A ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO NA PRÁTICA DE ENSINO EM MATEMÁTICA: CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO DOCENTE
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1 XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática A sala de aula de Matemática e suas vertentes UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019 A ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO NA PRÁTICA DE ENSINO EM MATEMÁTICA: CONTRIBUIÇÕES À FORMAÇÃO DOCENTE Alex Andrade Alves alex.andrade.alves@gmail.com Adhonay Alves França adhonayfranca@gmail.com Flávia Grazielle Peixoto Fernandes f.graziellep@gmail.com Joelma Sobral Neris joelma.sobralba@gmail.com Resumo: Algumas pesquisas recentes têm apontado que a análise do livro didático de matemática não está presente nos cursos de formação inicial de professores. O entendimento geral é que o futuro professor irá aprender a manusear este recurso didático em sua atuação profissional, quando começar a lecionar na Educação Básica, após a conclusão de seu curso de formação. Com vistas a ressignificar este cenário, estamos desenvolvendo um trabalho de análise do livro didático junto a uma componente curricular de Metodologia e Prática do Ensino de Matemática, numa instituição que forma professores no Estado, tomando como referência os critérios do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Apresentaremos aqui os resultados de um trabalho que foi desenvolvido neste contexto, ao analisarmos uma coleção de livros destinada aos quatro últimos anos do Ensino Fundamental. Nossa proposta metodológica avaliou: os conteúdos abordados na coleção, por bloco; sua metodologia de ensino e de aprendizagem; sua contextualização e formação para a cidadania; e, por fim, como a coleção pode ser trabalhada em sala de aula. Em síntese, os resultados encontrados ratificam que a coleção analisada atende aos critérios estabelecidos pelo referido programa, pois traz uma metodologia que valoriza a resolução de problemas, de modo bem organizado e os conteúdos possuem uma linguagem clara e objetiva para as aprendizagens do alunado. Nesse contexto, há também de se fazer uma crítica em relação aos exercícios da coleção, que mantém exercícios mecânicos, os quais valorizam técnicas e repetições, sem promover ao educando a busca pela compreensão do conteúdo estudado matematicamente. Palavras-chave: Livro Didático. Prática Docente. Formação In: Anais do XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática. pp.xxx. Ilhéus, Bahia. XVIII EBEM. ISBN:
2 INTRODUÇÃO A análise do livro didático de Matemática tem sido muito pouco discutida nos cursos de formação inicial de professores, porque a maioria desses cursos parte do pressuposto que tais discussões fazem parte do exercício profissional desses futuros professores, durante sua atuação na Educação Básica. Tal premissa é vista por nós como algo preocupante, porque entendemos que analisar o livro didático, a partir de critérios didático-pedagógicos, pode ser uma alternativa para a melhoria da qualidade do ensino na Educação Básica. Nesse esteio, realizamos este estudo, no âmbito da componente curricular de Metodologia e Prática do Ensino de Matemática I, no curso de Licenciatura em Matemática, de uma instituição situada na região metropolitana de Salvador, com vista a analisarmos uma coleção da Educação Básica, conforme os parâmetros utilizados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). O objetivo desse trabalho é apresentar os resultados desse estudo preliminar que vem analisando coleções de livros didáticos brasileiros, à luz dos critérios do PNLD de 2017, por ser esta a última edição do referido programa que analisou livros destinados aos Anos Finais do Ensino Fundamental. Desse modo, a proposta metodológica dessa atividade levou em consideração a organização da carga horária da referida componente curricular. A mesma tinha uma carga horária de 60h, distribuídas em dois grupos de 30h, cada: um referente ao trabalho teórico e outro referente ao trabalho prático. Na composição teórica, foram estudados os conceitos de prática docente como componente curricular, seguidas de duas pesquisas que estudaram como professores de matemática escolhiam os livros didáticos em sua prática profissional, materializadas nos trabalhos de Freitas (2010) e Thomaz (2013). Por questões éticas, o nome da coleção não será aqui revelado e a mesma foi escolhida aleatoriamente, por um grupo de estudantes do referido curso, desde que a mesma não tivesse sido analisada no supracitado edital do PNLD. Os resultados apontam que a coleção analisada atende aos critérios estabelecidos pelo referido programa, pois traz uma metodologia que valoriza a resolução de problemas, de modo bem organizado e os conteúdos possuem uma linguagem clara e objetiva para as aprendizagens do alunado. Nesse contexto, há também de se fazer uma crítica em relação aos exercícios da coleção, que mantém exercícios mecânicos, os quais valorizam técnicas e repetições, sem promover ao educando a busca pela compreensão do conteúdo estudado matematicamente.
3 PROPOSTA METODOLÓGICA DESENVOLVIDA Nesse tópico, vamos a apresentar a trilha metodológica do trabalho desenvolvido. Os alunos deveriam escolher uma coleção, destinada aos anos finais do Ensino Fundamental, e analisá-la de acordo com os critérios utilizados no PNLD, referente ao ano de Os parâmetros didático-pedagógicos que compuseram a análise foram os seguintes: a) análise dos Eixos temáticos relacionados ao ensino de Matemática descritos por blocos de conteúdos, a saber Números e Operações, Álgebra, Geometria, Grandezas e Medidas e Estatística e Probabilidade; b) Contextualização/formação para a ciência e cidadania; c) Metodologia de ensino e de aprendizagem; d) Aspectos e linguagem gráfica; e e) Utilização do livro em sala de aula. Nesse sentido, elaboramos algumas fichas modelo de avaliação, com inspiração nas discussões produzidas no interior do PNLD, a partir dos critérios elencados acima. Cada grupo de estudante utilizou essas fichas para analisar a coleção escolhida e essa análise compôs um relato, apresentado ao final da componente, sob a forma de uma resenha, também nos moldes do referido programa. Dessa forma, passemos aos resultados e discussão, na seção seguinte. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1, a seguir, apresenta os resultados obtidos em relação aos eixos temáticos, distribuídos por bloco de conteúdos, presentes na coleção analisada. Figura 1- Distribuição dos Conteúdos Matemática por Eixos Temáticos.
4 É possível observar que no livro do 6º ano não há conteúdos referentes à Álgebra, porém há uma priorização no campo de números e operações. A abordagem dos conteúdos referente à probabilidade e estatística merecia maior atenção. Em compensação, no livro do 8º e 9º ano ampliam-se as atenções para a Álgebra e Geometria. Há, nitidamente, uma relação entre os diferentes campos da matemática. Nos livros há uma articulação entre o conhecimento novo e o já estudado, que é possível verificar através das revisões que são feitas antes da apresentação de novos conteúdos, além da articulação entre os diferentes campos da matemática. Em geral, a coleção é distribuída dentro do que se espera para o ensino fundamental. O bloco de conteúdos de Números e Operações é organizado de maneira sistemática, sendo estruturado com saberes acadêmicos favoráveis à utilização do cálculo de gastos para o desenvolvimento, em sala, da adição e subtração, por exemplo, e, percebe-se, na obra a diluição do conteúdo em todos os volumes, na qual os mesmos incentivam a resolução de exercícios e assimilação de conteúdo. O bloco de conteúdos de Álgebra é abordado apenas a partir do livro do 7º ano. Evidencia-se o uso de tabelas e gráficos no processo de ensino algébrico de maneira contextualizada. Além disso, é utilizado exemplos envolvendo situações do cotidiano com objetivo de atribuir significado ao referido conteúdo. Por sua vez, o bloco de conteúdos de Geometria inicia-se com uma apresentação de figuras reais do nosso cotidiano e suas formas geométricas. Valoriza-se por vezes a nomenclatura e classificação dos conteúdos. Em contrapartida, a partir do livro do 8º ano surge a apresentação de demonstrações, condizentes com o nível a ser trabalhado, e, além disso, ocorre a associação entre construções e propriedades geométricas importantes. O bloco de conteúdos de Grandezas e Medidas trabalha-se de forma vinculada com os campos números e operações, álgebra e, principalmente, geometria. O foco principal é a medida de arcos e ângulos geométricos. A coleção trabalha bastante com atividades de conversão de unidades. Por fim, o bloco de conteúdos de Estatística e Probabilidade, no 6º e 7º anos trabalha-se mais com gráficos, associando com variáveis qualitativas. No 8º ano se inicia os trabalhos com variáveis quantitativas, por meio de gráficos e tabelas. E, por fim, no 9º ano encontra-se uma revisão das séries anteriores, exploram-se o uso de tabelas e gráficos e apresenta-se o conteúdo de forma contextualizada, além da introdução de termos próprios desse tema. Em relação aos demais critérios de avaliação da coleção, podemos destacar que a Metodologia de Ensino e de Aprendizagem apresenta os conteúdos de maneira sistemática e articulada entre os assuntos e os elementos do cotidiano escolar e social do estudante. Destaque para o início dos capítulos, o qual trazem suas noções iniciais a partir de exemplos e situações
5 envolvendo os assuntos a serem explorados. Já a contextualização e formação para a cidadania, são propostas várias situações de contextualização, correlacionando o conteúdo e o cotidiano tendo o objetivo de fazer com que a matemática tenha sentido para o discente. Por sua vez, em relação à linguagem gráfica, os livros analisados trazem leitura agradável, com tamanhos, fontes e cores de texto adequadas ao público alvo, ilustrações em tamanho e localização adequados. E, em sala de aula, os livros apresentam um leque de conteúdos e de atividades, requerendo do professor todo um cuidado ao selecionar os conteúdos indispensáveis ao seu trabalho em sala. CONSIDERAÇÕES Os resultados dessa análise apontam que a coleção traz uma metodologia que valoriza a resolução de problemas, de modo bem organizado e os conteúdos possuem uma linguagem clara e objetiva. Com uma grande variedade de exercícios, usando situações do cotidiano, a coleção dá início aos conteúdos de matemática, mantendo ainda exercícios mecânicos, os quais valorizam técnicas e repetições, sem promover ao educando a busca pela compreensão do conteúdo estudado. Por sua vez, na obra, há tratamento excessivo de alguns assuntos, enquanto outros precisam ser incluídos ou ampliados, como os relativos à geometria espacial e às grandezas e medidas. Nos livros, há uma articulação entre o conhecimento novo e o já estudado, que é possível verificar através das revisões que são feitas antes da apresentação de novos conteúdos, além da articulação entre os diferentes campos da matemática. Por fim, a coleção é distribuída dentro do que se espera para o ensino fundamental. REFERÊNCIAS BRASIL. PNLD 2017: Matemática Ensino fundamental anos finais. Brasília: Ministério da Educação, FREITAS, I. da C. Critérios de escolha do livro didático de Matemática: a experiência de escolas municipais de Nova Iguaçu. Duque de Caxias: UERJ, (Dissertação de Mestrado em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas, Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas). THOMAZ, D. Do livro didático ao aluno: transposição didática na aula de Matemática do Ensino Médio diurno e noturno. Cuiabá: UFMT, (Dissertação de Mestrado em Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação).
PRÁTICA DE ENSINO E A ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA: CRITÉRIOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS INSPIRADOS À LUZ DO PNLD
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