Relatório de Avaliação de Programa

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Transcrição:

Relatório de Avaliação de Programa Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 1

Tribunal de Contas da União Negócio Controle Externo da Administração Pública e da gestão dos recursos públicos federais. Missão Assegurar a efetiva e regular gestão dos recursos públicos, em benefício da sociedade. Visão Ser instituição de excelência no controle e contribuir para o aperfeiçoamento da Administração Pública

Relatório de Avaliação de Programa Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes Ministro-Relator Lincoln Magalhães da Rocha Brasília 2004

Copyright 2004,Tribunal de Contas da União Impresso no Brasil / Printed in Brazil www.tcu.gov.br Para leitura completa do Relatório,Voto e Acórdão nº 137/2004 -TCU-Plenário, acesse a página do TCU na Internet, no seguinte endereço: www.tcu.gov.br/avaliacaodeprogramasdegoverno Brasil. Tribunal de Contas da União. Relatório de avaliação de programa : Programa Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes / Tribunal de Contas da União ; Ministro-Relator Lincoln Magalhães da Rocha. - Brasília : TCU, Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo, 2004. 100 p. 1. Prostituição, Brasil 2. Criança, exploração, Brasil 3. Adolescente, exploração, Brasil 4. Abuso sexual, Brasil 5. Programa de governo, avaliação I. Programa Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (Brasil). II. Programa Sentinela (Brasil). III. Título. Catalogação na fonte: Biblioteca Ministro Ruben Rosa

Tribunal de Contas da União Ministros Valmir Campelo, Presidente Adylson Motta, Vice-Presidente Marcos Vilaça Walton Alencar Rodrigues Guilherme Palmeira Ubiratan Aguiar Benjamin Zymler Auditores Lincoln Magalhães da Rocha Augusto Sherman Cavalcanti Marcos Bemquerer Costa Ministério Público Lucas Rocha Furtado, Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin, Subprocurador-Geral Maria Alzira Ferreira, Subprocuradora-Geral Marinus Eduardo de Vries Marsico, Procurador Cristina Machado da Costa e Silva, Procuradora Júlio Marcelo de Oliveira, Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé, Procurador

Apresentação Nos últimos anos, vem crescendo a exigência social por um Estado eficiente na solução de problemas e no atendimento às demandas da sociedade. Para tanto, cabe ao controle externo contribuir de forma efetiva para garantir à sociedade a correta e regular aplicação dos recursos públicos, segundo os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O Tribunal de Contas da União, em resposta às exigências sociais por resultados efetivos e eficientes da ação do governo e em atenção às tendências internacionais, foi pioneiro quando, na década de 80, adotou a prática da auditoria de natureza operacional, também chamada de auditoria de desempenho, da qual a avaliação de programas é uma modalidade. Desde então, é o instrumento por intermédio do qual o Controle Externo forma juízo sobre o alcance dos resultados das ações governamentais, contribuindo para a promoção da eficiência operacional e alocativa do gasto público e para a responsabilização dos gestores pelo desempenho da ação de governo. Essa modalidade de auditoria baseia-se no princípio de que ao gestor público cabe o dever de prestar contas de suas atividades à sociedade, não somente agindo com integridade, mas atendendo a critérios de economicidade, eficiência, eficácia e efetividade dos atos praticados. O TCU entende que, para responsabilizar os gestores por desempenho, é essencial que sejam prestadas informações fidedignas sobre os programas de governo aos diversos atores sociais interessados. O objetivo desta série de publicações é o de divulgar a atuação do Tribunal, informando aos parlamentares, aos órgãos governamentais e à sociedade civil sobre aspectos relevantes do desempenho dos programas auditados, inclusive sobre questões relacionadas à redução da pobreza e da desigualdade social, que são objetivos constitucionais da República brasileira. Este número, além do relatório de avaliação do Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, de responsabilidade da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, contém o Voto do Ministro-Relator, Sua Excelência o Ministro Lincoln Magalhães da Rocha, e o Acórdão do TCU, prolatado em Sessão Plenária de 03/11/2004. VALMIR CAMPELO Ministro-Presidente

Agradecimentos da Equipe de Auditoria Osucesso das auditorias de natureza operacional, sem dúvida, está relacionado à parceria que se estabelece entre a equipe de auditoria e os dirigentes e técnicos do Programa auditado. Há que se ressaltar a boa recepção patrocinada por parte da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, desde a fase do estudo de viabilidade da auditoria. Contou-se, ainda, com a colaboração da Gerência do Programa Sentinela, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para o desenvolvimento das técnicas de diagnóstico, bem como com a prestação de informações e apresentação de documentos necessários ao desenvolvimento dos trabalhos. Nesse sentido, agradece-se à Srª Elizabeth Engert Milward de Almeida Leitão da SEDH, pelo apoio, colaboração e fornecimento de informações preciosas; ao Sr. Joseleno Vieira dos Santos, Gerente da Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela, pelas informações prestadas, bem como pelo apoio ao longo do trabalho; e à equipe do Centro de Referência, Estudos e Ações Sobre Crianças e Adolescentes - CECRIA, de Brasília - DF. Por fim, agradece-se a cooperação e apoio às Coordenações do Programa Sentinela nos Estados de: Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro, Ceará, Pará, Alagoas, Bahia e Pernambuco, como também, às Secretarias Municipais de Assistência Social de Florianópolis - SC, Itajaí - SC, Campo Grande - MS, Corumbá - MS, Porto Velho - RO, Salvador - BA, Feira de Santana - BA, Maceió - AL, São Miguel dos Campos - AL, Recife - PE e Cabo de Santo Agostinho - PE.

Sumário Resumo.........................................................................13 1. Introdução...................................................................17 Antecedentes..................................................................17 Objeto do trabalho de auditoria..................................................17 Metodologia..................................................................18 Forma de Organização do Relatório...............................................18 2. Visão geral do programa.......................................................21 Objetivos....................................................................21 Responsáveis e competências.....................................................21 Histórico e caracterização da Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela........22 Legislação....................................................................23 Beneficiários..................................................................25 Relevância...................................................................25 Indicadores de desempenho e metas...............................................26 Características orçamentárias e financeiras..........................................27 Critérios para seleção dos municípios..............................................27 Sistemas de Controle...........................................................28 3. Financiamento, eqüidade e articulação do Programa Sentinela.......................31 Limitada abrangência do Programa Sentinela........................................31 Falta de critérios eqüitativos para a definição do tamanho e número das equipes............33 Dificuldade de articulação.......................................................34 4. Atendimento, encaminhamento e acompanhamento...............................39 Insuficiência de estrutura e instrumentos para a realização de busca ativa..................39 Alta rotatividade de pessoal......................................................39 Capacitação pontual, não sistemática e genérica......................................40 Falta de comunicação entre as equipes do Programa..................................41 Ausência de advogados nas equipes de atendimento...................................42 Execução de atividades de prevenção sem a devida contrapartida........................42 Falta de uniformidade dos conceitos do Programa....................................43 Não encaminhamento das informações dos municípios aos estados.......................44 Especialização do atendimento...................................................44 Limitações ao encaminhamento dos beneficiários à rede de atendimento...................46 Insuficiência de estrutura e instrumentos para a realização de busca ativa..................47 Funcionamento diurno com recursos para diuturno...................................48 Acompanhamento deficiente.....................................................48 Ênfase do atendimento em casos de outros tipos de violência............................50 5. Efetividade do Programa Sentinela...............................................53 Aumento do número de denúncias................................................53 Fortalecimento social e emocional dos beneficiários...................................55

6. Outros achados...............................................................57 Dificuldade de acesso das vítimas aos locais de atendimento............................57 7. Monitoramento e indicadores de desempenho.....................................59 8. Análise dos comentários dos gestores............................................61 9. Conclusão....................................................................67 10. Proposta de encaminhamento...................................................71 Apêndices.......................................................................77 Lista de siglas.................................................................77 Referências...................................................................78 Glossário.....................................................................79 Resumo Executivo do PAIR......................................................81 VOTO..........................................................................87 ACÓRDÃO......................................................................93

Resumo 1. O objeto da auditoria é o Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que se encontra sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Seu objetivo é prevenir e combater a violência, o abuso e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Seu público-alvo são crianças, adolescentes e famílias envolvidas com a violência sexual. 2. A partir das informações levantadas, definiu-se como escopo a Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e aos Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela. Sua execução está sob a responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Seu objetivo é a implantação de Centros de Referência nos quais devem ser prestados atendimento, apoio psicossocial, e proteção imediata em casos de violência e abuso sexual sofridos por crianças e adolescentes. O Sentinela prevê também, a garantia de acesso das crianças e adolescentes, bem como de suas famílias, aos serviços de saúde, educação, justiça, segurança, esporte, lazer e cultura desenvolvidos nas comunidades. 3. O principal objetivo deste trabalho é verificar se a Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e aos Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela assegura a prestação de serviços, integrados com outras políticas públicas e a inserção dos beneficiários na rede de serviços, promovendo a proteção das vítimas e o fortalecimento da auto-estima e convivência familiar. 4. As estratégias metodológicas utilizadas foram visitas de estudo e pesquisa postal. Visitou-se dezoito municípios nos estados de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro, Ceará, Pará, Bahia, Alagoas e Pernambuco. Em cada estado, além da capital visitou-se um município, entrevistando-se os gestores das secretarias municipais e estaduais responsáveis pelo Programa. Foram visitados vinte centros de referência e aplicadas entrevistas com os coordenadores, equipe técnica e mães de beneficiários. Foi realizado ainda, em cada município, grupo focal com profissionais de diferentes organizações participantes da rede de atendimento do Município. A pesquisa postal abrangeu todos os 331 municípios que possuem convênio com o Programa, todos os centros de referência e serviços do Programa Sentinela e todas as secretarias estaduais de assistência social ou congênere. 5. Identificaram-se oportunidades de melhoria de desempenho na área de articulação da gestão do Programa Sentinela nos três níveis de governo, assim como com outras áreas, e ainda com organizações governamentais e não-governamentais. Também sua operacionalização apresenta ensejo de melhoria quanto ao aspecto de avaliação e acompanhamento dos resultados alcançados. Vislumbra-se, ainda, a integração com outros programas federais, ou mesmo estaduais e municipais, nas áreas de saúde, habitação, geração de renda, educação, cultura, entre outras, como forma de potencializar os benefícios advindos do Programa. 6. O trabalho identificou algumas deficiências no Programa. Atualmente, os recursos orçamentários não são suficientes para a inclusão da demanda de municípios. As equipes dos centros não possuem técnicos suficientes para o Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 13

atendimento dos casos de abuso e exploração, além de terem capacitação não sistemática e genérica. Existe a dificuldade de construção de um trabalho articulado entre as diversas áreas afetas ao Programa e os dados existentes não são uniformes. Observou-se, também, divergência de entendimento de conceitos, inclusive sobre os limites do atendimento psicossocial e psicoterapêutico. Os centros de atendimento não possuem infra-estrutura adequada e os beneficiários do Sentinela não estão sendo priorizados para a inclusão em programas na rede de serviços. 7. Mesmo considerando as dificuldades, problemas e desafios para o enfrentamento do fenômeno da violência sexual contra crianças e adolescentes, o Programa tem demonstrado êxito. Nos municípios beneficiados, após a implantação do Sentinela, houve um sensível aumento no número de denúncias, o que demonstra uma maior conscientização da população de seus direitos em decorrência das ações de sensibilização e prevenção executadas. Observou-se que as crianças e adolescentes atendidos experimentam um aumento na sua auto-estima e o convívio familiar também é favorecido. 8. Identificaram-se boas práticas que podem contribuir para o melhor desempenho do Programa, a saber: veículo que circula 24hs com equipe do Sentinela identificando casos de abuso e exploração (Município de Niterói - RJ); código de conduta de hotéis quanto à exploração sexual (Estado do Ceará); reuniões técnicas semanais nos centros de referência (Municípios de Salvador - BA, Feira de Santana - BA, Recife - PE, Cabo de Santo Agostinho - PE, Belém - PA, Caucaia - CE); capacitação de policiais e delegados feita pelos técnicos do Sentinela (Município de Caucia - CE); projeto de capacitação continuada e monitoramento do Programa Sentinela (Estado do Mato Grosso do Sul); reunião de reflexão e capacitação mensal de todos os municípios (Estado do Pará); criação do núcleo de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes (Estado do Ceará). 9. Com o intuito de contribuir para a melhoria do desempenho do Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, foram propostas recomendações à Secretaria Especial de Direitos Humanos - SEDH e ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, entre as quais destacamse: adoção de critérios eqüitativos para a definição do tamanho das equipes de atendimento; elaboração de plano de capacitação para os técnicos e educadores do Programa Sentinela; elaboração e divulgação para estados e municípios de documento que contenha a definição clara das atribuições do Programa e dos técnicos e educadores; instituição, nos programas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, de percentual de quotas para a inclusão dos beneficiários do Programa Sentinela; e estabelecimento dos padrões mínimos dos centros e serviços de referência para a realização do atendimento. 10. Espera-se que a adoção das medidas propostas contribua para a obtenção dos seguintes benefícios: tratamento eqüitativo dos municípios quanto à definição do tamanho das equipes; diminuição do isolamento e aumento da comunicação e troca de experiências entre as equipes do Sentinela; definição clara e objetiva das atribuições do Programa e dos técnicos; dotar os centros e serviços de condições mínimas de qualidade para a efetivação do atendimento; potencialização e otimização do atendimento das vítimas; incremento do acompanhamento dos atendimentos e das vítimas; obtenção de insumos para a avaliação dos resultados e das estratégias a serem adotadas. 14 TCU Relatório de Avaliação de Programa

1. Introdução Antecedentes 1.1. O Plano Estratégico do Tribunal de Contas da União - TCU para o período de 2003 a 2007, aprovado pela Portaria TCU n.º 59, de 20/01/2003, define como um de seus objetivos estratégicos contribuir para a melhoria da prestação dos serviços públicos (objetivo n.º 4) e como uma de suas estratégias, fortalecer as ações de controle voltadas para melhoria do desempenho da gestão pública (estratégia n.º 4). 1.2. Nos termos do inciso III, do art. 238, do Regimento Interno do TCU, a Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo - Seprog realizou, de 21/01 a 06/02 do corrente exercício, estudo de viabilidade em diversos programas de governo com a finalidade de escolher aqueles a ser avaliados no primeiro semestre de 2004. O Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de crianças e Adolescentes foi selecionado como conseqüência da avaliação de sua relevância, risco e materialidade. 1.3. A Auditoria é decorrente do Acórdão nº 188/2004 - Plenário, item 9.3 (TC nº 011.222/2003-1) e tem como relator o Ministro Lincoln Magalhães da Rocha. O trabalho está registrado no Plano de Fiscalizações do Tribunal sob o número 341/2004. Objeto do trabalho de auditoria 1.4. O objeto do presente trabalho é o Programa Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes, que é composto por oito ações, relacionadas a seguir : 0015 - Apoio Educacional a Crianças e Adolescentes em Situação de Discriminação e Vulnerabilidade Social. 0742 - Apoio a Comitês Estaduais de Combate à Exploração Sexual Infanto-Juvenil. 0744 - Apoio à Capacitação dos Participantes do Sistema de Garantia de Direitos no Combate ao Abuso, Violência e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. 0746 - Apoio a Projetos de Prevenção do Abuso e da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. 2272 - Gestão e Administração do Programa. 2383 - Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual. 2815 - Rede Nacional de Informações para Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. 4641 - Publicidade de Utilidade Pública. 1.5. O foco da auditoria é a Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e aos Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela. A escolha deu-se em razão da sua elevada materialidade, que corresponde a cerca de 75% dos recursos do Programa. Ademais, as outras ações começaram a ser executadas a partir de 2004, sendo ainda incipientes para uma avaliação de natureza operacional. Por último, foram identificadas oportunidades de melhoria de desempenho, considerada a relevância e a repercussão social do tema. 1.6. Os levantamentos preliminares de informações apontaram fraquezas na integração com outras políticas públi- Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 17

cas e nos procedimentos de coordenação e acompanhamento da execução da Ação nos três níveis de governo. Identificou-se, também, deficiências quanto à adequação das atividades com vistas ao alcance dos objetivos do Programa, bem como a mensuração dos resultados atingidos, o ganho social e o desempenho dos projetos. 1.7. Avaliou-se a adequação dos procedimentos relativos à coordenação e à integração entre as diversas áreas envolvidas no processo, bem como entre os níveis de governo, o atendimento das crianças e adolescentes no centro de referência e os seus resultados. Por fim buscou-se identificar o impacto da Ação no que concerne ao fortalecimento da auto-estima dos beneficiários e o favorecimento do convívio familiar. Metodologia 1.8. Foi encaminhada pesquisa postal para todas as coordenações estaduais e municipais do Programa e para todos os centros e serviços de referência. O índice de resposta foi de aproximadamente 30%. Além disso, foram visitados dez estados: Goiás (teste-piloto), Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro, Ceará, Pará, Alagoas, Bahia e Pernambuco. A escolha dos estados foi feita de forma a abranger todas as regiões e contemplar estados com maior número de centros de referência. 1.9. Em cada estado, os trabalhos foram realizados em um município, além da capital, escolhido com base nos seguintes critérios: facilidade de acesso em relação à capital e boas práticas identificadas no Programa Sentinela. Os municípios visitados foram: Bahia - Feira de Santana e Salvador; Goiás - Goiânia; Santa Catarina - Itajaí e Florianópolis; Mato Grosso do Sul - Corumbá e Campo Grande; Rondônia - Porto Velho; Alagoas - São Miguel dos Campos e Maceió; Pernambuco - Cabo de Santo Agostinho e Recife; Pará - Abaetetuba e Belém; Ceará - Caucaia e Fortaleza. 1.10. Foram visitadas as secretarias de assistência ou congênere, e os centros de referência. Entrevistaram-se os responsáveis pela execução do Programa nos governos locais, pelos centros e serviços de referência, técnicos e educadores do Programa e pais das vítimas. Também, foram realizados grupos focais em cada município com os responsáveis pelos órgãos e entidades integrantes da rede de enfrentamento. Forma de Organização do Relatório 1.11. O relatório inicia-se apresentando uma visão geral do Programa auditado, compreendendo seu histórico, objetivo, público-alvo, forma de implementação e volume de recursos alocados. 1.12. Os três capítulos seguintes relatam os resultados da avaliação do Programa, onde são descritos aspectos relativos ao financiamento, à eqüidade e à articulação do Sentinela com outras áreas e entre os níveis de governo (capítulo 3); encaminhamento e acompanhamento das vítimas atendidas (capítulo 4); efetividade do Sentinela (capítulo 5); e outros achados de auditoria (capítulo 6). 1.13. Os capítulos 7 a 9 tratam, respectivamente, do monitoramento do Programa e proposta de indicadores de desempenho, como também da análise dos comentários dos gestores e das considerações finais do trabalho. Neste último, são apresentados os aspectos mais relevantes que foram levantados pela auditoria, assim como os possíveis benefícios esperados com a implementação das recomendações propostas. 1.14. Por fim, no capítulo dez, constam as recomendações e determinações a serem submetidas ao Ministro-Relator da matéria, com vistas à melhoria do desempenho do objeto da auditoria. 18 TCU Relatório de Avaliação de Programa

2. Visão geral do programa Objetivos 2.1. O Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes tem por objetivo prevenir e combater a violência, o abuso e a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. Atua nos eixos de prevenção e atendimento da Política de Garantia e Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, conforme previsto na Lei nº 8.069, de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. O primeiro prevê a realização de campanhas de esclarecimento e capacitação de profissionais. O segundo, a intervenção direta, mediante implementação de programas e projetos de assistência social especializados e da articulação da rede de serviços governamentais e não-governamentais. 2.2. O Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela, foco do presente trabalho de auditoria, tem por objetivo o atendimento, por meio de um conjunto de ações articuladas, de crianças e adolescentes vitimados pela violência com ênfase no abuso e na exploração sexual. Visa garantir às vítimas e suas famílias o acesso a serviços de assistência social, saúde, educação, justiça, segurança, esporte, lazer e cultura. Responsáveis e competências 2.3. O Programa Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes está sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Direitos Humanos - SEDH, órgão ligado à Presidência da República. A Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e aos Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela, tem sua gerência no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS. 2.4. Cabe à SEDH articular a implementação das políticas públicas ligadas ao combate da violência sexual infantojuvenil. O papel do MDS é deliberar sobre o desenho e a implementação do Programa Sentinela; coordenar sua operacionalização, principalmente no que diz respeito às funções de monitoramento e avaliação; e atuar na coordenação política e na articulação com estados e municípios. 2.5. Aos governos estaduais, cabe, principalmente: apoiar a implementação do Sentinela no estado; promover a articulação das ações para assegurar o caráter intersetorial do Programa; viabilizar a oferta de serviços e de ações complementares; apoiar os municípios e os conselhos estaduais e municipais de assistência social e de defesa dos direitos das crianças e adolescentes. 2.6. De acordo com o modelo de gestão descentralizada, os governos municipais são os principais gestores do Programa. As principais atribuições dos municípios são: articular os diversos órgãos e entidades locais afetos ao Programa; assegurar a oferta de serviços essenciais de saúde e educação; viabilizar a oferta de ações complementares ao Programa; e informar periodicamente aos estados e ao MDS os dados sobre a execução do Programa Sentinela. Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 21

Tabela 1 Valores repassados mensalmente de acordo com as modalidades de atendimento Histórico e caracterização da Ação Serviço de Proteção Socioassistencial às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual - Programa Sentinela 2.7. O Programa Sentinela começou a ser executado em 2001, sob a responsabilidade da extinta Secretaria de Estado de Assistência Social - SEAS, do Ministério da Previdência e Assistência Social. 2.8. Com o PPA 2004/2007, foi instituído o Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, ligado à SEDH, que abarcou o Sentinela como uma de suas ações. A criação do Programa atendeu, entre outras, a determinações constantes na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, na Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS e no Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. 2.9. De forma específica, são objetivos do Programa Sentinela (Portaria nº 878, de 03 de dezembro de 2001): a) desenvolver ações sociais especializadas de atendimento às crianças e adolescentes vitimados pela violência; b) proporcionar a inclusão da clientela atendida pelo Programa e seus familiares em serviços prestados por instituições sociais presentes no município; c) inserir as famílias das crianças e dos adolescentes vitimados pela violência em programas de geração de trabalho e renda, como também em cursos de formação e qualificação profissional; d) contribuir para as ações coletivas de enfrentamento; e) contribuir para um sistema municipal de informações (banco de dados); f) garantir a qualificação continuada dos profissionais envolvidos no atendimento social à população vitimada. 2.10. Ademais, deve contribuir para o fortalecimento de ações coletivas de enfrentamento à violência infanto-juvenil, na compreensão de que uma rede articulada de serviços potencializa recursos, garantindo a continuidade do Programa, como também proceder a estudos e análises permanentes sobre a situação de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social. Tem como atividade, ainda, reunir-se periodicamente com os Conselhos Tutelares, a fim de que as suas atividades tenham caráter vinculante e complementar. 2.11. O financiamento do Programa Sentinela é feito com a participação das três esferas de governo, federal, estadual e municipal. O valor mensal repassado para a manutenção nos serviços e centros de referência é realizado de acordo com as modalidades de atendimento descritas na Tabela 1. 2.12. Os Centros de Referência devem fazer parte de uma rede de proteção social. CAPACIDADE 50 ATENDIMENTOS 80 ATENDIMENTOS DIURNO R$ 6.900,00 R$ 9.800,00 DIUTURNO R$ 10.300,00 R$ 13.000,00 22 TCU Relatório de Avaliação de Programa

Atualmente, existem no País cerca de 17 mil crianças sendo atendidas em 331 centros. Neles são desenvolvidos a abordagem educativa, o atendimento multiprofissional especializado, o apoio psicossocial e jurídico, o acompanhamento permanente e o abrigamento por 24hs, quando necessário. 2.13. As ações empreendidas nos centros e serviços de referência com os recursos do Programa são as seguintes: recebimento de casos, encaminhamento à rede de atendimento e defesa dos direitos da criança e do adolescente; acompanhamento permanente dos casos atendidos junto a rede de serviços, família e comunidade; atendimento multiprofissional; serviços de abordagem educativa às crianças e aos adolescentes explorados sexualmente nas ruas ou pelas redes organizadas; serviço de apoio psicossocial a grupos de famílias e aos vitimados; abrigamento por 24 horas; desenvolvimento de ações de articulação e mobilização das instituições e da sociedade em geral. 2.14. O Sentinela deverá contar, para tanto, com coordenação e equipe técnica multidisciplinar composta por assistentes sociais, psicólogos, educadores, advogados (financiados pelo município) e outros profissionais lotados nos centros, com dedicação exclusiva às atividades do Programa. É imprescindível que no nível municipal haja a articulação do Programa Sentinela com outras políticas governamentais das áreas de educação, turismo, geração de emprego e renda, saúde, trabalho, entre outras. 2.15. O monitoramento da execução do Programa Sentinela é feito por meio de relatórios semestrais encaminhados pelos municípios aos estados, que os consolidam e encaminham para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Legislação 2.16. As leis e normas existentes certamente representam uma conquista para a efetivação do combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente forneceram embasamento para a instituição, em 2002, do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto- Juvenil, documento que atualmente norteia a política de governo que trata da questão. O objetivo do referido Plano é o de buscar estabelecer um conjunto de ações políticas e financeiras articuladas com a finalidade de combater a violência sexual infanto-juvenil. 2.17. Nesse sentido, no PPA 2004/2007 foram instituídas ações em diversas áreas do Governo a fim de se atingir o objetivo almejado. A partir do exercício de 2004 coube à Secretaria Especial de Direitos Humanos, ligada à Presidência da República, a coordenação estratégica e articulação das áreas de governo envolvidas. A área de Educação e de Turismo passaram a contar com orçamento específico para o desenvolvimento de ações correlatas e complementares à da Assistência Social, desenvolvida já desde 2001, por meio do Programa Sentinela. Esse conjunto de ações compõem o Programa Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. 2.18. A Constituição Federal preconiza a proteção integral às crianças e adolescentes, doutrina regulamentada pelo Estatuto das Crianças e Adolescentes. O art. 227 da CF dispõe que "é dever da Família, da Sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão." 2.19. A política de promoção e defesa de direitos da criança e do adolescente tem Programa Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 23