TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO 2 9a Câmara APELAÇÃO S/ REVISÃO N 1 2 4 1 4 9 0-0/4 Comarca de SÃO JOSÉ DO RIO PRETO 4. V. CÍVEL P r o c e s s o 38380/08 APTE RAIMUNDA AUGUSTA LIMA ALVES APDO MARÍTIMA SEGUROS S/A "02251605 A C Ó R D Ã O 1 / 6
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os desembargadores desta turma julgadora da Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça, de conformidade com o relatório e o voto do relator, que ficam fazendo parte integrante deste julgado, nesta data, negaram provimento ao recurso, por votação unânime. Turma Julgadora da 29a Câmara RELATOR DES. PEREIRA CALÇAS 2 JUIZ DES. S. OSCAR FELTRIN 3o JUIZ DES. FRANCISCO THOMAZ Juiz Presidente DES. FRANCISCO THOMAZ Data do julgamento : 18/03/09 DES. PEREIRA CALÇAS Relator 2 / 6
VOTO N 15.811 "Apelação. Ação de cobrança securitária. DPVAT. Prescrição. O DPVAT, embora não exija verificação de culpa, é modalidade de seguro de responsabilidade civil e, portanto, aplica-se o prazo de prescrição trienal, nos termos do art. 206, 3o, IX, do Código Civil. Sentença mantida. Recurso improvido." Vistos. 1. Trata-se de ação de cobrança (DPVAT) que RAIMUNDA AUGUSTA LIMA ALVES move contra ARÍTIMA SEGUROS S/A, julgada improcedente pela sentença de fls. 94/95, cujo relatório é adotado. M Apela a autora defendendo a inocorrência de prescrição, por entender que se aplica o prazo de dez anos do art. 205 do Código Civil de 2002, em razão de tratar-se de seguro de danos e não de responsabilidade civil, sustentando que o valor pleiteado é devido. Pugna pelo provimento do apelo. Recurso regularmente processado e respondido; anotado que a autora é beneficiária da assistência judiciária. Relatados. 2. O apelo não merece provimento. 3 / 6
Em que pese as doutas opiniões em contrário, entendo que o prazo prescricional para demanda relativa à cobrança securitária, mesmo da modalidade DPVAT, é aquele previsto no art. 206, 3o, IX, do Código Civil vigente, de três anos, logo, houve a prescrição. A legislação pátria reconhece a possibilidade de responsabilidade civil, independentemente da aferição de culpa, que é, justamente, a responsabilidade objetiva, prevista tanto no Código de Defesa do Consumidor (arts. 12 e 14) quanto no Código Civil vigente (art. 927, parágrafo único). Importa ressaltar que os dois outros requisitos da responsabilidade civil, além da culpa, dano e nexo de causalidade, devem estar presentes para a concessão da indenização do DPVAT. Impõe-se, portanto, reconhecer que o DPVAT, muito embora não exija verificação de culpa, é modalidade de seguro de responsabilidade civil, logo, a pretensão do beneficiário se sujeita ao prazo prescricional previsto no art. 206, 3o, IX, do Código Civil. O Colendo Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacífica sobre o tema: "AGRAVO REGIMENTAL. COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. I - No que se refere ao prazo prescricional para o ajuizamento de ação em que o beneficiário busca o pagamento da indenização referente ao seguro obrigatório, o entendimento assente nesta Corte é no sentido de que o prazo prescricional é de três anos, nos termos do art.206, 3o, IX, do CC. II - Agravo regimental improvido. " (AgRg no REsp n 1.057.098-SP - Rei. Min. MASSAMI UYEDA, j. 14.10.2008). No mesmo sentido, confiram-se os seguintes julgados: Ag 1.031577/RJ, Rei. Min. Sidney Beneti, DJ de 30.05.2008 e Resp 1.042.615/SP, Rei. Ministra Nancy Andrighi, DJ de 21.05.2008. Este Colendo Tribunal de Justiça, em recente julgamento, assim decidiu, "in verbis": "EMENTA: Seguro obrigatório (DPVAT) Cobrança Aplicação do prazo prescricional previsto no artigo 206, 3, IX do CC/2002 - Prescrição bem decretada - Apelo improvido. " (Apelação sem Revisão n 1.148.720-0/5, rel. Des. KIOITSI CHICUTA). 4 / 6
No mesmo sentido, verífiquem-se os seguintes julgados: "Cobrança - Acidente de trânsito Seguro obrigatório (DPVAT) - Prescrição - Reconhecimento Aplicação do artigo 206, 3o, inciso IX, do Código Civil Recurso improvido. " (Apelação sem Revisão n 1.113.834-0/9, rel. Des. ANDREATTA RIZZO). "Seguro Obrigatório (DPVAT) - Ação de Cobrança de Indenização - Beneficiário - Prescrição Aplicação do art. 206, 3, inciso IX, c.c. o art. 2028 do Código Civil de 2002 - Reconhecimento - Recurso Improvido. Após o advento do Código Civil de 2002, o prazo prescricional para as pretensões do beneficiário que envolvam seguro obrigatório (DPVAT) é trienal, por força do seu art. 206, 3o, inciso IX, c.c. o art. 2028 do mesmo código. " (Apelação sem Revisão n 1.097.141-00/7, rel. Des. NORIVAL OLIVA). "Acidente de Veículo - Seguro Obrigatório - Prescrição - Ação intentada na vigência do Código Civil/2002 - Decurso de menos da metade do prazo prescricional contido na lei anterior - Aplicação da nova lei -Prazo computado a partir da vigência do atual Código Civil. Reduzido pelo Código Civil/2002 o prazo prescricional da pretensão do beneficiário contra o segurador, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório, de vinte para três anos (art. 206, 3, inciso IX), aplica-se o prazo contido na lei nova se na data de sua entrada em vigor ainda não houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. O termo inicial do atual prazo deve fluir a partir de 11 de janeiro de 2003, data de início da vigência do Código Civil, sob pena de aplicação retroativa do novo prazo prescricional." (Apelação sem Revisão n 1.080.403-0/0, rel. Des. RENATO SARTORELLI). Esta Colenda Câmara, por sua vez, já apreciou a hipótese em aresto de minha relatoria, assim relatado, "in verbis": "Apelação. Ação de cobrança securitária. Cessionário de crédito decorrente de DPVAT. Prescrição. O DPVAT, embora não exija verificação de culpa, é modalidade de seguro de responsabilidade civil e, portanto, aplica-se o prazo prescricional de 3 anos, nos termos do art. 5 / 6
206, 3o, IX. Sentença mantida. Recurso improvido. " (Apelação com Revisão n 1.153.572-0/0) Destarte, concluindo que o prazo aplicável é mesmo o trienal, verifica-se que já transcorrera o prazo prescricional quando a apelante moveu a ação, logo, correta a sentença, razão pela qual a mantenho pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. 3. Isto posto, pelo meu voto, nego provimento ao apelo. DESEMBARGADOR MANOEL DE QUEIROZ PEREIRA CALÇAS RELATOR 6 / 6