Mamona Período: janeiro de 2016 Quadro I: preço pago ao produtor Centro de Produção UF Unidade 12 meses (a) Média de Mercado 1 mês (b) Mês atual (c) Preço mínimo Var % (c/a) Irecê BA 60kg 78,96 93,13 88,33 63,47 11,87% MG 60kg 80,47 85,00 85,00 63,47 5,63% CE 60kg 72,00 72,00 72,00 63,47 0% Quadro II: preço no atacado Centro de Comercialização UF Unidade 12 meses (a) Média de Mercado 1 mês (b) Mês atual (c) Var % (c/a) Irecê BA 60kg 84,89 100,90 94,85 11,73% Mercado Externo Na Índia, o preço da baga da mamona apresentou uma diminuição em relação ao mês de dezembro, passando de US$570,92 a tonelada para US$530,88/t, devido à grande entrada de óleo de palma, que estava estocado na Malásia e entrou no mercado. Tabela 1: preços nominais de semente e óleo de mamona em Gurajat, Kandla e média geral (Índia), em US$ por toneladas: Locali- Mês Produto dade mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15 jan/15 Baga (US$/t) Gujarat 469,42 463,89 495,63 627,41 616,26 639,86 635,93 620,80 611,17 570,92 530,88 Óleo (US$/t) Kandla 1197,00 1197,50 1276,5 1277,50 1260,00 1248,33 1266,66 1275,00 1258,33 1180,00 1090,00 Óleo (US$/t) Índia 967,49 983,12 1072,64 1305,17 1305,17 1312,25 1319,15 1284,41 1256,33 1179,28 1092,42 Fonte: The Solvent Extractors' Association of India Em Rotterdam, os preços caíram também por questões cambiais, e assim aumentando os valores recebidos pelos produtores da maioria das principais matérias primas de óleo vegetal asiático em moeda local (tabela 2), bem como pela baixa demanda do produto nos últimos meses (gráfico 1). 1 / 7
Tabela 2: preços nominais de óleo de mamona em Rotterdam, em US$ por tonelada Mês Valor Mês Valor Mês Valor Bolsa de Rotterdam jan/13 1675,00 jan/14 1726,25 jan/15 1727,36 fev/13 1665,53 fev/14 1700,00 fev/15 1605,00 mar/13 1677,89 mar/14 1715,00 mar/15 1479,20 abr/13 1650,00 abr/14 1680,00 abr/15 1431,93 mai/13 1604,17 mai/14 1633,50 mai/15 1427,10 jun/13 1574,75 jun/14 1675,00 jun/15 1560,40 jul/13 1485,00 jul/14 1690,22 jul/15 1539,26 ago/13 1493,00 ago/14 1677,57 ago/15 1539,52 set/13 1477,11 set/14 1719,50 set/15 1496,60 out/13 1475,24 out/14 1735,61 out/15 1524,02 nov/13 1456,25 nov/14 1751,75 nov/15 1541,26 dez/13 1488,24 dez/14 1752,52 dez/15 1480,28 Fonte: Agra-net Assim, nem a redução da produção indiana de mamona consubstanciou preços melhores para o produto, visto que outras culturas oleaginosas, como a palma, estão em crescimento e que o país, apesar da grande produção de óleos vegetais, está importando grande quantidade de óleo de soja, bem mais barato que seus concorrentes. Do gráfico 2, depreende-se que a oferta de óleos se encontra superior à demanda pelo menos desde 2011, o que é um fator baixista para óleos vegetais. Gráfico 1: Estoques finais de óleos vegetais entre 2011 e 2015 milhões de toneladas 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Estoques Finais 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 Fonte: USDA (2015) 2 / 7
PANORAMA INTERNACIONAL A Índia é o maior produtor mundial de mamona, com mais de 1.600.000 toneladas em 2013, de acordo com dados da FAO, colocando-se bem acima da produção chinesa de 60 mil toneladas, da moçambicana com 60 mil toneladas e da produção brasileira que despencou após mais um ano de seca, atingindo pouco menos de 20 mil toneladas (em 2013), como apresentado no gráfico 2; todos os valores utilizados foram dados pesquisados no FAOSTAT. Para dados nacionais mais recentes da produção brasileira, ver o capítulo de Safras. 2,5 Gráfico 2: Produção de mamona dos maiores produtores mundiais, entre 2010 e 2013 milhões de toneladas 2 1,5 1 0,5 2011 2012 2013 0 Índia China Brasil Fonte: FAO (2015) De acordo com os dados da Associação Indiana de Extratores de Solvente para 2015, a área plantada deve ficar estável na Índia, sem, entretanto, servir como balizador para os preços do produto, que devem continuar dependendo ainda mais da produção de outros óleos vegetais. No intuito de diminuir perdas o governo indiano abriu mão da tarifa de 10% cobrada na exportação de farelo, produto de baixo valor, e utilizado na alimentação animal. Ainda não há dados fechados sobre o ano. 3 / 7
Mercado Interno Os preços nominais mensais recebidos no mês de janeiro, se comparados ao mês de dezembro, caíram em Irecê/BA, passando de R$93,13 para R$88,33, com queda de 5,15%, mas com viés de alta ao final do mês, o que dá uma folga em relação ao preço mínimo. Já para as praças de /CE e /MG, os preços no ano passado não estão sendo atualizados por falta de produção durante vários meses, o que não permite uma análise real do que está ocorrendo em relação a preços nessas localidades. Gráfico 3: Preços reais recebidos pelo produtor, em reais (base: julho de 2004) 100 Irecê 90 80 70 60 50 40 30 01/2012 03/2012 05/2012 07/2012 09/2012 11/2012 01/2013 03/2013 05/2013 07/2013 09/2013 11/2013 01/2014 03/2014 05/2014 07/2014 09/2014 11/2014 01/2015 03/2015 05/2015 07/2015 09/2015 11/2015 R$/sc 60kg 01/2016 Quanto ao comércio exterior do produto, tem-se uma queda no valor importado, pois 2013 e 2014 foram anos com forte seca, exigindo, assim, que a indústria química brasileira importasse óleo de rícino para suprir suas necessidades, principalmente de Índia e Paraguai. Conforme a produção ia se recuperando, ia também ocorrendo redução no volume importado. 4 / 7
Tabela 3: Importação e importação de óleo de rícino e mamona em baga Óleo de Rícino Mamona em baga Importação Exportação Importação Exportação US$ kg US$ kg US$ kg US$ kg 2013 7.235.558 5.076.505 392.827 112.306 6.483.900 7.800.000 0 0 2014 3.676.278 2.495.908 1.363.461 584.504 4.539.299 6.400.000 3.987 405 2015 686.355 415.228 5.032.557 3.745.071 1.781.892 3.150.334 0 0 Fonte: SECEX Na tabela 4 são apresentados os valores nominais recebidos pelo produtor nessas praças. Desta feita, o cuidado deve ser especial ao comparar os preços mais antigos com os mais recentes, devido à inflação acumulada no período. Tabela 4: Preços nominais de 60kg de baga de mamona, em reais Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Irecê 70,00 70,00 71,40 70,75 72,75 73,80 74,25 77,00 80,00 69,75 60,25 62,60 2010 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Irecê 62,60 68,75 82,00 93,60 96,25 109,00 103,00 95,50 86,60 93,63 84,75 81,40 2011 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Irecê 97,50 97,60 101,67 108,38 114,54 117,84 118,67 123,22 116,94 104,64 95,50 99,75 2012 - - - - - - - - - - - - - - 73,45 81,63 88,92 85,95 84,83 88,16 87,75 90,00 90,00 90,00 Irecê 99,75 114,43 116,88 121,88 120,75 114,70 121,60 128,70 140,83 148,80 141,98 118,24 2013 - - - - - - - - - - 89,10 89,80 90,00 90,00 90,00 90,00 90,00 101,10 101,10 101,10 101,57 111,00 111,00 111,40 Irecê 126,52 130,38 126,73 115,95 95,50 90,50 85,12 84,97 89,59 96,04 88,50 79,16 2014 90,00 90,00 90,00 110,40 83,08 83,31 84,00 84,00 79,68 72,00 72,00 72,00 110,40 110,40 110,40 83,86 96,49 90,00 90,00 90,00 82,91 79,68 79,68 79,68 Irecê 76,18 64,25 59,68 60,14 65,00 70,41 75,04 85,57 94,91 93,41 93,24 93,13 2015 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 72,00 79,68 79,68 79,68 79,68 79,68 79,68 77,93 76,52 73,77 83,82 85,00 85,00 Irecê 88,33 2016 72,00 85,00 Considerando os preços mínimos em vigor de R$63,47, para as praças aqui vistas, constata-se que na Bahia, o preço subiu bastante, fugindo do nível dos preços mínimos, onde esteve há alguns meses. 5 / 7
SAFRAS Na divulgação do "5º Levantamento de Avaliação da Safra 2015/16", observa-se um provável aumento de produção na Bahia, mesmo com o ano de 2015 sendo difícil para a comercialização do produto. Tabela 5: Área plantada, produtividade e produção de mamona Série Histórica de Área Plantada Mamona - BRASIL Série Histórica de Produtividade Série Histórica de Produção (em mil hectares) (em kg/ha) (em mil toneladas) REGIÃO/UF 2013/14 2014/15 2015/16 2013/14 2014/15 2015/16 2013/14 2014/15 2015/16 NORDESTE 98,6 81,3 124,6 439 576 777 43,3 46,8 96,8 PI 0,7 0,6 0,6 300 506 506 0,2 0,3 0,3 CE 11,2 9,0 6,5 284 156 156 3,2 1,4 1,1 PE 4,9 1,6 1,6 334 142 142 1,6 0,2 0,4 BA 81,8 70,1 115,9 468 640 640 38,3 44,9 95,0 SUDESTE 2,5 0,8 0,5 432 306 900 1,1 0,2 0,5 MG 2,4 0,8 0,5 450 306 900 1,1 0,2 0,5 SP 0,1 - - 1 - - - - - SUL 0,2 - - 622 - - 0,1 - - PR 0,2 - - 622 - - 0,1 - - NORTE/NOR- DESTE 98,6 81,3 124,6 439 576 777 43,3 46,8 96,8 CENTRO-SUL 2,7 0,8 0,5 446 306 900 1,2 0,2 0,5 BRASIL 101,3 82,1 125,1 439 573 777 44,5 47,0 97,3 Fonte: 4º Levantamento da safra 2015/16 / Conab As expectativas são boas para a safra 2015/16 de mamona, com excelente crescimento na área nacional para essa safra, alcançando 125,1 mil hectares, que representa um crescimento de 52,4% em relação à safra passada, que foi de 82,1 mil hectares, puxada pela retomada da produção na Bahia, maior produtor brasileiro desta cultura. 6 / 7
Para a Bahia, a estimativa é de que sejam cultivados 115,9 mil hectares, aumento de 65,3% em relação à safra anterior, que foi de 70 mil hectares, produção de 95 mil toneladas de mamona, acréscimo de 111,6% em relação à safra passada que foi de 44,9 mil toneladas e produtividade de 820 kg/ha, acréscimo de 28,1% em relação à safra 2014/15, que ficou em 640 kg/ha. O estímulo ao aumento da área pode ser atribuído aos adequados índices pluviométricos atuais, como também ao preço do produto no mercado. Na região de Irecê, principal produtora, a estimativa é que já tenha sido plantado 50% da área total. O Ceará apresenta redução na área em relação à safra passada, que foi de 9 mil hectares, representando um decréscimo de 27,8%. Produção de 1,1 mil toneladas, decréscimo de 21,4% mil toneladas em relação à safra passada que foi de 1,4 mil toneladas. A produtividade de 166 kg/há mostra créscimento de 6,4% em relação à safra 2014/15, que ficou em 156 kg/ha. Em Minas Gerais, neste levantamento confirma a forte tendência de redução das áreas de cultivo de mamona no estado, estimado em 37,5%, em razão dos resultados insatisfatórios, seja em termos de rendimento, seja no tocante à comercialização. Concentrado, basicamente na região Norte de Minas, o plantio da mamona está estimado em 0,5 mil hectares. A produtividade está estimada em 900 kg/ha, 194,1% maior em comparação com a safra passada, que foi de 306 kg/ha, incremento também na produção de 0,5 mil toneladas em relação à safra 2014/15, que foi de 0,2 mil toneladas, variação de 150%. Leandro Menegon Corder Analista de Mercado fone (61) 3312-6251 leandro.corder@conab.gov.br 7 / 7