Palavras-chaves: Práticas de ensino; Educação; Altas habilidades/superdotação.

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Transcrição:

00309 A ESCOLA, A SOCIEDADE E A INCLUSÃO DO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: INTERFACES QUE SE RELACIONAM NAS PRÁTICAS DE ENSINO Tatiane Negrini Universidade Federal de Santa Maria A educação de alunos com altas habilidades/superdotação na contemporaneidade configura-se como um tema de estudos e exploração, e necessita de maior conhecimento dos profissionais da educação. Estes alunos são público das ações da educação especial e por seus comportamentos singulares e necessidades específicas, necessitam de acompanhamento educacional específico. Com isso, este trabalho tem como objetivo discutir sobre os desafios nas práticas de ensino para a inclusão dos alunos com altas habilidades/superdotação na escola regular, a partir do cenário político e social contemporâneo. Este estudo possui um cunho qualitativo, e a partir de um estudo bibliográfico, com caráter descritivo, relaciona-se às práticas educacionais com os alunos com altas habilidades/superdotação. Observando as políticas públicas educacionais, estão previstas ações para a educação destes alunos, no entanto ainda são muitos os desafios que perpassam o contexto da escola regular na efetivação de práticas de ensino que qualifiquem a sua educação. Entre os diversos desafios destaca-se o não reconhecimento destes alunos como sujeitos da educação especial, já que tem direito ao Atendimento Educacional Especializado; a perspectiva de padronização das práticas de ensino; os currículos rígidos e não flexíveis, entre outros. Assim, salienta-se que os gestores da escola precisam discutir a respeito destes desafios, de modo a construir propostas pedagógicas condizentes às necessidades dos alunos, propondo programas de enriquecimento, fomentando práticas diferenciadas de ensino em sala de aula, na sala de recursos multifuncional, ou mesmos em outros espaços extraescolares, assim elaborando um currículo que propõe a inclusão e a qualidade de ensino aos alunos com altas habilidades/superdotação na escola regular. Palavras-chaves: Práticas de ensino; Educação; Altas habilidades/superdotação. Introdução A educação das pessoas com altas habilidades/superdotação vem sendo um assunto evidenciado nos últimos tempos, inclusive divulgado pelas mídias, jornais, programas de televisão, apontando as características destes sujeitos, a necessidade de uma identificação adequada, assim como uma proposta educacional. Esta preocupação surge especialmente pela constatação no contexto social e educacional de que estes alunos são público da escola regular, seja ela pública ou privada, e que, por seus comportamentos diferenciados, chamam a atenção dos professores, pais e comunidade, os quais nem sempre se sentem preparados para o reconhecimento dos mesmos. Além disso, estes alunos também são caracterizados na proposta educacional brasileira como sujeitos público das ações da educação especial, para os quais o trabalho

00310 do professor da sala regular e da sala de recursos multifuncionais deve propiciar um atendimento educacional de acordo com suas necessidades específicas. Neste sentido que é necessário que os gestores educacionais coloquem-se como sujeitos ativos destas práticas educacionais direcionadas a estes alunos com altas habilidades/superdotação, questionando a didática e as práticas de ensino tradicionais e impregnadas de mitos sobre este tema. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo discutir sobre os desafios nas práticas de ensino para a inclusão dos alunos com altas habilidades/superdotação na escola regular, a partir do cenário político e social contemporâneo. Trata-se de uma produção de cunho qualitativo, uma vez que busca compreender a realidade a partir da subjetividade. Segundo Flick et al (2000) in Günther (2006, p. 202) a respeito da pesquisa qualitativa, [...] apontam a primazia da compreensão como princípio do conhecimento, que prefere estudar relações complexas ao invés de explicá-las por meio do isolamento de variáveis. Uma segunda característica geral é a construção da realidade. A pesquisa é concebida como um ato subjetivo de construção. Assim, a partir de um estudo bibliográfico e do contexto real das situações exploradas sobre o assunto e vinculadas a práticas educacionais, pretende-se realizar esta discussão, com um caráter descritivo. O sujeito com altas habilidades/superdotação, o processo inclusivo e as práticas de ensino Para que se possa discutir sobre a educação destes alunos, é importante que se conheça as concepções que caracterizam os mesmos. De acordo com a Politica Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), estes alunos com altas habilidades/superdotação são descritos da seguinte maneira: Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. (BRASIL, 2008, p. 09) Esta construção descritiva se apresenta a partir de alguns estudos sobre este tema, compreendendo-se que cada sujeito com altas habilidades/superdotação possui um perfil diferenciado, de acordo com as áreas que se destaca e também considerando suas

00311 características individuais. Renzulli (2004) aponta o Conceito dos Três Anéis, no qual descreve o sujeito com comportamentos de superdotação por apresentar: Capacidade acima da média, Criatividade e Envolvimento com a tarefa. Estes comportamentos normalmente não são evidenciados ao mesmo tempo, mas conforme menciona o autor, em épocas diferentes e situações semelhantes, ratificando assim o comportamento de superdotação (RENZULLI, 2004). Este conceito se vincula à necessidade de identificação destes potenciais na escola regular, pois além destes comportamentos, possuem perfis que podem ser observados no contexto educacional, familiar e social, o que é muito relevante para que possam receber uma orientação educacional coerente com suas necessidades. Portanto, falar na inclusão do aluno com altas habilidades/superdotação direciona-se a atenção ao trabalho docente para o reconhecimento destes sujeitos em sala de aula, identificando suas formas de aprendizagem, sua criatividade, entre outras. Freitas e Pérez mencionam que O professor da escola inclusiva deve avançar em direção à diversidade. É necessário deixar de ser mero executor de currículos e programas predeterminados para se transformar em responsável pela escolha de atividades, conteúdos ou experiências mais adequados ao desenvolvimento das capacidades fundamentais dos seus alunos, tendo em conta o nível e as necessidades deles. (2012, p. 07) Seguindo nesta linha de pensamento, evidencia-se um grande desafio nas práticas de ensino das escolas regulares, que perante o número de alunos por turmas, a carga horária dos professores frente aos alunos, a dificuldade de planejamento pedagógico, acabam muitas vezes não percebendo inúmeros potenciais destes alunos. Estes muitas vezes são caracterizados como alunos problemas por não se adequarem ao contexto escolar, ou, se avançam com facilidade nos estudos, são deixados livres ao acaso e sem orientações mais específicas. É discutido a nível teórico (ALENCAR, 2007) assim como fica evidente nas políticas públicas educacionais brasileiras, como na Politica Nacional (BRASIL, 2008) anteriormente citada, o direito deste aluno com altas habilidades/superdotação receber o Atendimento Educacional Especializado para a suplementação da sua formação. Além disso, é citado neste documento que dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados programas de enriquecimento curricular.

00312 Além disso, estes programas de enriquecimento podem tomar configurações diferenciadas de acordo com as necessidades dos alunos, das suas áreas de interesse e destaque e de acordo com a realidade da comunidade escolar, podendo se caracterizar com estratégias intracurriculares ou extracurriculares. Os programas de enriquecimento podem ser delineados com vistas a atender às demandas de alunos superdotados e da organização administrativa educacional de maneira flexível. Podem ser desenvolvidos por professores em salas de aula comuns por meio de estratégias e técnicas de ensino variadas, ou de atividades extracurriculares supervisionadas por professores especializados (em ambientes e horários específicos às atividades desenvolvidas em classes regulares) ou, ainda, organizados por meio de currículos adaptados ou enriquecidos. Podem ser utilizados individualmente, em classes comuns, dependendo da necessidade específica do aluno e das condições estruturais dos sistemas de ensino. (PEREIRA; GUIMARÃES, 2007, p. 166) Considerando os apontamentos destacados a respeito do enriquecimento, compreende-se que podem ser organizados de diferentes maneiras. Renzulli (2004) o Modelo Triádico de Enriquecimento, no qual propõe o desenvolvimento de três tipos de atividades, que são: Atividades do Tipo I (exploratórias gerais), Atividades do Tipo II (diferentes métodos, técnicas para execução de tarefas), e Atividades do Tipo III (investigações de problemas reais). Este modelo é muito interessante e merece atenção do professor que vai trabalhar com o enriquecimento, para aprofundar-se nestas diferentes atividades. Neste sentido, evidenciam-se alguns desafios que vão desde a organização do trabalho pedagógico diferenciado em sala de aula, até a orientação de propostas em sala de recursos para o atendimento educacional destes alunos, pois sabe-se que, apesar das expansão da discussão sobre este publico, muitos ainda não estão sendo encaminhados ao Atendimento Educacional Especializado, por não serem reconhecidos dentro do público da Educação Especial ou até mesmo por haver uma preocupação e direcionamento das ações muito mais aos alunos com deficiências. Quando se trata do currículo da escola e das práticas em sala de aula, percebe-se mais um desafio que precisa ser discutido, a fim de problematizar outras possibilidades para os alunos com altas habilidades/superdotação, uma vez que muitas vezes enfatizase a padronização dos sujeitos, o uso de materiais uniformes e com respostas predeterminadas, o que restringe a evidencia de determinados comportamentos de altas habilidades/superdotação, assim como pouco estimula o pensamento criativo dos alunos. Alencar contribui com esta discussão, ressaltando que:

00313 A cultura institucional predominante em muitas escolas exerce pressão junto aso professores que buscam inovar as suas práticas pedagógicas, dificultando-os ou mesmo impedindo-os de implementar um ensino que se caracteriza pela promoção da criatividade. Essa pressão é, às vezes, verbalizada pelos pares ou pelos diretores de escolas, que ditam as normas de como deve o professor proceder em sala de aula, com ênfase na uniformidade do comportamento docente. Destaca-se o conformismo, o que faz com que os professores se acomodem à rotina da escola, diminuindo o seu entusiasmo por processos de ensino criativo, diante do panorama com que se depara na escola, marcado por normas institucionais reticentes à inovação e à experimentação. (2007, p. 154) Diante das evidencias da autora, percebe-se o quanto estas práticas interferem no andamento das atividades docentes, e o quanto estes profissionais veem-se muitas vezes pressionados a cumprir programas conteudistas e manter acomodada a organização disciplinar. Por isso precisa-se refletir, a fim de que se possa construir um ambiente que possibilite ao aluno realmente aprender, trocar saberes com o professor e ter uma orientação educacional dirigida de acordo com seus potenciais. Como se pode notar, são muitos os desafios na contemporaneidade para a educação dos alunos com altas habilidades/superdotação, e muitos outros já foram superados. Por isso os profissionais da educação precisam estar atentos às discussões que vem sendo realizadas, aos estudos, e especialmente às suas práticas de ensino, pois também somos responsáveis pelo desenvolvimento, tanto intelectual como em outros aspectos, destes alunos. Alencar sugere algumas estratégias que podem tornar a sala de aula um espaço mais instigante aos nossos alunos com altas habilidades/superdotação, o que vem contribuir com nossas práticas de ensino, entre as quais destaca-se algumas delas: a) Não se restrinja a exercícios e atividades que possibilitem apenas uma única resposta correta. [...]; e) Acentue o que cada aluno tem de melhor e informe-o sobre os seus pontos fortes ; [...] k) Diversifique as metodologias de ensino utilizadas em sala de aula; [...] t) Incentive os alunos a ampliar o seu conhecimento a respeito de tópicos que sejam de seu interesse. (2007, p. 157-158) Desse modo, estas são algumas estratégias, que podem ser discutidas no contexto educacional e que, a partir dos desafios, se possam construir outras práticas com os alunos com altas habilidades/superdotação.

00314 Considerações finais Conforme foi discorrido durante este texto, os alunos com altas habilidades/superdotação são sujeitos que, assim como os demais alunos da educação especial, necessitam de estratégias diferenciadas para a suplementação curricular de acordo com suas necessidades específicas. Nota-se que, apesar destas discussões já estarem postas nas politicas públicas educacionais brasileiras, ainda tem-se muitos desafios que precisam ser discutidos, para a promoção de um ambiente educacional que realmente seja inclusivo a estes alunos. No entanto, sabe-se que se pode articular algumas ações dentro do contexto educacional e construir algumas práticas inovadoras e desafiantes para estes alunos, acreditando que as práticas educacionais devem ter o comprometimento de todos os gestores do ensino para a qualidade deste processo na escola e para a superação destes desafios. Referências Bibliográficas: ALENCAR, Eunice Soriano de. O papel da escola na estimulação do talento criativo. In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR, Eunice Soriano de (orgs.). Desenvolvimento de talentos e altas habilidades. Porto Alegre: Artmed, 2007. p.151-161. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. FREITAS, Soraia Napoleão; PÉREZ, Susana Graciela Pérez B. Altas habilidades/ superdotação: atendimento especializado. 2ª ed. Revista e ampliada. Marília: ABPEE, 2012. GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa. Mai-Ago 2006, Vol. 22 n.2, p. 201-210. PEREIRA, Vera Lúcia Palmeira; GUIMARÃES, Tânia Gonzaga. Programas educacionais para alunos com altas habilidades. In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR, Eunice Soriano de (orgs.). Desenvolvimento de talentos e altas habilidades. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 164-175. RENZULLI, Joseph. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Revista Educação. Tradução de Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. Porto Alegre RS, ano XXVII, n. 1, p. 75-121, jan/abr. 2004.