GRUPO 5.4 MÓDULO 2
Índice 1. O Alfabetizador...3 1.1. Contribuições ao Educador-Alfabetizador... 4 1.2. Ações do professor alfabetizador... 4 2. Ao Desenhar, A Criança Escreve?...5 2
1. O ALFABETIZADOR Conhece como a criança aprende a ler e a escrever? Precisa trabalhar com grande quantidade de conteúdo para alfabetizar seus alunos? Considera a cartilha indispensável para a aprendizagem da leitura e escrita de nossas crianças? Concebe a leitura como decodificação e a escrita como cópia? Alguns pesquisadores e estudiosos ajudaram a compreender não só como a criança pensa, mas como o seu pensamento se desenvolve na aprendizagem da leitura e da escrita. Piaget: sua preocupação foi explicar como a criança pensava e interagia com o mundo, com as pessoas, para adquirir conhecimento. Definiu que o conhecimento é construído a partir da interação do sujeito com o objeto de aprendizagem. As autoras Telma Weisz e Ana Sanches (1999, p. 33) reafirmam a contribuição de Piaget para a mudança de concepção e de olhar sobre a aprendizagem existentes até a sua época. Até o início do século XX, acreditava-se que a crianças eram miniadultos e que após crescerem é que chegariam ao nível dos adultos, considerados superiores mentalmente. Acreditava-se também que seus processos cognitivos eram iguais aos do adulto, mas em proporção menor por serem pequenas. Piaget concluiu, por meio de suas pesquisas, que as crianças pensavam muito diferente dos adultos, que o que faltava para elas eram certas habilidades. Sua contribuição foi explicar a maneira como a criança interage com o mundo e com as pessoas para chegar ao conhecimento. É, portanto, a interação do sujeito com o objeto de aprendizagem que produz o conhecimento. Lev S. Vygotsky: foi professor e pesquisador, contemporâneo de Piaget; viveu na Rússia até os 37 anos de idade, quando faleceu de tuberculose. Suas pesquisas apontaram para o papel da linguagem e da aprendizagem no desenvolvimento do indivíduo, cujo pensamento se constrói num ambiente histórico-cultural. Para Vygotsky (2001, p. 127), a relação do homem com o mundo não é direta, mas mediada. O professor é um mediador entre o aluno que aprende e o conhecimento. Vygotsky investigou o desenvolvimento das capacidades intelectuais superiores do homem e identificou a linguagem como o principal fator do crescimento. Definia a linguagem como um conjunto de símbolos que mantinha seu caráter histórico e social. 3
Emília Ferreiro: discípula de Piaget; desenvolveu teses sobre as hipóteses do pensamento da criança a respeito da linguagem escrita. Não propõe um método novo e muito menos uma pedagogia nova, mas esclarece que o que faz com que a criança reconstrua o código linguístico não é o cumprimento de tarefas repetitivas ou o fato de conhecer as letras e os símbolos, mas a compreensão de como funciona o código. A partir dos estudos e das investigações desses pesquisadores e de outros educadores, o professor tem condições de saber como ocorre o processo de alfabetização e o que o aluno pensa ao apropriar-se do conhecimento quando reconstrói o código linguístico. Com esses conhecimentos, o professor pode planejar e realizar uma ação pedagógica baseada no desenvolvimento e na construção da linguagem por meio de práticas educativas que contenham jogos e atividades que permitam à criança pensar e dialogar com a linguagem; pode contribuir para que a criança desenvolva a leitura e a escrita do mundo em que vive. 1.1. CONTRIBUIÇÕES AO EDUCADOR-ALFABETIZADOR O conhecimento não está no sujeito (racionalismo). O conhecimento não está no objeto (empirismo). Adquirir conhecimentos depende das estruturas cognitivas do sujeito e de sua relação com o ambiente. O construtivismo não é um método de ensino porque não diz o que e como o professor deve dar aula/ensinar. É uma teoria psicológica de aprendizagem cujo objeto é a psicogênese da inteligência e dos conhecimentos de como o sujeito aprende. 1.2. AÇÕES DO PROFESSOR ALFABETIZADOR Saber como a criança pensa: a escrita, os símbolos do mundo. Estabelecer um ambiente estimulador na sala de aula, no qual o ler e o escrever tenham significado e sejam usados no interior de nossa atual sociedade. Planejar práticas educativas com jogos e atividades que permitam à criança pensar e dialogar sobre a linguagem. Trabalhar considerando a leitura de mundo que a criança apresenta. O percurso que a criança faz quando é alfabetizada é o mesmo do homem ao longo da história da humanidade: pictórico: desenho; 4
simbólico: reconstrução do código linguístico. Os níveis de escrita, segundo a psicogênese da língua escrita: 2. AO DESENHAR, A CRIANÇA ESCREVE? Ao desenvolver a linguagem da fala, a criança começa a usar o desenho como forma de expressão. Primeiramente, o faz de memória: não desenha o que vê, mas o que conhece de sua realidade. Percebe que alguns traços podem até lembrar o objeto que desenhou, mas não o percebe como símbolo. Fonte: Cócco; Hailer, 1996. Com o tempo, a criança desenha a sua realidade, representa as suas observações e expressões por meio de representações de sinais simbólicos abstratos. Toda essa vivência contribui para o desenvolvimento da escrita da criança. Segundo Cócco e Hailer (1996), o desenho acompanha a frase, e a fala permeia o desenho. A criança percorre o mesmo caminho que a humanidade ao desenvolver seu conhecimento da escrita. Inicialmente, desenha de memória, depois substitui traços que lembram o objeto desenhado por sinais indicativos ou figuras e, por último, utilizase dos signos. Como a humanidade, parte do desenho (pictórico) para a simbologia (alfabeto). Muito se trabalha, atualmente, com o método tradicional de alfabetização. Apesar da contribuição de muitos estudiosos, professores utilizam a cartilha (método global, silábico, fonético e outros) como forma de ensinar a criança 5
a ler e a escrever. Todo o processo de alfabetização é organizado pelo adulto, o professor. O papel do aluno é receber as informações valiosas transmitidas pelo professor e incorporá-las como sinônimo de aprendizagem. Escreve frases distantes de sua realidade, sem significados e, por vezes, sem entendê-las; escreve frases padronizadas e iguais às registradas na cartilha; apresenta dificuldade na produção de um texto e não relaciona o que aprende na escola com o seu cotidiano. Alguns pesquisadores contribuíram para que o foco do trabalho pedagógico não fosse o professor, mas o aluno e sua relação com o objeto de aprendizagem, que, nesse caso, é a língua. Piaget possibilitou a compreensão de que a criança não é um cérebro vazio à espera do professor colocar-lhe o conhecimento; pelo contrário, o aluno constrói seu conhecimento quando transforma o real, o mundo e a si mesmo por meio de suas relações com o meio e com o objeto de sua aprendizagem. Portanto, não é mais viável que o professor se preocupe apenas com suas estratégias de ensino, seus conteúdos e métodos, mas sim com o que e como o aluno aprende como subsídio de suas atuações em sala de aula. Muitos professores se preocupam com conteúdos, estratégias, planos de aula e relegam a segundo plano, quando se lembram, o que e como o aluno aprende; pouco reflete sobre o que pode fazer para que seu aluno tenha condições de construir o próprio conhecimento. Antes de passar pela alfabetização propriamente dita, a criança apresenta hipóteses sobre a leitura, observa, pensa e adquire concepções individuais acerca dos símbolos linguísticos. Essas concepções são importantes para o entendimento da criança do valor social da língua. 6