IV-023 - A PROBLEMÁTICA DA GESTÃO DA DRENAGEM URBANA EM OLINDA



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Transcrição:

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina IV-023 - A PROBLEMÁTICA DA GESTÃO DA DRENAGEM URBANA EM OLINDA AUTOR: Marcos Vieira Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Moraes Rego, 1235, Recife / PE, CEP 50670-901. Fone: (0xx81) 32718303, 32718773 E-MAIL: engmarco@ufpe.br CO-AUTOR: Jaime Cabral - Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Moraes Rego, 1235, Recife / PE, CEP 50670-901. Fone: (0xx81) 32718223, 32718709 E-MAIL: jcabral@ufpe.br CO-AUTOR: Suzana Montenegro - Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Moraes Rego, 1235, Recife / PE, CEP 50670-901. Fone: (0xx81) 32718223, 32718709 E-MAIL: suzanam@ufpe.br CO-AUTOR: Raymundo Serrano Auditor Fiscal do Tesouro Estadual Bel. em Direito pela UFPE, Av. Min. Marcos Freire, 2109/901 Olinda PE CEP 53.130-540 Fone: (0xx81) 34310440, 34314784 E-MAIL: serrano@rce.neoline.com.br RESUMO O gerenciamento ou gestão de um recurso ambiental, notadamente de um sistema de drenagem urbana, requer interação entre os vários atores sociais, econômicos e socioculturais para o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, apresentaremos os problemas básicos da abordagem real sobre situações enfrentadas pela população e pelos

gestores públicos de Olinda (PE), para o estabelecimento equilibrado do Plano Diretor de Drenagem. PALAVRAS-CHAVE: Gestão Ambiental/ Drenagem Urbana INTRODUÇÃO Os principais fatores de degradação dos rios decorrem das atividades humanas, desde as mais simples, como as atividades extrativistas e agrícolas, incluindo as atividades urbanas de despejos de esgotos domésticos e de lixo, até as mais complexas, como as atividades de produção, de transformação e de reciclagem industrial. Essas atividades interferem nos recursos hídricos, no sistema de drenagem urbana, na estrutura ambiental urbana e nos diversos ecossistemas existentes, carecendo-se de maiores estudos para redução dos seus impactos negativos. O Município de Olinda no estado de Pernambuco apresenta áreas de morros, sobre as quais se situam os maiores adensamentos, pontuados por trechos mais acidentados (com declividade superior a 30%), alvo de ocupações desordenado, que colocam em risco a estabilidade do solo, agravando o processo de erosão e contribuindo para o assoreamento do sistema de circulação hídrica. O lixo arrastado pelas chuvas e os sedimentos provenientes da erosão e de desmoronamentos contribuem diretamente para as constantes enchentes nas áreas de planícies. Aliadas a esses aspectos, a ausência de esgotamento sanitário e a precariedade da rede viária, dificultam a remoção do lixo e aumentam os problemas de erosão e de poluição hídrica, traçando baixo padrão de qualidade de vida da população local. O quadro alimenta os níveis negativos da saúde pública, agravados com a baixa condição de infra-estrutura e de renda e com a incidência de doenças infecto-contagiosas e parasitárias. O processo de ocupação do solo, em Olinda, não respeitou a formação topográfica. A grande concentração populacional causou ocupação desordenada e conflitante do solo e alta agressividade ao meio ambiente, mais ainda nas áreas marginais do comércio imobiliário, considerado proibidas para o setor formal pelo risco a elas inerentes. Sobrando do comércio formal são essas áreas sujeitas às invasões pelos menos favorecidos e se identificam como áreas baixas (estuários/manguezais) ou terrenos de encostas, sujeitos a inundações ou deslizamentos constantes. POPULAÇÃO BRASILEIRA E TAXA DE URBANIZAÇÃO Tal crescimento urbano se caracteriza por expansão irregular de periferia com quase nenhuma obediência às normas consolidadas no Plano Diretor ou como no caso de Olinda instituída em normas técnicas consuetudinárias reguladoras de loteamentos, além de possuírem seus atores baixa renda. Isso tudo é fruto de demanda habitacional urbana histórica, que se maximiza entre as classes menos favorecidas, causando assentamentos sub-normais em áreas ribeirinhas, alagadiças ou de grande declividade.

Esses assentamentos se localizam em áreas invadidas ou em loteamentos populares informais, sem condições de infra-estrutura, sendo apenas solução para o problema de moradia encontrada pela população que não consegue entrar no mercado imobiliário formal, que, ao contrário, por atender às normas consuetudinárias, é melhor dotado pois já se inicia com o mínimo necessário para a implantação de infra-estrutura urbana. Tabela 03. Crescimento e taxa de urbanização da população brasileira e da cidade de Olinda (IBGE, 2000 [4]). ANO BRASIL OLINDA POPULAÇÃO (milhões de habitantes) PARCELA DA POPULAÇÃO URBANA (%) POPULAÇÃO (habitantes) PARCELA DA POPULAÇÃO URBANA (%) 1970 93,1 55,9 196.342 95,4 1980 119,0 68,2

282.207 94,5 1991 146,8 75,6 341.394 100,0 1996 157,1 78,4 349.380 100,0 2000 169,0 81,1 368.643 98,1 PROBLEMAS BÁSICOS O processo de expansão, a partir do Sítio Histórico, integra o complexo problema ambiental morro-planície de Olinda. Os focos emergentes de risco se situam nos principais morros ocupados e nas áreas planas próximas aos cursos d água que, quase sempre, passam da situação de parcialmente obstruídos para a situação crítica de quase completamente obstruídos. Os aspectos relacionados com a infra-estrutura de água têm sido planejados de forma inadequada porquanto tratados setorialmente dentro da esfera municipal.

Tal planejamento, como na maioria das cidades do Brasil quanto às áreas urbanas, envolve planejamento do: -desenvolvimento urbano; -transporte; -abastecimento de água e saneamento; -drenagem urbana e controle de inundações; -resíduos sólidos; -e controle ambiental. Relacionados com a água, há forte inter-relação entre seus aspectos, vistos dentro de cada uma de suas disciplinas, que destacamos: -o abastecimento de água é realizado a partir de mananciais situados originariamente em áreas mais afastadas do centro da cidade, que quando invadidas pela população carente, começam a ficar contaminadas pelo esgoto cloacal, pluvial ou por depósitos de resíduos sólidos; -a solução do controle da drenagem urbana depende da existência de rede de esgoto cloacal e de suas características, nunca presente em invasões imobiliárias; -a limpeza das ruas e a coleta e deposição de resíduos sólidos, de alto custo e não cobrados dos invasores, interferem na quantidade e na qualidade da água dos mananciais pluviais. Daí resultam: Impactos por poluição pontual e difusa urbana, e Impactos dentro das cidades, que são de controle municipal. PLANEJAMENTO DO GERENCIAMENTO DA ÁGUA NO MEIO URBANO DE OLINDA

Os técnicos da Secretaria do Meio Ambiente de Olinda optaram por identificar as áreas emergentes de risco pelos seguintes agrupamentos: Zona de Morros GRUPO I Morros situados a Oeste do Município compreendendo 09 (nove) bairros: Alto Sol Nascente, Alto da Conquista, Alto da Bondade, Águas Compridas, Passarinho, Caixa d Água, Sapucaia, Aguazinha e S. Benedito, com 80.978 habitantes, onde se concentra o maior número de pontos de riscos, sendo a região mais crítica. GRUPO II Morros pertencentes e contíguos ao Sítio Histórico até os limites dos morros da região oeste do município correspondente a (09) nove bairros: Amparo, Bonsucesso, Guadalupe, Monte, Amaro Branco, Bultrins, Ouro Preto, Alto da Nação e Cidade Tabajara, além da Zona Rural, com 91.345 habitantes. Zona de Planície GRUPO III Planície situada ao Sul, compreendendo as áreas de baixos e alagados e sujeitas a influencia de marés, situadas em 06 (seis) bairros: Jardim Brasil, Peixinhos, Vila Popular, Sítio Novo, Salgadinho e Santa Tereza, com população de 102.588 habitantes. O inverno comprovou as vulnerabilidades do sistema de defesa: o despreparo das populações atingidas e o volume de pessoas em risco, ficando ±3.000 pontos de risco na cidade; 50% deles estão perfeitamente identificados nas áreas de morros ou de alagados. A Operação Inverno no ano de 2000 constituiu-se num conjunto de ações que a Prefeitura de Olinda desenvolveria a fim de garantir e proporcionar à população a segurança e a tranqüilidade necessárias. Desenvolvimento de ações especiais Esses conjuntos de ações se classificariam como emergenciais ditadas pela necessidade urgente, ou seriam ações estruturadoras de ambiente ou estratégias de renovação institucional: I - AÇÕES EMERGENCIAIS: a) Preventivas: Mapeamento dos pontos de risco; Monitoração de dados pluviométricos; Remoção de ocupações de risco; Remoção de lixo das encostas; Proteção de morros com colocação de lonas plásticas; Poda/erradicação de árvores de risco nas encostas e vias públicas; Desobstrução de cursos d água e limpeza de canais, canaletas e galerias; Dragagem de canais mais profundos e assoreados a exemplo dos canais da Malaria, do Bultrins/ Fragoso, do México e outros; Campanha educativa realizada pelos "reeditores" nas comunidades para a conscientização da convivência com as circunstâncias dos morros e alagados; Campanha de multivacinação seletiva nas áreas de maior risco; Ação educativa de prevenção das doenças do inverno. Figura 1: Mapa de identificação das áreas de risco da Prefeitura Municipal de Olinda.

b) De Socorro e Assistencial: Evacuação dos locais atingidos; Garantia de abrigos, agasalhos e alimentação; Campanhas de vacinação, dedetização e desratização; Combate efetivo a leptospirose, a dengue e a filariose, através de ações no meio ambiente como em canais, em reservatórios de água, por domicilio, dentre outras. II AÇÕES ESTRUTURADORAS: Intervenção em pontos de risco, com construção de muro de arrimo, escadarias e drenagens; Distribuição de 450 kits habitacionais, objetivando garantir uma moradia segura para famílias em situação de risco; Plantio nas áreas desocupadas de encosta, com espécies vegetais apropriadas; Intensificação do Controle Urbano nas áreas de concentração de pontos de risco através de reforço na fiscalização, de orientação para projetos de construção de habitações nos morros e de adequação da legislação urbanística às situações locais; Elaboração de Plano de Macrodrenagem e de Programas de Educação Ambiental; Implantação de sistema georeferenciado dos pontos de risco; Urbanização, no limite do possível orçamentário, das áreas de baixa renda quase sempre as mais atingidas pelas ocorrências de desabamentos e inundações, otimizando os programas que estão em andamento. III - ESTRATÉGIAS DE RENOVAÇÃO INSTITUCIONAL: Instalação da Coordenadoria de Defesa Civil, dotada de organização periférica com: Núcleos Comunitários de Defesa Civil; Montagem de Plano de Contingência para ser acionado na urgência do enfrentamento de precipitações pluviométricas que coloquem em risco a população, onde se incluam ações preventivas, assistenciais, de socorro e recuperativas; Implantação de uma rede globalizante de defesa civil, envolvendo tudo: a Administração Pública Municipal, o Poder Legislativo Municipal, o Ministério Público, o Poder Judiciário, as Entidades de Direito Público e Privado, as Associações de Classe e Comunitárias, as Comunidades Organizadas em geral, os Setores Comercial e Industrial do Município, as

Forças Armadas e os Poderes Público Estadual e Federal, com definições de atribuições e responsabilidades de cada órgão municipal; Implantação de um sistema de plantão permanente em dias de risco para atendimento e apoio à comunidade, mantendo um Centro de Operações de Defesa Civil, capaz de Identificar e utilizar rádios comunitários para articulação de ações e veiculação de mensagens educativas e de interesse geral; Articulação com as empresas concessionárias de serviço públicos atuantes no Município como a CELPE, a COMPESA e a TELEMAR etc. visando garantir sua rápida intervenção nas circunstâncias emergenciais, não só com ações saneadoras mas também com ações de ordem preventiva e/ou recuperativa; Articulação dos agentes locais para definir estratégias de comunicação e de mobilização dos moradores; Elaboração de folder para instrumento de mobilização permanente; Identificação e cadastramento dos possíveis agentes reeditores, capacitando-os sistematicamente para mobilização da população em cada área de risco. PRINCÍPIOS BÁSICOS DE POLÍTICAS DE CONTROLE AMBIENTAL DE DRENAGEM URBANA Os planos tradicionais provam que grande contingente de técnicos e políticos crêem que a cidade tenderia ao caos o que poderia ser evitado pela intervenção centralizada em um instrumento técnico, legal e político, produtor de nova ordem. Os planos diretores representam, na verdade, manuais de comportamento urbano para normalizar as ações individuais e coletivas junto a procedimentos consensuais que produziriam uma forma e uma disposição do sistema urbano desejado. Os planos demonstram a fé na superioridade da força de recuperação do homem na antítese entre "vocação ao caos X poder intervencionistas" (Tucci, at all 2000 [2]). Isso nada resolve, antes tende a gerar um retorno a condições sanitárias que causam novos tipos de endemias. Temos, contudo, as contribuições de experiências e estudos já realizados, que exigem a consolidação em sistema de Gestão de Drenagem Urbana e a instituição do Plano Diretor da Cidade, instituindo os Princípios e as Ações de Controle de Impactos Ambientais. Esse Plano dará ênfase ao controle de inundações e quedas de barreiras e planejará a proteção dos mananciais de água, pois identificará a micro e macro drenagem, suas causas e conseqüências e norteará ações necessárias para eliminação dos pontos críticos de poluição. Temos seis partes: estudos preliminares e coleta de dados; diagnóstico e ações para o aperfeiçoamento institucional; diagnóstico de um plano diretor preliminar;

campanha de monitoramento; diagnóstico do sistema de drenagem; definição das ações e das obras necessárias. Como instrumental de controle destacamos: Utilização de legislação municipal, onde as políticas setoriais; Aprimoramento e implementação rigorosa da Lei de Uso e Ocupação de Solo que regula o uso da terra, a densidade populacional, a dimensão, finalidade e o volume das construções, visando à função social da propriedade; Implantação de Plano Urbanístico Global para a Área Urbana, onde a intervenção, o uso e ocupação do solo, seu objetivo e dimensões; Implantação de Plano Diretor de Drenagem Urbana, para estimular as atividades ligadas à rede de captação pluvial. Cuidado especial com a fonte de financiamento (BNDES, 2002). CONCLUSÃO Como em todas as ciências, o estabelecimento dos conceitos básicos é que consolida sua robustez. Devemos, também, perseguir a avaliação permanente dos sistemas existentes, para seu melhor aperfeiçoamento. As Prefeituras, na perspectiva do desenvolvimento sustentável, estão cada vez mais demonstrando capacidade de gerenciar os parcos recursos, com desempenho ambiental ortodoxo, com legislação cada vez mais exigente e adotando um conjunto racional de normas técnicas. Nossa proposição estimula a conservação e melhoria dos sistemas hoje existentes. Deve-se prever no Plano Diretor de Drenagem Urbana, a minimização do impacto ambiental devido ao escoamento pluvial controlado pela adequação entre o planejamento do saneamento e o controle do material sólido para redução da carga poluente nas águas pluviais que poderiam escoar mais facilmente para o sistema fluvial da cidade ou para outro sistema externo (Tucci, at all 2002 [1]). A parceria com as Universidades e/ou centros de pesquisa é desejável para a sugestão de novas idéias e da implementação de novas maneiras de projetar, executar e manter os sistemas estruturais existentes e na apresentação de planos de gestão dos recursos hídricos.

Ë importante também a melhoria das apropriações de custo-benefício que permitem até mesmo a busca de certificação de excelência por organizações externas, procedendo-se como as empresas que aderem aos PROJETOS ISO de normas NBR. As vantagens para o gestor público seriam certamente positivas e mais ainda para a população e para a Natureza que certamente agradeceria. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] TUCCI, CARLOS E. M.- Gerenciamento da Drenagem Urbana - RBH- Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 7n. I Jan./Mar. 2002, 5-27. [2] KRAFTA, R.; CONSTANTINOU, E. Cidades Brasileiras, seu controle e o caos. In TUCCI, C. E. M. (org.), Drenagem Urbana. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS,2000. p. 405-420. [3] BNDES, Plano de Financiamento de Infraestrutura Urbana, 2002. [4] IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000. [online]. Disponibilidade e acesso: http://www.ibge.gov.br/.