O joelho é estabilizado por quatro ligamentos principais: 2 ligamentos colaterais (medial e lateral) e 2 ligamentos cruzados - anterior (frente) e posterior (costas). Os ligamentos cruzados originam-se no fêmur (osso da coxa) e de forma intra articular inserem-se na parte superior da tíbia (perna). Cruzam-se entre si no meio da articulação em formato de uma cruz, daí o nome 'cruzado'. O ligamento cruzado posterior (LCP) tem como função principal impedir a translação posterior da tíbia em relação ao fêmur (conhecida como gaveta posterior). Também ajuda a prevenir a rotação externa da tíbia. Possui origem no côndilo femoral medial e se insere na face posterior da tíbia, cerca de 1 cm abaixo da interlinha articular. É constituído de duas bandas distintas, mas inseparáveis: feixe ântero-lateral, espesso e póstero-medial. O feixe ânetro lateral fica tenso em flexão e relaxado em extensão enquanto o póstero medial é tensionado em extensão e froxo em flexão. A lesão do LCP leva à instabilidade do joelho, hiperpressão fêmoro patelar sendo evidente com a queda posterior da perna quando o joelho é dobrado a 90 graus. A história natural da insuficiência do LCP, a médio e longo prazo, é de dor, derrame e instabilidade, associados a alterações degenerativas, principalmente no compartimento femorotibial medial e femoropatelar. 1 / 6
Como ocorre a lesão do LCP? A incidência de lesões do LCP é menor do que a do ligamento cruzado anterior (LCA). Isto deve-se principalmente à maior espessura e resistência do LCP e ao mecanismo de trauma diferente das duas lesões. A forma mais comum em que o LCP é lesado deve-se ao impacto direto na face anterior da tíbia, geralmente quando o joelho apresenta-se flexionado 90 graus. Isso pode ocorrer em trauma frontal como trauma esportivo ou acidente automobilístico. Os outros dois principais mecanismos de lesão são a queda com o joelho hiper-fletido ou trauma em hiper-extensão associado a varo ou valgo. A lesão é comumente associada a lesões de outras estruturas no compartimento posterior da articulação do joelho como os cornos posteriores dos meniscos. Além disso, a cartilagem articular também podem ser danificada. Existem classificações que são importantes para a indicação do tratamento conservador ou cirúrgico. Podem ser classificadas em agudas ou crônicas, isoladas ou combinadas e intersticiais ou com avulsão de fragmento ósseo. Quanto ao grau de instabilidade as lesões do LCP podem ser classificadas em 3 graus sendo o grau III a mais grave. Estas classificação evolui conforme o grau de queda posterior da tíbia em relação ao fêmur quando o joelho está flexionado a 90 graus. Lesão de grau I translação até 0,5 cm, grau II até 1 cm e grau III acima de 1 cm de translação. Quadro clínico: Dor moderada no momento do impacto que pode irradiar-se para o restante do membro inferior. É uma lesão incapacitante do ponto de vista clínico, geralmente impossibilitando a continuação da atividade esportiva e dificultando na marcha. Inchaço (edema) geralmente é observado embora possa ser mínimo. Pode associar-se a hemartrose apesar do LCP ser considerado extra articular e intra sinovial. Muitas vezes o paciente não busca auxílio médico após o trauma inicial, fato este que dificulta o diagnóstico. As alterações biomecânicas após a lesão do LCP devido a posteriorização da tíbia em relação ao fêmur causam uma sobrecarga da articulação femoro patelar, fato que 2 / 6
pode ser o início dos sintomas. Esse sintoma agrava na medida da evolução para a artrose. A longo prazo observamos atrofia quadriceptal e sintomas de perda da propriocepção. Instabilidade posterior (teste de Lachman inverso) é geralmente observado. Os testes clínicos são feitos através da observação da posteriorização da tíbia em relação ao fêmur geralmente com o joelho fletido. Pode-se obter uma redução dessa posteriorização através da contração ativa do quadríceps. 3 / 6
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