FETOTOMIA PARCIAL POR PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA RELATO DE CASO

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Gerais. Recebido: 25 de Janeiro de 2018; Revisado: 11 de março de 2018.

Transcrição:

FETOTOMIA PARCIAL POR PARTO DISTÓCICO EM ÉGUA RELATO DE CASO LAUXEN, Rafael 1 ; CASTRO, Ícaro Missau 1 ; MARTINS, Patrícia de Oliveira 1 ; PINTO, Pablo Almeida 1 ; RABER, Natalia 2 ; BORGES, Luiz Felipe Kruel 3. Palavras-Chave: Distocia. Fetotomia. Égua. Introdução O parto na espécie equina é extremamente rápido e transcorre sob contrações vigorosas da musculatura uterina, abdominal e diafragmática. Os hormônios maternos parecem não exercer muita influência sobre o parto. Os níveis relativamente altos de progestágenos e baixos de estrógeno contrastam com os de outras espécies animais (PRESTES, 2000). A complicação mais frequente durante o parto é a distocia, sendo definida como parto difícil onde condições de origem materna ou fetal impedem a passagem e saída do feto através do canal do parto. Entende-se por canal do parto todas as estruturas maternas locais como cérvix, vagina e osso coxal (LANÇA, 2010). Distocias ocorrem em todas as fêmeas domésticas, porém a incidência é mais alta em vacas e cadelas (TONIOLLO & VICENTE, 1993). Na égua são mais comuns aquelas de origem fetal, em raças de maior peso e nas primíparas (ROBERTS, 1986; VANDEPLASSCHE, 1993). O tratamento tem como objetivo o reposicionamento do feto e visa salvar sempre mãe e feto. Caso isto não for possível, a opção por mãe ou feto deverá ser tomada dependendo da situação encontrada (LANÇA, 2010). As opções de tratamento, no caso específico das éguas, são limitadas, destacando-se a repulsão e correção das anomalias dos membros, cabeça e pescoço, a tração forçada, a fetotomia parcial ou total e a cesariana, como formas de terminar um parto laborioso. Deve ser ressaltado que a manipulação deve ser feita com o máximo de cuidado, utilizar lubrificantes específicos e, se houver necessidade, lançar mão de protocolos anestésicos (PRESTES, 2000). 1 Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta, UNICRUZ-RS. ² Médica Veterinária Diplomada na Universidade de Cruz Alta, UNICRUZ-RS, natyraber@yahoo.com.br ³ Professor na Universidade de Cruz Alta, UNICRUZ-RS, kruelborges@gmail.com

Assim, o presente trabalho tem por objetivo relatar a ocorrência de distocia e realização de fetotomia em fêmea Quarto de Milha no Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta-RS Material e Métodos Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade de Cruz Alta (HV-UNICRUZ), uma égua, da raça Quarto de Milha, com 10 anos de idade, pesando 450 kg. O proprietário relatou que o animal apresentava-se em trabalho de parto a cerca de dez horas. Foi solicitado o auxílio de um médico veterinário o qual não solucionou o problema e o animal foi então encaminhado para o HV UNICRUZ. Ao exame físico o animal apresentava-se em um quadro intenso de dor e observava-se a exposição da cabeça do feto, sendo que o mesmo encontrava-se morto. Deu-se início então ao exame clínico do animal que apresentava temperatura retal de 37,4 C, frequência cardíaca de 80 bpm (batimentos por minuto), frequência respiratória de 24 mpm (movimentos por minuto) e mucosas pálidas. Para dar início ao procedimento de manipulação na égua foi administrado como tranquilizante a Acepromazina 1,0% na dose de 0,2 mg/kg, pela via endovenosa e Ocitocina na dose de 30 UI, por via intramuscular. Após a tranquilização, foi dado início ao procedimento de reposicionamento fetal para dentro da cavidade uterina. Devido ao feto se apresentar com a cabeça para fora na posição longitudinal anterior dorsal flexionada, a correção da estática fetal, teoricamente falando, se tornaria fácil, porém não se obteve sucesso na tentativa devido ao tamanho do feto ser muito grande em relação ao espaço pélvico da mãe e pela fadiga e estresse causado à égua, optou-se então pela realização da fetotomia parcial a qual foi iniciada com o procedimento de cefalotomia na região das vértebras cervicais, evitando assim a formação de pontas ósseas. Após a extração da cabeça do feto a manipulação ficou mais fácil e a retirada do mesmo foi realizada com sucesso. Nova aplicação de Ocitocina teve que ser para a expulsão da placenta que só ocorreu 24 horas após o procedimento obstétrico. Ao término do procedimento, foram administrados 9 litros de Ringer com Lactato associados com 40 ml de Glicose 50% e 13 ml de Cálcio. Como antibiótico foi administrado Penicilina G Potássica na dose de 20.000 UI diluídos em Cloreto de Sódio 0,9% e como analgésico foi utilizado a Fenilbutazona na dose de 4,4 mg/kg. O animal permaneceu

internado no HV-UNICRUZ recebendo as medicações prescritas para o pós procedimento. Durante quarto dias a égua recebeu tratamento analgésico e anti-inflamatório com Flunixin Meglumine na dose de 1,1mg/kg, IV/SID e como antibiótico a medicação utilizada foi Enrofloxacina na dose de 5,0mg/kg, IV/BID durante seis dias. Foi realizado também acompanhamento diário com palpação retal e ultrassonografia trans-retal para monitoração da involução uterina. Resultados e Discussão Os resultados obtidos foram bons e satisfatórios, a égua apresentou uma endometrite leve e foi feita uma única lavagem intra-uterina com solução ringer/lactato usando 4 litros apresentando melhora significativa, com esse e os procedimentos obstétricos e o tratamento medicamentoso foi possível que a égua se recuperasse de forma adequada, o que resultou com que ela esteja ciclando normalmente sendo que no primeiro cio foi feita a copula com o garanhão. A distocia é definida como parto difícil, podendo ser sinal de condições maternas ou fetais que impedem a passagem fetal através do canal do parto (ROBERTS, 1986). É mais provável que a distocia em éguas seja atribuível mais a causas fetais, como, má apresentação, mau posicionamento e má postura, do que a condições maternas (ROSSDALE & RICKETTS, 1980). A distocia representa a situação de emergência, que impõe uma resolução imediata, para permitir o prognóstico ótimo para a matriz e seu feto. Os procedimentos obstétricos disponíveis para o tratamento da distocia são o reposicionamento, a tração, a fetotomia e a cesariana (VANDEPLAASCHE, 1993). A fêmea pode tentar repetidamente deitar-se e ficar em pé. Isso é característico de fêmeas com distocia causada por desproporção fetopélvica, má postura ou retenção fetal. Alternativamente, a fêmea pode ficar em pé tranquilamente, com esforço mínimo ou sem esforço, como nos casos de inércia uterina, ruptura uterina ou exaustão associada a distocia prolongada, por qualquer causa (SMITH, 2006). No manejo da distocia em qualquer espécie, a extração forçada deve prosseguir apenas após a dilatação máxima do trato reprodutor caudal, para minimizar o potencial para lesões à matriz durante o parto (lacerações cervicais, vaginais e vulvares, hematomas, necrose vaginal pós-parto e paralisia dos nervos obturador, perineal e glúteo). Isso pode ocasionar

consequências sobre o desempenho reprodutor futuro da matriz (MORTIMER & TOOMBS, 1993). A tração ou a extração forçada pode geralmente ser implementada com êxito, após a correção da má apresentação, mau posicionamento ou má postura. Se um feto inviável não puder ser liberado por tração ou extração forçada, ou se o proprietário não estiver muito disposto À operação de cesariana eletiva, a fetotomia pode ser realizada (VANDEPLAASCHE, 1993). Além da liberação do feto inviável, a fetotomia é indicada para salvar a égua e sua subsequente fertilidade. As vantagens da fetotomia incluem evitar a realização de uma cirurgia abdominal maior (cesariana) e suas complicações, além de preservar o canal do parto, porque partes excessivamente grandes não são forçadas contra ele. Ao mesmo tempo, a desvantagem primária da fetotomia, particularmente se não for apropriadamente realizada por um obstetra experiente, é o traumatismo ao canal do parto pelos instrumentos, arame ou osso (ROBERTS, 1986). No presente caso, foi optado pela fetotomia devido ao fato de não ser possível reposicionar e tracionar o feto a partir da retropulsão e extração. Os sinais associados à progressão normal de cada um dos estágios do parto devem ser cuidadosamente explicados aos proprietários e aos administradores da fazenda. É apenas por meio do entendimento dos sinais clínicos associados aos eventos do parto normal que os clientes se tornarão competentes na identificação dos eventos anormais e saberão quando solicitar o auxílio profissional (SMITH, 2006). Conclusão Conclui-se que a distocia em éguas apesar de ser um distúrbio pouco comum, é um problema enfrentado pelos médicos veterinários que devem estar preparados para agir com urgência, porém com cautela, pois em casos onde for optado pela realização da fetotomia o risco de complicações é muito comum.

Referências LANÇA, Francisco. O parto da égua e suas possíveis complicações. In: http://byvet.blogspot.com.br/2010/09/o-parto-da-egua-e-suas-possiveis_26.html. Acesso em 29/09/2013. LAING, J.A.; BRINLEY MORGAN, W.J.; WAGNER, W.C. Fertility and infertility in veterinary practice. 4 ed. Bailière Tindall, 1988. TONIOLLO, G.H., VICENTE, W. R.R. Manual de Obstetrícia Veterinária. EditoraVarella. 1. ed. p. 124. São Paulo, 1993. ROBERTS, S.J. Dystocia - its causes. In: Veterinary Obstetrics and Genital Diseases (Theriogenology), 3 ed. p. 251-9 à 277-86, 1986. VANDEPLASSCHE, M. M. Dystocia. In ; Equine Reproduction, p.578-87. Philadelphia, 1993. PRESTES, N. C. O parto distócico e as principais emergências obstétricas em equinos / Dystocic parturition and main obstetric emergencies in equines. Revista Educação Continuada. CRMV-SP / Continuous Education Journal CRMV-SP, São Paulo, volume 3, fascículo 2, p. 40-46, 2000. ROBERTS, S. J.; Veterinary Obstetrics and Genital Diseases (theriogenology), ed. 3, North Pomfret, Vt, 1986. ROSSDALE, P.D; RICKETTS, S. W.; Equine stud Farm Medicine, ed. 2, Philadelphia, 1980. SMITH, B.P.; Alterações na Função Sexual. In: Medicina Interna de Grandes Animais. 3. ed. Manole, São Paulo-SP, p. 224-227, 2006. MORTIMER, R.G; TOOMBS, R.E.; Abnormal Equine Parturition: Obstetrics and Fetotomy. Vet Clin North Am. P. 323-341, 1993.