CROMOTERAPIA COMO FORMA DE BEM ESTAR PARA LEITÕES NA MATERNIDADE João Victor Brisola Massanares (PIBIC//UENP) joaovictor_jvbm@hotmail.com Marcos Augusto Alves da Silva (orientador) Centro: Ciências Agrárias - Campus Luiz Meneghel - Universidade Estadual do Norte do Paraná marcossilva@uenp.edu.br Resumo Um campo extenso a ser pesquisado refere-se ao comportamento animal como indicador de bem-estar, dessa forma este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes cores de lâmpadas instaladas nos escamoteadores de leitões durante a fase de maternidade. Foram utilizadas 25 leitegadas de matrizes Landrace e Large White, alojadas em gaiolas de maternidade suspensas em uma Granja comercial localizada na cidade de Arapoti-Pr. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos diferenciados por lâmpadas frias de 14 watts de potência nas cores vermelha, amarela, branca, azul e verde e com cinco repetições para cada tratamento. Os leitões foram avaliados por observações visuais, quanto ao comportamento de estarem mamando, comendo, brigando, fora e dentro do escamoteador; em três horários: 08:00h, 14:00h e 20:00h. Foram avaliados o ganho de peso e a mortalidade dos leitões durante a fase de maternidade. Para avaliar o ganho de peso, os animais foram pesados aos três dias de vida, período em que a granja faz a distribuição de leitões entres as porcas que pariram nos mesmos dias e aos 21 dias de vida, quando foi realizado o desmame. Não houve interferência sobre o ganho de peso dos leitões em relação a cor das lâmpadas, e em relação ao comportamento os leitões permaneceram a maior parte do tempo fora dos escamoteadores, devido a altas temperaturas que aconteceram durante o período experimental. Palavras-chave: Leitões; maternidade; cromoterapia; bem estar de leitões; bem estar animal. Fundamentação teórica A suinocultura brasileira tem se mostrado bastante competitiva no comércio mundial. A intensificação da produção de suínos em sistemas tradicionais de confinamento gera a discussão se o animal está sendo criado com bem-estar bom, ruim ou se não há bem-estar. Na suinocultura, como de resto na produção animal, cresce a cada dia, até mesmo como exigência do mercado consumidor, a preocupação com o bem estar animal, durante o seu já curto ciclo de vida imposto pela necessidade e desejo do consumo humano (SOUZA, 2007). Principalmente nos países do Primeiro Mundo, e também no Brasil, cada vez mais, a sociedade vem exigindo dos criadores, dos transportadores e da indústria, medidas que aliviem o stress e o sofrimento dos animais (MAIA et al., 2013). A moderna suinocultura está voltada a adoção de técnicas que viabilizam a atividade e preconizam o melhor desempenho produtivo dos animais. O bem-estar relaciona-se a harmonia fisiológica e comportamental que o animal experimenta, (SIEGEL, 1989).
Critérios de avaliação do bem-estar animal podem incluir características fisiológicas, respostas comportamentais, estado sanitário, níveis de produtividade, entre outros. As cores exercem influência no ambiente, modificando-o, transformando-o, e alterando atitudes dos seres humanos e animais (BOCCANERA et al., 2004). De acordo com Soares et al. (2001), a cor predominante no ambiente influencia a biologia dos animais, principalmente no que se refere ao comportamento. Souza et al. (2011a) observaram preferência dos leitões na maternidade por escamoteadores iluminados com lâmpadas de cor azul quando comparado com lâmpada branca. Também observaram comportamentos de curiosidade em leitões de maternidade nos primeiros minutos quando os escamoteadores com lâmpadas azuis foram acessos. Em outro estudo, Souza et al. (2011b) avaliando o comportamento de leitões em fase de creche submetidos ao escamoteador enriquecido com lâmpada de cor azul, observaram que os animais ficaram mais agitados, ou seja, os animais visitaram mais vezes este escamoteador durante o período estudado, devido à preferência dos leitões pelo mesmo. Segundo Maia et al. (2013) o enriquecimento ambiental utilizado na maternidade pode atrair mais os leitões para este ambiente. Ainda segundo esses autores o escamoteador com luz azul pode ter favorecido o bem-estar dos leitões por não ter emitido brilho excessivo a visão, não causando o ofuscamento de sua visão. Porém a preferência pode ter sido atribuída pela menor iluminância gerada no interior do abrigo pela lâmpada de cor azul, quando comparada à lâmpada de cor branca. No Brasil, há poucos estudos sobre a influência da cor do ambiente sobre o bem-estar e produtividade animal, justificando assim a importância deste trabalho. Materiais e métodos O presente estudo foi realizado no município de Arapoti- PR. Provenientes de granja comercial, os animais foram alojados em uma sala maternidade, construída com orientação leste-oeste de alvenaria, providas de grades de ferro na parte posterior e, escamoteador na anterior de cada cela, cada cela apresentam 3,60 m 2. Estas apresentam piso totalmente vazado, os escamoteadores de alvenaria. Providos de tampa de madeira e área do piso de alvenaria, coberto por uma peça vazada, esses escamoteadores foram higienizados diariamente. Foram utilizadas 25 matrizes de suínos da raça Landrace e Large White. Suas leitegadas foram consideradas a unidade experimental. A alimentação dos leitões foi constituída da amamentação, durante os primeiros 21 dias de lactação e ração a partir do 7 dia de vida. A duração do experimento foi do nascimento ao desmame dos leitões, com média de 21 dias, de acordo com o manejo utilizado nesta produção. O experimento foi realizado com cinco tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos pelas seguintes cores de lâmpadas: vermelha, amarela, branca, azul e verde. As lâmpadas eram de 14 W de potência, e ficaram localizadas no interior dos escamoteadores a 30 cm de altura, e permaneceram acionadas durante todo o período experimental. Foi monitorada por meio de termômetro digital infravermelho mira laser, a temperatura média do interior dos escamoteadores e por termômetro a base de mercúrio a maternidade. O comportamento dos animais (N Leitões dormindo dentro do escamoteador, N Leitões dormindo fora do escamoteador, N Leitões brigando, N Leitões comendo, N Leitões mamando) foi visualmente avaliado à cada 48h, durante 21 dias consecutivos, em três horários: 08:00h, 14:00h e 20:00h.
O desempenho dos leitões foi avaliado pela média do ganho de peso, cuja pesagem inicial ocorreu com três dias de vida, pois durante este período a granja realiza a distribuição e homogeneização dos leitões entre as porcas que pariram no mesmo dia e aos 21 dias de vida para ter o peso final, quando foi realizado o desmame. As pesagens foram feitas da ninhada toda, utilizando balança industrial do tipo mecânica. Os efeitos das cores das lâmpadas, sobre o ganho de peso médio por baia, e a percentagem de leitões dormindo dentro e fora do escamoteador, brigando, comendo e mamando foram verificados por meio de análise de variância, aplicando o teste de Tukey, para comparação das médias entre os tratamentos com nível de significância de 5% em todas as análises. Resultados Em relação ao desempenho dos leitões avaliados, não houve efeito da cor de lâmpada sobre o ganho de peso médio (Tabela 1). Tabela 1- Peso médio inicial e final de leitões no período compreendido entre o nascimento e a desmama, com lâmpadas de diferentes cores dentro dos escamoteadores. Lâmpadas Peso Médio Inicial Peso Médio Final Branco 1,69ª 5,07ª Azul 1,63ª 4,91ª Verde 1,59ª 5,27ª Amarelo 1,60ª 5,47ª Vermelho 1,61ª 4,80ª Médias seguidas por letras iguais pois não diferem entre si (p 0,05). Com relação ao comportamento (Gráfico 1), pode-se observar que os leitões passaram a maior parte de seu tempo dormindo fora dos escamoteadores, provavelmente devido a temperatura da sala de maternidade, que se manteve em 27,38ºC na média durante os 21 do experimento. Gráfico 1- Frequência dos comportamentos dos leitões na maternidade no período compreendido entre o nascimento e a desmama, com lâmpadas de diferentes cores dentro dos escamoteadores. Frequencia (%) 70 60 50 40 30 20 10 0 Amarelo Azul Branca Verde Vermelho
Com relação aos animais que estavam mamando, pode-se observar que a frequência dos animais dos tratamentos de lâmpadas vermelho, verde e brancas foram bem semelhantes e maiores que os das lâmpadas azul e amarelo. O escamoteador com lâmpada de cor verde foi o que teve maior frequência de animais dormindo dentro do escamoteador. Considerações Finais Concluiu-se que o tipo de cor das lâmpadas nos escamoteadores de leitões na maternidade não alterou o desempenho das leitegadas, e devido as altas temperaturas da região, os leitões se encontravam a maior parte do tempo dormindo fora dos escamoteadores. Referências BOCCANERA, N.B.; BOCCANERA, S. F. B.; BARBOSA, M.A.; BRASIL, V.V.; MEDEIROS, M. As cores do ambiente da Unidade de Terapia Intensiva. Eletrônica de Enfermagem. v. 06, n. 03, 2004. Disponível em https://revistas.ufg.br/fen/article/view/834/980. Acesso em: 20/03/2015. MAIA, A.P.A.; SARUBBI, J.; MEDEIROS, B.B.L.; MOURA, D.J. Enriquecimento ambiental como medida para o bem-estar positivo de suínos (Revisão). Revista do Centro do Ciências Naturais e Exatas - UFSM, Santa Maria e Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental REGET, v. 14, n. 14 p. 2862-2877, 2013. Disponível em: https://www.researchgate.net%2fpublication %2F257770246_Environmental_enrichment_as_positive_welfare_of_pigs_a_review&h=D AQF2K4QC&s=1. Acesso em: 19/03/2015 SIEGEL, P.B. 1989. The genetic-behaviour interface and well-being of poultry. BrazilianPoultry Science. 30:3-13. Acesso em: 20/03/2015 SOARES, C.M. 2001 et al. Influência da disponibilidade de presas, do contraste visual e do tamanho das larvas de Pantalasp (Odonata, Insecta) sobre a predação de Simocephalus serrulatus (Cladocera, Crustacea). Acta Scientiarum, v.23, n.2, 2001. p. 357-362. Disponível em: http://periodicos.uem.br%2fojs%2findex.php%2factascibiolsci %2Farticle%2Fview%2F2689. Acesso em: 19/03/2015 SOUZA, S.; SARTOR, K.; SARUBBI, J.; VOLPATO, M.M. Teste de preferência de leitões submetidos a escamoteadores enriquecidos com lâmpadas de cor azul. In: CONGRESSO ABRAVES, XV, 2011, Fortaleza. Anais... Fortaleza: ABRAVES, 2011a. SOUZA, S; MOI, M.; KOCHHANN, P.S.; SARUBBI, J.; VOLPATO, M.M. Comportamento e preferência de leitões lactentes submetidos ao escamoteador enriquecido com lâmpadas de cor azul. CONGRESSO ABRAVES, XV, 2011, Fortaleza. Anais... Fortaleza: ABRAVES, 2011b.
SOUZA, B.B. Adaptabilidade e bem-estar em animais de produção. 2007. Artigo em Hipertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/artigos/2007 Acesso em: 19/05/2015.