Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Acórdão 181/98 - Primeira Câmara - Ata 11/98 Processo nº TC 650.214/96-0 Responsável: Wilson Lang Entidade: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia/SC Relator: Ministro-Substituto Benjamin Zymler Representante do Ministério Público: Dr. Walton Alencar Rodrigues Unidade Técnica: SECEX/SC Especificação do "quorum": Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Carlos Átila Álvares da Silva e os Ministros-Substitutos Lincoln Magalhães da Rocha e Benjamin Zymler (Relator). Assunto: Prestação de Contas. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Prestação de Contas do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina, relativa ao exercício de 1995, de responsabilidade do Sr. Wilson Lang. Considerando que o responsável, regularmente citado para defender-se quanto a irregularidades na aquisição de equipamento de som para o veículo da Presidência do CREA/SC, recolheu o débito, mas não apresentou alegações de defesa; Considerando que o simples recolhimento do débito não afasta, por si só, as ilegalidades praticadas; Considerando que não foram elididas as impugnações à aquisição em questão; Considerando que o Relatório de Auditoria juntado às contas consigna a prática de diversas ilegalidades, ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, com fundamento nos arts. 1º, I, 16, III, alínea "b", da Lei nº 8.443/92, em julgar irregulares as contas do Sr. Wilson Lang, dando-lhe quitação, face ao recolhimento do débito.
Ementa: Prestação de Contas. Exercício de 1995. Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia SC. Aquisição de equipamento de som para veículo já equipado. Despesas com hospedagem, diárias, festas e seguro de vida. Utilização de veículo em finais de semana. Recolhimento do débito. Contas irregulares. Quitação. Data DOU: 05/05/1998 Página DOU: 106 Data da Sessão: 14/04/1998 Relatório do Ministro Relator: Grupo I - Classe - II - 1ª Câmara TC 650.214/96-0 Natureza: Prestação de Contas do exercício de 1995 Entidade: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia/SC Responsável: Wilson Lang Ementa: Prestação de Contas. CREA/SC. Exercício de 1995. Diversas irregularidades apontadas em Relatório de Auditoria juntado às contas. Impugnação à compra de equipamento de som para veículo. Citação. Recolhimento do débito. Não apresentação de alegações de defesa. Contas irregulares. Quitação. Versa a espécie sobre prestação de contas do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia/SC, relativa ao exercício de 1995. 2. Em instrução lançada às fls. 79/81, a Unidade Técnica mencionou o fato de encontrarem-se juntados a estes autos os do Processo TC - 650.214/96-4, que trata de Relatório de Auditoria realizada no CREA/SC, referente aos exercícios de 1994 e 1995. 3. Prosseguindo em sua análise, a SECEX/SC afirmou terem sido verificadas, naquele feito, diversas irregularidades, que não teriam restado elididas pela razões de justificativa apresentadas pelo responsável, quando de sua audiência no mencionado processo. Seguem-se as impropriedades que, nessa linha, foram arroladas pela
Sra. Analista: a) realização de despesas sem licitação, em valores superiores ao limite previsto no art. 24, inciso II, da Lei nº 8.666/93, para pagamento de restaurante, hotel e despesa de alimentação; b) realização de despesas com festividades de final de ano; c) contratação de seguros de vida sem amparo legal; d) pagamento de hospedagem em hotel, incluindo despesas com frigobar, lavanderia, restaurante e telefone; e) concessão de diárias em quantidade superior ao limite estabelecido pelo Decreto nº 343/91; f) ausência de justificativa expressa para concessão de diárias em finais de semana; g) concessão de diárias simultaneamente ao pagamento de despesas de hospedagem, refeições e transporte; h) ausência de justificativa expressa para utilização de veículo da Entidade em finais de semana; i) aprovação de despesa com aquisição de equipamento de som para veículo que já contava com rádio e toca-fitas, mediante apresentação de nota fiscal inidônea e com pagamento a pessoa diversa da referida na nota fiscal. 4. Em seqüência, trouxe notícia de que foi determinado à Entidade que: "envie documentos que comprovem o efetivo recolhimento dos valores recebidos indevidamente por servidores do CREA/SC, relativos ao pagamento concomitante de despesas de hospedagem, refeições e transportes e de concessão de diárias; e remeta a esta Corte de Contas a conclusão da investigação e as providências tomadas quanto às irregularidades constatadas na aquisição de equipamento de som para veículo do Gabinete da Presidência." 5. Às fl. 84/90, o responsável trouxe aos autos documentos que, no seu sentir, atenderiam às determinações feitas. 6. Entendendo que a documentação colacionada pelo responsável não foi capaz de justificar a aquisição do equipamento de som para o veículo do Gabinete da Presidência, que já contava com rádio e toca-fitas, a SECEX/SC propôs a citação do Sr. Wilson Lang (fls. 91/94), pelo valor efetivamente pago - R$ 940,00 (novecentos e quarenta reais). 7. Por meio do despacho exarado à fl. 95, o eminente Ministro Lincoln Magalhães da Rocha, então Relator do feito, autorizou a citação.
8. Expedindo o Ofício nº 1054/96 (fls. 96/97), a Unidade Técnica deu cumprimento ao despacho. 9. À fl. 101, o responsável juntou comprovante de recolhimento do débito, sem, contudo, apresentar alegações de defesa. 10. Em nova instrução (fls. 103/104), a SECEX/SC manifestou-se pela irregularidade das contas, por entender que, não obstante o recolhimento integral do débito, permaneceram as impropriedades apontadas na instrução inicial do feito. 11. O Ministério Público, ouvido na forma do art. 81, II, da Lei nº 8.443/92, aquiesceu, em cota singela, à proposição da Unidade Técnica. É o Relatório. Voto do Ministro Relator: As impropriedades apuradas no Relatório de Auditoria juntado a estes autos não teriam o condão de conduzir as contas à irregularidade, pois o Tribunal já as julgou naquele feito, optando por tão-somente fazer determinações à Entidade, sem sequer aventar a possibilidade de aplicar multa. 2. Todavia, cabe analisar o cumprimento das determinações então efetuadas: envio de documentos que comprovem o efetivo recolhimento dos valores recebidos indevidamente por servidores do CREA/SC, relativos ao pagamento concomitante de despesas de hospedagem, refeições e transportes e de concessão de diárias; e remessa a esta Corte da conclusão da investigação e das providências tomadas quanto às irregularidades constatadas na aquisição de equipamento de som para veículo do Gabinete da Presidência do CREA/SC. 3. Quanto à primeira, o documento de fl. 90 comprova terem sido recolhidos os valores. 4. No que concerne à segunda - aquisição irregular de equipamento de som -, o responsável limitou-se a trazer cópias dos atos constitutivos da empresa que emitiu a nota fiscal referente à compra em questão. Não atacou, entretanto, a impugnação feita pela SECEX/SC à nota fiscal. 5. Diante desse fato, a Unidade Técnica procedeu à citação do responsável, com vistas a que recolhesse o débito e apresentasse alegações de defesa quanto às impropriedades consignadas na documentação relativa à aquisição do equipamento de som - divergência entre o CGC da empresa e o que efetivamente constou na nota fiscal e pagamento efetuado a pessoa diversa da empresa
emitente da nota fiscal. 6. Comprovado o recolhimento do débito, por meio do documento de fl. 101, é de dar quitação ao responsável. Contudo, conforme pacífico na jurisprudência desta Casa, o simples recolhimento do débito não tem o condão de, por si só, afastar a irregularidade das contas. 7. Assim, como o responsável, regularmente citado, não se defendeu quanto à impugnação da aquisição do equipamento de som, permanece o entendimento de que a compra se deu de forma ilegal. 8. Destarte, o fato de ter o responsável adquirido equipamento de som por meio de nota fiscal inidônea e ter efetuado o pagamento a pessoa que não emitiu a nota fiscal, aliado às diversas impropriedades consignadas no Relatório de Auditoria, demonstra que o Sr. Wilson Lang praticou ilegalidades na gestão da coisa pública, sendo de julgar suas contas irregulares, com supedâneo no art. 16, III, "b", da Lei nº 8.443/92. Assim, acolho os pareceres oferecidos pela SECEX/SC e pelo Ministério Público, e VOTO por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à deliberação desta 1ª Câmara. Indexação: Prestação de Contas; Entidade de Fiscalização Profissional; SC; Aquisição; Equipamentos e Material Permanente; Hospedagem; Festividade; Seguro de Vida; Recolhimento; Débito;