Introdução O mês de setembro é de grande relevância para a comunidade surda brasileira, pois foi instituído o dia 26 de setembro de cada ano como o Dia Nacional dos Surdos pela Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008. Essa data, considerada um símbolo das lutas pelos direitos dos surdos, é denominada de Setembro Azul. Também é celebrado na data de 30 de setembro, o Dia Internacional dos Surdos. A cor azul foi adotada para homenagear as pessoas com surdez que foram assassinadas durante a Segunda Guerra Mundial pelos alemães nazistas após serem identificadas como possuidoras dessa característica. Elas apresentavam em seus braços uma fita com essa cor que as classificavam 1 Tradutora e intérprete de Libras. vaniasouza@iftm.edu.br 2 Pedagoga. olgda@iftm.edu.br

como indivíduos surdos. Portanto, o azul foi elegido para simbolizar o sentimento de satisfação e de valorização do sujeito com surdez. Nacionalmente são realizadas diversas atividades como encontros, seminários e congressos, dentre outros. Nesses momentos, são feitas discussões sobre as questões relativas aos surdos com a difusão de informações que reconhecem e valorizam as suas conquistas no que se referem a cultura surda e aos direitos de desfrutar de condições melhores de trabalho, educação, saúde e cidadania. Nesta direção, o evento intitulado Setembro Azul: inclusão educacional dos surdos foi realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Patrocínio durante os dias 20 a 29 de setembro de 2016 com o intuito de proporcionar, por meio de reflexões coletivas, a divulgação da importância e indispensabilidade da Língua Brasileira de Sinais Libras no processo de inclusão escolar da pessoa surda. Além disso, aponta a abordagem bilíngue de educação para os discentes surdos como um dos maiores progressos na direção da inclusão educacional desses sujeitos. Idealizado e executado por servidores do IFTM Campus Patrocínio, foram realizadas palestras para os servidores e alunos dessa instituição escolar e para os discentes da Escola Estadual Dalva Stela de Queiroz, localizada no município de Patrocínio M.G., com o tema "Aspectos Culturais e Educacionais da Surdez". Além disso, foram feitas mostras de materiais adaptados em Libras e a apresentação de vídeos traduzidos na Língua Brasileira de Sinais. Dessa forma, o evento Setembro Azul: inclusão educacional dos surdos trouxe os temas referentes a educação da pessoa com surdez para o debate, ressaltando a proposta escolar inclusiva para os surdos com a construção de possibilidades de aprendizagem efetivas nas salas de aulas regulares por intermédio da Libras e do ensino bilíngue. Assim, o trabalho realizado provocou reflexões sobre a problemática vivenciada pelo surdo no seu processo educativo, proporcionando a compreensão das particularidades da situação na atualidade que envolve o ensino e a aprendizagem dos discentes surdos na perspectiva da inserção educacional dos surdos nas escolas comuns. 343

Objetivos Os objetivos foram desenvolvidos considerando os aspectos relevantes para a inserção escolar dos discentes que apresentam surdez sob o prisma da difusão de assuntos relacionados aos surdos. Nessa perspectiva, foram escolhidos os objetivos abaixo: - divulgar o movimento nacional intitulado Setembro Azul ; - promover a inclusão dos surdos nas instituições educacionais por meio da aprendizagem e divulgação da Libras. 344 Metodologia Para o desenvolvimento desse trabalho foi utilizada uma metodologia que possibilitasse aos participantes a construção dos conhecimentos e uma melhor compreensão sobre a temática tratada. Assim sendo, foram definidos os procedimentos metodológicos a seguir: - mobilização da comunidade interna do IFTM Campus Patrocínio (docentes, técnico-administrativos e alunos) quanto a realização do evento Setembro Azul: inclusão educacional dos surdos ; - promoção das discussões sobre a inclusão educacional dos surdos no âmbito das comemorações nacionais do Setembro Azul; - utilização pelos servidores do IFTM Campus Patrocínio de um laço de fita na cor azul durante o mês de setembro; - incorporação da comunidade local no evento por meio da Escola Estadual Dalva Stela de Queiroz, Patrocínio M.G.; - realização de palestras, mostras de materiais relacionados a Língua Brasileira de Sinais e apresentações de vídeos com tradução de músicas e poesias por um intérprete de Libras para conscientização da importância da inserção das pessoas com surdez nas instituições educacionais regulares; - promoção do contato dos ouvintes com a Língua Brasileira de Sinais Libras; - promoção do debate sobre a Libras, Língua Brasileira de Sinais, como a língua natural dos surdos;

- incentivo à autorreflexão sobre a relação entre a Libras e a inclusão dos surdos nas escolas comuns; - estímulo à compreensão da indispensabilidade do bilinguismo para a inclusão do aluno com surdez. Desenvolvimento A educação escolar inclusiva para pessoas com surdez deve ocorrer da Educação Infantil até a Educação Superior, assegurando aos surdos usar os meios que precisa para ultrapassar os impedimentos presentes nas instituições educacionais e desfrutar dos seus direitos a uma educação de qualidade dentro das escolas regulares. A inclusão do aluno surdo nas unidades escolares não especializadas carece da garantia de recursos e processos que possibilite o seu acesso e permanência com aprendizagem nas salas de aulas comuns. 345 As pessoas com surdez enfrentam inúmeros entraves para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. Muitos alunos com surdez podem ser prejudicados pela falta de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio-afetivo, lingüístico e político-cultural e ter perdas consideráveis no desenvolvi-mento da aprendizagem. (DAMÁZIO, 2007, p. 13). A comunicação dos surdos por meio da língua de sinais é um fator facilitador da sua inclusão social e educacional. Segundo Salles (2004), as línguas orais, que são uma modalidade oral-auditiva, diferenciam-se das línguas de sinais, que usam a modalidade vísuo-espacial. Assim, essas últimas são mais acessíveis para as pessoas com surdez, sendo um componente mediador entre a pessoa surda e o seu meio. A oficialização da Libras se deu pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Essa norma legal, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências, determina que: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e

fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. (BRASIL, 2002). O Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece: Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: I - escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; II - escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. (BRASIL, 2005). 346 Dentre as metodologias utilizadas na educação escolar das pessoas com surdez, destaca-se o bilinguismo que, conforme Souza (1998), despontou em virtude da tese de William Stokoe de que o sistema de comunicação por sinais adotado pelos surdos americanos (ASL) era uma língua como as demais. Os resultados das pesquisas linguísticas acerca das línguas de sinais apontaram para a educação bilíngue devido os obstáculos para a aquisição da língua oral pelos surdos e a relevância da língua na formação das subjetividades. Assim, o ensino bilíngue possibilitaria mais prematuramente a aprendizagem da língua de sinais. Para Skliar (1997, p.144), a finalidade da educação bilíngue é: criar uma identidade bicultural, pois permite à criança surda desenvolver suas potencialidades dentro de uma cultura surda e aproximar-se, através dela, à cultura ouvinte [...] a necessidade de incluir duas línguas e duas culturas dentro da escola em dois contextos diferentes, ou seja, com representantes de ambas as comunidades desempenhando na aula papéis pedagógicos diferentes. A abordagem educacional bilíngue visa capacitar a pessoa com surdez para a utilização de duas línguas no cotidiano escolar e na vida social,

quais sejam: a Língua de Sinais e a língua da comunidade ouvinte. (DAMÁZIO, 2007, p. 20). A proposta bilíngue, ao utilizar duas línguas no processo educacional do aluno surdo, representa uma superação da ideologia predominante e um progresso na concepção educacional das pessoas com surdez. A educação bilíngüe nessa concepção é uma proposta de ensino que preconiza o acesso a duas línguas no contexto escolar, considerando a língua de sinais como língua natural e partindo desse pressuposto para o ensino da língua escrita. A proposta bilíngüe busca resgatar o direito da pessoa surda de ser ensinada em sua língua, a língua de sinais, levando em consideração os aspectos sociais e culturais em que está inserida. (SALLES, 2004, p.57). 347 Nessa perspectiva, a inclusão do aluno surdo no ensino regular é possibilitada na medida em que a Libras é um importante recurso para a aprendizagem dos conteúdos curriculares e, ao mesmo tempo, meio indispensável para a aquisição da Língua Portuguesa. O bilinguismo proporciona a democratização do acesso e permanência dos alunos surdos nas escolas comuns. A libras, em virtude dos aspectos mencionados, tem um papel fundamental nesse processo. Considerações Finais O evento Setembro Azul: inclusão educacional dos surdos proporcionou que a comunidade interna e externa ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Patrocínio refletisse sobre os desafios da educação escolar inclusiva para as pessoas com surdez. Esse trabalho se configura como o início das reflexões a respeito da inserção dos surdos no espaço escolar comum. Sendo indispensável a manutenção dos estudos e discussões para a constituição de valores e de práticas que possibilitarão a atuação individual e coletiva direcionada para a inclusão educacional do aluno surdo. Bibliografia BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em: 26 set. 2016.. Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008. Institui o Dia Nacional dos Surdos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11796.htm>. Acesso em: 26 set. 2016.. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 26 set. 2016. 348 DAMÁZIO, M. F. M. Atendimento educacional especializado: pessoa com surdez. Brasília: SEESP/SEED/MEC:, 2007. SALLES, H. M. M. L. et al. Ensino de Língua Portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC, 2004. SOUZA, R. M. Que palavra que te falta? lingüística, educação e surdez. São Paulo: Martins Fontes, 1998. SKLIAR, C. Educação e exclusão: abordagens sócio-antropológicas em educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997.