Elaborado pela Fga. Carolina Ghelli O Profissional da Voz É o indivíduo que depende de uma certa produção e/ou qualidade vocal específica para sua sobrevivência profissional. (Vilkman, 2000). Os profissionais são: advogados, atores, cantores, professores, religiosos, vendedores, operadores de telemarkenting, operador de bolsa de valores, dentre outros. O Treinamento vocal: O treinamento vocal é importante para modificar a produção da voz, melhorar as estratégias musculares, atuar sobre a interação entre a fonte do som e os filtros no trato vocal, e para demonstrar ao cantor as inúmeras possibilidades de ajustes motores e produção vocal. Aperfeiçoamento vocal. O Aquecimento: 1. Analogia com aquecimento muscular para o esporte: O aquecimento muscular prepara a musculatura corporal para o esporte, visando determinar o desempenho de cada sistema funcional e estabelecer o momento adequado para seu funcionamento. (Weineck,1990) Objetivando: O desempenho máximo e a prevenção do aparecimento de lesões. A otimização da circulação sanguínea na região da musculatura. 2. Tempo de aquecimento no esporte: Gira entre 20 a 45 minutos; Tempo entre o fim do aquecimento e o início da atividade: de 5 a 10 minutos; O efeito do aquecimento desaparece completamente após 45 minutos do seu início; Tempo e a intensidade de aquecimento muscular influenciados pela idade e o treinamento dos esportistas. (Weineck, 1990)
3. Aquecimento Vocal: O aquecimento vocal desenvolve a consciência cinestésica/proprioceptiva muscular do corpo no espaço e a consciência dos músculos responsáveis pela performance no canto. (Sataloff, 1991) Ajuda a fortalecer e condicionar os músculos corporais e vocais, além de permitir que o indivíduo se concentre na performance. No tocante à fisiologia laríngea, acredita-se que o aquecimento vocal diminua a viscosidade nas pregas vocais. Sugestões de que o aquecimento vocal possibilite adequada coaptação da mucosa das pregas vocais. Oferece às pregas vocais maior flexibilidade de alongamento e encurtamento durante as variações de freqüência. Deixa a mucosa mais solta, proporcionando maior habilidade ondulatória. Oferece maiores intensidade e projeção à voz, e favorece a articulação dos sons. Iniciar aquecimento vocal com exercícios corporais: desenvolve consciência proprioceptiva/cinestésica do corpo no espaço, assim como a consciência dos músculos utilizados na fala ou no canto. (Behlau et al., 1996; Elliot, 1995; Fex, 1992) Behlau et al. (1996) sugeriram os seguintes exercícios a serem realizados no aquecimento vocal, com duração média de 15 minutos: Exercícios corporais de alongamento (geral, de ombros, cabeça e massagem facial). Exercícios vocais com sons nasais, vibrantes, hiperagudos, vocalizações com seqüência de vogais e exercícios articulatórios e jogos musicais. Exercícios para extensão vocal: sons de freqüências médias para as agudas e depois para as graves; sons de freqüências graves para as agudas; sons de freqüências agudas
para as graves; sons ondulatórios em freqüências agudas ou graves; glissandos ascendentes em forma espiral. Exercícios para controle da intensidade: com sons nasais, vibrantes e vocalizações: aumentar e diminuir lentamente a intensidade; iniciar com intensidade fraca e ir aumentando/diminuindo, sem variar a freqüência. 4. Desaquecimento Vocal: Objetivo principal fazer que o indivíduo retorne ao ajuste fonoarticulatório da voz coloquial, evitando o abuso decorrente da utilização prolongada dos ajustes do canto, ou utilização profissional. - Os mesmos autores preconizaram um programa mínimo de desaquecimento: Relaxamento facial pela técnica do bocejo. Rotação de cabeça com vogais escuras. Sons nasais e/ou vibrantes com glissandos descendentes. Voz salmodiada. Fala espontânea (discriminando os ajustes fonatórios da fala e canto). Alguns autores sugerem 5 minutos de silêncio para o desaquecimento vocal. Segundo os autores, a aplicação destes programas em diversos grupos corais levou à melhora em: percepção auditiva, consciência vocal, afinação, projeção e homogeneidade do som. Exercícios utilizados para o treinamento vocal: 1. Método Corporal: Baseado em técnicas que envolvem movimentos corporais globais ou no esqueleto laríngeo. A produção vocal equilibrada pode ser adquirida através de movimentos corporais que visam mudanças posturais equilíbrio voz e corpo. Vantagem do Método: possibilidade de desenvolver uma conscientização corporal, cinesiológica e sua relação com a produção vocal.
a. Técnica de movimentos corporais com sons facilitadores O indivíduo desenvolve a possibilidade de uma expressão corporal associada a uma voz equilibrada. As técnicas auxiliam a identificar estados de hipercontração indesejáveis, aumentando sua consciência corporal e antecedendo os exercícios de aquecimento vocal. Procedimento Básico: Movimentações amplas do corpo associadas a sons facilitadores (sons vibrantes, nasais e vogais bocejadas): - Movimente o corpo (rotação de ombros e mudanças na posição de cabeça sim, não, talvez ) e associe aos sons facilitadores; - Emissão de vogais Bocejadas. b. Técnica de Massagem na Cintura Escapular Procedimentos Básicos: Movimentos de toque, pressionamento, estiramento e massagem na musculatura cervical, nas costas e ombros; Massageadores elétricos, calor úmido ou bolsas térmicas nas regiões acima mencionadas podem contribuir para redução da hipertonicidade. 2. Método de Órgãos Fonoarticulatórios: Associação de movimentos dos órgãos fonoarticulatórios à produção da voz. *Órgãos Fonoarticulatórios participam das funções estomatognáticas: sucção, mastigação, deglutição, respiração e fonação) Os exercícios com sons facilitadores envolvem a participação de lábios, língua, bochechas, mandíbula, faringe e laringe.
Técnica de Deslocamento Lingual: a) Procedimento Básico: Posteriorização (aproveitamento da cavidade oral), anteriorização (liberação da faringe) e exteriorização da língua. b) Técnica do Bocejo-Suspiro: Originou-se do treinamento vocal para o canto lírico. O bocejo e o suspiro são capazes de liberar a constrição vocal. Procedimento Básico: Inspirar profundamente e imitar um bocejo, com língua baixa e anteriorizada, sonorizando-o com uma vogal aberta, aproveitar principalmente os bocejos naturais. a) Técnica de Rotação de Língua no Vestíbulo: Associada ou seguida de emissão vocal, é empregada para reduzir as constrições do trato vocal, reposicionar a língua e a laringe e ampliar a faringe, aumentando a ressonância oral. Procedimento Básico: Rotação de língua no vestíbulo bucal, lentamente, com os lábios unidos, 2X em cada sentido, aumentando o número de rotações a cada série, associada à emissão do som nasal m, prolongado, juntar saliva e deglutí-la. Inspirar profundamente e emitir vogais bocejadas. b) Técnica Mastigatória: Método considerado um poderoso recurso para o equilíbrio da produção da voz, modificando a qualidade vocal. Procedimento Básico: Mastigar ativamente, com a boca aberta e movimentos amplos dos lábios, mandíbula, língua e das bochechas, emitindo-se uma grande variedade de sons. * Importante: limitação na abertura de boca ATM.
Método de Sons Facilitadores Emprega uma série de sons selecionados, também chamados de facilitadores da emissão (Behlau & Pontes, 1990), para se obter uma produção vocal mais equilibrada. 1. Técnica de Sons Nasais (Colocação da Voz na Máscara): Suavizadores da emissão. a) Procedimento Básico: Emissão dos sons m com a boca fechada, n ou nh contínuos, sustentados, modulados ou em escalas. b) Aquecimento Vocal: variações: Mini-mini-mi, alternando vogais, Hum Manom, Bananénaminaná Bananénaminaná / Banané/ Banané / Bananenaminaná. 2. Técnica dos Sons Vibrantes (Técnica de Vibração): Impacto imediato: maior facilidade à emissão, produção mais estável e com componente harmônico mais rico. Mobiliza a mucosa das PPVV. a) Procedimento Básico: Emissão sonora com vibração continuada de língua ( rrr..., trrr... ) ou de lábios ( brrr... ). Método de Competência Fonatória Competência Fonatória é a condição essencial para uma boa voz - Correspondência entre a adequação das PPVV à frequência e intensidade. As técnicas estimulam a coaptação das PPVV. a) Técnica de Escalas Musicais: O uso das escalas com sons facilitadores induz o alongamento e encurtamento das Pregas Vocais (PPVV). Procedimento Básico: Emissão vocal em escalas, glissandos ascendentes e descendentes, vocalizes, associada aos sons facilitadores. *Embora o objetivo não seja afinação, as escalas ajudam o cantor a parear os tons produzidos.
b) Técnica de Firmeza Glótica: Estimula-se a ressonância e propicia uma melhor coaptação glótica. Mecanismo: Ressonância retroflexa: com o trato vocal semi-ocluído, há uma expansão de toda a área do trato e como a produção glótica continua ativada, ocorre uma estabilização. Além disso, aumento da pressão interna favorece a percepção do diafragma, parede abdominal e da laringe. Procedimento Básico: ocluir quase totalmente a boca com a palma da mão sobre os lábios entreabertos, enquanto se produz uma emissão semelhante à de um u ou v grave, mantendo a língua relaxada e em posição baixa na boca, repetindo a emissão por, pelo menos, 5X. (Evitar inflar as bochechas) Variação: canudinho.