A RELAÇÃO ENTRE O PLANEJAMENTO URBANO E AS ÁREAS VERDES PÚBLICAS URBANAS NA CONFIGURAÇÃO DO TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA/MG.

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Transcrição:

Eixo temático 5 Biogeografia, Políticas Ambientais e Gestão Territorial A RELAÇÃO ENTRE O PLANEJAMENTO URBANO E AS ÁREAS VERDES PÚBLICAS URBANAS NA CONFIGURAÇÃO DO TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA/MG. Raquel Fernandes Rezende, Universidade Federal Fluminense, quelgeorezende@yahoo.com.br; Bárbara da Silva Santiago, bárbara.sant@gmail.com.br, Cássia C. M. Ferreira, Universidade Federal de Juiz de Fora, cássia.castro@ufjf.edu.br A proposta volta-se para a discussão relacionada às complexidades na configuração, ocupação e gestão do território, em especial, as questões voltadas para o planejamento urbano e sua relação com implantação, manutenção e fiscalização das áreas verdes públicas urbanas em algumas regiões urbanas do município de Juiz de Fora, localizado na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, com aproximadamente 501.000 habitantes. Neste sentido, foi necessário estabelecer comparações entre as diferentes Regiões Urbanas (RUs) que compõem a área de estudo, levando em consideração: o histórico da ocupação, as modificações ocorridas nas mesmas em relação às áreas verdes, o planejamento urbano, especialmente, a legislação urbanística vigente (planos, projetos, regulamentos e políticas urbanas) no período 1979 (ano da criação da Lei 6.766/ 79) a 2006 é avaliado como capazes ou não de garantir a suficiência dessas áreas verdes públicas urbanas diante das necessidades da população da cidade. Tornase relevante mencionar que a área de estudo é composta por duas porções distintas, mas articuladas, uma de alta densidade, padrão sócio-econômico médio a baixo e outra que compõem área de expansão do município, com densidade baixa e padrão sócio-econômico médio a alto. Assim, esta proposta permitiu identificar como no recorte temporal adotado (1979-2006) as ações atreladas ao planejamento urbano para o município, bem como os planos, projetos, regulamentos e legislações influenciaram a configuração atual do território em relação às áreas verdes públicas urbanas na área de estudo. Sendo possível verificar que tais ações voltadas para o planejamento urbano municipal no período analisado não foram suficientes para assegurar que as áreas verdes públicas urbanas fossem devidamente distribuídas e/ ou conservadas na área de estudo, entre outras razões pela carência na área de fiscalização. Palavras-Chave: Áreas Verdes Públicas Urbanas, Planejamento Urbano, Território. INTRODUÇÃO De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 1970 a população que se concentrava nas cidades brasileiras era de 30,5% e, em 2000 chegou a 81,2% (CAMARGO, 2002). Estes processos de urbanização acelerada e concentrada favorecem a ocorrência de problemas de ordem ambiental como a redução acentuada das áreas verdes públicas urbanas, entendidas nesta proposta como os locais onde há predomínio de vegetação arbórea, englobando as praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros centrais de avenidas e os trevos e rotatórias de vias públicas, que exercem apenas funções estéticas e ecológicas, devem também conceituar-se como área verde. Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas, não devem ser consideradas como tal, pois as calçadas são impermeabilizadas (GUZZO, 2005, p. 1). entre outros. A cidade de Juiz de Fora com 501.153 (IBGE, 2000) habitantes localizada na porção sul da Zona da Mata do estado de Minas Gerais, não deixa de se inserir nestas estatísticas, e abriga 99,20% de sua população na área urbana (IBGE, 2002). Contribui para o desequilíbrio entre o tamanho da população e suas necessidades a disponibilidade de áreas verdes, a valorização e escassez da terra, que induz o poder público a não considerar como importantes projetos que privilegiem a implantação/ conservação destas áreas na cidade. O considerável aumento

demográfico e a concentração de atividades industriais, comerciais, financeiras, imobiliárias entre outras, gera uma valorização do espaço urbano, que segundo CORRÊA corresponde ao conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos definem áreas, como o centro da cidade, local de concentração de atividades comerciais, de serviços, de gestão, áreas industriais, áreas residenciais distintas em termos de forma e conteúdo social, de lazer e, entre outras, aquelas de reserva para futura expansão (2000, p.7). O município de Juiz de Fora desde a década de 1940, em especial, a partir do ano de 1945 até o início dos anos 70 se destacava no setor industrial. Visto que, no referido período verifica-se a instalação de novas indústrias, principalmente nos setores da metalurgia e farmacêutico, que contribuíram para a reordenação da ocupação do território de Juiz de Fora, já que o sistema de transportes havia sofrido transformações, que contribuíram para o surgimento de novos empreendimentos imobiliários em diversos pontos da cidade. Este processo de instalação de indústrias no município se estende até o início da década de 80, quando ocorre um período de estagnação em relação à instalação de novas indústrias no município. Este quadro é revertido quando a Mercedes Benz Automóveis (Daimler Crhysler) se instala na cidade e passa a atrair migrantes tanto da microrregião de Juiz de Fora como de outras regiões do país. Deve ser mencionado que Juiz de Fora, teve o início de seu povoamento durante o período aurífero, especialmente, com o Caminho Novo no início do século XVIII. Entretanto, a ocupação mais efetiva da cidade se deu no vale do rio Paraibuna (principal curso d água do município), durante o período de expansão cafeeira, em meados do século XIX. Logo no início do século XX, o município caracteriza-se por apresentar um amplo e diversificado comércio. E, a partir da década de 1930, intensifica-se a urbanização em Juiz de Fora, visto que nesta década a cidade passa por um processo de modernização e ampliação de seu tecido urbano. Nesse momento ocorre à expansão da cidade, o que amplia os seus horizontes e origina novas centralidades. Com estas transformações ao longo de décadas, o desenvolvimento urbano deu-se de maneira predatória, ficando claro, que as ações tomadas pelos agentes produtores do espaço urbano contribuíram para um processo de urbanização acelerada e concentrada, com redução acentuada das áreas verdes por empreendimentos imobiliários e crescente impermeabilização do solo, entre outros problemas ambientais. Assim, proposta volta-se para a discussão relacionada às complexidades na configuração, ocupação e gestão do território. Em especial, as questões voltadas para o a temática do planejamento urbano, aqui definido como uma intervenção no nível sócio-espacial, visando à regulação do sistema urbano, ou seja, das atividades de produção de bens e serviços (indústrias, escritórios) e das atividades de consumo individual e coletivo (habitação, equipamentos coletivos, infra-estrutura urbana). É parte necessária do planejamento global e se desenvolve no tempo e no espaço, nas escalas local, regional e nacional. O planejamento urbano expressa-se sob a forma de políticas específicas ou planos, cuja implementação dá-se através de programas

de ação e da instituição e aplicação de instrumentos legais, para a consecução dos objetivos almejados. As políticas fundiária e habitacional, objeto de nosso interesse, aí se incluem (REZENDE, 1995, p. 6) e sua relação com implantação, manutenção e fiscalização das áreas verdes públicas urbanas em 21 regiões urbanas do município de Juiz de Fora, a sbaer, Centro, Grambrery, São Mateus, Alto dos Passos, Bom Pastor, Cascatinha, Jardim Paineiras, Jardim Santa Helena, Dom Bosco, Santa Cecília, Mundo Novo, Borboleta, Morro da Glória, Santa Catarina, Jardim Glória, Cascatinha, Vale do Ipê, Aeroporto, Morro do Imperador (cosntituído por loteamentos fechados, a saber, Bosque Imperial; Parque Imperial; Chalés do Imperador; Granvile; Residencial Pinheiros; Alto dos Pinheiros; Parque São Pedro; Portal da Torre; Colinas do Imperador), São Pedro e Nossa Senhora de Fátima. A Universidade Federal de Juiz de Fora devido à sua importância no cenário municipal, não só como um espaço de atividades relacionadas ao desenvolvimento do ensino de nível superior, pesquisa e extensão, mas também pela relevância asumida como um dos principais espaços, onde pode ser observada a prática de atividades esportivas, de cultura, de lazer, dentre outras. Faz-se necessário mencionar que esta análise da relação entre planejamento urbano e áreas verdes públicas urbanas desenvolve-se através das diferentes propostas urbanísticas desenvolvidas para a cidade no período de 1979 (quando os municípios brasileiros já dispunham de uma legislação - Lei Nº 6.766/79 - capaz de ordenar a ocupação de novos loteamentos) até o ano de 2006, para que se possa investigar como estas áreas foram tratadas nestes estudos no município. Cabe ser mencionado que estas RUs foram estabelecidas a partir da Lei 6910/86 em seu Cap. III, Art. 5º divide a Área Urbana do Distrito-sede Unidades Territoriais (UTs), que por sua vez, foi subdividida pela Lei Municipal 4219/89 que criou 81 Regiões Urbanas (RUs) que constituem unidades pequenas e coesas quanto às suas características, subdividindo a porção mais contínua e densamente ocupada da cidade, não abrangendo, no entanto, todo o Perímetro Urbano. E ainda, essa divisão por RU foi adotada pelo IBGE como unidade espacial básica para senso demográfico, o que possibilita uma maior gama de comparações (COSTA e FERREIRA, 2006, 11). Também é relevante realçar o fato de que a área de estudo abrangida não engloba a totalidade de algumas bacias hidrográficas, por isso utilizou-se como unidade básica de análise a divisão por regiões urbanas (RUs), na Lei 4219/89. O recorte temporal abriga as legislações urbanas vigentes no município nos âmbitos federal, estadual, municipal, incluindo planos e regulamentos. Assim, o marco inicial estabelecido foi a Lei Nº 6.766, de 19 de Dezembro de 1979, que se configura como um instrumento importante para as questões relacionadas à regulação do solo urbano, uma vez que prevê a destinação de áreas para a construção de espaços públicos, a obrigatoriedade na implantação de infra-estrutura básica nas áreas a serem loteadas, e restrições quanto à ocupação em áreas consideradas alagadiças ou com declividade acentuada. Além dessa lei, consideramos a

legislação urbanística elaborada para município em 1987, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 1996 e sua revisão efetuada em 2001. Ainda deve ser mencionado que o perímetro delimitado envolve porções distintas do território de Juiz de Fora, especialmente, no que se refere ao padrão sócio-econômico e de uso e ocupação do solo (fatores que influenciam na manutenção ou não das áreas verdes). OBJETIVOS A abordagem proposta busca avaliar a existência e a conservação das áreas verdes públicas urbanas, e a conseqüência sobre elas do planejamento urbano, no município de Juiz de Fora, através das normas vigentes, nos âmbitos federal, estadual e municipal editadas no período de 1979 ate 2006. MÉTODOS UTILIZADOS A metodologia adotada para o desenvolvimento desta proposta consistiu em três momentos distintos. No primeiro momento, foi realizada uma revisão da literatura referente ao tema trabalhado, que incluiu livros, artigos e periódicos. Também foi feito um inventário dos documentos relacionados à temática das áreas verdes e do planejamemto urbano, especialmente no município de Juiz de Fora. No segundo momento, definiu-se a área de estudo, que compreende 21 RU s do município de Juiz de Fora. Deve ser mencionado, que estas regiões urbanas foram divididas 6 grupos, a saber: Grupo 1 Centro, Grambrery, São Mateus, Alto dos Passos, Bom Pastor, Jardim Paineiras e Jardim Santa Helena: que se caracterizam por uma ocupação de padrão sócio-econômico médio a alto. Sofrem grande pressão imobiliária voltada para verticalização que vem provocando uma renovação urbana, e são totalmente dependentes da área central, com exceção de São Mateus. Grupo 2 - Dom Bosco, Santa Cecília, Mundo Novo, Borboleta: Possuem um padrão de ocupação bem inferior, apresentam padrão predominantemente familiar, e nível sócio-econômico baixo á médio. O sistema viário é composto por vias estreitas de declividades acentuadas. Há ocorrência de ocupações em área de risco (encostas declivosas). Grupo 3 - Morro da Glória, Santa Catarina, Jardim Glória, Cascatinha: compõem o quarto grupo. Possuem predominância residencial, a exceção do Morro da Glória que apresenta uma tendência a verticalização. Padrão socioeconômico médio á alto. E predominância unifamiliar. Grupo 4 - Vale do Ipê e Aeroporto: caracterizado como área de expansão do município, com densidade baixa e destacam por excelentes padrões de residências, unifamiliares, e nível sócio-econômico médio a alto. Grupo 5 Morro do Imperador cosntituído por loteamentos fechados, a saber, Bosque Imperial;

Parque Imperial; Chalés do Imperador; Granvile; Residencial Pinheiros; Alto dos Pinheiros; Parque São Pedro; Portal da Torre; Colinas do Imperador: caracterizado como área de expansão do município, com densidade baixa e destacam por excelentes padrões de residências, unifamiliares, e nível sócio-econômico médio a alto. Grupo 6 - São Pedro e Nossa Senhora de Fátima: caracterizado como área de expansão do município com densidade baixa e destacam por excelentes padrões de residências, unifamiliares, e nível sócioeconômico baixo a médio. Ainda deve ser mencionado que o perímetro delimitado envolve porções distintas do território de Juiz de Fora, especialmente, no que se refere ao padrão sócio-econômico e de uso e ocupação do solo (fatores que influenciam na manutenção ou não das áreas verdes). E na terceira etapa, foram estabelecidas comparações entre as diferentes Regiões Urbanas (RUs) que compõem a área de estudo, levando em consideração: o histórico da ocupação, as modificações ocorridas nas mesmas em relação às áreas verdes, o planejamento urbano e a sustentabilidade, no período 1979 (ano da criação da Lei 6.766/ 79) a 2006. Além de análises atreladas aos dados referentes à espacialização e quantificação das áreas verdes nas diferentes RU s. Cabe ser ressaltado, que os dados relacionados às áreas verdes foram cedidos pelo Laboratório de Estudos da Paisagem do Departamento de Geociências do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora, através de dados levantados e artigos publicados desde o ano de 2003. Ainda é relevante salientar que para aquisição dos valores de áreas verdes existentes, foi feito mapeamento na unidade de estudo selecionada (Região Central da cidade de Juiz de Fora), com base em ortofotocartas na escala de 1: 2000, datadas do ano de 2000, utilizando o programa Arc View GIS 3.3. Paralelamente foram realizados trabalhos de campo para averiguação dos dados obtidos no Laboratório de Estudos da Paisagem (LABP- UFJF), além da análise de plantas urbanas e mapas (COSTA & FERREIRA, 2006, p. 10-11). Assim, os dados e informações levantadas foram cruzados, produzindo um material relevante no que a tange à questão da busca pela sustentabilidade urbana tendo como suporte as áreas verdes publicas urbanas. A abordagem metodológica compreende a realização de um estudo comparativo entre diferentes Regiões Urbanas (RUs) do município, onde serão considerados aspectos como: o histórico da ocupação das RUs, as modificações ocorridas nas mesmas em relação as áreas verdes, e aspectos relacionados ao planejamento urbano, especialmente, a legislação urbanística vigente no período analisado (1979-2006) sendo avaliado como capazes ou não de garantir a suficiência dessas áreas verdes públicas urbanas diante das necessidades da população da cidade, além das alterações decorrentes destes processos. Atrelado a uma intervenção no nível sócio-espacial, visando à regulação do sistema urbano, ou seja, das atividades de produção de bens e serviços (indústrias, escritórios) e das atividades de consumo individual e coletivo (habitação, equipamentos coletivos, infra-estrutura urbana). É parte necessária do planejamento

global e se desenvolve no tempo e no espaço, nas escalas local, regional e nacional. O planejamento urbano expressa-se sob a forma de políticas específicas ou planos, cuja implementação dá-se através de programas de ação e da instituição e aplicação de instrumentos legais, para a consecução dos objetivos almejados. As políticas fundiária e habitacional, objeto de nosso interesse, aí se incluem (REZENDE, 1995, p. 6). Também é relevante mencionar que a área de estudo, é composta por Regiões Urbanas (RUs), em especial, por porções distintas, mas articuladas, uma de alta densidade, padrão sócio-econômico médio a baixo. A Universidade Federal de Juiz de Fora também se insere no recorte espacial, como uma importante área verde para o município onde são praticadas atividades de lazer, esporte, cultura, dentre outras. Cabe ser mencionado que estas RUs foram estabelecidas a partir da lei 6910/86 em seu Cap. III, Art. 5º divide a Área Urbana do Distrito-sede Unidades Territoriais (UTs), que por sua vez, foi subdividida pela Lei Municipal 4219/89 que criou 81 Regiões Urbanas (RUs) que constituem unidades pequenas e coesas quanto às suas características, subdividindo a porção mais contínua e densamente ocupada da cidade, não abrangendo, no entanto, todo o Perímetro Urbano. E ainda, essa divisão por RU foi adotada pelo IBGE como unidade espacial básica para senso demográfico, o que possibilita uma maior gama de comparações (COSTA e FERREIRA, 2006, 146-47). Também é relevante realçar o fato de que a área de estudo abrangida não engloba a totalidade de algumas bacias hidrográficas, por isso utilizou-se como unidade básica de análise a divisão por regiões urbanas (RUs), na Lei 4219/89. Assim, para a efetivação do trabalho serão adotados alguns passos metodológicos como: revisão bibliográfica referente ao tema e levantamento documental relacionado à legislação urbanística de Juiz de Fora no período de 1979 ate 2006, em especial, no que tange aos planos, projetos e regulamentos de parcelamentos urbanos elaborados para o município, para que se tenha um melhor entendimento do objeto de estudo. Também serão inventariados e estudados materiais cartográficos e iconográficos referentes à área de estudo e ao período (1979 2006) estabelecido, que deverão ser trabalhados em um Sistema de Informações Geográficas (SIG) com o intuito de gerar um material que auxilie na identificação das alterações do uso e ocupação do solo em relação as áreas verdes públicas urbanas no recorte espacial delimitado. Cabe ser destacado que serão realizadas entrevistas com os representantes dos diferentes agentes que contribuíram para a produção do espaço urbano em Juiz de Fora. Com o intuito de buscar o entendimento sobre as motivações e interesses que conduziram a elaboração das ações de planejamento delimitadas para a pesquisa. Com estas informações levantadas e sistematizadas será possível estabelecer reflexões a respeito do processo de elaboração de instrumentos de planejamento, identificar o grau de envolvimento dos diferentes atores na produção do espaço urbano da área de estudo, bem como verificar a implementação das ações estabelecidas nos planos e projetos, além do cumprimento da legislação urbana vigente no município. Etapas que irão permitir a realização de uma interpretação da evolução e condições de utilização das áreas verdes

públicas urbanas na área de estudo. Neste sentido, serão observadas as questões-chaves, de acordo com o desenvolvimento e necessidade do trabalho. RESULTADOS A pesquisa que deu origem a este artigo permitiu identificar as relações que se estabelecem em torno da questão das áreas verdes na busca pela sustentabilidade urbana, tendo em vista que estas áreas exercem um importante papel sobre a cidade, seja na perspectiva ambiental, social, cultural e até mesmo econômica. Assim, faz-se importante salientar que os locais (unidades de conservação, parques, jardins, praças e vias de circulação - públicos) onde a presença da vegetação (espécies arbóreas, arbustivas e herbáceas) é registrada podem ser caracterizados por constituírem um espaço cujas condições ecológicas mais se aproximam das condições ditas normais da natureza, de acordo com Carvalho (1982). Fato que faz com que estes espaços tenham um valor significativo, já que no meio urbano a população, todos os dias, se depara com extensos quilômetros de massas construídas, que acabam por exercer uma ação opressiva sobre seus habitantes (Paiva & Gonçalves, 2002). Assim, a manutenção do verde urbano torna-se importante, pois age reduzindo os índices de poeiras e alguns poluentes em suspensão, regula a umidade e temperatura do ar; mantém a permeabilidade, fertilidade, umidade do solo, além de protegê-lo contra a erosão; reduz os níveis de ruídos servindo como amortecedor do barulho das cidades (GOMES & SOARES, 2003, p.21), colaboram também para a manutenção da boa qualidade da água, pois, impedem que os poluentes atinjam os cursos d água; oferecem alimentos e servem de abrigo para a fauna e atenuam o impacto pluvial. As áreas verdes presentes no meio urbano também são relevantes quando analisadas sob o ponto de vista relacionado ao bem-estar psicológico e social da população, uma vez que elas exercem influência sobre o estado de ânimo dos indivíduos massificados com o transtorno das grandes cidades, além de propiciarem ambiente agradável para a prática de esportes, exercícios físicos e recreação em geral (GOMES & SOARES, 2003, p.21). A tabela 1 a seguir mostra os benefícios da vegetação urbana de acordo com cada variável. Neste sentido, é possível perceber o quanto às áreas verdes, sobretudo as públicas e localizadas nas áreas urbanas são significativas na busca pela sustentabilidade urbana, especialmente, no que está relacionado ao quadro ambiental e social. Assim, os espaços destinados para a ocupação da vegetação, como praças e jardins são significativos para a população, pois se caracterizam como locais em que se pode ter um convívio social sadio e descansar da rotina agitada que as cidades impõem aos seus moradores. Um outro ponto que precisa ser considerado está atrelado à escolha das espécies que serão utilizadas nos projetos de implantação de áreas verdes. É preciso sempre considerar que devem ser utilizadas espécies nativas da área em questão, e que não causem transtornos como a danificação da rede elétrica, enraizamento que possa

Tabela 1: Funções da Vegetação no Espaço Urbano Variável Função -Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais; Composição Atmosférica -Ação purificadora por Depuração bacteriana e de outros microorganismos; -Ação purificadora por reciclagem de gases através de mecanismos de fotossintéticos; - Ação purificadora por fixação de gases tóxicos. Equilíbrio solo-clima-vegetação Níveis de Ruído Estético FONTE: Gomes & Soares, 2003, p.22 ORGANIZAÇÃO: Raquel Fernandes Rezende. -Luminosidade e Temperatura: a vegetação ao filtrar a radiação solar, suaviza as temperaturas extremas; -Umidade e Temperatura: a vegetação contribui para conservar a umidade do solo, atenuando sua temperatura; -Redução da velocidade do vento; -Mantém as propriedades do solo: permeabilidade e fertilidade; -Abrigo à fauna existente; -Influencia o balanço hídrico. - Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de caráter estridente, ocorrentes nas grandes cidades. -Quebra da monotonia da paisagem das cidades, causada pelos grandes complexos de edificações; -Valorização visual e ornamental do espaço urbano -Caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente. prejudicar a pavimentação das vias, ou ainda espécies que possam vir a oferecer algum tipo de risco para a população do entorno. Cabe ressaltar, que de acordo com os estudos realizados por Costa e Ferreira (2006) a vegetação é mal distribuída dentro do perímetro urbano, fator que implica na redução ou mesmo inexistência dos benefícios que as áreas verdes podem oferecer na busca pela sustentabilidade urbana. Assim, o processo de verticalização acentuada sofrida no município nas últimas décadas também é um fator que contribuiu para a redução das áreas verdes, principalmente, na área central que corresponde à porção do território do município com maior concentração de pessoas. Costa e Ferreira (idem) atentam para a percepção da população, que

infelizmente, desconhece os benefícios oferecidos pela vegetação. A população ainda enxerga a vegetação como um incomodo, como sujeira ou como um problema (Idem, p. 14). Faz-se importante ressaltar que a legislação municipal não permite a retirada de algumas espécies, especialmente da flora nativa. No entanto, muitas vezes a legislação não é cumprida por alguns motivos como: falta de pessoal para a fiscalização, a própria população em alguns casos é conivente (não denunciam) com a retirada das árvores ou poda irregulares. Ainda relacionado à questão da fiscalização uma forma de esquivar-se ocorre muitas das vezes através do aproveitamento de lacunas que a legislação apresenta. Neste sentido, como exemplo podemos citar o caso relacionado à poda das árvores, quando a lei dá permissão para que a mesma seja efetuada, porém sem estabelecer os critérios que devem ser adotados durante a realização da poda, o que pode acarretar prejuízos para o individuo arbóreo e conseqüentemente uma piora da qualidade ambiental e de vida da população. A tabela 2 (Índice de Áreas Verdes IAV - em 21 Regiões Urbanas de Juiz de Fora/MG) retrata a realidade relacionada ao índice de áreas verdes nas RU s trabalhadas na pesquisa. A análise dos dados e o cruzamento das informações relacionadas ao tema abordado na pesquisa também permitiram identificar que a RU que apresentou o maior índice de áreas verdes foi a do Morro do Imperador (Bosque Imperial, Parque Imperial, Chalés do imperador, Granvile, Residencial Pinheiros, Alto dos Pinheiros, Parque São Pedro, Portal da Torre e Colinas do Imperador) com 1109,2 m²/hab e os menores índices foram encontrados nas seguintes RU s Grambrey, Alto dos Passos, Santa Cecília, Mundo Novo, Borboleta, Morro da Glória e Vale do Ipê, em que o valor encontrado foi zero, um dado preocupante. Com estes dados é possível ter dimensão da questão das áreas verdes públicas urbanas na área de estudo, que encontra-se em estado deficitário, já que, 7 RU s apresetam índice igual a zero e as demais RU s com execeção de Aeroporto e Cascatinha (com índice de áreas verdes de 105,5 m²/hab respectivamente), apresentaram índices muito baixos, o que revela uma perda significativa de qualidade ambiental e de vida. Cabe ressaltar que o IAV encontrado na RU Morro do Imperador, está relacionado a alguns fatores como baixa densidade demográfica, ocupação reduzida dos lotes, preocupação por parte dos moradores em criar um ambiente esteticamente adequado, fazendo com que algumas áreas comuns destes loteamentos abriguem praças com presença de vegetação arbóreo-arbustiva e rasteira. E as RU s que apresentaram IAV baixo correspondem a localidades com densidade demográfica alta e extremamente impermeabilizadas. Ainda é relevante mencionar que as RU s Aeroporto e Cascatinha apresentaram IAV 105,5 m²/hab considerado bom devido a proximidade com o Parque Municipal da Lajinha, uma área verde de uso público.

Tabela 2 - Índice de Áreas Verdes em 21 Regiões Urbanas de Juiz de Fora/MG Nome das Regiões Urbanas (RU s) Área (m²) Densidade Demográfica (Hab./Km²) População Índice de Áreas Verdes (IAV - m²/hab.) Centro 1803597 118,75 21426 1,4 Grambery 451120 108,25 4890 0,0 São Mateus 1243260 145,98 18134 0,3 Alto dos Passos 450300 104,52 4712 0,0 Bom Pastor 906532 61,22 5548 2,5 Jardim Paineiras 340503 114,19 3893 0,4 Jardim Santa Helena 386175 151,10 5831 1,0 Cascatinha 635732 73,38 4671 105,5 Dom Bosco 373788 119,76 4477 8,0 Santa Cecília 337530 106,56 3665 0,0 Mundo Novo 244261 137,02 3349 0,0 Borboleta 2097158 24,62 5164 0,0 Morro da Glória 206045 161,78 3328 0,0 Santa Catarina 241329 0,07 1801 0,9 Jardim Glória 300042 107,69 3233 1,6 Vale do Ipê 360568 43,23 1557 0,0 Aeroporto 2745764 4,18 1149 105,5 Morro do Imperador 2094196 2,29 748 1109,2 São Pedro 3927912 27,19 10681 8,0 Nossa Senhora de Fátima 1285196 36,02 4632 8,0 FONTE: FERREIRA, C. De C. M, 2008. ORGANIZAÇÃO: Raquel Fernandes Rezende.

Assim, esta proposta permitiu identificar como no recorte temporal adotado (1979-2006) as ações atreladas ao planejamento urbano para o município, bem como os planos, projetos, regulamentos e legislações influenciaram a configuração atual do território em relação às áreas verdes públicas urbanas na área de estudo. Sendo possível verificar que tais ações voltadas para o planejamento urbano municipal no período analisado não foram suficientes para assegurar que as áreas verdes públicas urbanas fossem devidamente distribuídas e/ ou conservadas na área de estudo, entre outras razões pela carência na área de fiscalização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACSELRAD, H. Sentidos da Sustentabilidade Urbana. In: A Duração das Cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. Rio de Janeiro: Ed DP & A, 2001. BRASIL. Lei nº 6.766, de 19 de Dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo e dá outras Providências CARVALHO, M. E. C. As Áreas Verdes de Piracicaba. Dissertação (Mestrado em Geografia) Departamento de Geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Rio Claro: UNESP,1982, 123p CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. São Paulo: Ed Ática, 2000 COSTA, R. G. Da e FERREIRA, C. C. M. Avaliação do Indíce de ÁreasVerdes (IAV) em 26 Regiões Urbanas na Região Central da Cidade de Juiz de Fora, MG.In: XII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 2007, Natal. Anais do XII Simpósio Brasileiro de Geografia Fisica Aplicada, 2007. COSTA, R. G. da e FERREIRA, C. de C. M. Estudo das Áreas Verdes e da Arborização Ligada ao Sistema Viário na Região Central da Cidade de Juiz de Fora (MG). Revista Caminhos de Geografia. Uberlândia, V.8, nº 22, 143-153. Disponível em: www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html. Acesso em: 13 de outubro de 2007. FERREIRA, C. De C. M. Os Microclimas Urbanos e a Incidência de Áreas Verdes: Uma Proposta Para a Delimitação de Indicadores Ambientais e Formação de Um Atlas Ambiental Para a Cidade de Juiz de Fora MG. Juiz de Fora, 2008 (Relatório de Pesquisa FAPEMIG). GOMES, M. A. S. & SOAES, B. R. A vegetação nos centros urbanos: considerações sobre os espaços verdes em cidades médias brasileiras. Revista Geográfica da UNESP. Rio Claro, 1 (1): 19-29, junho 2003. Disponível em: <www.rc.unesp.br/igce/geografia/revista.thm>. Acesso em: 10 de nov 2005. GUZZO, P. Áreas verdes urbanas. Disponível em: <www.educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/areasverdes>. Acesso em: 13 de nov 2005. HERCULANO, S. A Sociedade Generosa: Bem-Estar e Sustentabilidade. Um Outro Mundo é Possível?. In: Em Busca da Boa Sociedade. EdUFF, 2006. p. 374-426. LIMA, Fabio José Martins de; REZENDE, Raquel Fernandes; BARBOSA, Douglas Montes; CRESPO, Gustavo. Sobre a verticalização e o adensamento em Juiz de Fora: entre um prédio e outro, mais outro...in: PAIVA, H. N. de & GONÇALVES, W. Florestas Urbanas - Planejamento para Melhoria da Qualidade de Vida. Viçosa: Aprenda Fácil, 2002.3º SEMIÁRIO PROJETAR, 2007, Porto Alegre. Anais do 3º SEMIÁRIO PROJETAR, 2007. Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, Plano Diretor de Juiz de Fora: Diagnóstico. Juiz de Fora: CONCORDE, 1996., Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juiz de Fora. PJF/IPLLAN, 2006. PREFEITURA, MUNICIPAL DE JUIZ DE FORA/IPPLAN. Legislação Urbana Básica. Juiz de Fora, 1987. REZENDE, V. L. F. M. Planejamento e Política Fundiária: O Caso da Cidade do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo São Paulo: USP, 1995, 337p.