RESUMO EXPANDIDO O ENSINO DE NÚMEROS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: PRÁTICAS DE PROFESSORAS DO JARDIM DE INFÂNCIA Maiara da Rocha Silva Klinger Teodoro Ciríaco 1 Introdução Este trabalho estrutura-se a partir de um recorte temático de uma pesquisa mais alargada, em nível de conclusão de curso de licenciatura plena em Pedagogia, vinculada à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS, Câmpus Naviraí, em que o objeto geral concerne em compreender o que as professoras da Educação Infantil (pré-escola) ensinam sobre números. Neste texto, centraremos uma parte das observações feitas nas salas de duas professoras da educação infantil, uma do jardim II e outra do jardim III. O foco inicial foi levantar o que e como as professoras abordam sobre números no âmbito da Educação Infantil na perspectiva de aprimorar o objeto de estudo ensino de números elegido por nós como temática investigativa. 2- Recomendações para o ensino de números para crianças pequenas As crianças desde o nascimento vivem em um mundo em que os conhecimentos matemáticos estão permeados. Nesse sentido, são variadas as situações nas quais os números, por exemplo, apresentam-se no cotidiano, o que permite o desenvolvimento de uma série de situações envolvendo essa área do conhecimento como, por exemplo, relações entre quantidades, número da casa, do sapato, de telefones, em placas de carros, entre outros. Com isso, a Matemática passa a fazer parte do universo infantil desde a mais tenra idade, assim noções sobre espaço e medidas também permeiam a vida das crianças e passam a coloca-las em momentos oportunos para ampliação de sua aprendizagem. Essa vivência, inicialmente prática, leva a criação de estratégias para resolver problemas diários, utilizando recursos próprios, questões essas que podem favorecer a elaboração de conhecimentos matemáticos (BRASIL, 1998).
Nessa perspectiva, o desenvolvimento dos conceitos está fortemente atrelado às experiências informais e pode ser representado por trajetórias de aprendizado que ressaltam o modo de competências específicas dos sujeitos. Com isso, caberia então ao professor oportunizar/favorecer experiências matemáticas adequadas para a faixa etária de seus alunos, bem como que enriqueçam ou vocabulário matemático. No caso da Educação Infantil, a curiosidade natural e precoce das crianças pode ser uma forte aliada do docente em suas explorações no campo matemático. Contudo, para que o ensino de números ocorra de forma a favorecer a aprendizagem significativa na infância, é preciso desmistificar algumas crenças que parecer residir no cenário do ideário pedagógico dos professores como, por exemplo, a ideia inadequada de que as crianças aprendem por repetição, memorização e associação, característica essa muito comum de se observar em leitura dos numerais em turmas de pré-escola. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) destaca que com a ampliação dos estudos sobre o desenvolvimento infantil e pesquisas realizadas no campo da própria educação matemática entendemos que essa concepção de aprendizagem, e as utilizações desses métodos, estão ultrapassados, está claro que as crianças não aprendem, elas apenas decoram para cada momento. Dadas as reflexões acima, uma proposta de trabalho mais adequada para a abordagem de números precisa ser aquela que leva em consideração não só os aspectos ordinal e de inclusão hierárquica, como também [...] primeiramente a fazer correspondência, comparações, classificações etc.; depois, denominar o processo de conservações de quantidades; em seguida a contagem; e, finalmente, as operações[...]. (LORENZATO, 2008 p.32) A partir das contribuições de trabalhos desenvolvidos a partir de experiências piagetianas, podemos conceituar número como sendo uma relação criada mentalmente por cada indivíduo (KAMII, 2012). Tal entendimento levanta a necessidade de propor tarefas investigativas no cotidiano das crianças que as façam pensar para além do conhecimento físico e social, chegando assim e elaboração do conhecimento lógico-matemático. 3 Metodologia da pesquisa Esse é um recorte de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo-analítico, onde adotamos esse eixo para que possamos compreender melhor o que as professoras da educação infantil ensinam sobre números, a pesquisa será realizada num centro de educação infantil do município de Naviraí/MS. Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo geral, identificar o que professoras ensinam sobre números para crianças da pré-escola na perspectiva de compreensão de como esse bloco de
conteúdo é abordado, e conhecer as práticas das professoras da Educação Infantil na inserção dos números como conteúdo matemático, analisar a forma de como esse conteúdo é trabalhado com as crianças no sentido de descrever as abordagens metodológicas adotadas e caracterizar os fundamentos e materiais recorridos pelas professoras para o trabalho com números, como objetivos específicos. 4 Descrição e análise dos dados Convém salientarmos que, quando do momento da escrita deste resumo, realizamos algumas observações nas turmas de Educação Infantil com o objetivo de compreender como as professoras trabalham o tema números com as crianças e quais significados são atribuídos durante as aulas. Como já era de se esperar, em concordância com dados de estudos anteriores, verificamos que o trabalho este bloco de conteúdo permanece subjacente à prática rotineira de exploração de momentos esporádicos envolvendo princípios da quantificação e da inclusão hierárquica, conforme evidenciamos no referencial teórico deste resumo, prática esta que não concordamos ser a mais apropriada para este momento da aprendizagem das crianças. O ideal seria o docente explorar os múltiplos significados do número envolvendo a perspectiva de seu uso social. O gráfico 01 expõe os conteúdos que foram abordados durante os dias de observação da prática escolar: Gráfico 01: Conteúdos abordados pelas professoras no período de observação 6 5 4 3 2 Pré-escola A Pré-escola B 1 0 Contagem oral Introdução à adição Sequência numérica Noção de tempo Noções de geometria Fonte: Elaborador pelos autores, 2016. Como podemos perceber, o que predomina nas práticas das professoras é a exploração do número como princípio da quantificação. Em ambos os casos, foi habitual a rotina de leitura dos
numerais (número escrito), seguido da contagem oral do número de meninas e meninos presentes e posterior adição de parcelas para quantificar o total de crianças presentes em cada dia. Os recursos recorridos foram sempre os cartazes usuais da sala de aula, escrita da quantidade na lousa (pela professora) e conversa (oral) com o grupo de crianças. Ainda foi possível observarmos um equívoco conceitual de iniciar a contagem pelo zero, prática esta que pode levar a criança a acreditar que o número zero representa uma determinada quantidade, quando na verdade o mesmo indica ausência de unidade. Analisando os dados expostos, vimos que a noção de tempo (grandezas e medidas) e de geometria (plana) foram contempladas em baixa proporcionalidade, elementos que permitem concluir que o bloco de conteúdos números e sistema de numeração é, de fato, o mais explorado no ambiente da Educação Infantil, mas que ainda necessita ser aprimorado no sentido de possibilitar às crianças um processo de ressignificação de suas experiências, ou seja, a prática pedagógica de ensino de números precisa contemplar os vários aspectos que envolvem o número como: localizador, identificador, peso, tamanho, velocidade, entre outros. Entendemos que o fato das professoras se apegarem a uma rotina não se restringe ao fato de não querer trabalhar os múltiplos aspectos do número, mas sim não saber como trabalhar nessa perspectiva, uma vez que a formação matemática tem sido [...] um grande problema, tanto para crianças quanto para os professores que estão sendo formados nos cursos de Pedagogia (GOMES 2002, p.364). Nesse sentido, torna-se relevante e necessário pesquisar sobre o tema, pois sabemos que a Matemática é um campo em que os professores podem vir a apresentar dificuldade. 5 O que podemos concluir? O desenvolvimento dos conceitos matemáticos pelas crianças se constrói, muitas vezes, a partir de experiências informais e pode ser representado por trajetórias de aprendizado que ressaltam o modo de competências específicas, que se foram por meio destas experiências que, se mediadas pelo adulto/professor, poderão contribuir para a formação do pensamento abstrato. Oferecer experiências matemáticas adequadas e enriquecê-las com um vocabulário matemático, pode ajudar a lidar com a curiosidade natural e precoce das crianças e suas observações sobre a Matemática, pressuposto este que precisar ser o elemento base do trabalho docente no campo da Educação Infantil. Por fim, em relação aos números, acreditamos que o desenvolvimento desta pesquisa poderá trazer benefícios para a compreensão das racionalidades e circunstâncias em que o ensino deste conteúdo está fundamentado.
Referências BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il. LORENZATO, S. Educação Infantil e percepção matemática. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. KAMI, C. A criança e o número: implicações educacionais da teoria de Piaget para a atuação com escolares de 4 a 6 anos. 39 ed.campinas, SP: Papirus.2012. LORENZATO, Sérgio. Educação Infantil e a Percepção da Matemática.2. ed. rev. E ampliada Campinas. SP: Autores associados, 2008. (Coleção. Formação de Professores). GOMES, M. G. Obstáculo epistemológicos, obstáculos didáticos e o conhecimento Matemático nos cursos de formação de Professores das séries iniciais no Ensino Fundamental. Contrapontos - ano 2 - n. 6 - p. 423437Itajaí,set./dez.2002. Disponível em:<http://www6.univali.br/seer/index.php/rc/article/view/181>, Acesso em: 11, mar. 2015.